Oferecer excelência no tratamento oncológico, com amor, acolhimento e respeito, de forma 100% gratuita, é a principal missão do Hospital de Amor – o que torna a instituição reconhecida internacionalmente. Graças a uma parceria recente com a Fundação Oncidium (organização independente e sem fins lucrativos dedicada a ampliar e democratizar o acesso dos pacientes às terapias com radiofármacos no tratamento do câncer), o departamento de Medicina Nuclear do HA deu mais um grande passo.
De acordo com o médico nuclear do HA, Dr. Wilson Furlan Matos Alves, a medicina nuclear tem um papel fundamental tanto no estadiamento, quanto no seguimento evolutivo de vários tipos de neoplasias, além de conseguir oferecer (em algumas situações) tratamentos que o Sistema Único de Saúde não disponibiliza. É um setor que vem ganhando destaque crescente com o surgimento de novos radiofármacos, cada vez mais específicos para determinados tumores, que têm se mostrado eficientes para aumentar a sobrevida e promover qualidade de vida aos pacientes. “Outro ponto importante da especialidade é que ela também pode ser útil na avaliação de efeitos indesejáveis causados pelos tratamentos oncológicos, auxiliando o oncologista a oferecer um tratamento eficaz e com menor risco de sequelas”, afirmou.
Diante deste cenário, o HA se une a Fundação Oncidium para expandir o acesso a terapias com radiofármacos, possibilitando tratamentos inovadores e com eficácia comprovada para pacientes com câncer. “A parceria irá fortalecer a missão de ambas as instituições de oferecer aos pacientes tratamentos inovadores e eficazes, que infelizmente não estão disponíveis no contexto SUS, como é o caso dos tratamentos em Medicina Nuclear. Além disso, a Fundação Oncidium promove educação e treinamento de profissionais da área, e considerando que o Hospital de Amor é um centro de excelência em educação em saúde, acreditamos que a parceria também fortalece a formação de médicos e da equipe multidisciplinar do setor, que já conta com uma residência médica bem-conceituada em nosso país”, explicou Dr. Wilson.
Segundo o diretor de desenvolvimento da Oncidium, Efrain Perini, o objetivo da Fundação é garantir a introdução de novas terapias com radiofármacos já utilizadas no exterior, e expandir o acesso dos que já estão disponíveis no Brasil, mas ainda possuem alto custo e, portanto, são inacessíveis para muitos pacientes.
Essa colaboração se baseia em quatro pilares:
1) Educação e capacitação: desenvolvimento de iniciativas conjuntas voltadas a pacientes, oncologistas, médicos nucleares e outros profissionais da saúde, promovendo a difusão do conhecimento em teranóstico aplicado ao diagnóstico e tratamento do câncer.
2) Promoção da equidade: compromisso em levar terapias inovadoras com radiofármacos a regiões e populações menos favorecidas.
3) Expansão do acesso: promoção de parcerias estratégicas para ampliar infraestrutura, logística e conscientização sobre os benefícios das terapias com radioligantes.
4) Mobilização de investimentos: esta parceria visa também atrair parceiros públicos e privados, nacionais e internacionais, para financiar programas sustentáveis e de impacto nacional, garantindo a ampliação do acesso às terapias com radiofármacos.
“A união entre a Oncidium e o Hospital de Amor é um marco no Brasil! Juntas, as instituições unem conhecimento científico, tecnologia e compromisso social para transformar a vida de pacientes e famílias que enfrentam o câncer. Esperamos que esta parceria contribua para sensibilizar autoridades públicas sobre a importância da incorporação das terapias com radiofármacos ao SUS. Queremos que o Brasil deixe de depender de doações individuais e passe a oferecer esse tratamento de forma sistemática e sustentável. O futuro que vislumbramos é de mais acesso, mais capacitação profissional, mais investimentos e mais esperança, impactando positivamente milhares de vidas”, declarou Efrain.
Medicina Nuclear e o uso de radiofármacos no tratamento oncológico
O departamento de Medicina Nuclear do Hospital de Amor possui uma excelente estrutura física, com equipamentos modernos, sendo um PET-CT e quatro aparelhos de cintilografia (com um SPECT-CT). Conta com uma equipe altamente qualificada composta por cinco médicos, dois enfermeiros, além de biomédicos, radiofarmacêuticos, físicos, técnicos em enfermagem e em radiologia. Além disso, o setor está credenciado para utilizar os principais radiofármacos, tanto para diagnóstico, quanto para terapia da doença.
“Atualmente, os radiofármacos utilizados para terapia de pacientes oncológicos são indicados para complementar o tratamento cirúrgico (como no caso do iodo-131 para câncer de tireoide) ou para pacientes para os quais não há mais linhas de tratamento disponíveis para sua doença. Essa última indicação é a mais frequente para a maioria dos radiofármacos disponíveis, que trazem para o paciente aumento da sobrevida e melhora na qualidade de vida. Para alguns tumores, como é o caso de tumores neuroendócrinos e o câncer de próstata, novos estudos clínicos tem mostrado que o tratamento com radiofármacos, específicos para cada um desses tumores, pode ser utilizado em estágios mais iniciais da doença com a mesma eficácia que o tratamento padrão estabelecido. Isso mostra o potencial de crescimento do uso dos radiofármacos para terapias na oncologia”, explica o médico nuclear.
Apesar de todos esses benefícios, nem todos os pacientes são candidatos aos tratamentos de Medicina Nuclear. Como os radiofármacos são específicos para cada tipo de neoplasia, antes de indicar o tratamento, o paciente é submetido a um exame de imagem (como uma cintilografia ou um PET scan) para avaliar se o tumor consegue captar o radiofármaco. Se isso acontecer, ou seja, se o tumor captar, o paciente passa a ser um candidato para o tratamento.
“Infelizmente, no contexto do SUS, somente o iodo-131, utilizado para tratamento de câncer de tireoide e para casos de hipertireoidismo, está disponível. Outros radiofármacos, tais como DOTATATE-177Lu, PSMA-177Lu, microesferas marcadas com ítrio-90, mIBG marcado com iodo-131, não são garantidos na saúde pública”, afirma Dr. Wilson.
E é por esse e muito outros motivos que o HA celebra essa parceria tão importante! Para Efrain, a união entre o HA e a Oncidium é um passo fundamental nessa jornada e mostra como a cooperação internacional e o amor podem gerar impacto real e transformador na vida de pacientes com câncer. “As expectativas é de que em breve cada vez mais pacientes sejam beneficiados com o acesso às terapias com radiofármacos no nosso país”, finaliza Dr. Wilson.
Sobre a Fundação Oncidium
A Fundação Oncidium é uma organização sem fins lucrativos dedicada a ampliar o acesso global às terapias radioteranósticas para o cuidado do câncer. Sua missão se concentra em educação,conscientização e defesa do acesso equitativo ao tratamento. Por meio de iniciativas como o RLTConnect, a Fundação constrói um ecossistema que apoia pacientes oncológicos, independentementede barreiras geográficas ou financeiras, oferecendo esperança de uma melhor qualidade de vida.
O câncer de pulmão continua sendo o tipo de câncer mais letal do mundo. Em 2022, foram registrados cerca de 2,48 milhões de novos casos e 1,8 milhão de mortes em todo o mundo, segundo o GLOBOCAN. No Brasil, estima-se que aproximadamente 32 mil pessoas recebam anualmente o diagnóstico da doença, que tem o tabagismo como o principal fator de risco, embora alguns estudos mostrem que até um quarto dos casos têm ocorrido em não fumantes, alertando que sua ocorrência também pode estar associada à poluição do ar e exposição a carcinógenos, que podem provocar mutações no DNA, conforme aponta pesquisa publicada recentemente na Nature.
No Hospital de Amor, uma das instituições de maior referência em oncologia na América Latina, cerca de 500 novos casos chegam por ano, sendo a maioria em estágio avançado. “O câncer de pulmão, na fase inicial, costuma ser silencioso. Por isso, 86% dos pacientes no Brasil recebem o diagnóstico tardiamente, quando a chance de cura já é reduzida”, explica o radiologista do HA, Dr. Rodrigo Sampaio Chiarantano.
Diante desse cenário, a instituição deu um passo importante: o rastreamento ativo de câncer de pulmão em uma população de alto risco, como é o caso de fumantes e ex-fumantes. A iniciativa, que teve início oficialmente em 2019, traz de forma concreta a importância desse trabalho. “Nós já atendemos mais de 1.500 pessoas e conseguimos diagnosticar mais de 30 casos positivos, a maioria ainda em estágio inicial, uma condição que aumenta significativamente as chances de cura e sobrevida desses pacientes”, detalha o radiologista.
O exame utilizado é a tomografia computadorizada de baixa dose, capaz de detectar nódulos pulmonares muito antes de surgirem os primeiros sintomas. Tecnologia que já possui grandes estudos internacionais, como o NLST (National Lung Screening Trial, EUA) e o NELSON (Nederlands-Leuvens Longkanker Screenings Onderzoek, Europa), que comprovam a redução da mortalidade específica por câncer de pulmão em até 24% e reforçam a importância de um rastreamento organizado para a doença.
O público-alvo do programa pioneiro inclui fumantes e ex-fumantes que acumularam muitos anos de tabagismo, mesmo que tenham abandonado o hábito há tempo. Um ponto importante, segundo o Dr. Rodrigo Sampaio Chiarantano, coordenador do projeto, é que não é necessário parar de fumar para participar. “Queremos aproximar essas pessoas do cuidado, sem julgamentos, e detectar o câncer antes que ele apareça. Rastrear já é uma forma de cuidar da saúde”, afirma.
Outro aspecto que diferencia a ação é que o SUS ainda não oferece rastreamento ativo para o câncer de pulmão, ao contrário do que ocorre com o câncer de mama, por exemplo. Isso torna o Hospital de Amor a primeira e uma das únicas instituições brasileira a oferecer, de forma gratuita e estruturada, um programa contínuo de detecção precoce da doença.
A meta agora é ampliar a visibilidade da iniciativa. Além dos números positivos já obtidos, a equipe quer alcançar mais pessoas do grupo de risco que vivem na região de Barretos. Para participar do programa, é preciso ter entre 50 e 80 anos, ser fumante ou ex-fumante, os interessados podem checar a elegibilidade para o rastreamento pelo site https://tcbd.hospitaldeamor.com.br/ e marcar a realização do exame pelo telefone (17) 3321-6600, ramais 7010 e 7080. O atendimento é gratuito e pode ser o primeiro passo para salvar uma vida.
Ciência que cruza fronteiras
O sucesso do programa rendeu ao HA um convite para integrar o International Lung Cancer Consortium (ILCCO), consórcio global de pesquisa sobre câncer de pulmão. Isso permitirá mapear características genéticas e biomoleculares da população brasileira, ampliando a precisão no diagnóstico e no tratamento.
Paralelamente, o Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do HA mantém, desde 2018, o Grupo Translacional de Oncologia Pulmonar, certificado pelo CNPq. O grupo desenvolve novos painéis moleculares e investiga biomarcadores para auxiliar médicos na escolha do tratamento mais eficaz.
Tecnologia a serviço da vida
Desde 2022, o hospital realiza cirurgias torácicas com auxílio de robôs, oferecendo maior precisão, menos dor no pós-operatório e melhor resultado estético, tudo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Essa tecnologia é especialmente benéfica para pacientes com câncer de pulmão, que muitas vezes já têm um quadro de saúde fragilizado.
Outra frente inovadora é a radioterapia estereotáxica corporal (SBRT), capaz de atingir o tumor com alta precisão, poupando tecidos saudáveis e oferecendo taxas de controle semelhantes às da cirurgia. Publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas, um estudo do HA comprovou que a SBRT é mais custo-efetiva e proporciona mais anos de vida para determinados pacientes.
Um futuro mais promissor
Seja no rastreamento precoce, na cirurgia robótica, na radioterapia de ponta ou nas pesquisas de alcance internacional, o Hospital de Amor demonstra que é possível aliar tecnologia e humanização para enfrentar o câncer de pulmão. “Nosso foco é salvar vidas e oferecer o melhor cuidado possível, sempre com base em ciência de qualidade”, resume o radiologista.
Fazer uma cirurgia com implante mamário de silicone pode ser um desejo de muitas pessoas ou mesmo necessário, já que ele pode ser utilizado para fins estéticos ou em casos de reconstrução mamária devido à mastectomia. O Brasil se destaca como um dos países que mais realizam cirurgias de mamoplastias de aumento (implante de silicone), com um número elevado de cirurgiões reconhecidos internacionalmente pela qualidade no trabalho.
Neste mês, veio a público o primeiro caso raro de carcinoma espinocelular associado ao implante mamário de silicone no Brasil – tipo de câncer extremamente raro que se junta a pouco mais de 20 ocorrências em todo o mundo. A ocorrência foi documentada em um estudo de pesquisadores brasileiros liderado pelo mastologista do Hospital de Amor e sócio titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Dr. Idam de Oliveira Junior, em Barretos (SP), reforçando a necessidade de atenção, mas sem motivo para alarde, destaca o especialista.
O caso brasileiro foi publicado no renomado periódico científico Annals of Surgical Oncology (ASO) e o estudo se destaca por propor uma nova forma de classificar a doença, buscando padronizar o diagnóstico e o tratamento. “Nosso estudo reuniu todos os casos já publicados no mundo sobre esse tipo raro de câncer ligado ao implante de silicone e acrescentou o primeiro caso brasileiro,” explica o Dr. Idam de Oliveira Junior. “Percebemos que muitas pacientes tiveram um diagnóstico tardio ou passaram por cirurgias que, sem querer, espalharam células do tumor. O que propomos é um novo modelo de classificação que ajuda o médico a avaliar a gravidade da doença e padronizar a cirurgia mais adequada, aumentando as chances de controle.”
Entendendo o caso
O carcinoma de células escamosas associado ao implante mamário de silicone (BIA-SCC) é uma neoplasia rara, com o primeiro caso descrito na literatura médica em 1992. No caso brasileiro, o tumor foi diagnosticado em uma jovem de 38 anos que possuía implantes estéticos de longa data. Ela foi submetida a uma cirurgia para tratar um seroma, que é o acúmulo de líquido ao redor da prótese. A cápsula (tecido que se forma ao redor do implante) apresentava sinais incomuns e a biópsia revelou a malignidade.
O tumor é considerado agressivo e muitas vezes é diagnosticado tardiamente porque seus sintomas, como inchaço, dor ou nódulos podem ser confundidos com complicações comuns das próteses. A principal hipótese para o seu desenvolvimento é a de que a cápsula, com o passar dos anos, sofra um processo de inflamação crônica, que pode levar à formação do tumor. No entanto, os fatores de risco para o desenvolvimento do BIA-SCC ainda são desconhecidos.
Proporção e segurança
Apesar do crescimento no número de explantes (retirada do implante de silicone) no Brasil, muitas vezes por medo infundado, especialistas reforçam que o silicone continua sendo um material seguro para uso estético e reconstrutivo. Milhares de mulheres realizaram cirurgias com implantes de silicone e a ocorrência desse tipo de câncer é extremamente rara.
“Os procedimentos com implantes mamários de silicone são seguros e eficazes, e o caso brasileiro não é motivo para alarde. Trata-se de uma situação muito rara que, por sua raridade, requer atenção dos especialistas para um diagnóstico precoce e tratamento adequado”, reforça o especialista.
O mastologista refirma a importância de que mulheres com implantes, especialmente aqueles de longa data, fiquem atentas a sinais como inchaço repentino, dor ou presença de líquido ao redor da prótese. Sintomas que, mesmo anos após a cirurgia, devem ser investigados por um especialista.
De acordo com o médico do HA, um dos intuitos do estudo é propor um novo modelo de classificação que ajuda o médico a avaliar melhor a gravidade da doença e padronizar a cirurgia mais adequada, aumentando as chances de controle da doença. O trabalho também contou com a participação dos pesquisadores Marina Ignácio Gonzaga, Chrissie Casella Amirati, Natachia Moreira Vilela, Durval Renato Wohnrath e René Aloisio da Costa Vieira.
O Hospital de Amor tem fortalecido sua parceria com instituições de ensino e pesquisa de alto nível de todo o mundo. Recentemente, dois estudantes de mestrado em bioengenharia da Rice University e da Baylor Medical School, ambas de Houston, nos Estados Unidos, participaram de um intercâmbio de nove semanas no Brasil, com o objetivo de desenvolver soluções tecnológicas de baixo custo para problemas de saúde enfrentados pela população.
A colaboração, que existe há um bom tempo, mas foi reativada com mais impacto em 2024, já resultou em projetos de pesquisa conjuntos. A mais recente iniciativa é patrocinada pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos EUA. Durante o período entre 2 de junho e 9 de agosto, em Barretos (SP), os estudantes Luisanny Del Orbe e Malcolm Williams imergiram na rotina do Hospital de Amor, circulando por diversas áreas para identificar os principais desafios.
O principal foco do projeto desenvolvido pela dupla foi criar uma máquina automática e de baixo custo para coloração de lâminas em H&E, voltada para as unidades móveis de saúde bucal do hospital. O objetivo é reduzir o longo tempo de espera entre a biópsia e o diagnóstico final, um problema logístico relevante, especialmente para pacientes em regiões distantes.
Atualmente, o processo de envio de amostras para Barretos (SP) é demorado e com várias dificuldades. A solução proposta pela dupla de estudantes americanos visa eliminar essa etapa, permitindo que a biópsia seja processada diretamente na unidade móvel. O equipamento, que seria operado por um patologista local, enviaria imagens da lâmina, obtidas com um microscópio 3D, diretamente para os especialistas no hospital em Barretos, agilizando drasticamente o diagnóstico. A iniciativa tem o potencial de impactar positivamente a vida dos pacientes, oferecendo mais agilidade e precisão.
Além do projeto de biópsia bucal, Luisanny e Malcolm também contribuíram com sugestões para solucionar desafios nos programas de rastreamento de câncer de pele e mama, e no ‘Projeto Retrate’. De acordo com a pesquisadora do Projeto Retrate, Dra. Raquel Descie, eles contribuíram com uma visão importante para a consolidação de projetos que visam o desenvolvimento de dispositivos mais acessíveis e eficientes voltados para a detecção precoce do câncer de pele do grupo de pesquisa. Ela também destaca como este tipo de intercâmbio é importante para a equipe de Barretos, fortalecendo o estabelecimento de parcerias estratégicas para projetos futuros e proporcionando aos alunos de pós-graduação uma experiência enriquecedora de troca de conhecimento, colaboração e contato direto com pesquisadores internacionais.
Já para o médico, pesquisador e também Diretor Executivo de Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital de Amor, Dr. Vinicius Vazquez, esta visita significa principalmente um ganho intelectual. A parceria com uma instituição da qualidade da Rice em uma área do conhecimento complementar que é a bioengenharia, é de muita sinergia de ideias e um motor para novos projetos.
A parceria com as instituições de Houston oferece uma nova perspectiva para o enfrentamento dos problemas de saúde. “O intercâmbio de estudantes de bioengenharia de um centro de ensino de alto nível, traz uma visão diferente para o enfrentamento de problemas e desafios dos nossos pacientes. Creio firmemente que muitas soluções originais surgirão em breve,” afirma Dr. Vinicius.
Para os estudantes, a experiência foi transformadora. Luisanny Del Orbe, mestre em bioengenharia pela Rice University, relata: “Esta experiência tem sido uma verdadeira honra. Este é meu primeiro contato com a vida de um engenheiro e tem sido incrível ver como engenharia e a medicina podem ser combinadas de uma forma que beneficia não apenas hospitais como o HA, mas também os pacientes”.
Malcolm Williams, que também está no mestrado de bioengenharia na Rice University, compartilha o sentimento. “Foi minha primeira vez na América do Sul e me diverti muito. Foi uma ótima oportunidade para aplicar todas as habilidades que aprendi durante minha graduação. A experiência não apenas avançou minhas habilidades de carreira, mas também me ensinou muito sobre a cultura brasileira. Foi muito reconfortante trabalhar em um lugar onde eles se importam tanto com a experiência do paciente. As pessoas que conheci em Barretos foram muito gentis e acolhedoras. Elas tornaram esta experiência verdadeiramente transformadora”, disse o jovem norte-americano.
A parceria e o intercâmbio demonstram o compromisso do Hospital de Amor com a inovação e a busca por soluções que possam melhorar a qualidade de vida e o atendimento de seus pacientes, consolidando a instituição como um centro de referência também em pesquisa e desenvolvimento.
“A única coisa que eu perguntei aos médicos foi se o Heitor ia sobreviver, se ele ia ficar comigo. Não teria problema fazer a amputação se ele fosse permanecer nos meus braços”, conta emocionada Fabiana C. Araújo, mãe de Heitor Araújo dos Santos, paciente do Centro Especializado em Reabilitação e do Hospital de Amor Infantojuvenil.
Heitor nasceu com miofibromatose infantil generalizada e, com apenas quatro dias de vida, se preparou para enfrentar uma cirurgia de amputação transfemoral da perna esquerda — remoção cirúrgica de um membro inferior acima do joelho.
Segundo dados do National Cancer Institute, um em cada 150.000 bebês nasce com miofibromatose infantil, um tumor benigno raro que pode crescer na pele, nos músculos, nos ossos e, às vezes, nos órgãos do tórax ou abdômen. “A miofibromatose infantil generalizada é um tumor silencioso que não causa muitos sintomas. A criança pode nascer com alguns tipos de tumores visíveis desde o nascimento ou, conforme o desenvolvimento, podem surgir nódulos subcutâneos ou lesões ósseas que crescem dependendo do tipo da doença”, explica a médica oncologista pediátrica do HA Infantojuvenil, Dra. Nádia Secchieri Rocha.
Diagnóstico
O tumor de Heitor só foi percebido após seu nascimento. Durante o pré-natal, Fabiana realizou todos os exames e ultrassons, mas nenhum indicou a doença. “Poucos casos são diagnosticados intrauterinamente, às vezes pela posição da criança, pelo tamanho ou pela localização do tumor, gerando surpresa no nascimento”, esclarece Dra. Nádia.
“Quando ele nasceu, os médicos já viram que ele tinha vários tumores espalhados pelo corpo. Eu nem pude pegá-lo no colo, só me deixaram dar uma olhadinha no rostinho. Não pude ver o corpo todo”, lembra Fabiana.
Natural de Monte Azul Paulista (SP), Heitor foi inicialmente encaminhado para Bebedouro (SP) e, por se tratar de um caso complexo, transferido para a Santa Casa de Misericórdia de Barretos (SP), onde passou uma noite antes de ser levado ao Hospital de Amor Infantojuvenil.
“Foi um caso bastante desafiador pegar uma criança tão pequena com um tumor tão avançado. Ele chegou com um tumor sangrante na perna. Tentamos salvar a perna, mas sabíamos que as chances eram pequenas. Decidimos pela amputação, e hoje vemos que foi a melhor decisão para a vida do Heitor”, comenta Dra. Nádia.
Tratamento
Por se tratar de um tumor generalizado no subcutâneo, Heitor, além da amputação, precisou passar por sessões de quimioterapia de baixa dose para eliminar os nódulos. “O Heitor realizou 12 meses de quimioterapia semanalmente. Ele foi muito tranquilo durante o tratamento e se desenvolveu bem, com acompanhamento constante da equipe multidisciplinar. A mãe estava muito confiante, e isso fez toda a diferença”, destaca Dra. Nádia.
Hoje, aos seis anos, Heitor continua em acompanhamento no HA Infantojuvenil e realiza sessões de fisioterapia no Centro Especializado em Reabilitação do HA.
Reabilitação
Heitor iniciou fisioterapia aos quatro meses, com a primeira avaliação e o enfaixamento do coto. A fisioterapeuta Deiseane Bonatelli, conhecida como Tia Deise, acompanha o processo de reabilitação desde então. “O Heitor chegou com quatro meses. Nunca tinha me deparado com um caso igual em 21 anos no Hospital de Amor. O coto era muito pequeno, o que dificultava o enfaixamento, mas conseguimos avançar com ele”, explica Tia Deise.
Outro desafio foi a adaptação à prótese. Aos 10 meses, o HA confeccionou a primeira prótese, mas Heitor não se adaptou. “Ele chorava e não aceitava. Decidimos respeitar o tempo dele, e ele conseguiu ter uma vida ativa sem a prótese. Quanto menores, mais difícil a adaptação, pois limita a movimentação. Conforme crescem, entendem que a prótese oferece maior liberdade, como foi o caso do Heitor quando começou a frequentar a escola”, explica Tia Deise.
O sonho dos pais se tornou realidade…
“Era meu sonho ver meu filho andar, acho que é o sonho de toda mãe e pai”, conta emocionada Fabiana, quando o Heitor chegou um dia nos pais e falou que gostaria de andar e colocar uma prótese.
Fabiana acredita que essa vontade surgiu por conta da escola. Ela e o marido sempre incentivaram o Heitor a colocar a prótese, mas a vontade veio mesmo quando ele iniciou na escola. Heitor foi encaminhado para a Oficina Ortopédica do HA Barretos, onde recebeu uma prótese novinha, e a emoção tomou conta dos pais, quando viram o filho com a prótese pela primeira vez.
“A primeira vez que eu vi ele com a prótese foi emocionante. O meu marido começou a chorar e eu comecei a chorar, porque eu estava esperando por aquele dia. Foi um dos dias mais felizes da minha vida”, conta Fabiana. E a conquista do Heitor, assim como de todos os pacientes, é uma conquista para a equipe médica e multidisciplinar, como destaca Dra. Nádia. “Hoje, o sentimento é de gratidão! Eu acompanho diariamente a evolução nas redes sociais da mãe, e vejo o desenvolvimento dele a cada dia, desde pequenininho andando na sua motoquinha com uma perninha só, engatinhando e agora aí com a prótese”, conta a médica.
“É uma realização profissional, como ser humano, de trabalhar com uma criança como o Heitor, extremamente amorosa”, destaca Tia Deise.
“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”, acreditava o ilustre e respeitado educador brasileiro Paulo Freire. Assim como ele, o Hospital de Amor também acredita que a educação é fundamental para o desenvolvimento de qualquer pessoa, independentemente de estar enfrentado um tratamento duro com o câncer.
Em meio aos desafios da doença, um refrigério de conhecimento e afeto floresce dentro do Hospital de Amor, em Barretos. É na classe hospitalar, localizada no Lar de Amor (alojamento do HA) que a educação se encontra com a humanização, oferecendo a crianças e jovens em tratamento oncológico a oportunidade de sonhar e aprender, longe das quatro paredes de um quarto de hospital. Na liderança desta iniciativa está Leane Carvalho Oliveira, uma educadora dedicada que há 10 anos atua como professora nessa missão tão especial.
Com 54 anos e uma rica formação que inclui graduações em História e Geografia, e pós-graduações em Pedagogia Hospitalar e Psicopedagogia, Leane é a prova viva de que a paixão por ensinar pode mover montanhas. “Atuar como professora na classe hospitalar do HA tem sido uma experiência transformadora”, revela a experiente professora. “Estou feliz e me sinto realizada com um propósito que vai além do simples ato de ensinar”, fala Leane.
A ‘escola do Lar de Amor’, como é carinhosamente chamada, conta com três classes que abrangem desde o Ensino Inicial (1º ao 5º ano) até os anos finais e Ensino Médio (6º ano ao 3º EM). Atualmente, 30 alunos estudam nesse espaço que também é considerado um refúgio para eles, diante de uma rotina de exames e tratamentos, a escola acalenta, já que são intercaladas por aulas dinâmicas e repletas de carinho e diversão.
Leane, ao lado das professoras Zilda Reducino e Tania Serapião, forma uma equipe que se dedica a oferecer um currículo completo, adaptado às necessidades de cada estudante que também é paciente oncológico. A professora Leane ensina todas as disciplinas para os alunos do 6º ano ao Ensino Médio, enquanto Zilda se dedica aos estudantes do 3º ao 5º ano, e Tania, aos pequenos do 1º e 2º ano. “Seguimos o plano de ação do estado, com sala do futuro, Centro de Mídias da Educação de São Paulo (CMSP), apostilas usando aplicativos, robótica e tecnologia”, explica Leane, destacando a modernidade da abordagem. A colaboração de voluntários, como a professora Rosalinda em Matemática, e parceiros como o Instituto Federal, que oferece aulas de Química, Física e Biologia com laboratório, complementa o aprendizado e enriquece a experiência dos alunos.
A grande diferença da classe hospitalar em relação a uma escola convencional é o fato de haver atendimento humanizado e individualizado. “Nossos alunos com suas devidas especificidades recebem atividades adaptadas a cada um”, ressalta Leane. Além do currículo tradicional, os alunos participam de atividades especiais, como aulas de jornalismo com a jornalista Glaucia Chiarelli, onde desenvolvem reportagens para o “jornalzinho HA”, que é um grande sucesso.
A jornada de Leane na classe hospitalar é cheia de histórias que marcam a alma. “Em cada encontro com meus alunos, vivi momentos de intensa alegria, aprendizado e afeto genuíno”, compartilha. Entre tantas lembranças, a história de Éder é a que mais toca seu coração. “Incentivá-lo a estudar, a manter a esperança acesa e a não desistir do sonho de se tornar médico foi uma missão que abracei com amor e dedicação”, recorda Leane. A partida precoce de Éder deixou uma lacuna, mas também a certeza de que a educação, quando feita com amor, tem o poder de inspirar e dar propósito, mesmo diante das maiores dificuldades.
Tia Leane como também é conhecida pelos alunos, se orgulha de ter ajudado no processo de ensino de pacientes indígenas que recebem tratamento no Hospital de Amor. Para ela, a vocação de educadora na classe hospitalar vai muito além do ensino de matérias. É um gesto de amor, esperança e humanidade. É a certeza de que, mesmo em tempos difíceis, o conhecimento pode ser uma ferramenta de transformação e um caminho para a realização de sonhos, por mais distantes que eles pareçam.
O câncer de cabeça e pescoço é o sétimo mais comum no mundo e o quinto em homens no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados mais de 40 mil novos casos por ano no país, sendo os mais frequentes o câncer de boca, laringe e orofaringe.
O tabagismo e consumo de álcool são os principais fatores de risco, mas outros, como higiene bucal inadequada e infecção pelo HPV, também contribuir para o aumento das chances de desenvolvimento da doença. Dados do Instituto Vencer o Câncer mostram que este tipo de câncer corresponde a 3% de todos os cânceres, e sua taxa de cura pode chegar a 90% quando diagnosticado e tratado precocemente.
Por este motivo e com o objetivo de promover a conscientização, prevenção e informação sobre o câncer de cabeça e pescoço, além de alertar a população sobre os fatores de risco da doença, o Hospital de Amor promoveu, no dia 11 de julho, o “III Fórum de Prevenção e Conscientização do Câncer de Cabeça e Pescoço”, na Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos (FACISB).
“Como médica e cirurgiã, vejo esse evento como essencial para romper barreiras de desinformação e medo. Muitos pacientes chegam ao consultório já em estágios avançados, por falta de conhecimento ou acesso à informação. O ‘Fórum Julho Verde’ cumpre um papel transformador — aproxima o tema da sociedade, educa e promove saúde com empatia e responsabilidade”, afirma a cirurgiã do departamento de cabeça e pescoço do HA, Dra. Mayza Bueno.
De acordo com a médica, o evento foi criado e destinado a profissionais da área de saúde (médicos, enfermeiros, nutricionistas, fonoaudiólogos, psicólogos, técnicos em enfermagem, odontologistas) e alunos de cursos que compõem a equipe multidisciplinar do HA, além de gestores públicos e presidentes de associações de ligas da sociedade civil relacionadas com câncer de cabeça e pescoço. “Tivemos a honra de contar com a participação de profissionais renomados, gestores de saúde, educadores e a sociedade civil, todos unidos com o propósito de discutir estratégias eficazes para reduzir a incidência dessa doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, criando uma ponte entre o conhecimento técnico e a informação acessível, com linguagem clara e didática”, explicou.
Temas importantes, discussões sobre o cenário atual de acesso ao tratamento oncológico e políticas públicas fizeram parte da programação do III Fórum. Foram eles:
– Fatores de risco para o câncer de cabeça e pescoço;
– Sintomas e sinais de alerta;
– Importância do diagnóstico precoce;
– Avanços no tratamento e reabilitação;
– Cuidados multidisciplinares;
– Impacto psicológico e social do diagnóstico;
– Importância dos cuidados paliativos.
“Esses temas são essenciais para mudar o cenário do câncer de cabeça e pescoço no Brasil. Muitas vezes, o diagnóstico é feito em estágio avançado, o que reduz as chances de cura. Informar a população e capacitar os profissionais ajuda a detectar os casos mais cedo e a salvar vidas”, contou Dra. Maysa.
Para a médica, a realização de um evento com esta dimensão impacta direta e positivamente na saúde pública, especialmente, nos casos de câncer de cabeça e pescoço. “O evento contribui para a redução do tempo entre os primeiros sintomas e o diagnóstico; a maior procura por exames preventivos; o estímulo ao abandono do tabagismo e outras práticas de risco; o fortalecimento de campanhas públicas; e a melhoria no acolhimento e tratamento dos pacientes”.
Julho Verde e o câncer de cabeça e pescoço
Desde 2015, a campanha de prevenção do câncer de cabeça e pescoço conhecida como ‘Julho Verde’, tem como objetivo principal levar conhecimento para toda a população e para os profissionais de saúde sobre a doença e seus principais fatores de risco, além de formas de prevenção e diagnóstico precoce.
Sinais e sintomas
Assim como acontece em outros tipos de câncer, estar atento aos sinais e sintomas da doença é essencial. São eles:
– Feridas na boca e/ou garganta que em até 20 dias não cicatrizam;
– Rouquidão;
– Dor ou dificuldade ao engolir;
– Desconforto na garganta;
– Dores persistentes nos ouvidos;
– Sangramento pela boca ou nariz;
– “Caroço” ou nódulos no pescoço.
Esses são sinais clínicos que, se persistentes, devem alertar para a possibilidade de tumores na cabeça e pescoço, principalmente em pessoas que fumaram, fumam ou que fazem uso frequente de bebida alcoólica, exigindo atenção médica ou por outro profissional da área de saúde, como dentista.
Além desses, é importante se atentar a feridas na pele da face, lábios, pescoço e couro cabeludo que não cicatrizam em 20 dias, especialmente as elevadas, vermelhas e que descamam. Novas pintas ou manchas escuras (ou mesmo as que já existem, mas que mudam de aspecto como na cor, tamanho e forma), também merecem atenção médica.
Prevenção
O desenvolvimento desse tipo de tumor também está relacionado a hábitos não saudáveis de vida, como: consumo exagerado de álcool e tabaco, além de relações sexuais de risco, ou seja, sem uso de preservativos. Por isso, a principal forma de prevenção para o câncer de cabeça e pescoço é: não fumar, independentemente se é cigarro de filtro, eletrônico, de palha ou corda, cachimbo, charuto ou narguilé, pois todos eles podem causar câncer na área da cabeça e pescoço. Outro ponto é o cuidado com o uso de bebida alcoólica, evitando-se ingerir ou, se ingerir, em quantidades pequenas e, de preferência, não diariamente.
É imprescindível ter uma boa higiene oral, usar protetor solar e labial, ter uma alimentação saudável, vacinar os jovens contra o HPV e praticar sexo oral com preservativo, para evitar o contágio de doenças sexualmente transmissíveis.
Tratamento
Dra. Maysa explica que o tratamento para este tipo de tumor pode incluir: cirurgia (dependendo da localização e estágio do tumor), radioterapia e/ou quimioterapia; e apoio multidisciplinar com odontologia, fonoaudiologia, enfermagem, fisioterapia, nutrição e psicologia. Entretanto, o sucesso do tratamento está diretamente ligado ao diagnóstico precoce!
Recomendação
“Meu alerta é simples e direto: não ignore sinais persistentes no pescoço, boca ou garganta. Se algo estiver fora do normal por mais de 15 dias, procure um profissional da saúde. E mais: cuidar da saúde é um ato de amor-próprio. Prevenção e informação salvam vidas. Participe do ‘Julho Verde’ e ajude a espalhar essa mensagem!”, finalizou Dra. Maysa.
O que você faz que o transporta para um lugar mágico e especial? O sociólogo italiano Domenico De Masi defendia a tese do “ócio criativo”, um tempo para “fazer nada” que, na verdade, deveria estimular a criatividade futura. Um filme, um livro, uma música, quando bem apreciados, não seriam apenas um singelo passatempo. Mas já imaginou ser impulsionado por um novo desafio proposto pela vida?
Certa vez, o pintor holandês Vincent Van Gogh disse: “A arte é consolar aqueles que são quebrados pela vida”. De certa forma, ele não estava errado. Poder se expressar por meio do dom artístico vai muito além de um hobby; pode ser terapêutico e até mesmo contribuir para o processo de tratamento oncológico, por exemplo.
A jovem professora Amanda Furtado, de 35 anos, além de ser encantada pelos números que a levaram a cursar Matemática, também se apaixonou pelas cores e pelos traços, mais especificamente pela arte da pintura. Paulista de Franca, cidade localizada no nordeste do estado de São Paulo, conhecida como a capital do calçado e um dos pontos com maior incidência solar no Brasil, não imaginou que um dia encontraria um novo desafio em Barretos (SP), onde, em alguns momentos, a vida pareceria mais nublada do que ensolarada.
“Me recordo que, em outubro do ano passado, eu apalpei um nódulo na minha mama. Decidi procurar meu médico. Ele comentou que, pela minha idade, seria pouco provável que fosse câncer, mas solicitou uma ultrassonografia. O resultado foi um laudo BIRADS 0 na mama — isso significa que o exame de imagem é inconclusivo ou incompleto, exigindo exames adicionais para uma avaliação mais precisa. Após isso, o médico pediu uma ressonância magnética, que identificou mais dois nódulos, estes não palpáveis”, explica Amanda.
Depois de realizar o exame, a jovem procurou atendimento no Instituto de Prevenção do Hospital de Amor, em Barretos, onde diz ter recebido muito carinho e acolhimento. “No dia do diagnóstico de câncer de mama, fui amparada com muita sensibilidade, tanto pelos profissionais quanto pela minha família. Senti medo. Mas o apoio dos meus familiares foi essencial para me fortalecer e enfrentar esse momento difícil”, diz ela.
Ao ser questionada sobre a importância do Hospital de Amor em sua vida, a paciente rapidamente responde: “O hospital me trouxe esperança. Desde o início, senti acolhimento e confiança nos profissionais que cuidaram de mim com tanto carinho. Não poderia me sentir mais amparada. Além do acompanhamento médico, o suporte psicológico fez toda a diferença”, fala Amanda, que achou que o tratamento seria mais difícil por estar com muito medo. No entanto, com o apoio da sua fé e o acolhimento do hospital, tudo ficou mais leve.
A pintura como um refúgio
Era uma consulta comum, ou seria, até o momento em que a paciente Amanda, cheia de gratidão, presenteou seu médico mastologista, Dr. Idam Junior, com um lindo quadro. A surpresa foi tamanha que fez com que o especialista publicasse a imagem em suas redes sociais. Na tela, a paciente pintou aquele que é motivo de sua fé: Jesus andando sobre as águas.
“Comecei a pintar há 10 anos, como um hobby, no ateliê da minha amiga Aime. Depois, precisei parar por causa da rotina. Retomei há cerca de 3 anos, num momento em que comecei a me amar mais e a separar tempo para mim. Faço pintura a óleo com o estilo impressionista”, conta Amanda.
A professora revela que gosta de pintar casarões e elementos que remetam a momentos marcantes. “Todas as minhas telas têm um significado especial. Após o diagnóstico de câncer, passei a pintar pelo menos três vezes por semana. Quando estou pintando, minha mente fica como uma tela em branco. É um momento de leveza, de paz interior. Pintar me acalma”, explica a paciente emocionada.
O olhar da psicologia
Segundo a psicóloga do Hospital de Amor, Eliza Guimarães Ribeiro, atividades como a pintura funcionam como formas de expressão emocional e enfrentamento no contexto oncológico. “Elas ajudam o paciente a elaborar sentimentos difíceis, reduzem a ansiedade e resgatam um senso de identidade e autonomia durante o tratamento. Além disso, promovem bem-estar e podem fortalecer o vínculo com a equipe e com o próprio processo de cuidado”.
Quando questionada sobre a importância de o paciente oncológico ter um hobby em meio ao processo do tratamento, Eliza explica: “Primeiro, acolheria a pausa como algo natural no processo de tratamento, validando o cansaço e as emoções envolvidas. Em seguida, incentivaria o paciente a retomar a atividade com gentileza, sem cobrança, lembrando dos benefícios que ela já trouxe e propondo que ele experimente aos poucos — mesmo que por alguns minutos. Pequenos retornos podem reabrir esse espaço de prazer, identidade e expressão pessoal”, finaliza.
Para a profissional, não existe uma fórmula; cada pessoa se conecta com diferentes formas de prazer. “Eu costumo incentivar atividades como pintura, escrita, ouvir música, leitura ou até jogos simples. O mais importante é que faça sentido para o paciente e respeite seus limites naquele momento”, conta Eliza.
Para a paciente Amanda, a pintura ajuda a enfrentar o tratamento e a doença. “Não consigo imaginar como teria sido para mim sem a pintura em minha vida. E não é só sobre pintar, é sobre estar no ateliê com as amigas, tomar um bom café da tarde, conversar e relaxar. É um momento em que posso me expressar, distrair a mente e me conectar com outras pessoas de forma leve”, diz a educadora, que também tem uma veia artística.
A professora fica emocionada quando responde o motivo pelo qual escolheu o Dr. Idam para receber o seu quadro: “Passei por um momento muito difícil e recebi a atenção e o apoio do Dr. Idam e Dr. Toni de uma forma que não consigo explicar. Eles estiveram ao meu lado o tempo todo, como amigos, me fortalecendo”. Amanda conta que, com a entrega deste presente, quis expressar toda a sua gratidão da maneira que ela sabe, por meio da arte.
A jovem explica que, quando inicia a pintura, ela coloca toda sua fé e pede a Deus que abençoe os médicos do hospital, tanto fisicamente quanto espiritualmente. “Acredito que, no enfrentamento do câncer, a verdadeira mudança precisa vir de dentro para fora. Também pedi a Deus que envie ao mundo mais profissionais como eles”, conta Amanda.
“A arte é um caminho poderoso para o autoconhecimento, alívio da ansiedade e conexão com outras pessoas. Proporciona momentos de leveza, amizade e alegria em meio a um processo tão delicado. A vida é preciosa, e cada dia é um presente. Descobri que o propósito da nossa existência está nas pequenas coisas: na fé, na esperança, no amor e no cuidado com quem está ao nosso lado”, Amanda diz emocionada.
Como a maioria dos pacientes que recebem o diagnóstico de câncer e passam pelo tratamento, a educadora relata que esta jornada a transformou: “A arte me resgatou, me deu forças e me ensinou que é possível encontrar beleza até nos momentos mais desafiadores. Agradeço a Deus, meu marido Jeferson, à minha família, aos amigos, aos médicos e ao Hospital de Amor por fazerem parte dessa história. Posso dizer que aprendi a valorizar o tempo e compreendi, ainda mais, a importância da minha família e meu relacionamento com Deus”, finaliza.
A psicóloga da instituição também reforça que, se o paciente nunca teve o hábito de praticar atividades de lazer, a equipe pode convidá-lo a experimentar algo novo de forma leve e sem pressão. “O lazer pode ser uma ferramenta de enfrentamento; ele ajuda a aliviar o sofrimento, manter a motivação e resgatar o prazer em meio a um momento difícil. O importante é que faça sentido para ele(a), respeitando seu tempo e vontade. Me recordo do caso de uma paciente que, após o adoecimento, focou ainda mais nas aulas de violão, usando a música como terapia neste momento”.
Todo paciente oncológico precisa ser acolhido, pois, segundo Eliza, é necessário acolher a tristeza como algo legítimo diante do que está sendo vivido no momento. “Diria que é normal se sentir assim durante o tratamento, e que ele não está sozinho. Depois, estimularia pequenos passos: retomar uma atividade leve, conversar com alguém de confiança ou até permitir-se descansar sem culpa. E reforçaria que buscar apoio psicológico não é sinal de fraqueza, mas de cuidado consigo mesmo”, conclui a profissional.
Respeitar o seu próprio tempo e fazer uma atividade que estimule alegria pode contribuir para enfrentar os desafios que a vida apresenta, independentemente do diagnóstico recebido. Sempre é possível colorir a vida com sonhos e paixões! E você, realiza algo que ama apenas por hobby ou anda se cobrando demais?
Cuidados intensivos e de alta complexidade, monitoração contínua e condições clínicas críticas são algumas situações que levam a uma pessoa a ser encaminhada para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O Hospital de Amor, conhecido internacionalmente pela sua atuação na área oncológica, também age em outras frentes na área da saúde como reabilitação, hospital cardiológico e na gestão de hospitais municipais e estaduais, e um dos destaques nessa rede que faz parte do HA é o trabalho realizado nas Unidades de Terapia Intensiva.
Atualmente, a rede de UTIs do Hospital de Amor é composta pelas UTIs Adulto – localizadas nas unidades oncológicas de Barretos (SP), Jales (SP) e Porto Velho (RO), bem como nas instituições parceiras de atenção geral, como a Santa Casa de Misericórdia de Barretos (SP) e o Hospital Regional de Bebedouro (SP), além da especialidade cardiológica, no Hospital Nossa Senhora, em Barretos (SP).
A Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e a Epimed Solutions realizam, anualmente, a certificação que reconhece as Unidades de Terapia Intensiva com melhor desempenho no Brasil. Em 2024, foram avaliados 800 hospitais no país, e em março deste ano, a AMIB e a Epimed divulgaram as listas: 304 hospitais entre privados e públicos foram certificados, sendo 82 com o selo “UTI Eficiente” e 164 com o selo “UTI Top Performer”.
As UTIs do HA Amazônia, em Porto Velho (RO), e da Santa Casa de Misericórdia de Barretos (SP) foram certificadas com o selo “UTI Eficiente”; do HA Jales, em Jales (SP), foi certificada com o selo “UTI Top Performer”, e do Hospital Nossa Senhora, em Barretos (SP), recebeu o selo de “UTI Cardiológica Top Performer”.
“As certificações conferidas pela AMIB e pelo sistema Epimed representam o reconhecimento formal da qualidade assistencial, do compromisso com a segurança do paciente e da maturidade nos processos de monitoramento e melhoria contínua. Tais selos são concedidos a partir de critérios rigorosos que avaliam a estrutura, os processos e os resultados clínicos da UTI. Trata-se, portanto, de uma chancela técnica que reflete o trabalho consistente de uma equipe multiprofissional comprometida com a excelência e com a prática baseada em evidências”, destaca a diretora médica e intensivista do Hospital de Amor, Dra. Cristina Prata Amendola.
Para receber a certificação, são analisados diversos critérios que medem o desempenho de cada UTI, de acordo com o perfil dos pacientes. Dois desses critérios são utilizados como parâmetros principais: a Taxa de Mortalidade Padronizada (TMP) e a Taxa de Utilização de Recursos Padronizada (TURP).
Rede de UTIs do HA
Ao todo, são disponibilizados 89 leitos de terapia intensiva, integrando uma rede assistencial que contempla diferentes perfis epidemiológicos e níveis de complexidade. “Embora os processos assistenciais nas unidades de terapia intensiva sigam etapas estruturadas e semelhantes, os protocolos clínicos e operacionais são adaptados de acordo com o perfil epidemiológico de cada UTI. Por exemplo, unidades com foco oncológico, cardiológico ou de atenção geral apresentam diferenças substanciais nas condutas clínicas, nos fluxos de atendimento e na definição das prioridades terapêuticas. Dessa forma, ainda que o arcabouço técnico seja compartilhado, as rotinas tornam-se significativamente distintas conforme a especialidade e a complexidade assistencial predominante”, explica Dra. Cristina.
A diretora médica e intensivista destaca também que os principais norteadores do trabalho executado na rede de UTIs do HA são a segurança e a humanização, e que isso não seria possível ser alcançado sem ter uma equipe altamente comprometida e qualificada.
“A excelência assistencial em terapia intensiva depende, de forma indissociável, da competência técnica e do engajamento das equipes multiprofissionais. No contexto da rede do HA, o cuidado é centrado no paciente, considerando não apenas sua condição clínica, mas também sua dignidade e singularidade. A segurança do paciente e a humanização do atendimento são princípios norteadores. Assim, as UTIs da rede buscam permanentemente a qualificação baseada em evidências científicas, ao mesmo tempo em que promovem práticas que respeitam a individualidade de cada paciente. O protagonismo dos profissionais de saúde, aliados a um ambiente colaborativo, é o principal diferencial na obtenção de resultados clínicos expressivos”, destaca a médica.
O Hospital de Amor deu um passo histórico nesta terça-feira (1/7) ao receber oficialmente a certificação de ‘Acreditação Qmentum International’ para o seu serviço de Telessaúde. A cerimônia de entrega aconteceu na sede da instituição, em Barretos (SP), e contou com a presença do CEO da QGA (Quality Global Alliance), Dr. Rubens Covello, além de lideranças, colaboradores e convidados.
Com este marco, o Hospital de Amor se torna o primeiro serviço de Telessaúde oncológico do Sistema Único de Saúde (SUS) a conquistar uma acreditação internacional deste porte. O certificado é resultado de uma avaliação rigorosa, baseada na metodologia desenvolvida pela Health Standards Organization/Accreditation Canada e aplicada no Brasil pela QGA desde 2006.
A acreditação reforça o compromisso do Hospital de Amor com a excelência, a segurança do paciente e a promoção de um atendimento humanizado. A iniciativa demonstra que é possível integrar tecnologia, ampliar o alcance populacional e, ao mesmo tempo, manter padrões internacionais de qualidade, contribuindo para transformar realidades e salvar vidas em todo o país.
“Esta conquista é um reconhecimento ao trabalho contínuo de inovação responsável e dedicação de toda a equipe. Levar cuidado especializado a quem mais precisa, de forma segura e eficaz, sempre foi o nosso maior objetivo”, destacou André Pinto, gerente do departamento de Saúde Digital do HA.
O serviço de Telessaúde oncológico do Hospital de Amor tem como foco ampliar o acesso ao cuidado, à orientação e ao acompanhamento de pacientes em diferentes regiões do Brasil, especialmente em áreas remotas ou com pouca oferta de especialistas.
Apenas em 2024, o serviço de Telessaúde do Hospital de Amor realizou mais de 83 mil atendimentos para 33 mil pacientes, residentes em 1.500 municípios dos 27 estados brasileiros. Por meio do atendimento remoto, estima-se que os pacientes tenham evitado cerca de 3,3 milhões de quilômetros em deslocamentos por mês, o que representa não apenas uma economia significativa de tempo e recursos, mas também uma redução de 3,7 toneladas de emissões de carbono por ano. A certificação internacional consagra essa trajetória, consolidando o serviço como referência nacional em qualidade, inovação e impacto social.
Oferecer excelência no tratamento oncológico, com amor, acolhimento e respeito, de forma 100% gratuita, é a principal missão do Hospital de Amor – o que torna a instituição reconhecida internacionalmente. Graças a uma parceria recente com a Fundação Oncidium (organização independente e sem fins lucrativos dedicada a ampliar e democratizar o acesso dos pacientes às terapias com radiofármacos no tratamento do câncer), o departamento de Medicina Nuclear do HA deu mais um grande passo.
De acordo com o médico nuclear do HA, Dr. Wilson Furlan Matos Alves, a medicina nuclear tem um papel fundamental tanto no estadiamento, quanto no seguimento evolutivo de vários tipos de neoplasias, além de conseguir oferecer (em algumas situações) tratamentos que o Sistema Único de Saúde não disponibiliza. É um setor que vem ganhando destaque crescente com o surgimento de novos radiofármacos, cada vez mais específicos para determinados tumores, que têm se mostrado eficientes para aumentar a sobrevida e promover qualidade de vida aos pacientes. “Outro ponto importante da especialidade é que ela também pode ser útil na avaliação de efeitos indesejáveis causados pelos tratamentos oncológicos, auxiliando o oncologista a oferecer um tratamento eficaz e com menor risco de sequelas”, afirmou.
Diante deste cenário, o HA se une a Fundação Oncidium para expandir o acesso a terapias com radiofármacos, possibilitando tratamentos inovadores e com eficácia comprovada para pacientes com câncer. “A parceria irá fortalecer a missão de ambas as instituições de oferecer aos pacientes tratamentos inovadores e eficazes, que infelizmente não estão disponíveis no contexto SUS, como é o caso dos tratamentos em Medicina Nuclear. Além disso, a Fundação Oncidium promove educação e treinamento de profissionais da área, e considerando que o Hospital de Amor é um centro de excelência em educação em saúde, acreditamos que a parceria também fortalece a formação de médicos e da equipe multidisciplinar do setor, que já conta com uma residência médica bem-conceituada em nosso país”, explicou Dr. Wilson.
Segundo o diretor de desenvolvimento da Oncidium, Efrain Perini, o objetivo da Fundação é garantir a introdução de novas terapias com radiofármacos já utilizadas no exterior, e expandir o acesso dos que já estão disponíveis no Brasil, mas ainda possuem alto custo e, portanto, são inacessíveis para muitos pacientes.
Essa colaboração se baseia em quatro pilares:
1) Educação e capacitação: desenvolvimento de iniciativas conjuntas voltadas a pacientes, oncologistas, médicos nucleares e outros profissionais da saúde, promovendo a difusão do conhecimento em teranóstico aplicado ao diagnóstico e tratamento do câncer.
2) Promoção da equidade: compromisso em levar terapias inovadoras com radiofármacos a regiões e populações menos favorecidas.
3) Expansão do acesso: promoção de parcerias estratégicas para ampliar infraestrutura, logística e conscientização sobre os benefícios das terapias com radioligantes.
4) Mobilização de investimentos: esta parceria visa também atrair parceiros públicos e privados, nacionais e internacionais, para financiar programas sustentáveis e de impacto nacional, garantindo a ampliação do acesso às terapias com radiofármacos.
“A união entre a Oncidium e o Hospital de Amor é um marco no Brasil! Juntas, as instituições unem conhecimento científico, tecnologia e compromisso social para transformar a vida de pacientes e famílias que enfrentam o câncer. Esperamos que esta parceria contribua para sensibilizar autoridades públicas sobre a importância da incorporação das terapias com radiofármacos ao SUS. Queremos que o Brasil deixe de depender de doações individuais e passe a oferecer esse tratamento de forma sistemática e sustentável. O futuro que vislumbramos é de mais acesso, mais capacitação profissional, mais investimentos e mais esperança, impactando positivamente milhares de vidas”, declarou Efrain.
Medicina Nuclear e o uso de radiofármacos no tratamento oncológico
O departamento de Medicina Nuclear do Hospital de Amor possui uma excelente estrutura física, com equipamentos modernos, sendo um PET-CT e quatro aparelhos de cintilografia (com um SPECT-CT). Conta com uma equipe altamente qualificada composta por cinco médicos, dois enfermeiros, além de biomédicos, radiofarmacêuticos, físicos, técnicos em enfermagem e em radiologia. Além disso, o setor está credenciado para utilizar os principais radiofármacos, tanto para diagnóstico, quanto para terapia da doença.
“Atualmente, os radiofármacos utilizados para terapia de pacientes oncológicos são indicados para complementar o tratamento cirúrgico (como no caso do iodo-131 para câncer de tireoide) ou para pacientes para os quais não há mais linhas de tratamento disponíveis para sua doença. Essa última indicação é a mais frequente para a maioria dos radiofármacos disponíveis, que trazem para o paciente aumento da sobrevida e melhora na qualidade de vida. Para alguns tumores, como é o caso de tumores neuroendócrinos e o câncer de próstata, novos estudos clínicos tem mostrado que o tratamento com radiofármacos, específicos para cada um desses tumores, pode ser utilizado em estágios mais iniciais da doença com a mesma eficácia que o tratamento padrão estabelecido. Isso mostra o potencial de crescimento do uso dos radiofármacos para terapias na oncologia”, explica o médico nuclear.
Apesar de todos esses benefícios, nem todos os pacientes são candidatos aos tratamentos de Medicina Nuclear. Como os radiofármacos são específicos para cada tipo de neoplasia, antes de indicar o tratamento, o paciente é submetido a um exame de imagem (como uma cintilografia ou um PET scan) para avaliar se o tumor consegue captar o radiofármaco. Se isso acontecer, ou seja, se o tumor captar, o paciente passa a ser um candidato para o tratamento.
“Infelizmente, no contexto do SUS, somente o iodo-131, utilizado para tratamento de câncer de tireoide e para casos de hipertireoidismo, está disponível. Outros radiofármacos, tais como DOTATATE-177Lu, PSMA-177Lu, microesferas marcadas com ítrio-90, mIBG marcado com iodo-131, não são garantidos na saúde pública”, afirma Dr. Wilson.
E é por esse e muito outros motivos que o HA celebra essa parceria tão importante! Para Efrain, a união entre o HA e a Oncidium é um passo fundamental nessa jornada e mostra como a cooperação internacional e o amor podem gerar impacto real e transformador na vida de pacientes com câncer. “As expectativas é de que em breve cada vez mais pacientes sejam beneficiados com o acesso às terapias com radiofármacos no nosso país”, finaliza Dr. Wilson.
Sobre a Fundação Oncidium
A Fundação Oncidium é uma organização sem fins lucrativos dedicada a ampliar o acesso global às terapias radioteranósticas para o cuidado do câncer. Sua missão se concentra em educação,conscientização e defesa do acesso equitativo ao tratamento. Por meio de iniciativas como o RLTConnect, a Fundação constrói um ecossistema que apoia pacientes oncológicos, independentementede barreiras geográficas ou financeiras, oferecendo esperança de uma melhor qualidade de vida.
O câncer de pulmão continua sendo o tipo de câncer mais letal do mundo. Em 2022, foram registrados cerca de 2,48 milhões de novos casos e 1,8 milhão de mortes em todo o mundo, segundo o GLOBOCAN. No Brasil, estima-se que aproximadamente 32 mil pessoas recebam anualmente o diagnóstico da doença, que tem o tabagismo como o principal fator de risco, embora alguns estudos mostrem que até um quarto dos casos têm ocorrido em não fumantes, alertando que sua ocorrência também pode estar associada à poluição do ar e exposição a carcinógenos, que podem provocar mutações no DNA, conforme aponta pesquisa publicada recentemente na Nature.
No Hospital de Amor, uma das instituições de maior referência em oncologia na América Latina, cerca de 500 novos casos chegam por ano, sendo a maioria em estágio avançado. “O câncer de pulmão, na fase inicial, costuma ser silencioso. Por isso, 86% dos pacientes no Brasil recebem o diagnóstico tardiamente, quando a chance de cura já é reduzida”, explica o radiologista do HA, Dr. Rodrigo Sampaio Chiarantano.
Diante desse cenário, a instituição deu um passo importante: o rastreamento ativo de câncer de pulmão em uma população de alto risco, como é o caso de fumantes e ex-fumantes. A iniciativa, que teve início oficialmente em 2019, traz de forma concreta a importância desse trabalho. “Nós já atendemos mais de 1.500 pessoas e conseguimos diagnosticar mais de 30 casos positivos, a maioria ainda em estágio inicial, uma condição que aumenta significativamente as chances de cura e sobrevida desses pacientes”, detalha o radiologista.
O exame utilizado é a tomografia computadorizada de baixa dose, capaz de detectar nódulos pulmonares muito antes de surgirem os primeiros sintomas. Tecnologia que já possui grandes estudos internacionais, como o NLST (National Lung Screening Trial, EUA) e o NELSON (Nederlands-Leuvens Longkanker Screenings Onderzoek, Europa), que comprovam a redução da mortalidade específica por câncer de pulmão em até 24% e reforçam a importância de um rastreamento organizado para a doença.
O público-alvo do programa pioneiro inclui fumantes e ex-fumantes que acumularam muitos anos de tabagismo, mesmo que tenham abandonado o hábito há tempo. Um ponto importante, segundo o Dr. Rodrigo Sampaio Chiarantano, coordenador do projeto, é que não é necessário parar de fumar para participar. “Queremos aproximar essas pessoas do cuidado, sem julgamentos, e detectar o câncer antes que ele apareça. Rastrear já é uma forma de cuidar da saúde”, afirma.
Outro aspecto que diferencia a ação é que o SUS ainda não oferece rastreamento ativo para o câncer de pulmão, ao contrário do que ocorre com o câncer de mama, por exemplo. Isso torna o Hospital de Amor a primeira e uma das únicas instituições brasileira a oferecer, de forma gratuita e estruturada, um programa contínuo de detecção precoce da doença.
A meta agora é ampliar a visibilidade da iniciativa. Além dos números positivos já obtidos, a equipe quer alcançar mais pessoas do grupo de risco que vivem na região de Barretos. Para participar do programa, é preciso ter entre 50 e 80 anos, ser fumante ou ex-fumante, os interessados podem checar a elegibilidade para o rastreamento pelo site https://tcbd.hospitaldeamor.com.br/ e marcar a realização do exame pelo telefone (17) 3321-6600, ramais 7010 e 7080. O atendimento é gratuito e pode ser o primeiro passo para salvar uma vida.
Ciência que cruza fronteiras
O sucesso do programa rendeu ao HA um convite para integrar o International Lung Cancer Consortium (ILCCO), consórcio global de pesquisa sobre câncer de pulmão. Isso permitirá mapear características genéticas e biomoleculares da população brasileira, ampliando a precisão no diagnóstico e no tratamento.
Paralelamente, o Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do HA mantém, desde 2018, o Grupo Translacional de Oncologia Pulmonar, certificado pelo CNPq. O grupo desenvolve novos painéis moleculares e investiga biomarcadores para auxiliar médicos na escolha do tratamento mais eficaz.
Tecnologia a serviço da vida
Desde 2022, o hospital realiza cirurgias torácicas com auxílio de robôs, oferecendo maior precisão, menos dor no pós-operatório e melhor resultado estético, tudo pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Essa tecnologia é especialmente benéfica para pacientes com câncer de pulmão, que muitas vezes já têm um quadro de saúde fragilizado.
Outra frente inovadora é a radioterapia estereotáxica corporal (SBRT), capaz de atingir o tumor com alta precisão, poupando tecidos saudáveis e oferecendo taxas de controle semelhantes às da cirurgia. Publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas, um estudo do HA comprovou que a SBRT é mais custo-efetiva e proporciona mais anos de vida para determinados pacientes.
Um futuro mais promissor
Seja no rastreamento precoce, na cirurgia robótica, na radioterapia de ponta ou nas pesquisas de alcance internacional, o Hospital de Amor demonstra que é possível aliar tecnologia e humanização para enfrentar o câncer de pulmão. “Nosso foco é salvar vidas e oferecer o melhor cuidado possível, sempre com base em ciência de qualidade”, resume o radiologista.
Fazer uma cirurgia com implante mamário de silicone pode ser um desejo de muitas pessoas ou mesmo necessário, já que ele pode ser utilizado para fins estéticos ou em casos de reconstrução mamária devido à mastectomia. O Brasil se destaca como um dos países que mais realizam cirurgias de mamoplastias de aumento (implante de silicone), com um número elevado de cirurgiões reconhecidos internacionalmente pela qualidade no trabalho.
Neste mês, veio a público o primeiro caso raro de carcinoma espinocelular associado ao implante mamário de silicone no Brasil – tipo de câncer extremamente raro que se junta a pouco mais de 20 ocorrências em todo o mundo. A ocorrência foi documentada em um estudo de pesquisadores brasileiros liderado pelo mastologista do Hospital de Amor e sócio titular da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), Dr. Idam de Oliveira Junior, em Barretos (SP), reforçando a necessidade de atenção, mas sem motivo para alarde, destaca o especialista.
O caso brasileiro foi publicado no renomado periódico científico Annals of Surgical Oncology (ASO) e o estudo se destaca por propor uma nova forma de classificar a doença, buscando padronizar o diagnóstico e o tratamento. “Nosso estudo reuniu todos os casos já publicados no mundo sobre esse tipo raro de câncer ligado ao implante de silicone e acrescentou o primeiro caso brasileiro,” explica o Dr. Idam de Oliveira Junior. “Percebemos que muitas pacientes tiveram um diagnóstico tardio ou passaram por cirurgias que, sem querer, espalharam células do tumor. O que propomos é um novo modelo de classificação que ajuda o médico a avaliar a gravidade da doença e padronizar a cirurgia mais adequada, aumentando as chances de controle.”
Entendendo o caso
O carcinoma de células escamosas associado ao implante mamário de silicone (BIA-SCC) é uma neoplasia rara, com o primeiro caso descrito na literatura médica em 1992. No caso brasileiro, o tumor foi diagnosticado em uma jovem de 38 anos que possuía implantes estéticos de longa data. Ela foi submetida a uma cirurgia para tratar um seroma, que é o acúmulo de líquido ao redor da prótese. A cápsula (tecido que se forma ao redor do implante) apresentava sinais incomuns e a biópsia revelou a malignidade.
O tumor é considerado agressivo e muitas vezes é diagnosticado tardiamente porque seus sintomas, como inchaço, dor ou nódulos podem ser confundidos com complicações comuns das próteses. A principal hipótese para o seu desenvolvimento é a de que a cápsula, com o passar dos anos, sofra um processo de inflamação crônica, que pode levar à formação do tumor. No entanto, os fatores de risco para o desenvolvimento do BIA-SCC ainda são desconhecidos.
Proporção e segurança
Apesar do crescimento no número de explantes (retirada do implante de silicone) no Brasil, muitas vezes por medo infundado, especialistas reforçam que o silicone continua sendo um material seguro para uso estético e reconstrutivo. Milhares de mulheres realizaram cirurgias com implantes de silicone e a ocorrência desse tipo de câncer é extremamente rara.
“Os procedimentos com implantes mamários de silicone são seguros e eficazes, e o caso brasileiro não é motivo para alarde. Trata-se de uma situação muito rara que, por sua raridade, requer atenção dos especialistas para um diagnóstico precoce e tratamento adequado”, reforça o especialista.
O mastologista refirma a importância de que mulheres com implantes, especialmente aqueles de longa data, fiquem atentas a sinais como inchaço repentino, dor ou presença de líquido ao redor da prótese. Sintomas que, mesmo anos após a cirurgia, devem ser investigados por um especialista.
De acordo com o médico do HA, um dos intuitos do estudo é propor um novo modelo de classificação que ajuda o médico a avaliar melhor a gravidade da doença e padronizar a cirurgia mais adequada, aumentando as chances de controle da doença. O trabalho também contou com a participação dos pesquisadores Marina Ignácio Gonzaga, Chrissie Casella Amirati, Natachia Moreira Vilela, Durval Renato Wohnrath e René Aloisio da Costa Vieira.
O Hospital de Amor tem fortalecido sua parceria com instituições de ensino e pesquisa de alto nível de todo o mundo. Recentemente, dois estudantes de mestrado em bioengenharia da Rice University e da Baylor Medical School, ambas de Houston, nos Estados Unidos, participaram de um intercâmbio de nove semanas no Brasil, com o objetivo de desenvolver soluções tecnológicas de baixo custo para problemas de saúde enfrentados pela população.
A colaboração, que existe há um bom tempo, mas foi reativada com mais impacto em 2024, já resultou em projetos de pesquisa conjuntos. A mais recente iniciativa é patrocinada pelo Instituto Nacional de Saúde (NIH) dos EUA. Durante o período entre 2 de junho e 9 de agosto, em Barretos (SP), os estudantes Luisanny Del Orbe e Malcolm Williams imergiram na rotina do Hospital de Amor, circulando por diversas áreas para identificar os principais desafios.
O principal foco do projeto desenvolvido pela dupla foi criar uma máquina automática e de baixo custo para coloração de lâminas em H&E, voltada para as unidades móveis de saúde bucal do hospital. O objetivo é reduzir o longo tempo de espera entre a biópsia e o diagnóstico final, um problema logístico relevante, especialmente para pacientes em regiões distantes.
Atualmente, o processo de envio de amostras para Barretos (SP) é demorado e com várias dificuldades. A solução proposta pela dupla de estudantes americanos visa eliminar essa etapa, permitindo que a biópsia seja processada diretamente na unidade móvel. O equipamento, que seria operado por um patologista local, enviaria imagens da lâmina, obtidas com um microscópio 3D, diretamente para os especialistas no hospital em Barretos, agilizando drasticamente o diagnóstico. A iniciativa tem o potencial de impactar positivamente a vida dos pacientes, oferecendo mais agilidade e precisão.
Além do projeto de biópsia bucal, Luisanny e Malcolm também contribuíram com sugestões para solucionar desafios nos programas de rastreamento de câncer de pele e mama, e no ‘Projeto Retrate’. De acordo com a pesquisadora do Projeto Retrate, Dra. Raquel Descie, eles contribuíram com uma visão importante para a consolidação de projetos que visam o desenvolvimento de dispositivos mais acessíveis e eficientes voltados para a detecção precoce do câncer de pele do grupo de pesquisa. Ela também destaca como este tipo de intercâmbio é importante para a equipe de Barretos, fortalecendo o estabelecimento de parcerias estratégicas para projetos futuros e proporcionando aos alunos de pós-graduação uma experiência enriquecedora de troca de conhecimento, colaboração e contato direto com pesquisadores internacionais.
Já para o médico, pesquisador e também Diretor Executivo de Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital de Amor, Dr. Vinicius Vazquez, esta visita significa principalmente um ganho intelectual. A parceria com uma instituição da qualidade da Rice em uma área do conhecimento complementar que é a bioengenharia, é de muita sinergia de ideias e um motor para novos projetos.
A parceria com as instituições de Houston oferece uma nova perspectiva para o enfrentamento dos problemas de saúde. “O intercâmbio de estudantes de bioengenharia de um centro de ensino de alto nível, traz uma visão diferente para o enfrentamento de problemas e desafios dos nossos pacientes. Creio firmemente que muitas soluções originais surgirão em breve,” afirma Dr. Vinicius.
Para os estudantes, a experiência foi transformadora. Luisanny Del Orbe, mestre em bioengenharia pela Rice University, relata: “Esta experiência tem sido uma verdadeira honra. Este é meu primeiro contato com a vida de um engenheiro e tem sido incrível ver como engenharia e a medicina podem ser combinadas de uma forma que beneficia não apenas hospitais como o HA, mas também os pacientes”.
Malcolm Williams, que também está no mestrado de bioengenharia na Rice University, compartilha o sentimento. “Foi minha primeira vez na América do Sul e me diverti muito. Foi uma ótima oportunidade para aplicar todas as habilidades que aprendi durante minha graduação. A experiência não apenas avançou minhas habilidades de carreira, mas também me ensinou muito sobre a cultura brasileira. Foi muito reconfortante trabalhar em um lugar onde eles se importam tanto com a experiência do paciente. As pessoas que conheci em Barretos foram muito gentis e acolhedoras. Elas tornaram esta experiência verdadeiramente transformadora”, disse o jovem norte-americano.
A parceria e o intercâmbio demonstram o compromisso do Hospital de Amor com a inovação e a busca por soluções que possam melhorar a qualidade de vida e o atendimento de seus pacientes, consolidando a instituição como um centro de referência também em pesquisa e desenvolvimento.
“A única coisa que eu perguntei aos médicos foi se o Heitor ia sobreviver, se ele ia ficar comigo. Não teria problema fazer a amputação se ele fosse permanecer nos meus braços”, conta emocionada Fabiana C. Araújo, mãe de Heitor Araújo dos Santos, paciente do Centro Especializado em Reabilitação e do Hospital de Amor Infantojuvenil.
Heitor nasceu com miofibromatose infantil generalizada e, com apenas quatro dias de vida, se preparou para enfrentar uma cirurgia de amputação transfemoral da perna esquerda — remoção cirúrgica de um membro inferior acima do joelho.
Segundo dados do National Cancer Institute, um em cada 150.000 bebês nasce com miofibromatose infantil, um tumor benigno raro que pode crescer na pele, nos músculos, nos ossos e, às vezes, nos órgãos do tórax ou abdômen. “A miofibromatose infantil generalizada é um tumor silencioso que não causa muitos sintomas. A criança pode nascer com alguns tipos de tumores visíveis desde o nascimento ou, conforme o desenvolvimento, podem surgir nódulos subcutâneos ou lesões ósseas que crescem dependendo do tipo da doença”, explica a médica oncologista pediátrica do HA Infantojuvenil, Dra. Nádia Secchieri Rocha.
Diagnóstico
O tumor de Heitor só foi percebido após seu nascimento. Durante o pré-natal, Fabiana realizou todos os exames e ultrassons, mas nenhum indicou a doença. “Poucos casos são diagnosticados intrauterinamente, às vezes pela posição da criança, pelo tamanho ou pela localização do tumor, gerando surpresa no nascimento”, esclarece Dra. Nádia.
“Quando ele nasceu, os médicos já viram que ele tinha vários tumores espalhados pelo corpo. Eu nem pude pegá-lo no colo, só me deixaram dar uma olhadinha no rostinho. Não pude ver o corpo todo”, lembra Fabiana.
Natural de Monte Azul Paulista (SP), Heitor foi inicialmente encaminhado para Bebedouro (SP) e, por se tratar de um caso complexo, transferido para a Santa Casa de Misericórdia de Barretos (SP), onde passou uma noite antes de ser levado ao Hospital de Amor Infantojuvenil.
“Foi um caso bastante desafiador pegar uma criança tão pequena com um tumor tão avançado. Ele chegou com um tumor sangrante na perna. Tentamos salvar a perna, mas sabíamos que as chances eram pequenas. Decidimos pela amputação, e hoje vemos que foi a melhor decisão para a vida do Heitor”, comenta Dra. Nádia.
Tratamento
Por se tratar de um tumor generalizado no subcutâneo, Heitor, além da amputação, precisou passar por sessões de quimioterapia de baixa dose para eliminar os nódulos. “O Heitor realizou 12 meses de quimioterapia semanalmente. Ele foi muito tranquilo durante o tratamento e se desenvolveu bem, com acompanhamento constante da equipe multidisciplinar. A mãe estava muito confiante, e isso fez toda a diferença”, destaca Dra. Nádia.
Hoje, aos seis anos, Heitor continua em acompanhamento no HA Infantojuvenil e realiza sessões de fisioterapia no Centro Especializado em Reabilitação do HA.
Reabilitação
Heitor iniciou fisioterapia aos quatro meses, com a primeira avaliação e o enfaixamento do coto. A fisioterapeuta Deiseane Bonatelli, conhecida como Tia Deise, acompanha o processo de reabilitação desde então. “O Heitor chegou com quatro meses. Nunca tinha me deparado com um caso igual em 21 anos no Hospital de Amor. O coto era muito pequeno, o que dificultava o enfaixamento, mas conseguimos avançar com ele”, explica Tia Deise.
Outro desafio foi a adaptação à prótese. Aos 10 meses, o HA confeccionou a primeira prótese, mas Heitor não se adaptou. “Ele chorava e não aceitava. Decidimos respeitar o tempo dele, e ele conseguiu ter uma vida ativa sem a prótese. Quanto menores, mais difícil a adaptação, pois limita a movimentação. Conforme crescem, entendem que a prótese oferece maior liberdade, como foi o caso do Heitor quando começou a frequentar a escola”, explica Tia Deise.
O sonho dos pais se tornou realidade…
“Era meu sonho ver meu filho andar, acho que é o sonho de toda mãe e pai”, conta emocionada Fabiana, quando o Heitor chegou um dia nos pais e falou que gostaria de andar e colocar uma prótese.
Fabiana acredita que essa vontade surgiu por conta da escola. Ela e o marido sempre incentivaram o Heitor a colocar a prótese, mas a vontade veio mesmo quando ele iniciou na escola. Heitor foi encaminhado para a Oficina Ortopédica do HA Barretos, onde recebeu uma prótese novinha, e a emoção tomou conta dos pais, quando viram o filho com a prótese pela primeira vez.
“A primeira vez que eu vi ele com a prótese foi emocionante. O meu marido começou a chorar e eu comecei a chorar, porque eu estava esperando por aquele dia. Foi um dos dias mais felizes da minha vida”, conta Fabiana. E a conquista do Heitor, assim como de todos os pacientes, é uma conquista para a equipe médica e multidisciplinar, como destaca Dra. Nádia. “Hoje, o sentimento é de gratidão! Eu acompanho diariamente a evolução nas redes sociais da mãe, e vejo o desenvolvimento dele a cada dia, desde pequenininho andando na sua motoquinha com uma perninha só, engatinhando e agora aí com a prótese”, conta a médica.
“É uma realização profissional, como ser humano, de trabalhar com uma criança como o Heitor, extremamente amorosa”, destaca Tia Deise.
“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda”, acreditava o ilustre e respeitado educador brasileiro Paulo Freire. Assim como ele, o Hospital de Amor também acredita que a educação é fundamental para o desenvolvimento de qualquer pessoa, independentemente de estar enfrentado um tratamento duro com o câncer.
Em meio aos desafios da doença, um refrigério de conhecimento e afeto floresce dentro do Hospital de Amor, em Barretos. É na classe hospitalar, localizada no Lar de Amor (alojamento do HA) que a educação se encontra com a humanização, oferecendo a crianças e jovens em tratamento oncológico a oportunidade de sonhar e aprender, longe das quatro paredes de um quarto de hospital. Na liderança desta iniciativa está Leane Carvalho Oliveira, uma educadora dedicada que há 10 anos atua como professora nessa missão tão especial.
Com 54 anos e uma rica formação que inclui graduações em História e Geografia, e pós-graduações em Pedagogia Hospitalar e Psicopedagogia, Leane é a prova viva de que a paixão por ensinar pode mover montanhas. “Atuar como professora na classe hospitalar do HA tem sido uma experiência transformadora”, revela a experiente professora. “Estou feliz e me sinto realizada com um propósito que vai além do simples ato de ensinar”, fala Leane.
A ‘escola do Lar de Amor’, como é carinhosamente chamada, conta com três classes que abrangem desde o Ensino Inicial (1º ao 5º ano) até os anos finais e Ensino Médio (6º ano ao 3º EM). Atualmente, 30 alunos estudam nesse espaço que também é considerado um refúgio para eles, diante de uma rotina de exames e tratamentos, a escola acalenta, já que são intercaladas por aulas dinâmicas e repletas de carinho e diversão.
Leane, ao lado das professoras Zilda Reducino e Tania Serapião, forma uma equipe que se dedica a oferecer um currículo completo, adaptado às necessidades de cada estudante que também é paciente oncológico. A professora Leane ensina todas as disciplinas para os alunos do 6º ano ao Ensino Médio, enquanto Zilda se dedica aos estudantes do 3º ao 5º ano, e Tania, aos pequenos do 1º e 2º ano. “Seguimos o plano de ação do estado, com sala do futuro, Centro de Mídias da Educação de São Paulo (CMSP), apostilas usando aplicativos, robótica e tecnologia”, explica Leane, destacando a modernidade da abordagem. A colaboração de voluntários, como a professora Rosalinda em Matemática, e parceiros como o Instituto Federal, que oferece aulas de Química, Física e Biologia com laboratório, complementa o aprendizado e enriquece a experiência dos alunos.
A grande diferença da classe hospitalar em relação a uma escola convencional é o fato de haver atendimento humanizado e individualizado. “Nossos alunos com suas devidas especificidades recebem atividades adaptadas a cada um”, ressalta Leane. Além do currículo tradicional, os alunos participam de atividades especiais, como aulas de jornalismo com a jornalista Glaucia Chiarelli, onde desenvolvem reportagens para o “jornalzinho HA”, que é um grande sucesso.
A jornada de Leane na classe hospitalar é cheia de histórias que marcam a alma. “Em cada encontro com meus alunos, vivi momentos de intensa alegria, aprendizado e afeto genuíno”, compartilha. Entre tantas lembranças, a história de Éder é a que mais toca seu coração. “Incentivá-lo a estudar, a manter a esperança acesa e a não desistir do sonho de se tornar médico foi uma missão que abracei com amor e dedicação”, recorda Leane. A partida precoce de Éder deixou uma lacuna, mas também a certeza de que a educação, quando feita com amor, tem o poder de inspirar e dar propósito, mesmo diante das maiores dificuldades.
Tia Leane como também é conhecida pelos alunos, se orgulha de ter ajudado no processo de ensino de pacientes indígenas que recebem tratamento no Hospital de Amor. Para ela, a vocação de educadora na classe hospitalar vai muito além do ensino de matérias. É um gesto de amor, esperança e humanidade. É a certeza de que, mesmo em tempos difíceis, o conhecimento pode ser uma ferramenta de transformação e um caminho para a realização de sonhos, por mais distantes que eles pareçam.
O câncer de cabeça e pescoço é o sétimo mais comum no mundo e o quinto em homens no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados mais de 40 mil novos casos por ano no país, sendo os mais frequentes o câncer de boca, laringe e orofaringe.
O tabagismo e consumo de álcool são os principais fatores de risco, mas outros, como higiene bucal inadequada e infecção pelo HPV, também contribuir para o aumento das chances de desenvolvimento da doença. Dados do Instituto Vencer o Câncer mostram que este tipo de câncer corresponde a 3% de todos os cânceres, e sua taxa de cura pode chegar a 90% quando diagnosticado e tratado precocemente.
Por este motivo e com o objetivo de promover a conscientização, prevenção e informação sobre o câncer de cabeça e pescoço, além de alertar a população sobre os fatores de risco da doença, o Hospital de Amor promoveu, no dia 11 de julho, o “III Fórum de Prevenção e Conscientização do Câncer de Cabeça e Pescoço”, na Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos (FACISB).
“Como médica e cirurgiã, vejo esse evento como essencial para romper barreiras de desinformação e medo. Muitos pacientes chegam ao consultório já em estágios avançados, por falta de conhecimento ou acesso à informação. O ‘Fórum Julho Verde’ cumpre um papel transformador — aproxima o tema da sociedade, educa e promove saúde com empatia e responsabilidade”, afirma a cirurgiã do departamento de cabeça e pescoço do HA, Dra. Mayza Bueno.
De acordo com a médica, o evento foi criado e destinado a profissionais da área de saúde (médicos, enfermeiros, nutricionistas, fonoaudiólogos, psicólogos, técnicos em enfermagem, odontologistas) e alunos de cursos que compõem a equipe multidisciplinar do HA, além de gestores públicos e presidentes de associações de ligas da sociedade civil relacionadas com câncer de cabeça e pescoço. “Tivemos a honra de contar com a participação de profissionais renomados, gestores de saúde, educadores e a sociedade civil, todos unidos com o propósito de discutir estratégias eficazes para reduzir a incidência dessa doença e melhorar a qualidade de vida dos pacientes, criando uma ponte entre o conhecimento técnico e a informação acessível, com linguagem clara e didática”, explicou.
Temas importantes, discussões sobre o cenário atual de acesso ao tratamento oncológico e políticas públicas fizeram parte da programação do III Fórum. Foram eles:
– Fatores de risco para o câncer de cabeça e pescoço;
– Sintomas e sinais de alerta;
– Importância do diagnóstico precoce;
– Avanços no tratamento e reabilitação;
– Cuidados multidisciplinares;
– Impacto psicológico e social do diagnóstico;
– Importância dos cuidados paliativos.
“Esses temas são essenciais para mudar o cenário do câncer de cabeça e pescoço no Brasil. Muitas vezes, o diagnóstico é feito em estágio avançado, o que reduz as chances de cura. Informar a população e capacitar os profissionais ajuda a detectar os casos mais cedo e a salvar vidas”, contou Dra. Maysa.
Para a médica, a realização de um evento com esta dimensão impacta direta e positivamente na saúde pública, especialmente, nos casos de câncer de cabeça e pescoço. “O evento contribui para a redução do tempo entre os primeiros sintomas e o diagnóstico; a maior procura por exames preventivos; o estímulo ao abandono do tabagismo e outras práticas de risco; o fortalecimento de campanhas públicas; e a melhoria no acolhimento e tratamento dos pacientes”.
Julho Verde e o câncer de cabeça e pescoço
Desde 2015, a campanha de prevenção do câncer de cabeça e pescoço conhecida como ‘Julho Verde’, tem como objetivo principal levar conhecimento para toda a população e para os profissionais de saúde sobre a doença e seus principais fatores de risco, além de formas de prevenção e diagnóstico precoce.
Sinais e sintomas
Assim como acontece em outros tipos de câncer, estar atento aos sinais e sintomas da doença é essencial. São eles:
– Feridas na boca e/ou garganta que em até 20 dias não cicatrizam;
– Rouquidão;
– Dor ou dificuldade ao engolir;
– Desconforto na garganta;
– Dores persistentes nos ouvidos;
– Sangramento pela boca ou nariz;
– “Caroço” ou nódulos no pescoço.
Esses são sinais clínicos que, se persistentes, devem alertar para a possibilidade de tumores na cabeça e pescoço, principalmente em pessoas que fumaram, fumam ou que fazem uso frequente de bebida alcoólica, exigindo atenção médica ou por outro profissional da área de saúde, como dentista.
Além desses, é importante se atentar a feridas na pele da face, lábios, pescoço e couro cabeludo que não cicatrizam em 20 dias, especialmente as elevadas, vermelhas e que descamam. Novas pintas ou manchas escuras (ou mesmo as que já existem, mas que mudam de aspecto como na cor, tamanho e forma), também merecem atenção médica.
Prevenção
O desenvolvimento desse tipo de tumor também está relacionado a hábitos não saudáveis de vida, como: consumo exagerado de álcool e tabaco, além de relações sexuais de risco, ou seja, sem uso de preservativos. Por isso, a principal forma de prevenção para o câncer de cabeça e pescoço é: não fumar, independentemente se é cigarro de filtro, eletrônico, de palha ou corda, cachimbo, charuto ou narguilé, pois todos eles podem causar câncer na área da cabeça e pescoço. Outro ponto é o cuidado com o uso de bebida alcoólica, evitando-se ingerir ou, se ingerir, em quantidades pequenas e, de preferência, não diariamente.
É imprescindível ter uma boa higiene oral, usar protetor solar e labial, ter uma alimentação saudável, vacinar os jovens contra o HPV e praticar sexo oral com preservativo, para evitar o contágio de doenças sexualmente transmissíveis.
Tratamento
Dra. Maysa explica que o tratamento para este tipo de tumor pode incluir: cirurgia (dependendo da localização e estágio do tumor), radioterapia e/ou quimioterapia; e apoio multidisciplinar com odontologia, fonoaudiologia, enfermagem, fisioterapia, nutrição e psicologia. Entretanto, o sucesso do tratamento está diretamente ligado ao diagnóstico precoce!
Recomendação
“Meu alerta é simples e direto: não ignore sinais persistentes no pescoço, boca ou garganta. Se algo estiver fora do normal por mais de 15 dias, procure um profissional da saúde. E mais: cuidar da saúde é um ato de amor-próprio. Prevenção e informação salvam vidas. Participe do ‘Julho Verde’ e ajude a espalhar essa mensagem!”, finalizou Dra. Maysa.
O que você faz que o transporta para um lugar mágico e especial? O sociólogo italiano Domenico De Masi defendia a tese do “ócio criativo”, um tempo para “fazer nada” que, na verdade, deveria estimular a criatividade futura. Um filme, um livro, uma música, quando bem apreciados, não seriam apenas um singelo passatempo. Mas já imaginou ser impulsionado por um novo desafio proposto pela vida?
Certa vez, o pintor holandês Vincent Van Gogh disse: “A arte é consolar aqueles que são quebrados pela vida”. De certa forma, ele não estava errado. Poder se expressar por meio do dom artístico vai muito além de um hobby; pode ser terapêutico e até mesmo contribuir para o processo de tratamento oncológico, por exemplo.
A jovem professora Amanda Furtado, de 35 anos, além de ser encantada pelos números que a levaram a cursar Matemática, também se apaixonou pelas cores e pelos traços, mais especificamente pela arte da pintura. Paulista de Franca, cidade localizada no nordeste do estado de São Paulo, conhecida como a capital do calçado e um dos pontos com maior incidência solar no Brasil, não imaginou que um dia encontraria um novo desafio em Barretos (SP), onde, em alguns momentos, a vida pareceria mais nublada do que ensolarada.
“Me recordo que, em outubro do ano passado, eu apalpei um nódulo na minha mama. Decidi procurar meu médico. Ele comentou que, pela minha idade, seria pouco provável que fosse câncer, mas solicitou uma ultrassonografia. O resultado foi um laudo BIRADS 0 na mama — isso significa que o exame de imagem é inconclusivo ou incompleto, exigindo exames adicionais para uma avaliação mais precisa. Após isso, o médico pediu uma ressonância magnética, que identificou mais dois nódulos, estes não palpáveis”, explica Amanda.
Depois de realizar o exame, a jovem procurou atendimento no Instituto de Prevenção do Hospital de Amor, em Barretos, onde diz ter recebido muito carinho e acolhimento. “No dia do diagnóstico de câncer de mama, fui amparada com muita sensibilidade, tanto pelos profissionais quanto pela minha família. Senti medo. Mas o apoio dos meus familiares foi essencial para me fortalecer e enfrentar esse momento difícil”, diz ela.
Ao ser questionada sobre a importância do Hospital de Amor em sua vida, a paciente rapidamente responde: “O hospital me trouxe esperança. Desde o início, senti acolhimento e confiança nos profissionais que cuidaram de mim com tanto carinho. Não poderia me sentir mais amparada. Além do acompanhamento médico, o suporte psicológico fez toda a diferença”, fala Amanda, que achou que o tratamento seria mais difícil por estar com muito medo. No entanto, com o apoio da sua fé e o acolhimento do hospital, tudo ficou mais leve.
A pintura como um refúgio
Era uma consulta comum, ou seria, até o momento em que a paciente Amanda, cheia de gratidão, presenteou seu médico mastologista, Dr. Idam Junior, com um lindo quadro. A surpresa foi tamanha que fez com que o especialista publicasse a imagem em suas redes sociais. Na tela, a paciente pintou aquele que é motivo de sua fé: Jesus andando sobre as águas.
“Comecei a pintar há 10 anos, como um hobby, no ateliê da minha amiga Aime. Depois, precisei parar por causa da rotina. Retomei há cerca de 3 anos, num momento em que comecei a me amar mais e a separar tempo para mim. Faço pintura a óleo com o estilo impressionista”, conta Amanda.
A professora revela que gosta de pintar casarões e elementos que remetam a momentos marcantes. “Todas as minhas telas têm um significado especial. Após o diagnóstico de câncer, passei a pintar pelo menos três vezes por semana. Quando estou pintando, minha mente fica como uma tela em branco. É um momento de leveza, de paz interior. Pintar me acalma”, explica a paciente emocionada.
O olhar da psicologia
Segundo a psicóloga do Hospital de Amor, Eliza Guimarães Ribeiro, atividades como a pintura funcionam como formas de expressão emocional e enfrentamento no contexto oncológico. “Elas ajudam o paciente a elaborar sentimentos difíceis, reduzem a ansiedade e resgatam um senso de identidade e autonomia durante o tratamento. Além disso, promovem bem-estar e podem fortalecer o vínculo com a equipe e com o próprio processo de cuidado”.
Quando questionada sobre a importância de o paciente oncológico ter um hobby em meio ao processo do tratamento, Eliza explica: “Primeiro, acolheria a pausa como algo natural no processo de tratamento, validando o cansaço e as emoções envolvidas. Em seguida, incentivaria o paciente a retomar a atividade com gentileza, sem cobrança, lembrando dos benefícios que ela já trouxe e propondo que ele experimente aos poucos — mesmo que por alguns minutos. Pequenos retornos podem reabrir esse espaço de prazer, identidade e expressão pessoal”, finaliza.
Para a profissional, não existe uma fórmula; cada pessoa se conecta com diferentes formas de prazer. “Eu costumo incentivar atividades como pintura, escrita, ouvir música, leitura ou até jogos simples. O mais importante é que faça sentido para o paciente e respeite seus limites naquele momento”, conta Eliza.
Para a paciente Amanda, a pintura ajuda a enfrentar o tratamento e a doença. “Não consigo imaginar como teria sido para mim sem a pintura em minha vida. E não é só sobre pintar, é sobre estar no ateliê com as amigas, tomar um bom café da tarde, conversar e relaxar. É um momento em que posso me expressar, distrair a mente e me conectar com outras pessoas de forma leve”, diz a educadora, que também tem uma veia artística.
A professora fica emocionada quando responde o motivo pelo qual escolheu o Dr. Idam para receber o seu quadro: “Passei por um momento muito difícil e recebi a atenção e o apoio do Dr. Idam e Dr. Toni de uma forma que não consigo explicar. Eles estiveram ao meu lado o tempo todo, como amigos, me fortalecendo”. Amanda conta que, com a entrega deste presente, quis expressar toda a sua gratidão da maneira que ela sabe, por meio da arte.
A jovem explica que, quando inicia a pintura, ela coloca toda sua fé e pede a Deus que abençoe os médicos do hospital, tanto fisicamente quanto espiritualmente. “Acredito que, no enfrentamento do câncer, a verdadeira mudança precisa vir de dentro para fora. Também pedi a Deus que envie ao mundo mais profissionais como eles”, conta Amanda.
“A arte é um caminho poderoso para o autoconhecimento, alívio da ansiedade e conexão com outras pessoas. Proporciona momentos de leveza, amizade e alegria em meio a um processo tão delicado. A vida é preciosa, e cada dia é um presente. Descobri que o propósito da nossa existência está nas pequenas coisas: na fé, na esperança, no amor e no cuidado com quem está ao nosso lado”, Amanda diz emocionada.
Como a maioria dos pacientes que recebem o diagnóstico de câncer e passam pelo tratamento, a educadora relata que esta jornada a transformou: “A arte me resgatou, me deu forças e me ensinou que é possível encontrar beleza até nos momentos mais desafiadores. Agradeço a Deus, meu marido Jeferson, à minha família, aos amigos, aos médicos e ao Hospital de Amor por fazerem parte dessa história. Posso dizer que aprendi a valorizar o tempo e compreendi, ainda mais, a importância da minha família e meu relacionamento com Deus”, finaliza.
A psicóloga da instituição também reforça que, se o paciente nunca teve o hábito de praticar atividades de lazer, a equipe pode convidá-lo a experimentar algo novo de forma leve e sem pressão. “O lazer pode ser uma ferramenta de enfrentamento; ele ajuda a aliviar o sofrimento, manter a motivação e resgatar o prazer em meio a um momento difícil. O importante é que faça sentido para ele(a), respeitando seu tempo e vontade. Me recordo do caso de uma paciente que, após o adoecimento, focou ainda mais nas aulas de violão, usando a música como terapia neste momento”.
Todo paciente oncológico precisa ser acolhido, pois, segundo Eliza, é necessário acolher a tristeza como algo legítimo diante do que está sendo vivido no momento. “Diria que é normal se sentir assim durante o tratamento, e que ele não está sozinho. Depois, estimularia pequenos passos: retomar uma atividade leve, conversar com alguém de confiança ou até permitir-se descansar sem culpa. E reforçaria que buscar apoio psicológico não é sinal de fraqueza, mas de cuidado consigo mesmo”, conclui a profissional.
Respeitar o seu próprio tempo e fazer uma atividade que estimule alegria pode contribuir para enfrentar os desafios que a vida apresenta, independentemente do diagnóstico recebido. Sempre é possível colorir a vida com sonhos e paixões! E você, realiza algo que ama apenas por hobby ou anda se cobrando demais?
Cuidados intensivos e de alta complexidade, monitoração contínua e condições clínicas críticas são algumas situações que levam a uma pessoa a ser encaminhada para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O Hospital de Amor, conhecido internacionalmente pela sua atuação na área oncológica, também age em outras frentes na área da saúde como reabilitação, hospital cardiológico e na gestão de hospitais municipais e estaduais, e um dos destaques nessa rede que faz parte do HA é o trabalho realizado nas Unidades de Terapia Intensiva.
Atualmente, a rede de UTIs do Hospital de Amor é composta pelas UTIs Adulto – localizadas nas unidades oncológicas de Barretos (SP), Jales (SP) e Porto Velho (RO), bem como nas instituições parceiras de atenção geral, como a Santa Casa de Misericórdia de Barretos (SP) e o Hospital Regional de Bebedouro (SP), além da especialidade cardiológica, no Hospital Nossa Senhora, em Barretos (SP).
A Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB) e a Epimed Solutions realizam, anualmente, a certificação que reconhece as Unidades de Terapia Intensiva com melhor desempenho no Brasil. Em 2024, foram avaliados 800 hospitais no país, e em março deste ano, a AMIB e a Epimed divulgaram as listas: 304 hospitais entre privados e públicos foram certificados, sendo 82 com o selo “UTI Eficiente” e 164 com o selo “UTI Top Performer”.
As UTIs do HA Amazônia, em Porto Velho (RO), e da Santa Casa de Misericórdia de Barretos (SP) foram certificadas com o selo “UTI Eficiente”; do HA Jales, em Jales (SP), foi certificada com o selo “UTI Top Performer”, e do Hospital Nossa Senhora, em Barretos (SP), recebeu o selo de “UTI Cardiológica Top Performer”.
“As certificações conferidas pela AMIB e pelo sistema Epimed representam o reconhecimento formal da qualidade assistencial, do compromisso com a segurança do paciente e da maturidade nos processos de monitoramento e melhoria contínua. Tais selos são concedidos a partir de critérios rigorosos que avaliam a estrutura, os processos e os resultados clínicos da UTI. Trata-se, portanto, de uma chancela técnica que reflete o trabalho consistente de uma equipe multiprofissional comprometida com a excelência e com a prática baseada em evidências”, destaca a diretora médica e intensivista do Hospital de Amor, Dra. Cristina Prata Amendola.
Para receber a certificação, são analisados diversos critérios que medem o desempenho de cada UTI, de acordo com o perfil dos pacientes. Dois desses critérios são utilizados como parâmetros principais: a Taxa de Mortalidade Padronizada (TMP) e a Taxa de Utilização de Recursos Padronizada (TURP).
Rede de UTIs do HA
Ao todo, são disponibilizados 89 leitos de terapia intensiva, integrando uma rede assistencial que contempla diferentes perfis epidemiológicos e níveis de complexidade. “Embora os processos assistenciais nas unidades de terapia intensiva sigam etapas estruturadas e semelhantes, os protocolos clínicos e operacionais são adaptados de acordo com o perfil epidemiológico de cada UTI. Por exemplo, unidades com foco oncológico, cardiológico ou de atenção geral apresentam diferenças substanciais nas condutas clínicas, nos fluxos de atendimento e na definição das prioridades terapêuticas. Dessa forma, ainda que o arcabouço técnico seja compartilhado, as rotinas tornam-se significativamente distintas conforme a especialidade e a complexidade assistencial predominante”, explica Dra. Cristina.
A diretora médica e intensivista destaca também que os principais norteadores do trabalho executado na rede de UTIs do HA são a segurança e a humanização, e que isso não seria possível ser alcançado sem ter uma equipe altamente comprometida e qualificada.
“A excelência assistencial em terapia intensiva depende, de forma indissociável, da competência técnica e do engajamento das equipes multiprofissionais. No contexto da rede do HA, o cuidado é centrado no paciente, considerando não apenas sua condição clínica, mas também sua dignidade e singularidade. A segurança do paciente e a humanização do atendimento são princípios norteadores. Assim, as UTIs da rede buscam permanentemente a qualificação baseada em evidências científicas, ao mesmo tempo em que promovem práticas que respeitam a individualidade de cada paciente. O protagonismo dos profissionais de saúde, aliados a um ambiente colaborativo, é o principal diferencial na obtenção de resultados clínicos expressivos”, destaca a médica.
O Hospital de Amor deu um passo histórico nesta terça-feira (1/7) ao receber oficialmente a certificação de ‘Acreditação Qmentum International’ para o seu serviço de Telessaúde. A cerimônia de entrega aconteceu na sede da instituição, em Barretos (SP), e contou com a presença do CEO da QGA (Quality Global Alliance), Dr. Rubens Covello, além de lideranças, colaboradores e convidados.
Com este marco, o Hospital de Amor se torna o primeiro serviço de Telessaúde oncológico do Sistema Único de Saúde (SUS) a conquistar uma acreditação internacional deste porte. O certificado é resultado de uma avaliação rigorosa, baseada na metodologia desenvolvida pela Health Standards Organization/Accreditation Canada e aplicada no Brasil pela QGA desde 2006.
A acreditação reforça o compromisso do Hospital de Amor com a excelência, a segurança do paciente e a promoção de um atendimento humanizado. A iniciativa demonstra que é possível integrar tecnologia, ampliar o alcance populacional e, ao mesmo tempo, manter padrões internacionais de qualidade, contribuindo para transformar realidades e salvar vidas em todo o país.
“Esta conquista é um reconhecimento ao trabalho contínuo de inovação responsável e dedicação de toda a equipe. Levar cuidado especializado a quem mais precisa, de forma segura e eficaz, sempre foi o nosso maior objetivo”, destacou André Pinto, gerente do departamento de Saúde Digital do HA.
O serviço de Telessaúde oncológico do Hospital de Amor tem como foco ampliar o acesso ao cuidado, à orientação e ao acompanhamento de pacientes em diferentes regiões do Brasil, especialmente em áreas remotas ou com pouca oferta de especialistas.
Apenas em 2024, o serviço de Telessaúde do Hospital de Amor realizou mais de 83 mil atendimentos para 33 mil pacientes, residentes em 1.500 municípios dos 27 estados brasileiros. Por meio do atendimento remoto, estima-se que os pacientes tenham evitado cerca de 3,3 milhões de quilômetros em deslocamentos por mês, o que representa não apenas uma economia significativa de tempo e recursos, mas também uma redução de 3,7 toneladas de emissões de carbono por ano. A certificação internacional consagra essa trajetória, consolidando o serviço como referência nacional em qualidade, inovação e impacto social.