Em 2004, o cofundador da Apple, Steve Jobs, foi diagnosticado com câncer de pâncreas. Oito anos depois, com o tumor em estado metastático (ou seja, espalhado por outros órgãos) e algumas complicações, ele faleceu. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a doença representa 2% do total de casos diagnosticados no país e 4% das mortes. Isso porque possui difícil detecção e por ter comportamento agressivo, o que limita as opções de tratamento.

No Brasil – sem contar os tumores de pele não melanoma – o câncer de pâncreas ocupa a 14ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes, sendo considerado por especialistas como uma das formas mais letais de tumor maligno (ele costuma matar 95% dos pacientes em cinco anos). Em números absolutos, o INCA calcula que em 2020 essa doença matou 5.882 homens e 6.011 mulheres, tornando-se o sétimo tumor mais mortal para eles e o quinto para elas.

Diversas personalidades foram vítimas do câncer de pâncreas (ainda pouco divulgado), entre elas o ator americano Patrick Swayze, o tenor italiano Luciano Pavarotti e o ator brasileiro Raul Cortez. Afinal: quem nunca teve um parente ou amigo próximo com câncer de pâncreas?

O Hospital de Amor conversou com coordenador do departamento de cirurgia digestiva alta da instituição, Dr. Fernando Ernesto Cruz Felippe, e preparou uma matéria especial sobre o tema, esclarecendo as principais dúvidas sobre a doença, suas formas de prevenção, e sinais e sintomas.

Confira, informe-se e esteja em dia com seus exames.

R.: O pâncreas é um órgão do corpo humano que faz parte tanto do sistema digestivo, como do sistema endócrino. Tem função importante tanto na digestão de alimento e absorção de nutrientes (pela produção de enzimas digestivas pancreáticas), como no controle de glicose no corpo (pela produção de insulina). Fica localizado na região abdominal, atrás do estômago, entre o duodeno (onde derrama as enzimas pancreáticas) e o baço. Possui um contato importante com estruturas vasculares nobres (vasos onde correm o sangue).

R.: O câncer de pâncreas do tipo ‘Adenocarcinoma’ é um tipo maligno de tumor, que costuma se apresentar de forma silenciosa nos momentos iniciais. Não existe um exame específico para o diagnóstico, mas no caso de suspeita clínica, deve-se investigar com dosagem de marcador tumoral (Ca 19.9) e com exames de imagem da região abdominal. A biopsia, que pode ser realizada com o uso de ultrassonografia endoscópica, se torna necessária na maior parte dos casos.

R.: O câncer de pâncreas é o 14º mais comum no Brasil (exceto o câncer de pele não melanoma), com uma estimativa de quase 11.000 novos casos por ano no país.

R.: O câncer de pâncreas tem como principais fatores de risco:

• Tabagismo

• Obesidade

• Baixo consumo de fibras, frutas, verduras e carnes magras

• Idade avançada (acima dos 60 anos)

• Diabetes do tipo II

• Pancreatite crônica (por abuso de álcool ou outras causas)

Importante: Síndromes familiares e genéticas podem estar relacionadas ao desenvolvimento da doença em cerca de 10% dos casos.

R.: Nos momentos iniciais, o câncer de pâncreas não apresenta sintomas, o que faz com que a maior parte dos pacientes sejam diagnosticados em fases avançadas da doença, tendo como sintomas comuns:

• Perda de apetite

• Perda de peso

• Náuseas, vômitos e indigestão

• Sensação de empachamento (empanzinamento)

• Dores abdominais e na região lombar

• Icterícia (amarelão)

• Urina escura

• Fezes claras

• Surgimento ou descontrole súbito de diabetes

R.: Infelizmente, não existe nenhum tipo de prevenção específica para o câncer de pâncreas, além da busca por hábitos de vida saudáveis com boa alimentação, atividade física e sem uso de substâncias nocivas à saúde (como álcool, cigarro e outras drogas).

R.: O tratamento da doença pode envolver quimioterapia, cirurgia e radioterapia, sendo definido de acordo com a localização da lesão no órgão, envolvimento de outras estruturas abdominais e distribuição de implantes da doença em outros órgãos. A cirurgia, quando possível e associada à quimioterapia, continua sendo a única forma de tratamento com intenção de cura, mas, infelizmente nem todos os casos podem ser submetidos a ela.

R.: A taxa de mortalidade do ‘Adenocarcinoma’ de pâncreas, infelizmente, ainda é alta, principalmente relacionado ao diagnóstico mais tardio na maior parte dos casos.

Consulte seu médico regulamente e esteja em dia com sua saúde!