O tabagismo é um dos principais fatores de risco para o câncer de cabeça e pescoço, principalmente o que afeta boca, faringe, laringe e cavidade nasal. Mesmo que as embalagens tenham informações anunciando que o produto pode ser prejudicial para a saúde, o tabagismo atinge novos usuários anualmente. Além disso, a preocupação aumenta com o número crescente de jovens utilizando o cigarro eletrônico.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), apenas no triênio 2020/2022, os cânceres de cabeça e pescoço atingiram 19,5 mil novos caso para homens por ano, e 17,1 mil novos casos para mulheres por ano, totalizando mais de 36 mil novos casos no período.
O cirurgião oncológico de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, afirma que pessoas do sexo masculino são as mais afetadas pelos tumores. “Isso acontece pelos hábitos do homem de beber e fumar mais, ter uma qualidade de vida pior e não se preocupar muito em ir ao médico. No entanto, o número de casos em mulheres tem aumentado também, principalmente devido a exposição do público feminino aos hábitos nocivos”.
Por serem diagnosticados em fase avançada, os tumores de cabeça e pescoço apresentam altas taxas de mortalidade. “Quando um tumor é diagnosticado precocemente, a chance de o paciente sobreviver à doença em cinco anos é de, aproximadamente, 90%. Mas, quando diagnosticado tardiamente, a taxa de sobrevivência cai para algo em torno de 30%, independentemente dos tratamentos realizados com intenção curativa”, conta o médico.
Desde 2015, a campanha de prevenção do câncer de cabeça e pescoço conhecida como ‘Julho Verde’, tem como objetivo principal levar conhecimento para toda a população e para os profissionais de saúde sobre a doença e seus principais fatores de risco, além de formas de prevenção e diagnóstico precoce.
Sinais e sintomas
Assim como acontece em outros tipos de câncer, estar atento aos sinais e sintomas da doença é essencial. São eles:
– Feridas na boca e/ou garganta que em até 20 dias não cicatrizam;
– Rouquidão;
– Dor ou dificuldade ao engolir;
– Desconforto na garganta;
– Dores persistentes nos ouvidos;
– Sangramento pela boca ou nariz;
– “Caroço” ou nódulos no pescoço;
Esses são sinais clínicos que, se persistentes, devem alertar para a possibilidade de tumores na cabeça e pescoço, principalmente em pessoas que fumaram, fumam ou que fazem uso frequente de bebida alcoólica, exigindo atenção médica ou por outro profissional da área de saúde, como dentista.
Além desses, é importante se atentar a feridas na pele da face, lábios, pescoço e couro cabeludo que não cicatrizam em 20 dias, especialmente as elevadas, vermelhas e que descamam. Novas pintas ou manchas escuras (ou mesmo as que já existem, mas que mudam de aspecto como na cor, tamanho e forma), também merecem atenção médica.
Prevenção
O desenvolvimento desse tipo de tumor também está relacionado a hábitos não saudáveis de vida, como: consumo exagerado de álcool e tabaco, além de relações sexuais de risco, ou seja, sem uso de preservativos. Por isso, a principal forma de prevenção para o câncer de cabeça e pescoço é: não fumar, independentemente se é cigarro de filtro, eletrônico, de palha ou corda, cachimbo, charuto ou narguilé, pois todos eles podem causar câncer na área da cabeça e pescoço. Outro ponto é o cuidado com o uso de bebida alcoólica, evitando-se ingerir ou, se ingerir, em quantidades pequenas e, de preferência, não diariamente.
É imprescindível ter uma boa higiene oral, usar protetor solar e labial, ter uma alimentação saudável, vacinar os jovens contra o HPV e praticar sexo oral com preservativo, para evitar o contágio de doenças sexualmente transmissíveis.
Cigarro eletrônico
O cirurgião oncológico de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, esclarece as principais dúvidas sobre o cigarro eletrônico – também conhecido como vaper, pod, entre outros. Confira!
– Sabe-se que o uso do cigarro, seja eletrônico ou não, é prejudicial para a saúde. Mas, o uso do cigarro eletrônico pode aumentar o risco de câncer mais rapidamente do que o cigarro convencional?
Dr. Gama: Ainda não há uma resposta para esta pergunta, pois o uso do cigarro eletrônico é muito recente. Para estudar a relação do câncer com o cigarro é necessário analisar 20 anos de uso. Como médicos e cientistas, acreditamos que o cigarro eletrônico está relacionado, na mesma proporção, com a incidência de câncer na comparação com o cigarro convencional. De acordo com o INCA, o cigarro eletrônico não é seguro e possui muitas substâncias tóxicas, além da nicotina. Sendo assim, podemos dizer que o cigarro eletrônico pode trazer doenças respiratórias, como: enfisema, doença cardíaca e dos vasos sanguíneos, problemas de pele e câncer. Sem dúvidas, os níveis de toxicidade do cigarro eletrônico são tão prejudiciais quanto o do cigarro convencional, já que combina substâncias tóxicas que são deletérias e danosas para a saúde.
– As substâncias usadas para deixar os cigarros eletrônicos com gostos e aromas diferentes também aumenta o risco de câncer?
Dr. Gama: A diferença entre o cigarro eletrônico e o cigarro convencional é a constituição que tem dentro deles. Os cigarros eletrônicos, supostamente, contêm menos concentração de nicotina (que está em estado líquido), mas eles apresentam muitas outras substâncias tóxicas, como: glicerina, nitrosaminas, metais, propilenoglicol, que são todos indutores de câncer. Inclusive, alguns desses ingredientes servem para dar o gosto adocicado, sendo assim, as substâncias podem aumentar o risco de câncer.
– O cigarro eletrônico causa lesões pulmonares?
Dr. Gama: Sim, o cigarro eletrônico pode causar lesões pulmonares graves. Inclusive, ele é capaz de causar uma pneumonia típica e grave. Ele gera uma inflamação aguda no pulmão, que pode cronificar e ocasionar uma insuficiência respiratória, além de uma pneumonia bacteriana. Caso o paciente já tenha essa pneumonia ou inflamação no pulmão ocasionada pelo cigarro eletrônico, dificulta ainda mais o tratamento de algumas doenças infecciosas que ele possa ter futuramente, incluindo a COVID-19.
O cigarro eletrônico também pode causar uma doença pulmonar chamada ‘EVALI (sigla em inglês para lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico)’. Os sintomas geralmente são: tosse, dor no peito, falta de ar e perda de peso. O médico responsável por cuidar desta doença é o pneumologista. Além disso, conforme citado anteriormente, o cigarro eletrônico também está relacionado com doenças dos vasos sanguíneos e doenças cardíacas, porque ele apresenta não só a nicotina, mas outras substâncias tóxicas que podem fazer mal para esses órgãos.
Em outros casos, se a pessoa passa a conviver com um tabagista ativo, seja de convencional ou eletrônico, e passa a inalar com frequência o que é liberado pelo cigarro eletrônico, ele também tem risco de desenvolver doença pulmonar e outras doenças ocasionadas pelo cigarro eletrônico e convencional, principalmente se são pessoas de convívio diário, como: esposa, marido, mãe, filho.
– Cigarros eletrônicos causam dependência?
Dr. Gama: Como cigarros eletrônicos contém nicotina, eles também causam dependência. Inicialmente, o cigarro eletrônico surgiu para que os fumantes ativos parassem com o hábito. Dessa forma, eles iniciariam um ‘desmame’ da nicotina, para depois abandonar o vício, e isto não é verdade. Em algumas situações, há uma concentração muito maior de nicotina em uma tragada de cigarro eletrônico do que de cigarro tradicional, então, a quantidade da substância é muito superior no consumo de uma tragada do que na comparação de um cigarro comum.
– Os locais onde é proibido o uso do cigarro comum, também deveria ser proibido o uso do cigarro eletrônico?
Dr. Gama: O cigarro eletrônico é proibido no Brasil, ou seja, ele não é regulamentado, então, o uso também deveria ser proibido. Em consequência disto, há muitas fábricas irregulares que produzem o cigarro eletrônico e, pela falta de fiscalização, não se sabe o que há nesses produtos. Dessa forma, ele se torna muito pior do que o cigarro convencional.
– O Hospital de Amor tem algum programa para quem quer parar de fumar?
Dr. Gama: O Hospital de Amor tem um programa de acompanhamento para os pacientes da instituição que desejam parar de fumar. Ele se chama ‘NATA’ e é um grupo de apoio composto por: pneumologista, psicólogos e farmacêuticos. Fora do HA, existem algumas unidades de saúde que oferecem programas de cessação de tabagismo para pacientes da atenção primaria, inclusive com todo o suporte e liberação para a dispensa de medicações para a cessação do tabaco.
Iniciativa
Com o objetivo de levar mais conhecimento a toda população sobre o câncer de cabeça e pescoço, seus principais fatores de risco, formas de prevenção e diagnóstico precoce, além da mostrar e debater a importância do ‘Julho Verde’ (campanha nacional de prevenção da doença), o Hospital de Amor promove, neste 7 de julho, o “1º Fórum Julho Verde de Conscientização do Câncer de Cabeça e Pescoço”. O evento também conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço.
Promover bem-estar, atendimento de qualidade e humanização, são alguns dos pilares do Hospital de Amor. Por isso, de acordo com o médico cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Renato Capuzzo, há 3 anos a instituição vem desenhando um projeto em parceria com o ‘Mais Identidade’ (IMI) – uma organização sem fins lucrativos, que conta com doações para seguir com sua missão de promover, gratuitamente, a reabilitação bucomaxilofacial de pacientes que tiveram sua imagem facial afetada por conta de traumas, câncer ou doenças congênitas, possibilitando assim maior bem-estar a todos eles.
No dia 22 de maio, um paciente que realiza tratamento oncológico no Hospital de Amor foi beneficiado por esta importante parceria. O médico explica que o tratamento cirúrgico deste paciente envolveu diversas etapas. “Ele já havia sido operado em outro serviço e chegou até nós com uma condição bastante complicada, pois tratava-se de um câncer de pele muito extenso na face, com exposição óssea e tecido desvitalizados. O paciente foi submetido a ressecção do tumor pela equipe de cirurgia de cabeça e pescoço e neurocirurgia, em 2012, e reconstruído no mesmo momento com retalho microcirúrgico (transplante) pela equipe de cirurgia plástica”, conta Capuzzo.
O paciente é o Sr. José, de 61 anos, reabilitado inicialmente no HA pela equipe de odontologia, que confeccionou uma prótese esculpida manualmente para ele. O cirurgião revela que ele perdeu grande parte de seu rosto e apresenta uma deformidade que a grande maioria das pessoas não tem coragem de encarar. “A doença fez com que ele se desconectasse de sua família e seu trabalho prévio”. O médico também afirma que é importante perceber que este paciente não teria chance de cura ou reabilitação se não fosse no Hospital de Amor.
Sr. José foi submetido a uma cirurgia extremamente complexa realizada em raríssimos centros no Brasil, e recebeu o que existe de mais moderno e tecnológico em termos de reconstrução e reabilitação protética existente atualmente. “Isto em alguém que se tornou um morador de rua, que agora tem a possibilidade de retomar sua identidade, voltar a trabalhar e, possivelmente, voltar a conversar com sua família distante, que sempre foi o sonho relatado por ele”, afirma Capuzzo.
De acordo com o médico, poucos locais oferecem o procedimento de anaplastologia (que o Sr. José recebeu) via SUS. O especialista conta que a primeira prótese permaneceu com o paciente durante muitos anos, mas foi se degradando com o tempo e, devido ele viver em situação vulnerável, não conseguiu a manutenção ideal para conservação. Para a implementação desta nova prótese, o paciente foi submetido a colocação de implantes osteointegrados – que são como parafusos colocados nos ossos da face que servirão de apoio para a sustentação da prótese.
Segundo Capuzzo, uma sequela ou deformidade na face não é fácil de se esconder ou disfarçar. “O Hospital de Amor, frequentemente, recebe casos muito avançados de câncer de pele que, muitas vezes, já foram tratados em outros serviços ou que não conseguem ser tratados em outras instituições devido à alta complexidade necessária para todo tratamento oncológico. A grande inovação deste caso é que a parceria com o ‘Instituto Mais Identidade’ permitiu associar o que existe de mais moderno em tecnologia para confeccionar a prótese, utilizando imagens 3D de tomografias e escaneamento facial, com tecnologias que eles mesmo desenvolveram e aperfeiçoaram, permitindo um altíssimo nível de detalhamento e acurácia”.
De acordo com o Dr. Luciano Dib, presidente do Instituto Mais Identidade, essa parceria é de grande importância para os pacientes e para as próprias instituições, pois permite ao HA ampliar a excelência do atendimento prestado, agregando uma tecnologia de última geração e que é realizada em poucos lugares do mundo. Muitas vezes, somente após a reabilitação é que os pacientes se sentem de fato curados, pois passam a conviver na sociedade de forma natural, deixando de serem excluídos dos ambientes profissionais e familiares.
“Para o Instituto Mais Identidade é motivo de grande orgulho associar-se ao Hospital de Amor, pois reforça a sua competência e amplia sobremaneira o seu espectro de ação, atuando de forma transdisciplinar, em conjunto com as especialidades de cirurgia de cabeça e pescoço, cirurgia plástica, odontologia, entre outros. Ampliar as possibilidades de reabilitação em parceria com o HA vai ao encontro das missões do Instituto, de assistência, divulgação das técnicas e reinserção social dos pacientes com deficiências”, finaliza Luciano. Para Dr. Capuzzo, estas tecnologias permitem um conforto maior ao paciente no processo de moldagem e adaptação das próteses e acabam por produzir próteses com um nível de detalhamento muito superior ao processo convencional.
Segundo a psicóloga do hospital, Andréa Schenten, a cirurgia contribui para resgatar autoestima e a autoimagem do paciente, devolvendo para ele a sua identidade para uma qualidade de vida melhor. “Para o paciente, a autoestima é a recuperação de sua identidade. Enquanto estava em tratamento, o paciente tinha esperança e a crença espiritual como recursos de enfrentamento. O seu apoio aqui em Barretos é apenas de um amigo, que se responsabiliza por trazê-lo ao hospital em dias de consulta. Os funcionários da instituição também o tratam com empatia, respeito e carinho, para que o processo seja suportável, algo que tem feito muita diferença em sua vida”, declara.
No mês conhecido como ‘Julho Verde’ – período em que é realizada a campanha nacional de prevenção contra o câncer de cabeça e pescoço, que visa conscientizar a população sobre a doença, seus principais fatores de risco e formas de preveni-la, o Hospital de Amor tem orgulho em compartilhar uma grande conquista! Em 59 anos de história, o HA é reconhecido por sua excelência no tratamento oncológico, oferecendo, gratuitamente, assistência a milhares de pacientes vindos de todas as partes do país. Recentemente, a instituição deu um grande passo ao realizar uma cirurgia de altíssimo grau de complexidade, tecnologia de ponta e envolvimento multidisciplinar – procedimento jamais visto no Sistema Único de Saúde (SUS) – em paciente com câncer considerado ‘inoperável’.
A Ressecção Craniofacial de Exenteração de Órbita Ampliada para a Base do Crânio contou com três meses de planejamento e 22 horas de execução, envolvendo as áreas de cabeça e pescoço, cirurgia plástica, neurocirurgia, cirurgia crânio maxilo facial, odontologia, oncologia clínica, enfermagem e radioterapia. De acordo com cirurgião oncológico de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Renato de Castro Capuzzo, essa não foi a primeira vez que o HA realizou esse tipo de cirurgia, mas foi a mais complexa em planejamento e execução. “Esse tipo procedimento só foi possível, porque o hospital permite essa integração multidisciplinar, o que é muito difícil de ser visto em outras instituições, inclusive nas privadas. Utilizamos recursos para tratamento oncológico que são extremamente difíceis de serem executados no SUS, tanto por disponibilidade quanto por questões lógicas”, afirmou.
O jovem paciente Gustavo Henrique de Moraes Porto, de 19 anos, morador de Passos de Minas (MG), está tratando um sarcoma (tumor que começa nos tecidos moles do corpo, como músculos e gordura) e, antes de chegar ao Hospital de Amor, já havia sido submetido a alguns procedimentos em sua cidade. “O tumor deste paciente já tinha sido considerado inoperável em outros hospitais oncológicos. O grande diferencial desta cirurgia foi permitir que uníssemos tantas tecnologias e técnicas complexas em um único caso, para aumentar as chances de cura e minimizar as sequelas ocasionadas por um tratamento tão difícil. Esperamos que este paciente tenha um ótimo progresso e nos auxilie a ajudar muitos outros”, declarou o médico cirurgião plástico e microcirurgião oncológico do Hospital de Amor, Dr. Cleyton Dias Souza.
Além da remoção do tumor, a cirurgia também trouxe outros benefícios para o paciente. “O objetivo é que ele apresente uma melhora considerável e que a reabilitação permita ele de ter uma vida normal com sua família, sem os estigmas que um tratamento de câncer no rosto acarreta”, finalizou Dr. Capuzzo.
Para Gustavo, a realização da cirurgia foi um marco em sua vida, motivo de alegria e esperança. Atualmente, ele encontra-se em boa evolução pós-operatória e foi liberado para retornar ao seu município, enquanto aguarda para continuar com o tratamento adjuvante (um complemento após o procedimento principal) com radioterapia.
Saiba mais
Assista o programa “Acima de Tudo o Amor”, exibido no último dia 11 de julho, e confira os detalhes dessa cirurgia de sucesso. Acesse o nosso canal do YouTube: youtube.com/hospitaldeamor.
O departamento de cabeça e pescoço do Hospital de Amor obteve mais uma importante conquista no último mês de outubro, que irá beneficiar centenas de pacientes que enfrentaram o câncer e, por conta da doença, tiveram que retirar a laringe. O “FreeHands” – dispositivo que combina uma válvula fonatória automática e um filtro permutador de calor e umidade – permite uma reabilitação quase completa ao paciente da instituição, melhorando significativamente a qualidade de vida dele, clínica e socialmente.
Em uma entrevista exclusiva para o site do HA, a fonoaudióloga da instituição, Gisele Giroldo, contou sobre a nova aquisição do hospital, pioneiro em oferecer esse serviço, e esclareceu as principais dúvidas. Confira:
1) O que é o FreeHands?
R.: Trata-se de um dispositivo que combina uma válvula fonatória automática (reabilitação vocal) e um filtro permutador de calor de umidade (reabilitação pulmonar).
2) Quais são os seus principais benefícios?
R.: Todos os pacientes laringectomizados do Hospital de Amor, que utilizam uma prótese fonatória para reabilitação vocal, precisam fechar o estoma (abertura) com o dedo impedido a saída de ar e permitindo a fala. O FreeHands faz com que a pressão de ar que vem dos pulmões feche automaticamente o dispositivo sem a obrigatoriedade de o paciente utilizar as mãos, fazendo com que ele execute atividades com as duas mãos e falar normalmente (diferentemente da laringe eletrônica, por exemplo). Além disso, ele é acoplado também a um filtro que faz a reabilitação pulmonar, evitando volume de secreção, tosse e expectoração.
Com o FreeHands, o paciente passa a ter um cenário de reabilitação muito próximo da rotina que levava antes da cirurgia, melhorando significativamente a qualidade de vida no contexto clínico e social.
3) É necessário fazer algum procedimento cirúrgico para a colocação do dispositivo?
R.: Não. A colocação é feita pela equipe de fonoaudiologia do Hospital de Amor, responsável pela seleção e adaptação da válvula. Depois desse primeiro passo, o fonoaudiólogo atua na reabilitação desse paciente para o uso adequado do dispositivo.
4) Houve alguma parceria com o Hospital de Amor para a aquisição do FreeHands?
R.: Graças à parceria do Bella Vita (projeto de reabilitação do HA) e da empresa Atos Medical (líder mundial em produtos para pacientes laringectomizados totais), foi possível fazer a aquisição da nova prótese.
5) Os hospitais oncológicos do Brasil (públicos e privados) já contam com essa prótese ou o Hospital de Amor é a 1ª instituição do país a oferecer isso gratuitamente aos pacientes?
R.: Não, nenhuma outra instituição do Brasil oferece esse serviço. O Hospital de Amor é o primeiro centro oncológico do país a oferecer a reabilitação completa, considerada “padrão-ouro mundial”, destinado ao paciente laringectomizado total. Essa prótese faz parte do material padrão oferecido aos pacientes em países com um sistema de reembolso para reabilitação de voz.
6) Como será a escolha dos pacientes beneficiados com o FreeHands?
R.: Todos os pacientes que já fazem o uso da prótese fonatória e do filtro HME.
7) Quais são os departamentos do HA envolvidos com esta novidade?
R.: Setores de fonoaudiologia, enfermagem e cabeça e pescoço.
8) Com esse avanço, tanto os pacientes, quanto o hospital ganham. Que ganho é esse e o que ele significa?
R.: O maior benefício é, sem dúvidas, a melhora da qualidade de vida do paciente. O HA já oferecia a reabilitação completa com a prótese fonatória – melhorando a condição da voz e, principalmente, devolvendo a identidade dele, já que a comunicação é de extrema importância para a vida do ser humano – e com a reabilitação pulmonar utilizando o filtro HME – evitando a deterioração pulmonar e causando menor necessidade de intervenções e hospitalizações por pneumonia ou infecções respiratórias.
O processo com o FreeHands oferece a liberdade de falar sem a oclusão (fechamento), aproximando esse paciente da sua imagem corporal antes da cirurgia de retirada da laringe e da abertura permanente no pescoço por onde ele respira. O uso do dispositivo tira o “estigma” da deficiência. É possível oferecer aos pacientes o retorno à vida profissional, já que muitos precisam se afastar de atividades onde o uso das mãos se faz necessário, como motorista, costureira, mecânico, cozinheiro, vendedor, entre outros.
O Hospital de Amor também ganha e muito! A instituição terá exposição internacional como referência em reabilitação de pacientes laringectomizados, podendo resultar em parcerias com centros internacionais para projetos de pesquisas.
9) O FreeHands é mais um ‘braço’ do processo de reabilitação oferecido pelo HA. Como é esse processo e o que ele se difere de outras instituições?
R.: Hoje, somos a primeira instituição no Brasil a oferecer o melhor e mais completo tratamento para o paciente laringectomizado total, que sofre com a mutilação e a mudez pós-cirurgia, tendo sua autoestima totalmente comprometida. Oferecendo a reabilitação para este paciente, iremos de forma direta devolver a qualidade de vida e, principalmente, a sua identidade, já que precisamos da comunicação não somente para nos expressar. As sequelas do tratamento e suas complicações geram ao indivíduo uma angústia existencial e física. Entretanto, se bem amparado, orientado e devidamente reabilitado, esse sujeito pode ser reintegrado, trazendo ganho social e econômico à sociedade.
Após essa conquista, o Hospital de Amor poderá ser comparado ao Instituto do Câncer da Holanda (The Netherlands Cancer Institute), que há mais de 100 anos encontra-se na vanguarda internacional da pesquisa e tratamento do câncer.
O tabagismo é um dos principais fatores de risco para o câncer de cabeça e pescoço, principalmente o que afeta boca, faringe, laringe e cavidade nasal. Mesmo que as embalagens tenham informações anunciando que o produto pode ser prejudicial para a saúde, o tabagismo atinge novos usuários anualmente. Além disso, a preocupação aumenta com o número crescente de jovens utilizando o cigarro eletrônico.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), apenas no triênio 2020/2022, os cânceres de cabeça e pescoço atingiram 19,5 mil novos caso para homens por ano, e 17,1 mil novos casos para mulheres por ano, totalizando mais de 36 mil novos casos no período.
O cirurgião oncológico de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, afirma que pessoas do sexo masculino são as mais afetadas pelos tumores. “Isso acontece pelos hábitos do homem de beber e fumar mais, ter uma qualidade de vida pior e não se preocupar muito em ir ao médico. No entanto, o número de casos em mulheres tem aumentado também, principalmente devido a exposição do público feminino aos hábitos nocivos”.
Por serem diagnosticados em fase avançada, os tumores de cabeça e pescoço apresentam altas taxas de mortalidade. “Quando um tumor é diagnosticado precocemente, a chance de o paciente sobreviver à doença em cinco anos é de, aproximadamente, 90%. Mas, quando diagnosticado tardiamente, a taxa de sobrevivência cai para algo em torno de 30%, independentemente dos tratamentos realizados com intenção curativa”, conta o médico.
Desde 2015, a campanha de prevenção do câncer de cabeça e pescoço conhecida como ‘Julho Verde’, tem como objetivo principal levar conhecimento para toda a população e para os profissionais de saúde sobre a doença e seus principais fatores de risco, além de formas de prevenção e diagnóstico precoce.
Sinais e sintomas
Assim como acontece em outros tipos de câncer, estar atento aos sinais e sintomas da doença é essencial. São eles:
– Feridas na boca e/ou garganta que em até 20 dias não cicatrizam;
– Rouquidão;
– Dor ou dificuldade ao engolir;
– Desconforto na garganta;
– Dores persistentes nos ouvidos;
– Sangramento pela boca ou nariz;
– “Caroço” ou nódulos no pescoço;
Esses são sinais clínicos que, se persistentes, devem alertar para a possibilidade de tumores na cabeça e pescoço, principalmente em pessoas que fumaram, fumam ou que fazem uso frequente de bebida alcoólica, exigindo atenção médica ou por outro profissional da área de saúde, como dentista.
Além desses, é importante se atentar a feridas na pele da face, lábios, pescoço e couro cabeludo que não cicatrizam em 20 dias, especialmente as elevadas, vermelhas e que descamam. Novas pintas ou manchas escuras (ou mesmo as que já existem, mas que mudam de aspecto como na cor, tamanho e forma), também merecem atenção médica.
Prevenção
O desenvolvimento desse tipo de tumor também está relacionado a hábitos não saudáveis de vida, como: consumo exagerado de álcool e tabaco, além de relações sexuais de risco, ou seja, sem uso de preservativos. Por isso, a principal forma de prevenção para o câncer de cabeça e pescoço é: não fumar, independentemente se é cigarro de filtro, eletrônico, de palha ou corda, cachimbo, charuto ou narguilé, pois todos eles podem causar câncer na área da cabeça e pescoço. Outro ponto é o cuidado com o uso de bebida alcoólica, evitando-se ingerir ou, se ingerir, em quantidades pequenas e, de preferência, não diariamente.
É imprescindível ter uma boa higiene oral, usar protetor solar e labial, ter uma alimentação saudável, vacinar os jovens contra o HPV e praticar sexo oral com preservativo, para evitar o contágio de doenças sexualmente transmissíveis.
Cigarro eletrônico
O cirurgião oncológico de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, esclarece as principais dúvidas sobre o cigarro eletrônico – também conhecido como vaper, pod, entre outros. Confira!
– Sabe-se que o uso do cigarro, seja eletrônico ou não, é prejudicial para a saúde. Mas, o uso do cigarro eletrônico pode aumentar o risco de câncer mais rapidamente do que o cigarro convencional?
Dr. Gama: Ainda não há uma resposta para esta pergunta, pois o uso do cigarro eletrônico é muito recente. Para estudar a relação do câncer com o cigarro é necessário analisar 20 anos de uso. Como médicos e cientistas, acreditamos que o cigarro eletrônico está relacionado, na mesma proporção, com a incidência de câncer na comparação com o cigarro convencional. De acordo com o INCA, o cigarro eletrônico não é seguro e possui muitas substâncias tóxicas, além da nicotina. Sendo assim, podemos dizer que o cigarro eletrônico pode trazer doenças respiratórias, como: enfisema, doença cardíaca e dos vasos sanguíneos, problemas de pele e câncer. Sem dúvidas, os níveis de toxicidade do cigarro eletrônico são tão prejudiciais quanto o do cigarro convencional, já que combina substâncias tóxicas que são deletérias e danosas para a saúde.
– As substâncias usadas para deixar os cigarros eletrônicos com gostos e aromas diferentes também aumenta o risco de câncer?
Dr. Gama: A diferença entre o cigarro eletrônico e o cigarro convencional é a constituição que tem dentro deles. Os cigarros eletrônicos, supostamente, contêm menos concentração de nicotina (que está em estado líquido), mas eles apresentam muitas outras substâncias tóxicas, como: glicerina, nitrosaminas, metais, propilenoglicol, que são todos indutores de câncer. Inclusive, alguns desses ingredientes servem para dar o gosto adocicado, sendo assim, as substâncias podem aumentar o risco de câncer.
– O cigarro eletrônico causa lesões pulmonares?
Dr. Gama: Sim, o cigarro eletrônico pode causar lesões pulmonares graves. Inclusive, ele é capaz de causar uma pneumonia típica e grave. Ele gera uma inflamação aguda no pulmão, que pode cronificar e ocasionar uma insuficiência respiratória, além de uma pneumonia bacteriana. Caso o paciente já tenha essa pneumonia ou inflamação no pulmão ocasionada pelo cigarro eletrônico, dificulta ainda mais o tratamento de algumas doenças infecciosas que ele possa ter futuramente, incluindo a COVID-19.
O cigarro eletrônico também pode causar uma doença pulmonar chamada ‘EVALI (sigla em inglês para lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico)’. Os sintomas geralmente são: tosse, dor no peito, falta de ar e perda de peso. O médico responsável por cuidar desta doença é o pneumologista. Além disso, conforme citado anteriormente, o cigarro eletrônico também está relacionado com doenças dos vasos sanguíneos e doenças cardíacas, porque ele apresenta não só a nicotina, mas outras substâncias tóxicas que podem fazer mal para esses órgãos.
Em outros casos, se a pessoa passa a conviver com um tabagista ativo, seja de convencional ou eletrônico, e passa a inalar com frequência o que é liberado pelo cigarro eletrônico, ele também tem risco de desenvolver doença pulmonar e outras doenças ocasionadas pelo cigarro eletrônico e convencional, principalmente se são pessoas de convívio diário, como: esposa, marido, mãe, filho.
– Cigarros eletrônicos causam dependência?
Dr. Gama: Como cigarros eletrônicos contém nicotina, eles também causam dependência. Inicialmente, o cigarro eletrônico surgiu para que os fumantes ativos parassem com o hábito. Dessa forma, eles iniciariam um ‘desmame’ da nicotina, para depois abandonar o vício, e isto não é verdade. Em algumas situações, há uma concentração muito maior de nicotina em uma tragada de cigarro eletrônico do que de cigarro tradicional, então, a quantidade da substância é muito superior no consumo de uma tragada do que na comparação de um cigarro comum.
– Os locais onde é proibido o uso do cigarro comum, também deveria ser proibido o uso do cigarro eletrônico?
Dr. Gama: O cigarro eletrônico é proibido no Brasil, ou seja, ele não é regulamentado, então, o uso também deveria ser proibido. Em consequência disto, há muitas fábricas irregulares que produzem o cigarro eletrônico e, pela falta de fiscalização, não se sabe o que há nesses produtos. Dessa forma, ele se torna muito pior do que o cigarro convencional.
– O Hospital de Amor tem algum programa para quem quer parar de fumar?
Dr. Gama: O Hospital de Amor tem um programa de acompanhamento para os pacientes da instituição que desejam parar de fumar. Ele se chama ‘NATA’ e é um grupo de apoio composto por: pneumologista, psicólogos e farmacêuticos. Fora do HA, existem algumas unidades de saúde que oferecem programas de cessação de tabagismo para pacientes da atenção primaria, inclusive com todo o suporte e liberação para a dispensa de medicações para a cessação do tabaco.
Iniciativa
Com o objetivo de levar mais conhecimento a toda população sobre o câncer de cabeça e pescoço, seus principais fatores de risco, formas de prevenção e diagnóstico precoce, além da mostrar e debater a importância do ‘Julho Verde’ (campanha nacional de prevenção da doença), o Hospital de Amor promove, neste 7 de julho, o “1º Fórum Julho Verde de Conscientização do Câncer de Cabeça e Pescoço”. O evento também conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço.
Promover bem-estar, atendimento de qualidade e humanização, são alguns dos pilares do Hospital de Amor. Por isso, de acordo com o médico cirurgião de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Renato Capuzzo, há 3 anos a instituição vem desenhando um projeto em parceria com o ‘Mais Identidade’ (IMI) – uma organização sem fins lucrativos, que conta com doações para seguir com sua missão de promover, gratuitamente, a reabilitação bucomaxilofacial de pacientes que tiveram sua imagem facial afetada por conta de traumas, câncer ou doenças congênitas, possibilitando assim maior bem-estar a todos eles.
No dia 22 de maio, um paciente que realiza tratamento oncológico no Hospital de Amor foi beneficiado por esta importante parceria. O médico explica que o tratamento cirúrgico deste paciente envolveu diversas etapas. “Ele já havia sido operado em outro serviço e chegou até nós com uma condição bastante complicada, pois tratava-se de um câncer de pele muito extenso na face, com exposição óssea e tecido desvitalizados. O paciente foi submetido a ressecção do tumor pela equipe de cirurgia de cabeça e pescoço e neurocirurgia, em 2012, e reconstruído no mesmo momento com retalho microcirúrgico (transplante) pela equipe de cirurgia plástica”, conta Capuzzo.
O paciente é o Sr. José, de 61 anos, reabilitado inicialmente no HA pela equipe de odontologia, que confeccionou uma prótese esculpida manualmente para ele. O cirurgião revela que ele perdeu grande parte de seu rosto e apresenta uma deformidade que a grande maioria das pessoas não tem coragem de encarar. “A doença fez com que ele se desconectasse de sua família e seu trabalho prévio”. O médico também afirma que é importante perceber que este paciente não teria chance de cura ou reabilitação se não fosse no Hospital de Amor.
Sr. José foi submetido a uma cirurgia extremamente complexa realizada em raríssimos centros no Brasil, e recebeu o que existe de mais moderno e tecnológico em termos de reconstrução e reabilitação protética existente atualmente. “Isto em alguém que se tornou um morador de rua, que agora tem a possibilidade de retomar sua identidade, voltar a trabalhar e, possivelmente, voltar a conversar com sua família distante, que sempre foi o sonho relatado por ele”, afirma Capuzzo.
De acordo com o médico, poucos locais oferecem o procedimento de anaplastologia (que o Sr. José recebeu) via SUS. O especialista conta que a primeira prótese permaneceu com o paciente durante muitos anos, mas foi se degradando com o tempo e, devido ele viver em situação vulnerável, não conseguiu a manutenção ideal para conservação. Para a implementação desta nova prótese, o paciente foi submetido a colocação de implantes osteointegrados – que são como parafusos colocados nos ossos da face que servirão de apoio para a sustentação da prótese.
Segundo Capuzzo, uma sequela ou deformidade na face não é fácil de se esconder ou disfarçar. “O Hospital de Amor, frequentemente, recebe casos muito avançados de câncer de pele que, muitas vezes, já foram tratados em outros serviços ou que não conseguem ser tratados em outras instituições devido à alta complexidade necessária para todo tratamento oncológico. A grande inovação deste caso é que a parceria com o ‘Instituto Mais Identidade’ permitiu associar o que existe de mais moderno em tecnologia para confeccionar a prótese, utilizando imagens 3D de tomografias e escaneamento facial, com tecnologias que eles mesmo desenvolveram e aperfeiçoaram, permitindo um altíssimo nível de detalhamento e acurácia”.
De acordo com o Dr. Luciano Dib, presidente do Instituto Mais Identidade, essa parceria é de grande importância para os pacientes e para as próprias instituições, pois permite ao HA ampliar a excelência do atendimento prestado, agregando uma tecnologia de última geração e que é realizada em poucos lugares do mundo. Muitas vezes, somente após a reabilitação é que os pacientes se sentem de fato curados, pois passam a conviver na sociedade de forma natural, deixando de serem excluídos dos ambientes profissionais e familiares.
“Para o Instituto Mais Identidade é motivo de grande orgulho associar-se ao Hospital de Amor, pois reforça a sua competência e amplia sobremaneira o seu espectro de ação, atuando de forma transdisciplinar, em conjunto com as especialidades de cirurgia de cabeça e pescoço, cirurgia plástica, odontologia, entre outros. Ampliar as possibilidades de reabilitação em parceria com o HA vai ao encontro das missões do Instituto, de assistência, divulgação das técnicas e reinserção social dos pacientes com deficiências”, finaliza Luciano. Para Dr. Capuzzo, estas tecnologias permitem um conforto maior ao paciente no processo de moldagem e adaptação das próteses e acabam por produzir próteses com um nível de detalhamento muito superior ao processo convencional.
Segundo a psicóloga do hospital, Andréa Schenten, a cirurgia contribui para resgatar autoestima e a autoimagem do paciente, devolvendo para ele a sua identidade para uma qualidade de vida melhor. “Para o paciente, a autoestima é a recuperação de sua identidade. Enquanto estava em tratamento, o paciente tinha esperança e a crença espiritual como recursos de enfrentamento. O seu apoio aqui em Barretos é apenas de um amigo, que se responsabiliza por trazê-lo ao hospital em dias de consulta. Os funcionários da instituição também o tratam com empatia, respeito e carinho, para que o processo seja suportável, algo que tem feito muita diferença em sua vida”, declara.
No mês conhecido como ‘Julho Verde’ – período em que é realizada a campanha nacional de prevenção contra o câncer de cabeça e pescoço, que visa conscientizar a população sobre a doença, seus principais fatores de risco e formas de preveni-la, o Hospital de Amor tem orgulho em compartilhar uma grande conquista! Em 59 anos de história, o HA é reconhecido por sua excelência no tratamento oncológico, oferecendo, gratuitamente, assistência a milhares de pacientes vindos de todas as partes do país. Recentemente, a instituição deu um grande passo ao realizar uma cirurgia de altíssimo grau de complexidade, tecnologia de ponta e envolvimento multidisciplinar – procedimento jamais visto no Sistema Único de Saúde (SUS) – em paciente com câncer considerado ‘inoperável’.
A Ressecção Craniofacial de Exenteração de Órbita Ampliada para a Base do Crânio contou com três meses de planejamento e 22 horas de execução, envolvendo as áreas de cabeça e pescoço, cirurgia plástica, neurocirurgia, cirurgia crânio maxilo facial, odontologia, oncologia clínica, enfermagem e radioterapia. De acordo com cirurgião oncológico de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Renato de Castro Capuzzo, essa não foi a primeira vez que o HA realizou esse tipo de cirurgia, mas foi a mais complexa em planejamento e execução. “Esse tipo procedimento só foi possível, porque o hospital permite essa integração multidisciplinar, o que é muito difícil de ser visto em outras instituições, inclusive nas privadas. Utilizamos recursos para tratamento oncológico que são extremamente difíceis de serem executados no SUS, tanto por disponibilidade quanto por questões lógicas”, afirmou.
O jovem paciente Gustavo Henrique de Moraes Porto, de 19 anos, morador de Passos de Minas (MG), está tratando um sarcoma (tumor que começa nos tecidos moles do corpo, como músculos e gordura) e, antes de chegar ao Hospital de Amor, já havia sido submetido a alguns procedimentos em sua cidade. “O tumor deste paciente já tinha sido considerado inoperável em outros hospitais oncológicos. O grande diferencial desta cirurgia foi permitir que uníssemos tantas tecnologias e técnicas complexas em um único caso, para aumentar as chances de cura e minimizar as sequelas ocasionadas por um tratamento tão difícil. Esperamos que este paciente tenha um ótimo progresso e nos auxilie a ajudar muitos outros”, declarou o médico cirurgião plástico e microcirurgião oncológico do Hospital de Amor, Dr. Cleyton Dias Souza.
Além da remoção do tumor, a cirurgia também trouxe outros benefícios para o paciente. “O objetivo é que ele apresente uma melhora considerável e que a reabilitação permita ele de ter uma vida normal com sua família, sem os estigmas que um tratamento de câncer no rosto acarreta”, finalizou Dr. Capuzzo.
Para Gustavo, a realização da cirurgia foi um marco em sua vida, motivo de alegria e esperança. Atualmente, ele encontra-se em boa evolução pós-operatória e foi liberado para retornar ao seu município, enquanto aguarda para continuar com o tratamento adjuvante (um complemento após o procedimento principal) com radioterapia.
Saiba mais
Assista o programa “Acima de Tudo o Amor”, exibido no último dia 11 de julho, e confira os detalhes dessa cirurgia de sucesso. Acesse o nosso canal do YouTube: youtube.com/hospitaldeamor.
O departamento de cabeça e pescoço do Hospital de Amor obteve mais uma importante conquista no último mês de outubro, que irá beneficiar centenas de pacientes que enfrentaram o câncer e, por conta da doença, tiveram que retirar a laringe. O “FreeHands” – dispositivo que combina uma válvula fonatória automática e um filtro permutador de calor e umidade – permite uma reabilitação quase completa ao paciente da instituição, melhorando significativamente a qualidade de vida dele, clínica e socialmente.
Em uma entrevista exclusiva para o site do HA, a fonoaudióloga da instituição, Gisele Giroldo, contou sobre a nova aquisição do hospital, pioneiro em oferecer esse serviço, e esclareceu as principais dúvidas. Confira:
1) O que é o FreeHands?
R.: Trata-se de um dispositivo que combina uma válvula fonatória automática (reabilitação vocal) e um filtro permutador de calor de umidade (reabilitação pulmonar).
2) Quais são os seus principais benefícios?
R.: Todos os pacientes laringectomizados do Hospital de Amor, que utilizam uma prótese fonatória para reabilitação vocal, precisam fechar o estoma (abertura) com o dedo impedido a saída de ar e permitindo a fala. O FreeHands faz com que a pressão de ar que vem dos pulmões feche automaticamente o dispositivo sem a obrigatoriedade de o paciente utilizar as mãos, fazendo com que ele execute atividades com as duas mãos e falar normalmente (diferentemente da laringe eletrônica, por exemplo). Além disso, ele é acoplado também a um filtro que faz a reabilitação pulmonar, evitando volume de secreção, tosse e expectoração.
Com o FreeHands, o paciente passa a ter um cenário de reabilitação muito próximo da rotina que levava antes da cirurgia, melhorando significativamente a qualidade de vida no contexto clínico e social.
3) É necessário fazer algum procedimento cirúrgico para a colocação do dispositivo?
R.: Não. A colocação é feita pela equipe de fonoaudiologia do Hospital de Amor, responsável pela seleção e adaptação da válvula. Depois desse primeiro passo, o fonoaudiólogo atua na reabilitação desse paciente para o uso adequado do dispositivo.
4) Houve alguma parceria com o Hospital de Amor para a aquisição do FreeHands?
R.: Graças à parceria do Bella Vita (projeto de reabilitação do HA) e da empresa Atos Medical (líder mundial em produtos para pacientes laringectomizados totais), foi possível fazer a aquisição da nova prótese.
5) Os hospitais oncológicos do Brasil (públicos e privados) já contam com essa prótese ou o Hospital de Amor é a 1ª instituição do país a oferecer isso gratuitamente aos pacientes?
R.: Não, nenhuma outra instituição do Brasil oferece esse serviço. O Hospital de Amor é o primeiro centro oncológico do país a oferecer a reabilitação completa, considerada “padrão-ouro mundial”, destinado ao paciente laringectomizado total. Essa prótese faz parte do material padrão oferecido aos pacientes em países com um sistema de reembolso para reabilitação de voz.
6) Como será a escolha dos pacientes beneficiados com o FreeHands?
R.: Todos os pacientes que já fazem o uso da prótese fonatória e do filtro HME.
7) Quais são os departamentos do HA envolvidos com esta novidade?
R.: Setores de fonoaudiologia, enfermagem e cabeça e pescoço.
8) Com esse avanço, tanto os pacientes, quanto o hospital ganham. Que ganho é esse e o que ele significa?
R.: O maior benefício é, sem dúvidas, a melhora da qualidade de vida do paciente. O HA já oferecia a reabilitação completa com a prótese fonatória – melhorando a condição da voz e, principalmente, devolvendo a identidade dele, já que a comunicação é de extrema importância para a vida do ser humano – e com a reabilitação pulmonar utilizando o filtro HME – evitando a deterioração pulmonar e causando menor necessidade de intervenções e hospitalizações por pneumonia ou infecções respiratórias.
O processo com o FreeHands oferece a liberdade de falar sem a oclusão (fechamento), aproximando esse paciente da sua imagem corporal antes da cirurgia de retirada da laringe e da abertura permanente no pescoço por onde ele respira. O uso do dispositivo tira o “estigma” da deficiência. É possível oferecer aos pacientes o retorno à vida profissional, já que muitos precisam se afastar de atividades onde o uso das mãos se faz necessário, como motorista, costureira, mecânico, cozinheiro, vendedor, entre outros.
O Hospital de Amor também ganha e muito! A instituição terá exposição internacional como referência em reabilitação de pacientes laringectomizados, podendo resultar em parcerias com centros internacionais para projetos de pesquisas.
9) O FreeHands é mais um ‘braço’ do processo de reabilitação oferecido pelo HA. Como é esse processo e o que ele se difere de outras instituições?
R.: Hoje, somos a primeira instituição no Brasil a oferecer o melhor e mais completo tratamento para o paciente laringectomizado total, que sofre com a mutilação e a mudez pós-cirurgia, tendo sua autoestima totalmente comprometida. Oferecendo a reabilitação para este paciente, iremos de forma direta devolver a qualidade de vida e, principalmente, a sua identidade, já que precisamos da comunicação não somente para nos expressar. As sequelas do tratamento e suas complicações geram ao indivíduo uma angústia existencial e física. Entretanto, se bem amparado, orientado e devidamente reabilitado, esse sujeito pode ser reintegrado, trazendo ganho social e econômico à sociedade.
Após essa conquista, o Hospital de Amor poderá ser comparado ao Instituto do Câncer da Holanda (The Netherlands Cancer Institute), que há mais de 100 anos encontra-se na vanguarda internacional da pesquisa e tratamento do câncer.