Passar pelo processo de uma amputação não é fácil. Em alguns casos, pacientes oncológicos precisam realizar a remoção de algum membro, o que pode acarretar possíveis consequências. Mas seria algo psicológico? Teria alguma explicação neurocientífica?
A síndrome do membro fantasma, também conhecida como ‘dor fantasma’, é uma sensação de dor, formigamento ou queimação, percebida em uma parte do corpo que foi amputada ou não funciona mais, ocorrendo em até 80% dos pacientes submetidos a amputações. É como se a parte do corpo ainda estivesse presente, mesmo que tenha sido removida ou danificada.
De acordo com o médico ortopedista e coordenador do departamento de Oncologia Ortopédica do Hospital de Amor, Dr. Sylvio Cesar Sargentini, a dor fantasma é real e pode ser muito intensa, afetando a qualidade de vida do paciente. O especialista explica que a causa exata não é completamente compreendida, mas é frequentemente atribuída a uma combinação de fatores, incluindo alterações neurológicas e a maneira como o cérebro ainda interpreta sinais de dor da área amputada:
• Alterações na atividade cerebral: após a amputação, o cérebro pode continuar a enviar sinais para o membro que não existe mais. Esses sinais podem ser interpretados como dor.
• Danos aos nervos: a amputação pode causar danos aos nervos, o que pode levar a dor.
Segundo o Dr. Sargentini, a duração da dor fantasma varia de pessoa para pessoa. Algumas pessoas experimentam dor fantasma por um curto período, enquanto outras podem vivenciá-la por um longo tempo, até mesmo por anos. O médico explica que para aliviar a dor fantasma, o paciente pode fazer o uso medicação, fisioterapia, estimulação nervosa ou outras terapias. Às vezes, simples técnicas de distração também podem ajudar a aliviar a sensação de dor, tais como:
• Medicamentos: os analgésicos, antidepressivos e anticonvulsivantes podem ser usados para aliviar a dor fantasma.
• Terapia: a terapia cognitivo-comportamental pode ajudar o paciente a aprender a lidar com a dor fantasma.
• Estimuladores: os estimuladores cerebrais profundos podem ser usados para interromper os sinais de dor que são enviados ao cérebro.
Uma sensação real
É comum muitas pessoas pensarem que a dor em um membro inexistente é algo puramente psicológica, no entanto, o médico afirma que a sensação fantasma é uma sensação de que o membro amputado ainda existe. “A pessoa pode sentir o membro doendo, coçando, formigando ou até mesmo se movendo. Ela é mais comum e costuma ocorrer em todos os pacientes amputados, assim como a dor residual do membro amputado, que ocorre devido a própria intervenção cirúrgica que ocorreu (cicatrização, corte, etc.)”, ressalta o ortopedista.
Quando questionado se a dor afeta mais homens ou mulheres, o especialista do HA explica que esta síndrome não parece estar ligada ao gênero e pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres. “E sua prevalência depende da condição médica subjacente que causou a amputação ou perda da função da parte do corpo”, revela Sylvio.
A dor não para os sonhos
O paciente do HA Infantojuvenil, Ian Barbosa, que precisou passar pelo processo de amputação após ser diagnosticado com um tumor ósseo (osteossarcoma), revela que sentiu a síndrome da dor fantasma. “Quando eu recebi a notícia da amputação, eu fiquei triste pois eu jogava futebol, mas poder viver falou mais alto e fiquei tranquilo em conseguir ter uma nova chance e uma nova vida. Após a amputação, eu comecei a sentir a dor fantasma. Eu sentia uma sensação estranha, pois eu não saiba onde eu iria coçar, se era nas canelas, nos pés, não conseguia contrair as pernas, enfim. Foi estranho conviver com isso”, diz Ian, que sonha em se tornar um atleta paraolímpico e representar o Brasil algum dia.
O jovem de Manaus (AM), revela ter feito uso de remédios para ajudá-lo com a dor. “Parar de sentir essa dor foi uma das melhores coisas que aconteceu comigo. Atualmente, eu não tenho muita sensibilidade e consigo viver tranquilamente. Posso dizer que estou bem acostumado com a prótese e consigo fazer todas as minhas atividades, sem limitações. Então sim, eu consigo viver de modo tranquilo”, finaliza o paciente, que faz reabilitação e treina na academia do Hospital de Amor, focando no seu grande sonho: ganhar uma medalha Paralímpica.
Certa vez, o conhecido medalhista olímpico brasileiro, Lars Grael, que sobreviveu a um grave acidente no mar (após uma lancha pilotada por um homem alcoolizado invadir a área de uma regata e colidir com o barco do atleta), teve sua perna direita amputada em 1998, e relatou: “Sinto a perna perdida 24 horas por dia, quase sempre como manifestação de dor, que varia de tipo e intensidade, se estou estressado é pior”. Mesmo após ter o sonho de sua carreira interrompida, Lars criou um projeto de incentivo para desenvolver novos velejadores – esporte que a cada ano ganha mais espaço nos corações dos brasileiros, principalmente pelo pioneirismo e garra dele; o que demonstra que é possível seguir a vida mesmo com a presença da dor.
Ambos os exemplos são a prova de que a perseverança e o sonhos são os maiores incentivadores para ajudar a vencer os desafios que o destino apresenta durante a jornada da vida.
Passar pelo processo de uma amputação não é fácil. Em alguns casos, pacientes oncológicos precisam realizar a remoção de algum membro, o que pode acarretar possíveis consequências. Mas seria algo psicológico? Teria alguma explicação neurocientífica?
A síndrome do membro fantasma, também conhecida como ‘dor fantasma’, é uma sensação de dor, formigamento ou queimação, percebida em uma parte do corpo que foi amputada ou não funciona mais, ocorrendo em até 80% dos pacientes submetidos a amputações. É como se a parte do corpo ainda estivesse presente, mesmo que tenha sido removida ou danificada.
De acordo com o médico ortopedista e coordenador do departamento de Oncologia Ortopédica do Hospital de Amor, Dr. Sylvio Cesar Sargentini, a dor fantasma é real e pode ser muito intensa, afetando a qualidade de vida do paciente. O especialista explica que a causa exata não é completamente compreendida, mas é frequentemente atribuída a uma combinação de fatores, incluindo alterações neurológicas e a maneira como o cérebro ainda interpreta sinais de dor da área amputada:
• Alterações na atividade cerebral: após a amputação, o cérebro pode continuar a enviar sinais para o membro que não existe mais. Esses sinais podem ser interpretados como dor.
• Danos aos nervos: a amputação pode causar danos aos nervos, o que pode levar a dor.
Segundo o Dr. Sargentini, a duração da dor fantasma varia de pessoa para pessoa. Algumas pessoas experimentam dor fantasma por um curto período, enquanto outras podem vivenciá-la por um longo tempo, até mesmo por anos. O médico explica que para aliviar a dor fantasma, o paciente pode fazer o uso medicação, fisioterapia, estimulação nervosa ou outras terapias. Às vezes, simples técnicas de distração também podem ajudar a aliviar a sensação de dor, tais como:
• Medicamentos: os analgésicos, antidepressivos e anticonvulsivantes podem ser usados para aliviar a dor fantasma.
• Terapia: a terapia cognitivo-comportamental pode ajudar o paciente a aprender a lidar com a dor fantasma.
• Estimuladores: os estimuladores cerebrais profundos podem ser usados para interromper os sinais de dor que são enviados ao cérebro.
Uma sensação real
É comum muitas pessoas pensarem que a dor em um membro inexistente é algo puramente psicológica, no entanto, o médico afirma que a sensação fantasma é uma sensação de que o membro amputado ainda existe. “A pessoa pode sentir o membro doendo, coçando, formigando ou até mesmo se movendo. Ela é mais comum e costuma ocorrer em todos os pacientes amputados, assim como a dor residual do membro amputado, que ocorre devido a própria intervenção cirúrgica que ocorreu (cicatrização, corte, etc.)”, ressalta o ortopedista.
Quando questionado se a dor afeta mais homens ou mulheres, o especialista do HA explica que esta síndrome não parece estar ligada ao gênero e pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres. “E sua prevalência depende da condição médica subjacente que causou a amputação ou perda da função da parte do corpo”, revela Sylvio.
A dor não para os sonhos
O paciente do HA Infantojuvenil, Ian Barbosa, que precisou passar pelo processo de amputação após ser diagnosticado com um tumor ósseo (osteossarcoma), revela que sentiu a síndrome da dor fantasma. “Quando eu recebi a notícia da amputação, eu fiquei triste pois eu jogava futebol, mas poder viver falou mais alto e fiquei tranquilo em conseguir ter uma nova chance e uma nova vida. Após a amputação, eu comecei a sentir a dor fantasma. Eu sentia uma sensação estranha, pois eu não saiba onde eu iria coçar, se era nas canelas, nos pés, não conseguia contrair as pernas, enfim. Foi estranho conviver com isso”, diz Ian, que sonha em se tornar um atleta paraolímpico e representar o Brasil algum dia.
O jovem de Manaus (AM), revela ter feito uso de remédios para ajudá-lo com a dor. “Parar de sentir essa dor foi uma das melhores coisas que aconteceu comigo. Atualmente, eu não tenho muita sensibilidade e consigo viver tranquilamente. Posso dizer que estou bem acostumado com a prótese e consigo fazer todas as minhas atividades, sem limitações. Então sim, eu consigo viver de modo tranquilo”, finaliza o paciente, que faz reabilitação e treina na academia do Hospital de Amor, focando no seu grande sonho: ganhar uma medalha Paralímpica.
Certa vez, o conhecido medalhista olímpico brasileiro, Lars Grael, que sobreviveu a um grave acidente no mar (após uma lancha pilotada por um homem alcoolizado invadir a área de uma regata e colidir com o barco do atleta), teve sua perna direita amputada em 1998, e relatou: “Sinto a perna perdida 24 horas por dia, quase sempre como manifestação de dor, que varia de tipo e intensidade, se estou estressado é pior”. Mesmo após ter o sonho de sua carreira interrompida, Lars criou um projeto de incentivo para desenvolver novos velejadores – esporte que a cada ano ganha mais espaço nos corações dos brasileiros, principalmente pelo pioneirismo e garra dele; o que demonstra que é possível seguir a vida mesmo com a presença da dor.
Ambos os exemplos são a prova de que a perseverança e o sonhos são os maiores incentivadores para ajudar a vencer os desafios que o destino apresenta durante a jornada da vida.