A dor de cabeça é uma queixa comum que afeta grande parte da população em algum momento da vida. Afinal, quem nunca teve dor de cabeça? No entanto, para muitas pessoas, a intensidade ou persistência da dor pode gerar ansiedade ou até mesmo o medo de ser algo mais grave, como um câncer, por exemplo. Para desmistificar essa preocupação e esclarecer as principais dúvidas sobre o tema, o neurocirurgião oncológico do Hospital de Amor, Dr. Ismael Lombardi, respondeu algumas perguntas. Confira:
1) O que pode ser considerado dor de cabeça?
R.: A dor de cabeça, ou cefaleia, é qualquer tipo de dor que aparece na região da cabeça, seja na parte da frente, dos lados, atrás ou no topo. Pode ser uma dor leve, forte, latejante, em pressão ou fisgada.
2) Existem diferentes tipos de dor de cabeça? Quais são os mais comuns?
R.: Sim! Existem muitos tipos, divididos em dois grupos principais:
Primárias: são as mais comuns, representando cerca de 90% dos casos. Não são causadas por outros problemas de saúde, mas sim por fatores como genética, ambiente, hormônios, alterações no sono ou alimentação. Os tipos mais frequentes são:
• Enxaqueca: dor forte, geralmente em um lado da cabeça, podendo vir acompanhada de náuseas e sensibilidade à luz e ao barulho.
• Tensional: sensação de pressão ou ‘aperto’ na cabeça, frequentemente ligada a estresse, cansaço ou ansiedade.
• Cefaleia em Salvas: dor intensa, geralmente atrás do olho, que ocorre em crises curtas, porém muito fortes.
As cefaleias secundárias são aquelas causadas por outras doenças. Ou seja, uma dor de cabeça secundária em geral é uma queixa, um sintoma de outro problema de saúde e comumente está acompanhada de outros sintomas ou sinais físicos.
3) Quando pode surgir dor de cabeça? E quando ela é considerada ‘comum’?
R.: Dr. Ismael aponta que dores de cabeça podem surgir por motivos simples do cotidiano, como estresse, má qualidade do sono, longos períodos sem se alimentar, uso excessivo de telas (celular, computador) e desidratação (beber pouca água). Essas dores são consideradas comuns, especialmente quando melhoram com descanso, hidratação, alimentação adequada e, às vezes, com analgésicos simples.
4) Existe dor de cabeça aguda e crônica? Qual é a diferença?
R.: Sim. O médico também diferencia a dor de cabeça em aguda e crônica:
– Aguda: é aquela dor que parece de repente, dura pouco tempo e desaparece. Pode ser causada por fatores como estresse, gripe, sinusite ou uma noite mal dormida.
– Crônica: este tipo de dor já ocorre por mais de 15 dias no mês, durante pelo menos três meses consecutivos. Geralmente está associada à enxaqueca, tensão ou uso exagerado de medicamentos para dor.
5) Mulheres são mais propensas?
R.: Sim, as mulheres tendem a sofrer mais com dores de cabeça, principalmente com enxaqueca. Isso acontece por vários motivos, incluindo fatores hormonais, como variações durante o ciclo menstrual, que contribuem para essa maior prevalência.
6) Quando é necessário procurar um médico?
R.: Deve-se procurar um médico quando: A dor de cabeça é muito diferente do que costuma sentir; a dor vem muito forte de repente, como uma “pancada”; está acompanhada de outros sinais, como fraqueza, formigamento, dificuldade para falar, perda de equilíbrio ou visão dupla; a dor não melhora com os remédios que sempre funcionaram; quando a dor é frequente, ocorrendo muitos dias no mês.
Câncer e dor de cabeça
7) Dor de cabeça pode ser sinal de câncer?
R.: Sim, a dor de cabeça pode ser secundária a um câncer ou mesmo a tumores benignos. No entanto, essa não é a queixa mais comum em pacientes oncológicos e é muito menos frequente do que as cefaleias primárias. Sinais que podem indicar uma dor de cabeça secundária a um tumor:
Fraqueza em um lado do corpo;
Perda de equilíbrio ou audição;
Alterações na visão;
Dificuldade para falar;
Convulsões.
A dor nesses casos costuma ser mais intensa, mais frequente, pode piorar ao deitar-se e costuma não melhorar com remédios comuns.
8) Quais tipos de câncer podem causar dor de cabeça?
R.: • Tumores no cérebro, sejam eles primários (que nascem no cérebro) ou metástases (câncer que começou em outro órgão e foi para o cérebro).
• Câncer na região da cabeça e pescoço, como nos seios da face (sinusite crônica associada a tumor, por exemplo).
• Em casos mais raros, leucemias e linfomas também podem provocar dor de cabeça, geralmente associada a outros sintomas, como febre, cansaço extremo ou perda de peso.
9) Segundo o Google Trends, o termo ‘dor de cabeça’ é mais pesquisado nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, qual é a prevalência dos casos de câncer cerebral nestas regiões?
R.: O câncer cerebral é considerado uma doença rara em qualquer região do Brasil e do mundo. Ele representa cerca de 2% dos tumores em adultos e é um pouco mais frequente em crianças, onde chega a ser o segundo tipo de câncer mais comum na infância, depois da leucemia. Nas regiões Norte e Nordeste, a prevalência é parecida com o restante do país. Porém, nessas regiões pode haver mais dificuldade no acesso rápido ao diagnóstico e tratamento especializado, o que gera mais preocupação e buscas na internet.
10) O câncer cerebral costuma ser mais benigno ou maligno?
R.: Os tumores do sistema nervoso central podem ser benignos ou malignos. Entretanto, os tumores mais comuns são benignos. Ainda assim, tumores benignos, assim como os malignos, podem causar aumento da pressão dentro do crânio, sendo a dor de cabeça secundária ao aumento dessa pressão uma queixa comum nestas situações.
11) Quais são as perspectivas de cura e possíveis sequelas?
R.: A chance de cura varia significativamente dependendo do tipo, localização e estágio do tumor. Tumores benignos localizados podem ter cura com cirurgia. Tumores malignos podem ser controlados com cirurgia, radioterapia, quimioterapia e, hoje, com terapias mais modernas, mas nem sempre são curáveis. Quando se trata de metástases no cérebro, o objetivo pode ser controle da doença e melhora da qualidade de vida. As sequelas também dependem da localização do tumor no cérebro, podendo incluir fraqueza em algum lugar do corpo, dificuldades na fala, memória ou visão, alterações de equilíbrio e convulsões. Algumas pessoas podem ter poucas ou nenhuma sequela, especialmente se o tumor estiver em áreas de menor risco.
12) Pode ocorrer metástase cerebral em pacientes com histórico de câncer?
R.: Sim, pacientes com histórico de câncer em outros órgãos (pulmão, mama, rim, intestino ou melanoma) têm maior risco de desenvolver metástases cerebrais. Isso ocorre porque as células cancerosas podem se disseminar pela corrente sanguínea e atingir outros órgãos, inclusive o cérebro.
13) Como é feito o diagnóstico e o tratamento do câncer cerebral?
R.: O diagnóstico é feito principalmente por meio de exames de imagem, como ressonância magnética e tomografia computadorizada, além da avaliação clínica dos sintomas. Em alguns casos, é necessário realizar uma biópsia para saber exatamente o tipo do tumor.
O tratamento pode incluir: cirurgia (sempre que possível), radioterapia, quimioterapia, terapias mais modernas, como imunoterapia e radiocirurgia, dependendo do caso.
14) Existem tratamentos inovadores? Quais?
R.: Sim! A neurocirurgia tem evoluído muito. Hoje usamos:
• Neuronavegação, que funciona como um GPS do cérebro durante a cirurgia;
• Cirurgia com monitorização de áreas nobres, para preservar fala, movimento e visão;
• Radiocirurgia, que é um tipo de radioterapia super precisa, sem cortes;
• Cirurgia com fluorescência, que permite ao cirurgião enxergar melhor o tumor;
• Pesquisas avançam também em imunoterapia e terapia-alvo, dependendo do tipo de tumor.
15) Como o Hospital de Amor se destaca no Brasil no tratamento de tumores cerebrais?
R.: O Hospital de Amor se destaca pelo modelo de atendimento 100% gratuito, humanizado e com tecnologia de ponta, comparável a grandes centros do mundo. Temos neurocirurgia de alta complexidade, com neuronavegação, microscopia avançada e monitorização intraoperatória. Além de oferecermos tratamentos como radiocirurgia, radioterapia de precisão e acesso a pesquisas clínicas. Tudo isso com um olhar voltado para o acolhimento dos pacientes e suas famílias.
16) Quais são as estimativas de cura?
R.: Tumores benignos localizados podem ter uma taxa de cura acima de 90% com cirurgia. Tumores malignos primários do cérebro, como o glioblastoma, têm tratamento que busca controlar a doença e melhorar a qualidade de vida, mas nem sempre são curáveis. Já no caso de metástases cerebrais, muitos pacientes conseguem controlar bem a doença, especialmente quando o câncer de origem também está controlado. Cada caso é muito individual e depende de tipo, localização e saúde geral do paciente.
É muito importante reforçar que dor de cabeça, na imensa maioria das vezes, não significa câncer. A maior parte das dores de cabeça está ligada ao estresse, ansiedade, sono ruim ou problemas simples do dia a dia. Mas é fundamental que as pessoas não deixem de procurar um médico quando a dor for diferente, persistente ou vier acompanhada de outros sintomas, conforme já foi explicado acima. O diagnóstico precoce, seja para câncer ou qualquer outra doença, salva vidas.
Já imaginou ter que andar sobre uma ponte instável rodeada por água e manter o equilíbrio e a concentração para não cair? Ou poder visitar uma cidade ou país que deseja conhecer e andar pelas ruas sem sair do seu local de origem? Escalar o Everest por meio de uma tela?
Essa é a evolução da gamificação, que teve início na década de 1940, quando os cientistas Alan Turing e Thomas T. Goldsmith Jr. começaram a imaginar uma forma de entretenimento eletrônico para os computadores da época, utilizados para cálculos científicos. Outro visionário, o físico William Higinbotham, criou em 1958 o primeiro jogo eletrônico interativo, chamado “Tennis for Two”, em que dois jogadores podiam controlar a trajetória da bola e competir entre si em um jogo de tênis simplificado.
Mas você deve estar se perguntando: “O que videogames e games digitais, que surgiram no século passado, têm a ver com saúde?” A resposta é simples: os videogames e suas evoluções tornaram-se mais do que produtos de entretenimento. Eles passaram a integrar terapias que auxiliam no tratamento de diversas doenças, como o câncer.
Com o avanço tecnológico, o surgimento da inteligência artificial, da realidade virtual e de outras inovações agregaram muito à saúde — especialmente na reabilitação de pacientes. “Se a gente parar para pensar, a reabilitação vem passando por grandes transformações, e a tecnologia tem contribuído significativamente para melhorar a qualidade do atendimento e a atuação do terapeuta. O interessante dessas novas tecnologias é que elas fornecem parâmetros objetivos ao profissional — algo que, na reabilitação, muitas vezes, é subjetivo. Por meio da gamificação, IA e realidade virtual, é possível mensurar os resultados e proporcionar uma terapia mais eficaz e interativa ao paciente”, explica o fisiatra e coordenador médico do Centro Especializado em Reabilitação do Hospital de Amor, em Barretos (SP), Dr. Henrique Buosi.
Do obstáculo com pedras no chão à bexiga projetada na parede…
AMADEO, ARMEO, C-MILL e NIRVANA são dispositivos utilizados na reabilitação de pacientes oncológicos e não oncológicos nas unidades de Reabilitação do Hospital de Amor. Cada aparelho tem uma função específica, mas todos têm algo em comum: a gamificação! Esses dispositivos utilizam a gameterapia na reabilitação dos pacientes.
Um dos dispositivos que faz sucesso entre os pacientes do HA é o C-MILL, uma ferramenta que fornece avaliação objetiva e detalhada do equilíbrio e da marcha dos pacientes. Equipado com placa de força, realidade aumentada e realidade virtual, ele torna o processo de reabilitação mais eficiente.
Durante a sessão, o paciente interage com um game indicado para sua fase de tratamento. A partir dessa interação, é possível analisar diversos parâmetros, como explica o fisioterapeuta e coordenador da equipe multiprofissional do Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP), Thiago Felício.
“O C-MILL é uma esteira interativa, cuja base é uma plataforma de força. Com ela, trabalhamos a marcha por meio de jogos que aparecem tanto na tela quanto na esteira. Cada passo do paciente é registrado, e, conforme ele supera os obstáculos do jogo, recebe feedbacks positivos ou negativos. O C-MILL permite trabalhar diversas áreas. No setor de fisioterapia, é usado para melhorar a marcha, o equilíbrio (estático e dinâmico), a descarga de peso nos membros — especialmente em casos em que os pacientes não conseguem distribuir o peso igualmente entre as pernas —, além de treinar a coordenação motora.”
Outro dispositivo bastante popular, especialmente entre as crianças, é o NIRVANA, que auxilia na reabilitação motora e cognitiva de pacientes que perderam funções em decorrência do tratamento oncológico, ou que foram diagnosticados com TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade), dislexia e deficiência intelectual.
Além disso, o NIRVANA proporciona uma experiência imersiva ao usuário, criando ambientes realistas que o ajudam a trabalhar coordenação motora, equilíbrio, destreza manual, amplitude de movimento, estímulo cognitivo e visão subnormal.
O NIRVANA é um dos recursos utilizados pelos terapeutas, que complementam a reabilitação com outras atividades lúdicas, explica Juliane Vilela Muniz, fonoaudióloga do Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP). “Utilizamos diversos materiais pedagógicos e robóticos para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Inicialmente, fazemos uso do NIRVANA, e, à medida que o paciente evolui, avançamos para a ‘casa de atividades da vida prática’, onde realizamos tarefas com recursos reais, como cozinhar ou lavar roupa, encerrando assim o ciclo até a alta do setor.”
Um mundo virtual por meio dos olhos
Uma experiência imersiva, interativa e tridimensional, que simula ambientes e obstáculos virtuais, melhora o humor, a disposição, mantém a capacidade física e reduz a ansiedade — tudo isso com o auxílio de óculos de realidade virtual. Essa é uma das terapias utilizadas no HA.
Pacientes que passam por transplante de medula óssea frequentemente enfrentam longos períodos de internação, tornando a reabilitação mais desafiadora. Levar leveza a esse momento é essencial, como explica Simara Cristina Pereira Silva, fisioterapeuta do setor de Transplante de Medula Óssea da unidade adulta do Hospital de Amor, em Barretos (SP).
“Quando o paciente apresenta baixa adesão à fisioterapia e à terapia ocupacional devida à internação prolongada, ou possui quadro de pancitopenia persistente (anemia e baixa de plaquetas), com contraindicação à reabilitação convencional, utilizamos os óculos de realidade virtual. O paciente é imerso em um ambiente virtual que associa dupla tarefa, promovendo uma reabilitação mais dinâmica e aliviando a rotina hospitalar.”
Há pouco mais de um ano, a equipe de fisioterapia e terapia ocupacional do TMO da unidade adulta do HA sentiu a necessidade de inovar o atendimento. Desde então, mais de 30 pacientes utilizaram os óculos de realidade virtual. Com a ferramenta, é possível analisar critérios como a escala de fadiga, permitindo que a equipe multidisciplinar ajuste as atividades e, se necessário, aumente o nível na próxima sessão com os óculos VR.
Realidade virtual no tratamento do câncer infantojuvenil
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa de novos casos de câncer infantojuvenil no Brasil, para cada ano do triênio 2023–2025, é de 7.930 casos. O Hospital de Amor Infantojuvenil diagnostica, aproximadamente, 300 novos casos por ano.
Oferecer tratamento humanizado e de qualidade é rotina no Hospital de Amor, principalmente porque é comum o aumento da ansiedade antes e durante procedimentos médicos — especialmente em crianças e adolescentes. Para proporcionar mais conforto a esses pacientes, o HA Infantojuvenil firmou uma parceria com o estúdio Goblin, sob a liderança do médico cirurgião pediátrico Dr. Wilson Oliveira Junior, para desenvolver o projeto “O Chamado do Herói”.
Segundo o médico, crianças com câncer, por passarem por inúmeros procedimentos invasivos que exigem anestesia, tendem a apresentar níveis de ansiedade elevados. Sabe-se que atividades lúdicas ajudam a criança a compreender os procedimentos a que será submetida, auxiliando-a no processamento de emoções e preocupações de forma mais acessível e menos assustadora.
“’O Chamado do Herói’ tem como objetivo transformar a criança na protagonista da própria aventura. Ao ser submetida a um procedimento desconfortável, ela é transportada para um mundo de fantasia 3D, por meio dos óculos VR. A união entre realidade virtual e elementos táteis proporciona uma experiência imersiva, ajudando a reduzir os níveis de estresse e ansiedade relacionados à doença e ao tratamento. Como consequência, também beneficia o círculo familiar mais próximo”, destaca o médico cirurgião do HA Infantojuvenil.
“Perder um membro não é perder seu valor, é apenas trocar uma parte do seu corpo por uma nova chance de continuar”, declara Gabriele Cecília dos Santos, 14 anos, paciente do Hospital de Amor Infantojuvenil.
Com esse depoimento, iniciamos este texto para falar sobre o mês de abril, considerado o “Mês da Conscientização da Amputação”, cujo objetivo é alertar a população sobre a prevenção e o tratamento da condição, além de promover a inclusão e o respeito às pessoas amputadas. Gabi, como é carinhosamente chamada, precisou amputar a perna esquerda após a descoberta de um osteossarcoma.
Aos 12 anos, enquanto jogava futebol na escola, Gabi machucou o joelho. Com o passar dos dias, o inchaço aumentava. Começou a investigar o problema em Araçatuba (SP), sua cidade natal, onde recebeu o diagnóstico de osteossarcoma. “Naquele momento em que descobri que estava com câncer, chorei e me senti muito angustiada. Mas, a partir do momento em que entendi que nada se resolveria chorando, criei forças para tudo que estava por vir”, conta Gabi.
Há um ano e meio, a jovem realiza tratamento no Hospital de Amor Infantojuvenil, em Barretos (SP), e passou por uma cirurgia de amputação transfemoral – acima do joelho – que preserva a musculatura e protege o osso, proporcionando melhor sustentação da prótese.
Os tumores mais associados à necessidade de amputação são os sarcomas ósseos, especialmente o osteossarcoma, como no caso de Gabi, e o sarcoma de Ewing, que estão entre os mais prevalentes em crianças e adolescentes, conforme explica o coordenador do Departamento de Ortopedia do HA e ortopedista oncológico, Dr. Silvio Sargentini.
“Sem dúvidas, os tumores musculoesqueléticos são responsáveis por grande parte das amputações em crianças e adolescentes. Porém, o trauma – como acidentes de trânsito, queimaduras, choques elétricos, entre outros – ainda é a principal causa geral de amputações nessa faixa etária no Brasil”, afirma o médico. “Eu sei que câncer e amputação parecem palavras que arrancam partes da gente — e às vezes, elas arrancam mesmo: corpo, rotina, certezas… tudo balança. Mas o que elas nunca vão tirar é quem você é de verdade: sua força, sua luz, sua vontade de viver. Antes de me falarem que eu teria que amputar, Deus me visitou em sonhos, pegou em minhas mãos, me levou a cada canto do hospital para me mostrar que eu podia confiar nele. Isso me fez sentir forte e confiante de que tudo daria certo”, relata Gabi.
Reabilitação
Após 14 dias de cirurgia, Gabi recebeu a liberação para realizar a reabilitação no Centro Especializado em Reabilitação do Hospital de Amor. Após uma avaliação médica, foi estabelecido o plano terapêutico, que incluiu a fisioterapia como explica a fisioterapeuta do HA Infantojuvenil, Deiseane Bonatelli.
“Quando a Gabi iniciou a reabilitação, fizemos uma avaliação e traçamos um plano terapêutico pré-protetização. O foco nessa etapa do tratamento foi ganho de força, preparação do coto com enfaixamento e treino de marcha com muletas. Gabi respondeu muito bem a essa parte da reabilitação e foi encaminhada para a protetização”, explica a fisioterapeuta do HA Infantojuvenil.
Uma nova rotina, um novo método de vida, Gabi precisou se adaptar a nova condição, e a reabilitação, que no começo parecia “sem sentido”, como ela mesmo disse durante a entrevista, teve um papel fundamental para que ela atingisse o seu objetivo final: a protetização. “A reabilitação, no começo parecia uma sequência de exercícios sem sentido, mas com o tempo eu percebi que cada gota de suor era uma motivação para eu poder continuar, e colocar a prótese pela primeira vez foi uma sensação completamente inesquecível. Todas as inseguranças que eu tive eu perdi naquele momento, mas com tudo isso foi bom perceber que com a perna de metal eu continuava 100% sendo eu”, conta Gabi.
Após a protetização veio uma nova etapa na reabilitação. Gabi passou a treinar a marcha com e sem apoio, treino de equilíbrio com a prótese e treino de escada, até conseguir andar sozinha, sem o auxílio de muleta.
Osteosarcoma
Quando falamos de câncer infantojuvenil, estamos falando de uma doença rara. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em média, são registrados 300 mil novos casos ao ano de câncer infantojuvenil ao redor do mundo, sendo que 90% destes vivem em países de baixa e média renda (PBMR).
Segundo o INCA, no Brasil, são diagnosticados cerca de 8 mil casos de câncer ao ano. Ou seja, durante todos os dias do ano, a cada hora, uma criança ou adolescente é diagnosticado. Parece alarmante, no entanto, a incidência do câncer de 0-19 anos corresponde a apenas 3% do total de casos de câncer.
O Hospital de Amor Infantojuvenil diagnostica cerca de, 300 novos casos ao ano, em crianças e adolescentes. Nos últimos cinco anos, o HA Infantojuvenil diagnosticou, aproximadamente, 104 casos de osteosarcoma em crianças e adolescentes. “O osteossarcoma é um tipo de câncer ósseo primário que se origina nas células ósseas chamadas osteoblastos. É um tumor maligno que pode se desenvolver em qualquer osso do corpo, mas é mais comum nos ossos longos, como o fêmur e a tíbia, e é uma doença que acomete predominantemente pacientes na segunda etapa da vida, ou seja, entre 10 e 20 anos de idade”, explica a oncologista pediátrica do HA Infantojuvenil, Dra. Erica Boldrini.
Os principais sintomas para esse tipo de tumor são:
– Dor óssea: dor persistente e intensa em um osso específico, que pode piorar à noite ou com atividade física;
– Inchaço: inchaço ou edema na área afetada, que pode ser acompanhado de vermelhidão e calor;
– Limitação de movimento: dificuldade em mover a articulação ou o membro afetado devido à dor ou ao inchaço e
– Fratura: fratura óssea sem causa aparente ou com trauma mínimo.
Se esses sintomas são comuns em adolescentes, é importante fazer um acompanhamento médico, como explica Dra. Erica. “Se um adolescente apresentar algum desses sintomas, é fundamental procurar avaliação médica para determinar a causa subjacente. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem melhorar significativamente as chances de cura e reduzir a morbidade associada ao osteossarcoma”, declara a oncologista pediátrica.
Os principais tratamentos para o osteosarcoma são a cirurgia, onde é realizada a remoção do tumor e do tecido ósseo afetado e quimioterapia, o uso de medicamentos para matar células cancerígenas. “A cirurgia de amputação é indicada quando não há possibilidade de manter o membro acometido pelo tumor ósseo após sua ressecção completa. Em outras palavras, quando preservar o membro significaria deixar para trás parte do tumor ou não atingir margens cirúrgicas seguras — o que comprometeria a chance de cura e diminuiria as taxas de sobrevida do paciente”, explica o médico ortopedista, Dr. Silvio Sargentini.
Como Gabi disse durante a entrevista, “o conselho que eu posso dar para quem está passando por esse processo de amputação é: não tenha medo de se reinventar, a amputação não é o fim”.
Oficina Ortopédica
O Hospital de Amor vai muito além do tratamento oncológico! A instituição foi pioneira em oferecer reabilitação física, mental, intelectual, auditiva e visual, promover qualidade de vida e autonomia para os pacientes.
Além das unidades de Reabilitação, em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO), o HA também conta com três unidades nessas localidades da Oficina Ortopédica, que é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pelo câncer e seu tratamento.
Em 2024, foram confeccionados e dispensados 3.861 dispositivos (órteses e próteses), somando os números nas três unidades: 1.616 dispensados pela unidade de Araguaína (TO), 1.765 dispositivos dispensados pela unidade de Barretos (SP) e 480 dispensados pela unidade de Porto Velho (RO).
As Oficinas Ortopédicas do HA, contam com vários diferenciais, principalmente com a utilização da tecnologia, como explica o coordenador das Oficinas Ortopédicas do HA, Alysson Alvim Campos. “Nós continuamos investindo muito em tecnologias que melhoram muito a manufatura da confecção das próteses. Podemos destacar o nosso robô, que por meio do sistema de digitalização do coto e usinagem robótica, a gente consegue uma maior velocidade na confecção da prótese, através de softwares, que fazem essa confecção, uma modelagem digital, em vez do técnico fazer no molde de gesso, ele faz com o computador, tornando o processo mais rápido e preciso”, explica Alysson.
Mas um fator que é o principal diferencial e que está enraizado no Hospital de Amor, é a humanização. “Eu, que venho de outras instituições, trabalhei em outros lugares, o que eu vejo nos profissionais do HA e das nossas Oficinas Ortopédicas, é diferente. Realmente, não dá para trabalhar nessa instituição se você não está alinhado com o propósito do HA. O que eu percebo com os profissionais, principalmente os das Oficinas Ortopédicas, que estão alinhados com o propósito de fazer essa assistência integral ao paciente. Eu vejo que a dedicação dos colaboradores no sentido de fazer um algo a mais para os pacientes, no que ele pode fazer a mais para contribuir com o paciente”, destaca Alysson.
Recentemente, a cantora Preta Gil assustou seus fãs devido as suas internações causadas por causa do seu tratamento de câncer colorretal. O caso de Preta se assemelha a diversas pessoas abaixo de 50 anos que receberam o diagnóstico da doença, cada vez mais comum no mundo. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que entre 2023 e 2025, serão diagnosticados 45.630 novos casos de câncer colorretal.
Segundo a médica endoscopista do Hospital de Amor Lagarto, Dra. Kelly Menezio Giardina, “o câncer do intestino se refere às neoplasias (cânceres) que ocorrem no intestino grosso (o cólon) e o reto. A profissional explica que, inicialmente, câncer se refere a uma célula que tem um crescimento (e multiplicação) desordenada, e sem fatores de contenção. Dividindo-se rapidamente, estas células agrupam-se formando tumores, que invadem tecidos e órgãos vizinhos, até distantes da origem do tumor (metástases). Pode acontecer em qualquer órgão do corpo humano. É tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente (quando ainda não se espalhou para outros órgãos).
Câncer colorretal: um mal que vem crescendo
Dados da Globocan, de 2022, revelam que a Ásia (531 mil novos casos) foi o primeiro continente em estimativas de novos casos de câncer colorretal, seguido da Europa, a seguir América do Norte e, enfim, América Latina (96 mil novos casos). O Brasil foi responsável por 41.000 novos casos para o mesmo ano. A maioria dos casos de câncer são diagnosticados em fase avançada, quando o índice de cura é mais baixo. Em estados mais carentes, a doença é diagnosticada quando os sintomas são de obstrução de cólon ou por sintomas das metástases, ou seja, com a possibilidade de cura mais ainda reduzida.
Dra. Kelly reforça que é importante saber que, em estágios iniciais, a doença pode ser silenciosa e assintomática. Os primeiros sintomas, que já não são mais precoces, são alterações recorrentes no hábito intestinal, fraqueza e perda de peso sem causa aparente. Mudança no hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre), desconforto abdominal com gases ou cólicas, sangramento nas fezes, sangramento anal e sensação de que o intestino não se esvaziou após a evacuação, são importantes sinais de alerta.
Segundo a médica, este tipo de câncer é um dos principais tumores que existe realmente prevenção. “Prevenir é diagnosticar uma lesão que ainda não é câncer, e tratá-la (ressecar) antes que se desenvolva em câncer avançado. Isso significa fazer diagnóstico precoce”. Kelly reforça que o diagnóstico precoce é um dos maiores aliados, não só contra o câncer colorretal, mas contra muitas outras doenças.
Pessoas entre 45 e 75 anos (sem outros fatores de risco) devem realizar anualmente o exame de Pesquisa Imunológica de Sangue Oculto nas Fezes (FIT) e, a cada 10 anos, a colonoscopia. “Já quem tem histórico familiar de câncer colorretal ou polipose adenomatosa deve ser acompanhado em rastreamento sistemático, por colonoscopia,10 anos antes da idade na qual foi acometido o familiar”, diz a especialista.
Maus hábitos e a genética podem ser fatores de risco
De acordo com a especialista, a incidência do câncer colorretal está relacionada ao índice de desenvolvimento humano (IDH) mais alto como o de países da Europa, América do Norte, Nova Zelândia, onde é observado que o comportamento, como sedentarismo, obesidade, consumo regular de álcool, tabaco e baixo consumo de fibras, frutas, vegetais e carnes magras, aumentam o risco e exposição a fatores oncogênicos (fatores que desenvolvem o câncer). “No Brasil, temos diferentes índices (IDH) e quanto mais baixos, como da região Norte (Acre, Amapá, Roraima), essa doença cai para a quarta posição. Outros fatores de risco estão associados às condições genéticas ou hereditárias, como doença inflamatória intestinal crônica, histórico pessoal ou familiar de adenoma ou câncer colorretal, e ocupacionais, como exposição a radiações.
Uma doença que vem ganhando ‘holofotes’
“Estamos vendo um claro aumento do câncer colorretal em pessoas mais jovens. Assim como a ocidentalização dos hábitos alimentares e estilos de vida têm exposto homens e mulheres a fatores carcinogênicos (que desenvolvem câncer)”, explica a médica. Embora o câncer colorretal ainda seja mais comum em pessoas com 60 anos ou mais, o câncer é mais agressivo em pessoas mais jovens. Por isso, segundo Dra. Kelly, os protocolos americanos (e é uma tendência mundial) recomendam que exames de prevenção (colonoscopia) sejam realizados a partir dos 45 anos.
Hospital de Amor é pioneiro no rastreamento
Para Kelly, “Barretos é pioneiro em pesquisas sobre câncer e estudos realizados que mostram que a incidência e mortalidade em Barretos e no interior de São Paulo, está aumentando, em especial, câncer colorretal e de mama, bastante relacionados a estilo de vida (obesidade, tabagismo e sedentarismo).
Ela diz que os estudos do HA tentam apontar quais são só fatores mais próximos à nossa população, que seriam indicativos de riscos aumentados a desenvolver esse câncer, e como é possível identificar precocemente (rastrear), por meio de exames clínicos pouco invasivos (detecção de fatores encontrados nas fezes), indicando a necessidades desses pacientes de serem submetidos a exames mais invasivos, como a colonoscopia. “Dentre exames mais invasivos, o hospital oferece uma rede complexa e ampla deles, assim como de tratamento, tanto por meio de procedimentos minimamente invasivos como até de cirurgias robóticas, para tratar a doença já instalada”, finaliza Kelly.
Para o médico cirurgião e diretor científico do IRCAD América Latina, Dr. Luís Gustavo Romagnolo, quando uma pessoa famosa divulga o diagnóstico de câncer por meio das redes sociais, o fato é muito noticiado, o que contribui para divulgar mais sobre a importância da prevenção. “Interessante destacar que os principais motivos que nos levam a ter esse tipo de câncer, seriam hábitos alimentares errados”, reforçou.
Tratamento e uso da bolsa de colostomia
Segundo Romagnolo, o Hospital de Amor se destaca por oferecer todos os possíveis tratamentos para este tipo de câncer, desde radioterapia, quimioterapia e cirurgia. “No caso de radioterapia, é utilizado aparelhos que tratam especificamente o local da doença com planejamento específico; na quimioterapia, temos a possibilidade de várias linhas de tratamento, até imunoterapia. Já na cirurgia, desde tratamentos convencionais, mas na grande maioria (no caso, 85%), com técnicas minimamente invasivas, incluído a plataforma robótica com mais de 300 casos operados por ano. E com isso, temos uma recuperação mais rápida e retorno das atividades mais precoces dos pacientes.” diz o especialista.
No caso da necessidade de remoção de parte do intestino devido à doença, alguns pacientes precisam utilizar a bolsa de colostomia. Dr. Romagnolo explica que “a bolsa é uma parte do intestino – que pode ser o intestino grosso (colostomia) ou o intestino delgado (ileostomia) – que em alguns casos é necessária para realizar um desvio do trânsito intestinal e ela fica acoplada, ou melhor, fixada na pele do abdome. Assim, as fezes saem através dele e o paciente utiliza uma bolsa coletora colada. Como se fosse um cano que fica exposto e tem uma bolsa coletora colada para reservar o material”.
“Todo paciente que for realizar um procedimento que envolve o colón ou o reto deve ser orientado sobre a possibilidade de usar a bolsa de colostomia, entretanto, têm aqueles casos em que o paciente necessariamente precisa dessa indicação. Deve-se conversar muito com o cirurgião sobre a indicação precisa”, diz Dr. Luís, que esclarece que a bolsa pode ser utilizada em casos de urgências em que envolve lesão no intestino, como traumas, perfurações, infeções etc.
Romagnolo revela que há casos em que depois da confecção da bolsa não é mais possível realizar a junção do intestino, ou porque o paciente não tem condições clínicas de um novo procedimento – porque qualquer procedimento tem seus riscos – ou também pelo fato de não ter mais condições de junção devido ao fato de não existir mais aquele tecido de junção que foi retirado. “Nos casos em que tem que ser realizado a amputação do ânus, não é possível realizar a reconstrução, e nesses casos a bolsa é definitiva”, diz o médico cirurgião.
Cuidados com a bolsa
Os riscos de ter a bolsa são os de cuidados pós-operatórios, como a necessidade de realizar limpeza e manter a higiene, em casos de ileostomia, desidratação e dermatite na pele, segundo o Dr. Luís. “Nos casos dos benefícios, são aqueles em que o paciente necessita ter colocada a bolsa na obstrução intestinal e, nesses casos, a confecção da bolsa salva a vida do paciente. Os cuidados que os pacientes precisam ter são os básicos de higiene, limpeza e acoplamento da bolsa para evitar dermatite”, diz Dr. Luís, que explica que atualmente existem vários tipos de bolsa para cada tipo de abdome.
Segundo o Dr. Luís, existem muitas pesquisas e inovações sendo realizadas, desde novos medicamentos, como a imunoterapia, como também o uso das plataformas robóticas para o tratamento. “O Hospital de Amor está sempre em busca de novos tratamentos com o intuito de dar o melhor aos seus pacientes”, finaliza.
Neste mês em que celebramos o “Dia Internacional da Mulher” (8 de março) e o “Março Lilás” – campanha de conscientização sobre a prevenção do câncer do colo do útero – o Hospital de Amor tem a honra de homenagear todas as ‘suas mulheres’, que cuidam, acolhem, amparam, ensinam e, acima de tudo, amam! Que tratam – com todo respeito e carinho do mundo – milhares de pacientes. Que fazem o Hospital, ser de Amor!
E por falar em mulher que faz a diferença, o HA não pode deixar de homenagear uma de suas preferidas, motivo de muito orgulho para todos, especialmente para os colaboradores e pacientes da instituição: Dra. Scylla Duarte Prata – a médica ginecologista que sempre esteve à frente do seu tempo. Ela não só criou uma das maiores obras de amor ao próximo da América Latina, o Hospital de Amor (referência em tratamento oncológico gratuito de excelência, com o maior serviço de prevenção de câncer do país e uma estrutura completa focada em ensino e pesquisa), como também foi pioneira na prevenção do câncer ginecológico.
Scylla especializou-se em ginecologia por influência de sua principal referência na medicina, o professor Domingos Delascio. Ele era professor universitário, ginecologista conceituado, autor de obras científicas e referência na tradicional Maternidade Matarazzo, Santa Casa de São Paulo e outras instituições da capital, sendo pioneiro em diversas frentes da saúde da mulher.
Enquanto aluna da USP, Delascio foi seu professor e depois de formada se tornou “médica estagiária” da equipe dele. Era considerada uma residente brilhante, muito dedicada e por isso manteve com seu mestre uma relação de amizade, respeito, reciprocidade e gratidão por toda a vida.
Em São Paulo, Scylla atuou como médica do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários de Santos. Trabalhou na Clínica Ginecológica da Faculdade de Medicina, e fez cursos como de aperfeiçoamento de clínica ginecológica, propedêutica obstétrica, patologia obstétrica, pós-graduação de tumores malignos do aparelho genital e participou de congressos.
Para além da obstetrícia e já tendo contato com os estudos do câncer ginecológico, como assistente do Dr. Domingos Delascio, ela aplicava em suas pacientes exames preventivos de lesões cancerígenas, como a colposcopia, a diatermocoagulação e o Papanicolaou. Junto ao professor, ela fazia estudos científicos sobre o câncer uterino e especialmente o câncer de endométrio, sendo pioneira na difusão do exame no interior de São Paulo.
Scylla se especializou ainda mais no câncer ginecológico e, em 1994, com a contribuição de seu marido – que dizia que “a prevenção é o melhor remédio”, ela foi uma professora para a enfermeira Creuza Saure, responsável por colher exames de Papanicolaou em 92% da população barretense com uma bicicleta e uma mesa ginecológica. Juntas, elas agiram por décadas, por idealismo e confiança no projeto do hospital.
Graças à expertise da médica, o HA salva, ainda hoje, milhares de vidas! São quase 63 anos de história e mais de 30 deles realizando um trabalho incrível de rastreamento e busca ativa, que leva saúde de qualidade e exames preventivos de câncer, gratuitamente, à população das localidades mais distantes e necessitadas. Atualmente, a instituição possui 27 unidades fixas de prevenção e mais de 50 unidades móveis que rodam o Brasil, na tentativa de reduzir as desigualdades de acesso à saúde e oferecer tratamentos mais efetivos.
Esse tipo câncer é considerado o que apresenta condições mais promissoras para prevenção e controle, com possibilidades, inclusive, de eliminação. Fazem parte do arsenal de enfrentamento, a vacinação contra o vírus HPV (Papilomavírus Humano), cuja infecção persistente é o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença. Além disso, outra estratégia, é a detecção precoce de lesões do colo uterino, classificadas como precursoras do câncer e que podem ser tratadas com procedimento simples e alcançar altas taxas de cura.
“Hoje nós temos instrumentos e possibilidades, tanto relacionados à prevenção primária, quanto à prevenção secundária. Eu estou dizendo sobre vacina contra o vírus HPV, que é o vírus que iminentemente causa o câncer do colo uterino entre as mulheres. E em segundo, a prevenção primária, que são os testes que fazem o diagnóstico e o rastreamento, sendo o mais conhecido, o exame de Papanicolaou”, destaca o coordenador médico do programa de prevenção de câncer ginecológico do Hospital de Amor, Dr. Júlio Possati.
• Pacientes portadores de Papilomatose Respiratória Recorrente/PRR a partir de 2 anos de idade.
De acordo com o Ministério da Saúde, o exame preventivo contra o HPV, o Papanicolau, é um exame ginecológico preventivo mais comum para identificar de lesões precursoras do câncer do colo do útero. Ele ajuda a detectar células anormais no revestimento do colo do útero, que podem ser tratadas antes de se tornarem câncer. O exame não é capaz de diagnosticar a presença do vírus, no entanto, é considerado o melhor método para detectar câncer do colo do útero e suas lesões precursoras. Quando essas alterações, que antecedem o câncer, são identificadas e tratadas, é possível prevenir 100% dos casos, por isso é muito importante que as mulheres façam o exame regularmente.
Outra medida importante na prevenção do HPV, são os preservativos internos ou externos. Informações do Ministério de Saúde mostram que, “embora seja eficaz na redução do risco de infecções sexualmente transmissíveis (IST), seu uso não elimina completamente a possibilidade de transmissão do HPV. Isso ocorre porque as lesões podem estar presentes em áreas não cobertas pela camisinha, como a vulva, região pubiana, perineal e bolsa escrotal”. Apesar disso, o uso é extremamente importante parra prevenir possíveis doenças.
Em relação à distribuição geográfica, ele é o segundo mais incidente nas Regiões Norte (20,48 por 100 mil) e Nordeste (17,59 por 100 mil). Na Região Centro-oeste (16,66 por 100 mil) ocupa a terceira posição; na Região Sul (14,55 por 100 mil), a quarta; e na Região Sudeste (12,93 por 100 mil), a quinta posição.
O caso de sucesso
Ela explica que conheceu o HA quando foi convidada, junto a outras influenciadoras locais, para o lançamento de uma campanha de prevenção em Porto Velho, em 2019. “Fomos para este evento, que foi no Hospital de Amor, no qual a equipe do hospital apresentou dados alarmantes das mulheres da região Norte. Eu lembro que foi bem legal, saiu na mídia, nos jornais, etc. Durante o evento, foi feito uma dinâmica incentivando a gente a levar o maior número de mulheres para fazerem o exame de mamografia, quem levasse mais mulheres se tornaria uma das embaixadoras da unidade. Em seguida, veio a pandemia”, explicou.
“Minha filha falou para os médicos: ‘Meu pai vai viver’.” Esse texto é sobre uma história de fé e superação do senhor Josafá de Oliveira Lima, 47 anos, natural de Conceição da Feira (Bahia).
Senhor Josafá deu entrada no Hospital de Amor, em Barretos (SP), em setembro de 2024, quando, ainda em sua cidade natal, descobriu nódulos no fígado e no intestino. Após se sentir mal, ele realizou alguns exames e foi constatado ‘Helicobacter pylori’, mais conhecida como ‘H. pylori’ – uma bactéria que pode causar gastrite, úlceras e câncer de estômago.
“Comecei a sentir umas dores e fiz um exame de ‘H. pylori’, que deu positivo para a bactéria e foi feita a biópsia, que não deu nada. Mas, ‘H. pylori’ não deixa você fraco. Comecei a sentir umas dores e fraquezas. Fiz alguns exames de rotina e ninguém descobria nada, a hemoglobina estava baixíssima. Fiz outros exames e na ressonância magnética foram constatados uns nódulos no fígado e intestino”, explica Josafá.
Encaminhado para o Hospital de Amor, Barretos (SP), em setembro de 2024, senhor Josafá foi internado para realizar exames e uma possível cirurgia para a retirada dos tumores. Porém, quando realizou o exame de colonoscopia, os médicos identificaram que o tumor estava maior do que o esperado e mudaram a conduta do tratamento.
Foi indicado para o senhor Josafá fazer seis sessões de quimioterapia para diminuir o tumor, mas após a terceira sessão, ele teve uma intercorrência e precisou ser operado. “Na terceira quimioterapia que eu tomei, em novembro de 2024, o tumor estourou dentro do meu intestino. Deu choque séptico anafilático agudo. Já fui entubado, entrei em coma induzido e passei por cinco cirurgias, coloquei dreno, precisei de traqueostomia. Minha situação era muito complicada, os médicos chamaram minha filha e falaram: ‘Nós não temos como resgatá-lo, o caso dele é grave e não temos como fazer mais nada, está nas mãos de Deus’, conta.
Senhor Josafá ficou 38 dias internado, sendo 25 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), desses 25, 15 dias em coma induzido e 13 dias na internação. “Minha filha falou para os médicos: ‘O meu pai vai viver’. Minha filha foi buscar a palavra na igreja e Deus falou com ela: ‘Estou entrando lá agora na UTI e dando vida para quem você ama.’ Foi Deus falando lá e eu vivendo aqui”, declara senhor Josafá.
Recuperação
Buscando sempre o atendimento integral em saúde, o Hospital de Amor, além de promover saúde por meio de atendimento médico hospitalar qualificado em oncologia, de forma humanizada, em âmbito nacional para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A instituição se dedica para integrar seus atendimentos, principalmente, com a reabilitação de seus pacientes oncológicos e de pacientes não oncológicos.
“O fato de o hospital oncológico contar com um centro especializado em Reabilitação traz celeridade ao processo de recuperação do paciente, além da possibilidade de diagnóstico e intervenção precoce nas sequelas oriundas do câncer ou do seu tratamento. O suporte psicológico, nutricional e, de um modo geral, multidisciplinar, traz conforto ao paciente e propicia uma recuperação rápida e completa. A possibilidade de intervenção precoce (as chamadas fases de pré-habilitação e habilitação) também proporciona um ganho imensurável no tratamento e na gravidade das sequelas”, comenta o coordenador das unidades de Reabilitação do Hospital de Amor, Dr. Daniel Marconi.
Por conta da doença, dos cinco procedimentos cirúrgicos e do tempo de internação, senhor Josafá teve a FAUTI – fraqueza muscular adquirida na UTI, como explica a fisioterapeuta do HA, Julia Garcia Souza. “Senhor Josafá teve a FAUTI, a fraqueza muscular adquirida na UTI, por conta do imobilismo. Ele passou 25 dias na UTI, não se movia, e com isso, perdeu massa muscular, o que ocasiona a perda da força e do peso”, explica a fisioterapeuta.
“Até então, na minha cabeça eu tinha passado por algo simples. Eu estava dormindo, depois fui entender o que tinha acontecido. Eu saí da UTI na cadeira de rodas, eu não me levantava, eu não conseguia ajoelhar para orar”, explica senhor Josafá.
Encaminhado para o Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP), ele passou pela primeira consulta com a fisioterapeuta Julia Garcia Souza, e ela já o orientou a realizar alguns movimentos de fortalecimento em casa. “Entrei na reabilitação, passei pela avaliação e a Julia já me indicou para fazer alguns exercícios em casa. Na segunda vez que vim, entrei com andador e, na terceira sessão, já entrei andando. A Julia tomou até um susto, então aqui reabilita mesmo”, conta.
O primeiro objetivo do tratamento de reabilitação do senhor Josafá era o fortalecimento global, a recuperação do equilíbrio e da marcha. Julia explica que ele já alcançou esses objetivos e que agora a reabilitação é para prepará-lo para que possa continuar com o tratamento oncológico. “A próxima etapa no tratamento de reabilitação do senhor Josafá é trabalhar mais essa performance cardiopulmonar com exercícios aeróbicos, o powerbreathe (exercitador respiratório), para ajudar no fortalecimento da musculatura respiratória e para dar condições para ele continuar com o tratamento oncológico”, ressalta Julia.
Reabilitação
Reabilitar a saúde física, mental, intelectual, auditiva e visual, promover qualidade de vida e autonomia são os principais objetivos das unidades de Reabilitação do Hospital de Amor. O sucesso do resultado da reabilitação é devido à utilização da tecnologia, mas principalmente à expertise, o amor e o carinho que os profissionais têm com os pacientes.
“Sem dúvida alguma, a existência de um corpo clínico nas áreas médica e multidisciplinar é o segredo de um atendimento de excelência e humanizado. Terá a possibilidade de agregar a esse time um aparato tecnológico de última geração, o que traz um incomensurável benefício terapêutico: rapidez, precisão, qualidade técnica e confiança na obtenção e interpretação dos dados evolutivos. Essa combinação poderosa resulta em um processo de reabilitação de sucesso. A inclusão social se torna completa na medida em que também oferecemos esporte adaptado e profissionalização às pessoas com deficiência”, declara Dr. Daniel Marconi.
“Quando eu iniciei a reabilitação, já comecei a fazer os testes de equilíbrio e de força, e comecei a me sentir melhor, tanto que hoje eu faço esteira e bicicleta, e me sinto muito bem. Aqui é um centro de reabilitação mesmo e ajuda muito nós, pacientes. Antes, eu não conseguia fazer nada; hoje, ando normal, fui pescar, ganhei mais peso, ganhei músculo. A reabilitação transformou a minha vida, me ajudou muito e tudo isso graças ao Hospital de Amor, onde me senti abraçado”, declara senhor Josafá.
Ele foi um dos 1.107 pacientes do Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP), que tiveram, em 2024, a oportunidade de transformar suas vidas por meio da reabilitação, seja após o tratamento oncológico ou por conta de outro tipo de comorbidade.
Se somar os atendimentos médicos como neuropediatra, oftalmologista, fisiatra, pediatra, entre outras especialidades com a equipe multidisciplinar (fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutrição, entre outras), nas três unidades de Reabilitação do Hospital de Amor: em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO), foram realizados 116.195 atendimentos em 2024.
Além dos atendimentos médicos e com a equipe multidisciplinar, foram confeccionados e dispensados 3.861 dispositivos (órteses e próteses), somando os números nas três unidades: 1.616 dispensados pela unidade de Araguaína (TO), 1.765 dispositivos dispensados pela unidade de Barretos (SP) e 480 dispensados pela unidade de Porto Velho (RO).
“Há uma década, o Hospital de Amor possui essas estruturas conjugadas: oncologia e reabilitação, e essa experiência foi tão exitosa que se traduziu em uma política pública na nova ‘Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer’, publicada em fevereiro de 2025 (https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-6.590-de-3-de-fevereiro-de-2025-611094415), o que significa que todas as instituições oncológicas ficam agora respaldadas por força de lei a contarem com o centro de reabilitação ou estarem conveniadas com algum já existente”, esclarece Dr. Daniel Marconi.
Um menino e mil sonhos, mas o principal deles: ser jogador profissional de futebol. Mateus Afonso Máximo, 19 anos, natural de Montes Claros (MG), foi diagnosticado com osteossarcoma aos 14 anos e precisou fazer a amputação da perna direita.
“Com 14 anos, eu gostava muito de jogar bola, sempre fui ativo, andava de bicicleta e fazia todo tipo de esporte. Aí, um dia eu estava jogando bola e machuquei o pé, o tornozelo esquerdo. A gente não sabia o que era, achava que era um lance de bola mesmo”, conta Mateus. Mas, com o passar do tempo, o tornozelo continuo com um inchaço. Após retornar de uma viagem à Belo Horizonte, a mãe de Mateus o levou ao médico para ser examinado. “Eu voltei para a minha cidade, fiz um raio-x e no exame deu que tinha alguma coisa lá, mas o médico não sabia o que era. Aí, ele encaminhou a gente para um especialista na área para saber”, relatou o paciente.
Mateus foi submetido a uma biópsia e infelizmente o resultado foi positivo para um osteossarcoma na fíbula. Em Montes Claros (MG) não havia especialista para realizar a cirurgia de amputação do Mateus, foi onde ele conseguiu encaminhamento para o Hospital de Amor, em Barretos (SP), e colocou uma prótese.
Em tratamento paliativo desde 2024, Mateus ressignificou o seu maior sonho e definiu um novo propósito para a vida: levar leveza para as pessoas que estão em tratamento oncológico por meio da risada.
Numa consulta de rotina com a psicóloga da unidade infantojuvenil do HA, Jéssica Estay, durante um exercício que aflora os sentimentos, o paciente contou que gostava de fazer as pessoas sorrirem. Pensando nisso e na importância de realizar sonhos, a profissional entrou em contato com o Instituto Sociocultural e fez uma proposta: uma imersão de dois dias com os Palhaços da Alegria. O pedido foi atendido e assim aconteceu!
Ao questionar a profissional sobre a importância de realizar esses atos, ela destaca que se dispõe a ajudar todos os pacientes, de maneira individual e humanizada. “Eu busco, no meu trabalho, proporcionar memórias afetivas para os pacientes para que eles não tenham somente lembranças de momentos difíceis, procedimentos e internações”, relatou Jéssica.
De acordo com o coordenador do projeto ‘Palhaços da Alegria’ e idealizador do Palhaço ‘Figuerino’, Guilherme Figueiredo, foi a primeira vez que essa imersão com o paciente aconteceu. “Nós temos uma relação legal com a equipe do infantojuvenil e isso faz com que possamos tornar possível algumas ações que visam beneficiar o paciente”.
Mateus, realizou a imersão em dois dias. No primeiro dia, ele aprendeu sobre as técnicas, no segundo, ele fez uma interação na unidade infantojuvenil com o time dos Palhaços da Alegria. “O Mateus sempre se colocou disponível, então, no primeiro dia nós fizemos uma roda de apresentação e falamos para ele a importância de se conhecer para realizarmos os trabalhos em dupla e criar uma confiança com o parceiro de cena”, destacou o coordenador.
Nesse dia, o paciente também aprendeu as experiências da palhaçaria, incluindo a ‘palhaçaria hospitalar’. Nessa dinâmica, Guilherme Figueiredo e os demais participantes do grupo explicaram ao Mateus o que era permitido no meio hospitalar e quais brincadeiras e técnicas eles utilizavam antes de iniciar a interação com os pacientes. Além disso, eles fizeram testes de figurinos, ensaiaram cenas e músicas, e criaram um nome para o novo bobologista do dia: ‘Dr. Teteu’.
No segundo dia, Mateus, acompanhado dos doutores bobologistas – Dr. Figuerino, Dra. Alavanka e Dr. Grilo – fez a intervenção na unidade infantojuvenil do Hospital de Amor. Para isso, eles levaram o figurino que o Dr. Teteu escolheu e, juntos, fizeram as cenas ensaiadas, além de uma música exclusiva para o paciente.
Para que a experiência da intervenção ficasse ainda mais especial, Mateus escolheu alguns lugares, que marcam a sua trajetória na unidade infantojuvenil, para visitar, brincar e se sentir mais à vontade e acolhido.
Ao relembrar a sua trajetória no HA e falar a respeito do seu interesse pela palhaçaria, Mateus Afonso, defende que aprendeu muita coisa desde quando chegou na instituição. “Independentemente da situação que a gente está, acho que a gente nunca pode perder a nossa essência e isso foi uma coisa que me marcou muito e vem me marcando até hoje, porque todo mundo que me vê bem, fala: “nem parece que você está doente, você vive sorrindo”. Então, acho que o motivo é esse. Eu procuro brincar para sair um pouco do clima, né? Sair um pouco do contexto do hospital, porque, querendo ou não, a gente sabe que é uma coisa muito difícil de lidar. Acredito que a essência é o essencial, a gente não pode perder a essência porque isso é o que a gente é”, declara o paciente.
Para o coordenador do projeto Palhaços da Alegria, essa imersão foi um acontecimento especial. “Passa um filme na minha cabeça, então, a sensação que me vem ao acompanhar este desejo é de nostalgia. Quando eu vejo alguém se interessando pela palhaçaria, eu me vejo nessa pessoa porque eu lembro de como foi o meu processo de inicialização nessa arte. A palhaçaria faz a gente se conectar com as pessoas, traz empatia e um olhar cuidadoso. A arte mudou a forma como eu vejo o mundo e ver alguém desejando ter essa experiência, é inspirador. Então, é um sentimento de gratidão”, destaca Guilherme.
Essa imersão não foi apenas uma experiência para o paciente. Essa ação, fez com que Mateus visse novos sentidos na vida e reformulasse o seu propósito. “Eu sou para frente, sempre assim, de cabeça erguida. Nunca sou de abaixar a cabeça. Então, acho que o meu legado é continuar sendo feliz, sorridente e brincalhão. Acredito que o meu propósito seja fazer as pessoas sorrirem”, completa Mateus.
“Deus falou comigo, e Ele disse que o meu tumor era benigno”. Esse texto é sobre a história de fé, superação e recomeço de Paulo Aguiar Ferreira, pastor de missões, com 64 anos e paciente do Hospital de Amor, que conseguiu, através do tratamento e reabilitação, voltar a escutar e a ter qualidade de vida.
Em 2021, a família do senhor Paulo começou a perceber os primeiros sinais de que havia algo errado com sua saúde. De uma semana para outra, ele perdeu a audição e o equilíbrio das pernas, não conseguindo ficar em pé.
Residente em Caldas Novas (GO), Paulo começou a investigar e foi encaminhado para o HA, em Barretos (SP). Passou pela consulta, realizou exames e foi encaminhado para uma cirurgia, para a retirada de lâminas do material que foram encaminhadas para a biópsia. “Eu, sentado na porta da minha casa, em uma cadeira de balanço, já estava surdo, e Jesus falou comigo. Se eu falar que escutei, estou mentindo, mas Ele falou no meu espírito: ‘Ei?! Ei?! É benigno’. Chegou no dia da operação, antes de entrar na sala de cirurgia, falei com o doutor, que era benigno”, conta emocionado o paciente.
“O Paulo foi submetido à cirurgia e encaminhado para a biópsia. Foram quatro lâminas encaminhadas para três laboratórios diferentes para descobrir o problema dele”, conta sua esposa, dona Delma França Ferreira.
Paulo foi diagnosticado com um meningioma intracraniano, um tumor benigno que se desenvolve nas meninges, as membranas que protegem o cérebro e a medula espinhal. O tratamento indicado para o caso de seu Paulo foi com medicamentos via oral, devido à localização do tumor.
Reabilitação
Além da perda da visão e da fraqueza, seu Paulo ainda passou por um processo de depressão, pois não aceitava a condição em que estava vivendo. Ele foi encaminhado para o Centro de Reabilitação do Hospital de Amor, em Barretos (SP), onde passou por todo o tratamento com a equipe multidisciplinar, como conta sua esposa.
“Aqui na reabilitação, encontramos a força para ele conseguir ter qualidade de vida e voltar a fazer tudo o que fazia antes. Toda a parte de reabilitação, como fisioterapia, nutricionista, psicólogo e até mesmo psiquiatra, foi fundamental, porque a situação era muito crítica. Ele não aceitava as condições em que estava vivendo. Foi muito esforço e dedicação para conseguirmos vencer essa luta, que não foi fácil. Deus abençoou através do hospital e da reabilitação, para que Paulo pudesse voltar a ter uma vida normal”, explica dona Delma.
A perda auditiva foi um fator muito significativo para o desencadeamento da depressão. Senhor Paulo perdeu 100% da audição, o que fez com que ele tivesse muita dificuldade em se comunicar com outras pessoas. “No caso do seu Paulo, ele passou por um extenso tratamento devido à lesão cerebral e, após ter superado essa etapa, infelizmente a audição ficou muito comprometida. Ele foi encaminhado para a reabilitação com muita dificuldade na comunicação.
Após toda a avaliação auditiva, concluímos que os aparelhos auditivos convencionais não poderiam ajudá-lo. Assim, discutimos a possibilidade de encaminhá-lo para a realização da cirurgia, o que foi muito bem aceito por ele e pelos familiares”, explica o médico otorrinolaringologista do HA, Dr. Rafael Baston.
Implante coclear
A reabilitação auditiva indicada para o caso do senhor Paulo foi a inserção de um implante coclear, um dispositivo eletrônico conhecido como “ouvido biônico”, colocado cirurgicamente nos ouvidos. Esse dispositivo permite que pessoas com perda auditiva severa ou profunda percebam os sons.
O aparelho capta os sons do ambiente, converte-os em sinais elétricos e os transmite diretamente ao nervo auditivo, contornando a parte danificada do ouvido interno. “O sistema é composto por duas partes principais: uma parte externa que inclui um microfone que capta o som, um processador de fala que converte os sons em sinais digitais e uma antena que envia esses sinais para a parte interna. A parte interna consiste em um receptor implantado sob a pele e um feixe de eletrodos inserido na cóclea. Esses eletrodos estimulam diretamente o nervo auditivo, permitindo que o cérebro interprete os sons”, explica o médico otorrinolaringologista.
Senhor Paulo foi o primeiro paciente do Centro de Reabilitação do HA indicado para esse tratamento. Ele foi encaminhado para o Hospital de Base, em São José do Rio Preto (SP), para realizar a cirurgia da inserção do implante coclear. Após a cirurgia, ele realiza todo o acompanhamento e reabilitação auditiva no Hospital de Amor.
“Inicialmente, senhor Paulo precisou se acostumar com os novos sons que o implante proporciona, pois a percepção auditiva, por meio do implante coclear, é diferente da audição natural. No entanto, ele tem mostrado um progresso notável. Como ele é pastor e tem um contato constante com a comunicação verbal, isso tem sido muito importante para sua integração social e profissional. A evolução tem sido excelente, e ele vem relatando que está muito satisfeito, principalmente em relação à sua habilidade de se comunicar novamente com clareza”, declara Dr. Rafael Baston.
“É um processo que, depois da operação, você vai fazendo. Quanto mais você usa o aparelho, mais você vai escutando. Os médicos disseram que eu ia escutar de 90% a 100%, mas eu não sei qual a porcentagem que estou escutando hoje, mas estou aprendendo a escutar novamente. Eu não tenho pressa, porque o que eu passei, o sofrimento que eu tive, eu tive. Hoje, estou restaurado na presença de Deus. Eu escuto e me comunico, porque o que eu fazia antes, estou fazendo novamente: comunicar e voltar a falar do amor de Deus. Isso para mim não tem preço! Hoje, posso dizer que sou um milagre de Deus, porque quem me viu há três anos, me vê hoje do jeito que estou. Só Deus na minha vida”, declara o paciente.
Reabilitação auditiva
Prevenir, tratar e reabilitar, esses são alguns dos pilares do Hospital de Amor. Receber o diagnóstico de câncer é um momento difícil para o paciente e seus familiares, e o HA procura amenizar ao máximo, por meio de tratamento humanizado e amor.
A reabilitação é uma importante etapa do processo para ajudar o paciente a retomar sua autonomia e qualidade de vida. O HA possui três unidades de reabilitação, em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO), e os atendimentos são realizados tanto para pacientes oncológicos quanto não oncológicos, e a reabilitação auditiva é um dos serviços oferecidos pelas unidades.
“Aqui, dispomos de um amplo arsenal de exames auditivos, com equipamentos de alta qualidade e equipe especializada, o que nos permite realizar avaliações auditivas mais assertivas em pacientes de todas as idades. Na grande maioria dos casos, os pacientes com perda auditiva obtêm ótimos benefícios com o tratamento oferecido por meio de aparelhos auditivos convencionais. No entanto, em casos de perda auditiva de grau mais avançado, como o do senhor Paulo, quando os aparelhos auditivos convencionais não são suficientes, existe a possibilidade de indicarmos tratamentos com aparelhos auditivos cirurgicamente implantáveis, entre eles, o implante coclear. Essa indicação vem sempre após uma série de testes audiológicos e uma avaliação conjunta com a equipe multiprofissional, para garantir o tratamento mais adequado para cada paciente”, explica o médico.
Qual o valor de um abraço? Para a enfermeira Nayara Sartori, esse gesto passou a ter muito mais significado depois de ficar um bom tempo sem receber um abraço do seu avô. Após dois meses de fisioterapia, ela recebeu o tão aguardado abraço do homem que ela considera como pai. “É muito amor! Para mim, o meu avô é um pai. Ai que a gente percebe um valor de um abraço, então é muita gratidão, à Deus primeiramente e a todo o suporte que a gente tem aqui”, declara Nayara.
Senhor Edson Sartori descobriu um tumor na laringe no início de 2024, mas antes da descoberta do câncer, ele sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral), que o deixou debilitado, como conta sua esposa, Ana Sartori. “A gente sabia que ele tinha ficado com uma das cordas vocais paralisadas após o AVC, e a gente sempre achando que era isso, pois ele se engasgava muito. Foi feito uma tomografia e foi descoberto um tumor na laringe. Esse tumor estava impedindo a passagem do ar e, por isso, ele estava se engasgando bastante, não conseguia falar. Logo em seguida, ele já começou a utilizar a traqueostomia, para ajudar na passagem do ar”, conta dona Ana.
Eles haviam se mudado para Barretos (SP) para tratar o AVC e com a descoberta do tumor, foi encaminhado para o Hospital de Amor. Após todos os exames, o tratamento indicado para o caso do senhor Edson foi a cirurgia de laringectomia total, procedimento que consiste na retirada completa da laringe, incluindo as cordas vocais.
A cirurgia foi realizada em setembro de 2024, e o senhor Edson passou um período de, aproximadamente, 30 dias internado. “A última vez que eu vim aqui, ele estava internado. Por conta do meu trabalho, para eu conseguir uma folga é difícil, então agora que eu vim, fiquei admirada. Na última vez, ele nem conseguia reconhecer a gente”, conta Nayara.
Reabilitação
Após a recuperação da cirurgia e liberação médica, senhor Edson iniciou o tratamento de reabilitação, no Centro de Reabilitação do HA, em Barretos (SP). “O senhor Edson para mim, foi uma verdadeira surpresa, pois ele já tinha um antecedente prévio, que foi o AVC. Além disso, na avaliação (momento em que temos o primeiro contato com o paciente), ele estava bem retraído, não conseguia criar um vínculo efetivo. Acho que em razão da cirurgia e a angústia de não conseguir se expressar através da linguagem verbal. E ele sempre estava de olhos fechados, e senti que essa atitude era como se ele não quisesse interação com o meio. Durante as sessões, conseguimos criar um vínculo, os olhares foram se abrindo cada vez mais, e os sorrisos eram cada vez mais frequentes. Após a terapia convencional (fortalecimento de membros inferiores, treino de marcha e equilíbrio), percebi que o Andago poderia ser uma excelente ferramenta para auxiliar na interação social com outras pessoas e profissionais, além de oferecer diversos benefícios para o corpo”, explica a fisioterapeuta do HA, Julia Garcia Souza.
Aproximadamente, dois meses realizando as sessões de fisioterapia, senhor Edson já teve grandes avanços, como ter uma firmeza maior nas pernas e dar os primeiros passos com o auxílio de um andador. “Ele deu uma melhorada boa, ele não firmava o pé no chão, ele precisava ser levantado da cama. Depois que ele começou a fazer a fisioterapia, ele foi firmando mais, andando mudando os passos, para pelo menos, se sentar em uma cadeira de roda, cadeira de banho, e hoje ele faz isso”, conta dona Ana.
“A fisioterapia foi um grande avanço, porque agora ele consegue gesticular, antes ele só falava com os olhos, não tinha expressão, acho que a atividade ajudou um pouco ele a desenvolver essa parte”, explica a neta Nayara.
E quais os próximos passos na reabilitação do senhor Edson? A fisioterapeuta Julia explica que os próximos passos são trabalhar as atividades diárias. “Os próximos passos do tratamento seria trabalhar as atividades de vida diária, como o levantar e se sentar sem apoio, treino de marcha com dispositivos de auxílio, iniciando com o andador e futuramente com a bengala de 4 pontas, com o objetivo de proporcionar o máximo de autonomia possível ao paciente”, explica a fisioterapeuta.
Andago
O Hospital de Amor possui um dos maiores parques tecnológicos do país, todo voltado para prevenção, tratamento e reabilitação dos pacientes, e algumas dessas tecnologias são utilizadas nas unidades de Reabilitação do HA, em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO).
Um desses equipamentos é o Andago – uma tecnologia robótica usado na reabilitação de pessoas que apresentam alterações no andar (chamado de marcha) e no equilíbrio corporal, como no caso do senhor Edson.
A principal característica do Andago, é que ele é um facilitador da marcha, como diferencial de retirar 50% do peso corporal do paciente, através do seu mecanismo de suspensão, oferecendo total segurança para o paciente. Além do treinamento de marcha, o aparelho é versátil, podendo ser utilizado para outras funções, como explica o médico fisiatra do HA, Dr. Henrique Fernandes Buosi.
“A principal função do Andago é o treino de equilíbrio e marcha, mas pode ser usado para outras funções, como treinamento de autopercepção corporal (propriocepção), mobilidade dos membros inferiores e até dos membros superiores, quando é necessário trabalhar múltiplas funções simultâneas”, esclarece o médico.
O equipamento é indicado em todas as fases de reabilitação, porém é imprescindível que o usuário tenha determinado nível de controle do tronco e movimentação dos membros inferiores. A indicação do uso é dinâmica e revista constantemente em conjunto entre equipe e paciente.
“A própria patologia e os tratamentos oncológicos, podem trazer diversos impactos que alterem a função de sustentar o próprio corpo e ser capaz de equilibrar-se e trocar passos. Essas alterações podem ser oriundas de lesões neurológicas, musculares ou amputações. O Andago atua diretamente nas terapias que focam nestas alterações, e é um dos equipamentos mais usados no Centro de Reabilitação, pois permite um treino de andar seguro e com menor sobrecarga física do terapeuta”, complementa Dr. Henrique.
Além do trabalho do equilíbrio e da marcha, o Andago também ajuda que o paciente tenha uma interação social durante a terapia, pois ele não é um equipamento que fica fixo em um local, permitindo que o usuário ande no ginásio e nos corredores do Centro de Reabilitação.
Importante ressaltar que, quando o paciente não possui marcha, é utilizado outras terapias, como a convencional ou o Lokomat, tonando o aparelho e o tratamento personalizado, de acordo com a necessidade de cada paciente. “A tecnologia robótica é uma complementação vital das terapias tradicionais, porém não a substitui. Um bom terapeuta é a chave para uma reabilitação adequada e um paciente participante e entendedor do processo, é tão importante quanto. Aliado esses fatores, certamente a qualidade de vida dos usuários serão atingidas de maneira mais assertiva. Quando se luta por uma terapia com alta tecnologia, estamos lutando para garantir que todo o processo seja mais ágil e, desta forma, mais pessoas sejam beneficiadas”, destaca o médico fisiatra.
Oferecer tratamento oncológico de qualidade e de maneira humanizada é rotina no Hospital de Amor! Para cada diagnóstico de câncer, há um protocolo diferente e personalizado de intervenção, mas em todos eles, há humanização para garantir o bem-estar do paciente. E dentre tantas possibilidades de tratamento, a quimioterapia (apesar de temida por conta de seus efeitos colaterais) ainda é um dos mais eficazes para diversos tipos de tumor.
Trata-se de um procedimento em que se utilizam medicamentos – que se misturam com o sangue e são levados a todas as partes do corpo – para destruir as células doentes que estão formando o tumor, impedindo também que se espalhem. Quando esta aplicação é intravenosa, ou seja, aplicada na veia ou por meio de cateter, ela pode causar alguns desconfortos nos pacientes que a recebem. E é aí que, mais uma vez, o HA se destaca!
Projeto inovador
Com o objetivo de minimizar os riscos de cardiotoxicidade e os efeitos colaterais induzidos pela quimioterapia, a equipe do departamento de fisioterapia da instituição, por meio do ‘Programa de Fisioterapia na Atenção ao Câncer’, desenvolveu um projeto de pesquisa inovador, que busca elaborar um plano de exercícios de baixa à média intensidade para realização durante a infusão de quimioterapia.
O estudo, idealizado pela coordenadora do departamento de fisioterapia do Hospital de Amo, Dra. Carla Elaine Laurienzo da Cunha Andrade, junto a fisioterapeuta, Simara Cristina Pereira da Silva, e a residente de fisioterapia, Brenda Taynara Macedo da Costa, foi implementado em outubro deste ano na instituição e já atendeu mais de 20 pacientes.
“Com este protocolo poderemos comprovar que a realização de exercícios físicos (de baixa à média intensidade), durante a infusão de quimioterapia, promove a melhora da funcionalidade, fadiga, neuropatia e, principalmente, o bem-estar dos pacientes do estudo, quando comparados aos pacientes que não realizam nenhuma atividade física durante o momento da infusão”, explica Dra. Carla.
Neste primeiro momento, o estudo está sendo realizado em mulheres com diagnóstico de câncer de mama, que tenham entre 18 e 60 anos e aceitem participar do protocolo. Porém, a prática de aliar quimioterapia a exercício físico é indicada para todos os tipos de câncer, podendo beneficiar todos os pacientes do HA que passam por tratamento quimioterápico.
“Há evidências na literatura que indicam que o exercício realizado durante a infusão de quimioterapia, promove aumento da perfusão que pode melhorar a administração do medicamento e atenuar alguns efeitos colaterais dele. Então, além dos benefícios relacionados a própria quimioterapia, o projeto poderá influenciar também no hábito da prática de atividade física, promovendo uma maior adesão e entendimento para os pacientes sobre a importância de se manterem ativos durante o tratamento oncológico e as vantagens dos exercícios para sua saúde física e emocional”, afirma a coordenadora.
Como funciona?
A paciente que se encaixa em todos os requisitos exigidos pelo estudo e aceita participar do projeto, é direcionada para o Centro Infusional do HA, em Barretos (SP), nas salas comuns de infusão. Durante a sessão de quimioterapia, uma fisioterapeuta com especialização em oncologia leva o ‘kit de exercícios’, inclusive uma minibicicleta ergométrica e um fone de ouvido, e inicia as atividades. “Para a realização dos exercícios, a paciente escolhe a playlist que desejam ouvir durante o procedimento e escuta a seleção de músicas em fones de ouvido. Além da humanização, esse tipo de intervenção também é uma forma de diminuir o tédio durante as horas de infusão em que as pacientes ficam nas poltronas, tornando este momento um pouco mais leve na jornada do seu tratamento”, declarou Dra. Carla.
A paciente Fernanda Barbosa, de 43 anos, consegue identificar todos esses benefícios! Em tratamento no HA contra um câncer de mama, a mineira de Araxá, que sempre praticou atividades físicas e necessitou parar por conta dos efeitos colaterais decorrentes dos procedimentos, sentiu diferença pós receber a quimioterapia associada aos exercícios. “Em poucos minutos realizando as atividades, senti que minha ansiedade foi embora, eu fiquei muito mais disposta e a tremedeira melhorou. Vale muito a pena”, conta.
De acordo com a coordenadora do departamento de fisioterapia do HA, ainda são poucas as instituições oncológicas do país que realizam este tipo procedimento. “Estudos nessa área também são escassos, ou seja, o Hospital de Amor está sendo pioneiro e inovador!”, finalizou.
A dor de cabeça é uma queixa comum que afeta grande parte da população em algum momento da vida. Afinal, quem nunca teve dor de cabeça? No entanto, para muitas pessoas, a intensidade ou persistência da dor pode gerar ansiedade ou até mesmo o medo de ser algo mais grave, como um câncer, por exemplo. Para desmistificar essa preocupação e esclarecer as principais dúvidas sobre o tema, o neurocirurgião oncológico do Hospital de Amor, Dr. Ismael Lombardi, respondeu algumas perguntas. Confira:
1) O que pode ser considerado dor de cabeça?
R.: A dor de cabeça, ou cefaleia, é qualquer tipo de dor que aparece na região da cabeça, seja na parte da frente, dos lados, atrás ou no topo. Pode ser uma dor leve, forte, latejante, em pressão ou fisgada.
2) Existem diferentes tipos de dor de cabeça? Quais são os mais comuns?
R.: Sim! Existem muitos tipos, divididos em dois grupos principais:
Primárias: são as mais comuns, representando cerca de 90% dos casos. Não são causadas por outros problemas de saúde, mas sim por fatores como genética, ambiente, hormônios, alterações no sono ou alimentação. Os tipos mais frequentes são:
• Enxaqueca: dor forte, geralmente em um lado da cabeça, podendo vir acompanhada de náuseas e sensibilidade à luz e ao barulho.
• Tensional: sensação de pressão ou ‘aperto’ na cabeça, frequentemente ligada a estresse, cansaço ou ansiedade.
• Cefaleia em Salvas: dor intensa, geralmente atrás do olho, que ocorre em crises curtas, porém muito fortes.
As cefaleias secundárias são aquelas causadas por outras doenças. Ou seja, uma dor de cabeça secundária em geral é uma queixa, um sintoma de outro problema de saúde e comumente está acompanhada de outros sintomas ou sinais físicos.
3) Quando pode surgir dor de cabeça? E quando ela é considerada ‘comum’?
R.: Dr. Ismael aponta que dores de cabeça podem surgir por motivos simples do cotidiano, como estresse, má qualidade do sono, longos períodos sem se alimentar, uso excessivo de telas (celular, computador) e desidratação (beber pouca água). Essas dores são consideradas comuns, especialmente quando melhoram com descanso, hidratação, alimentação adequada e, às vezes, com analgésicos simples.
4) Existe dor de cabeça aguda e crônica? Qual é a diferença?
R.: Sim. O médico também diferencia a dor de cabeça em aguda e crônica:
– Aguda: é aquela dor que parece de repente, dura pouco tempo e desaparece. Pode ser causada por fatores como estresse, gripe, sinusite ou uma noite mal dormida.
– Crônica: este tipo de dor já ocorre por mais de 15 dias no mês, durante pelo menos três meses consecutivos. Geralmente está associada à enxaqueca, tensão ou uso exagerado de medicamentos para dor.
5) Mulheres são mais propensas?
R.: Sim, as mulheres tendem a sofrer mais com dores de cabeça, principalmente com enxaqueca. Isso acontece por vários motivos, incluindo fatores hormonais, como variações durante o ciclo menstrual, que contribuem para essa maior prevalência.
6) Quando é necessário procurar um médico?
R.: Deve-se procurar um médico quando: A dor de cabeça é muito diferente do que costuma sentir; a dor vem muito forte de repente, como uma “pancada”; está acompanhada de outros sinais, como fraqueza, formigamento, dificuldade para falar, perda de equilíbrio ou visão dupla; a dor não melhora com os remédios que sempre funcionaram; quando a dor é frequente, ocorrendo muitos dias no mês.
Câncer e dor de cabeça
7) Dor de cabeça pode ser sinal de câncer?
R.: Sim, a dor de cabeça pode ser secundária a um câncer ou mesmo a tumores benignos. No entanto, essa não é a queixa mais comum em pacientes oncológicos e é muito menos frequente do que as cefaleias primárias. Sinais que podem indicar uma dor de cabeça secundária a um tumor:
Fraqueza em um lado do corpo;
Perda de equilíbrio ou audição;
Alterações na visão;
Dificuldade para falar;
Convulsões.
A dor nesses casos costuma ser mais intensa, mais frequente, pode piorar ao deitar-se e costuma não melhorar com remédios comuns.
8) Quais tipos de câncer podem causar dor de cabeça?
R.: • Tumores no cérebro, sejam eles primários (que nascem no cérebro) ou metástases (câncer que começou em outro órgão e foi para o cérebro).
• Câncer na região da cabeça e pescoço, como nos seios da face (sinusite crônica associada a tumor, por exemplo).
• Em casos mais raros, leucemias e linfomas também podem provocar dor de cabeça, geralmente associada a outros sintomas, como febre, cansaço extremo ou perda de peso.
9) Segundo o Google Trends, o termo ‘dor de cabeça’ é mais pesquisado nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, qual é a prevalência dos casos de câncer cerebral nestas regiões?
R.: O câncer cerebral é considerado uma doença rara em qualquer região do Brasil e do mundo. Ele representa cerca de 2% dos tumores em adultos e é um pouco mais frequente em crianças, onde chega a ser o segundo tipo de câncer mais comum na infância, depois da leucemia. Nas regiões Norte e Nordeste, a prevalência é parecida com o restante do país. Porém, nessas regiões pode haver mais dificuldade no acesso rápido ao diagnóstico e tratamento especializado, o que gera mais preocupação e buscas na internet.
10) O câncer cerebral costuma ser mais benigno ou maligno?
R.: Os tumores do sistema nervoso central podem ser benignos ou malignos. Entretanto, os tumores mais comuns são benignos. Ainda assim, tumores benignos, assim como os malignos, podem causar aumento da pressão dentro do crânio, sendo a dor de cabeça secundária ao aumento dessa pressão uma queixa comum nestas situações.
11) Quais são as perspectivas de cura e possíveis sequelas?
R.: A chance de cura varia significativamente dependendo do tipo, localização e estágio do tumor. Tumores benignos localizados podem ter cura com cirurgia. Tumores malignos podem ser controlados com cirurgia, radioterapia, quimioterapia e, hoje, com terapias mais modernas, mas nem sempre são curáveis. Quando se trata de metástases no cérebro, o objetivo pode ser controle da doença e melhora da qualidade de vida. As sequelas também dependem da localização do tumor no cérebro, podendo incluir fraqueza em algum lugar do corpo, dificuldades na fala, memória ou visão, alterações de equilíbrio e convulsões. Algumas pessoas podem ter poucas ou nenhuma sequela, especialmente se o tumor estiver em áreas de menor risco.
12) Pode ocorrer metástase cerebral em pacientes com histórico de câncer?
R.: Sim, pacientes com histórico de câncer em outros órgãos (pulmão, mama, rim, intestino ou melanoma) têm maior risco de desenvolver metástases cerebrais. Isso ocorre porque as células cancerosas podem se disseminar pela corrente sanguínea e atingir outros órgãos, inclusive o cérebro.
13) Como é feito o diagnóstico e o tratamento do câncer cerebral?
R.: O diagnóstico é feito principalmente por meio de exames de imagem, como ressonância magnética e tomografia computadorizada, além da avaliação clínica dos sintomas. Em alguns casos, é necessário realizar uma biópsia para saber exatamente o tipo do tumor.
O tratamento pode incluir: cirurgia (sempre que possível), radioterapia, quimioterapia, terapias mais modernas, como imunoterapia e radiocirurgia, dependendo do caso.
14) Existem tratamentos inovadores? Quais?
R.: Sim! A neurocirurgia tem evoluído muito. Hoje usamos:
• Neuronavegação, que funciona como um GPS do cérebro durante a cirurgia;
• Cirurgia com monitorização de áreas nobres, para preservar fala, movimento e visão;
• Radiocirurgia, que é um tipo de radioterapia super precisa, sem cortes;
• Cirurgia com fluorescência, que permite ao cirurgião enxergar melhor o tumor;
• Pesquisas avançam também em imunoterapia e terapia-alvo, dependendo do tipo de tumor.
15) Como o Hospital de Amor se destaca no Brasil no tratamento de tumores cerebrais?
R.: O Hospital de Amor se destaca pelo modelo de atendimento 100% gratuito, humanizado e com tecnologia de ponta, comparável a grandes centros do mundo. Temos neurocirurgia de alta complexidade, com neuronavegação, microscopia avançada e monitorização intraoperatória. Além de oferecermos tratamentos como radiocirurgia, radioterapia de precisão e acesso a pesquisas clínicas. Tudo isso com um olhar voltado para o acolhimento dos pacientes e suas famílias.
16) Quais são as estimativas de cura?
R.: Tumores benignos localizados podem ter uma taxa de cura acima de 90% com cirurgia. Tumores malignos primários do cérebro, como o glioblastoma, têm tratamento que busca controlar a doença e melhorar a qualidade de vida, mas nem sempre são curáveis. Já no caso de metástases cerebrais, muitos pacientes conseguem controlar bem a doença, especialmente quando o câncer de origem também está controlado. Cada caso é muito individual e depende de tipo, localização e saúde geral do paciente.
É muito importante reforçar que dor de cabeça, na imensa maioria das vezes, não significa câncer. A maior parte das dores de cabeça está ligada ao estresse, ansiedade, sono ruim ou problemas simples do dia a dia. Mas é fundamental que as pessoas não deixem de procurar um médico quando a dor for diferente, persistente ou vier acompanhada de outros sintomas, conforme já foi explicado acima. O diagnóstico precoce, seja para câncer ou qualquer outra doença, salva vidas.
Já imaginou ter que andar sobre uma ponte instável rodeada por água e manter o equilíbrio e a concentração para não cair? Ou poder visitar uma cidade ou país que deseja conhecer e andar pelas ruas sem sair do seu local de origem? Escalar o Everest por meio de uma tela?
Essa é a evolução da gamificação, que teve início na década de 1940, quando os cientistas Alan Turing e Thomas T. Goldsmith Jr. começaram a imaginar uma forma de entretenimento eletrônico para os computadores da época, utilizados para cálculos científicos. Outro visionário, o físico William Higinbotham, criou em 1958 o primeiro jogo eletrônico interativo, chamado “Tennis for Two”, em que dois jogadores podiam controlar a trajetória da bola e competir entre si em um jogo de tênis simplificado.
Mas você deve estar se perguntando: “O que videogames e games digitais, que surgiram no século passado, têm a ver com saúde?” A resposta é simples: os videogames e suas evoluções tornaram-se mais do que produtos de entretenimento. Eles passaram a integrar terapias que auxiliam no tratamento de diversas doenças, como o câncer.
Com o avanço tecnológico, o surgimento da inteligência artificial, da realidade virtual e de outras inovações agregaram muito à saúde — especialmente na reabilitação de pacientes. “Se a gente parar para pensar, a reabilitação vem passando por grandes transformações, e a tecnologia tem contribuído significativamente para melhorar a qualidade do atendimento e a atuação do terapeuta. O interessante dessas novas tecnologias é que elas fornecem parâmetros objetivos ao profissional — algo que, na reabilitação, muitas vezes, é subjetivo. Por meio da gamificação, IA e realidade virtual, é possível mensurar os resultados e proporcionar uma terapia mais eficaz e interativa ao paciente”, explica o fisiatra e coordenador médico do Centro Especializado em Reabilitação do Hospital de Amor, em Barretos (SP), Dr. Henrique Buosi.
Do obstáculo com pedras no chão à bexiga projetada na parede…
AMADEO, ARMEO, C-MILL e NIRVANA são dispositivos utilizados na reabilitação de pacientes oncológicos e não oncológicos nas unidades de Reabilitação do Hospital de Amor. Cada aparelho tem uma função específica, mas todos têm algo em comum: a gamificação! Esses dispositivos utilizam a gameterapia na reabilitação dos pacientes.
Um dos dispositivos que faz sucesso entre os pacientes do HA é o C-MILL, uma ferramenta que fornece avaliação objetiva e detalhada do equilíbrio e da marcha dos pacientes. Equipado com placa de força, realidade aumentada e realidade virtual, ele torna o processo de reabilitação mais eficiente.
Durante a sessão, o paciente interage com um game indicado para sua fase de tratamento. A partir dessa interação, é possível analisar diversos parâmetros, como explica o fisioterapeuta e coordenador da equipe multiprofissional do Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP), Thiago Felício.
“O C-MILL é uma esteira interativa, cuja base é uma plataforma de força. Com ela, trabalhamos a marcha por meio de jogos que aparecem tanto na tela quanto na esteira. Cada passo do paciente é registrado, e, conforme ele supera os obstáculos do jogo, recebe feedbacks positivos ou negativos. O C-MILL permite trabalhar diversas áreas. No setor de fisioterapia, é usado para melhorar a marcha, o equilíbrio (estático e dinâmico), a descarga de peso nos membros — especialmente em casos em que os pacientes não conseguem distribuir o peso igualmente entre as pernas —, além de treinar a coordenação motora.”
Outro dispositivo bastante popular, especialmente entre as crianças, é o NIRVANA, que auxilia na reabilitação motora e cognitiva de pacientes que perderam funções em decorrência do tratamento oncológico, ou que foram diagnosticados com TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade), dislexia e deficiência intelectual.
Além disso, o NIRVANA proporciona uma experiência imersiva ao usuário, criando ambientes realistas que o ajudam a trabalhar coordenação motora, equilíbrio, destreza manual, amplitude de movimento, estímulo cognitivo e visão subnormal.
O NIRVANA é um dos recursos utilizados pelos terapeutas, que complementam a reabilitação com outras atividades lúdicas, explica Juliane Vilela Muniz, fonoaudióloga do Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP). “Utilizamos diversos materiais pedagógicos e robóticos para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Inicialmente, fazemos uso do NIRVANA, e, à medida que o paciente evolui, avançamos para a ‘casa de atividades da vida prática’, onde realizamos tarefas com recursos reais, como cozinhar ou lavar roupa, encerrando assim o ciclo até a alta do setor.”
Um mundo virtual por meio dos olhos
Uma experiência imersiva, interativa e tridimensional, que simula ambientes e obstáculos virtuais, melhora o humor, a disposição, mantém a capacidade física e reduz a ansiedade — tudo isso com o auxílio de óculos de realidade virtual. Essa é uma das terapias utilizadas no HA.
Pacientes que passam por transplante de medula óssea frequentemente enfrentam longos períodos de internação, tornando a reabilitação mais desafiadora. Levar leveza a esse momento é essencial, como explica Simara Cristina Pereira Silva, fisioterapeuta do setor de Transplante de Medula Óssea da unidade adulta do Hospital de Amor, em Barretos (SP).
“Quando o paciente apresenta baixa adesão à fisioterapia e à terapia ocupacional devida à internação prolongada, ou possui quadro de pancitopenia persistente (anemia e baixa de plaquetas), com contraindicação à reabilitação convencional, utilizamos os óculos de realidade virtual. O paciente é imerso em um ambiente virtual que associa dupla tarefa, promovendo uma reabilitação mais dinâmica e aliviando a rotina hospitalar.”
Há pouco mais de um ano, a equipe de fisioterapia e terapia ocupacional do TMO da unidade adulta do HA sentiu a necessidade de inovar o atendimento. Desde então, mais de 30 pacientes utilizaram os óculos de realidade virtual. Com a ferramenta, é possível analisar critérios como a escala de fadiga, permitindo que a equipe multidisciplinar ajuste as atividades e, se necessário, aumente o nível na próxima sessão com os óculos VR.
Realidade virtual no tratamento do câncer infantojuvenil
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa de novos casos de câncer infantojuvenil no Brasil, para cada ano do triênio 2023–2025, é de 7.930 casos. O Hospital de Amor Infantojuvenil diagnostica, aproximadamente, 300 novos casos por ano.
Oferecer tratamento humanizado e de qualidade é rotina no Hospital de Amor, principalmente porque é comum o aumento da ansiedade antes e durante procedimentos médicos — especialmente em crianças e adolescentes. Para proporcionar mais conforto a esses pacientes, o HA Infantojuvenil firmou uma parceria com o estúdio Goblin, sob a liderança do médico cirurgião pediátrico Dr. Wilson Oliveira Junior, para desenvolver o projeto “O Chamado do Herói”.
Segundo o médico, crianças com câncer, por passarem por inúmeros procedimentos invasivos que exigem anestesia, tendem a apresentar níveis de ansiedade elevados. Sabe-se que atividades lúdicas ajudam a criança a compreender os procedimentos a que será submetida, auxiliando-a no processamento de emoções e preocupações de forma mais acessível e menos assustadora.
“’O Chamado do Herói’ tem como objetivo transformar a criança na protagonista da própria aventura. Ao ser submetida a um procedimento desconfortável, ela é transportada para um mundo de fantasia 3D, por meio dos óculos VR. A união entre realidade virtual e elementos táteis proporciona uma experiência imersiva, ajudando a reduzir os níveis de estresse e ansiedade relacionados à doença e ao tratamento. Como consequência, também beneficia o círculo familiar mais próximo”, destaca o médico cirurgião do HA Infantojuvenil.
“Perder um membro não é perder seu valor, é apenas trocar uma parte do seu corpo por uma nova chance de continuar”, declara Gabriele Cecília dos Santos, 14 anos, paciente do Hospital de Amor Infantojuvenil.
Com esse depoimento, iniciamos este texto para falar sobre o mês de abril, considerado o “Mês da Conscientização da Amputação”, cujo objetivo é alertar a população sobre a prevenção e o tratamento da condição, além de promover a inclusão e o respeito às pessoas amputadas. Gabi, como é carinhosamente chamada, precisou amputar a perna esquerda após a descoberta de um osteossarcoma.
Aos 12 anos, enquanto jogava futebol na escola, Gabi machucou o joelho. Com o passar dos dias, o inchaço aumentava. Começou a investigar o problema em Araçatuba (SP), sua cidade natal, onde recebeu o diagnóstico de osteossarcoma. “Naquele momento em que descobri que estava com câncer, chorei e me senti muito angustiada. Mas, a partir do momento em que entendi que nada se resolveria chorando, criei forças para tudo que estava por vir”, conta Gabi.
Há um ano e meio, a jovem realiza tratamento no Hospital de Amor Infantojuvenil, em Barretos (SP), e passou por uma cirurgia de amputação transfemoral – acima do joelho – que preserva a musculatura e protege o osso, proporcionando melhor sustentação da prótese.
Os tumores mais associados à necessidade de amputação são os sarcomas ósseos, especialmente o osteossarcoma, como no caso de Gabi, e o sarcoma de Ewing, que estão entre os mais prevalentes em crianças e adolescentes, conforme explica o coordenador do Departamento de Ortopedia do HA e ortopedista oncológico, Dr. Silvio Sargentini.
“Sem dúvidas, os tumores musculoesqueléticos são responsáveis por grande parte das amputações em crianças e adolescentes. Porém, o trauma – como acidentes de trânsito, queimaduras, choques elétricos, entre outros – ainda é a principal causa geral de amputações nessa faixa etária no Brasil”, afirma o médico. “Eu sei que câncer e amputação parecem palavras que arrancam partes da gente — e às vezes, elas arrancam mesmo: corpo, rotina, certezas… tudo balança. Mas o que elas nunca vão tirar é quem você é de verdade: sua força, sua luz, sua vontade de viver. Antes de me falarem que eu teria que amputar, Deus me visitou em sonhos, pegou em minhas mãos, me levou a cada canto do hospital para me mostrar que eu podia confiar nele. Isso me fez sentir forte e confiante de que tudo daria certo”, relata Gabi.
Reabilitação
Após 14 dias de cirurgia, Gabi recebeu a liberação para realizar a reabilitação no Centro Especializado em Reabilitação do Hospital de Amor. Após uma avaliação médica, foi estabelecido o plano terapêutico, que incluiu a fisioterapia como explica a fisioterapeuta do HA Infantojuvenil, Deiseane Bonatelli.
“Quando a Gabi iniciou a reabilitação, fizemos uma avaliação e traçamos um plano terapêutico pré-protetização. O foco nessa etapa do tratamento foi ganho de força, preparação do coto com enfaixamento e treino de marcha com muletas. Gabi respondeu muito bem a essa parte da reabilitação e foi encaminhada para a protetização”, explica a fisioterapeuta do HA Infantojuvenil.
Uma nova rotina, um novo método de vida, Gabi precisou se adaptar a nova condição, e a reabilitação, que no começo parecia “sem sentido”, como ela mesmo disse durante a entrevista, teve um papel fundamental para que ela atingisse o seu objetivo final: a protetização. “A reabilitação, no começo parecia uma sequência de exercícios sem sentido, mas com o tempo eu percebi que cada gota de suor era uma motivação para eu poder continuar, e colocar a prótese pela primeira vez foi uma sensação completamente inesquecível. Todas as inseguranças que eu tive eu perdi naquele momento, mas com tudo isso foi bom perceber que com a perna de metal eu continuava 100% sendo eu”, conta Gabi.
Após a protetização veio uma nova etapa na reabilitação. Gabi passou a treinar a marcha com e sem apoio, treino de equilíbrio com a prótese e treino de escada, até conseguir andar sozinha, sem o auxílio de muleta.
Osteosarcoma
Quando falamos de câncer infantojuvenil, estamos falando de uma doença rara. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em média, são registrados 300 mil novos casos ao ano de câncer infantojuvenil ao redor do mundo, sendo que 90% destes vivem em países de baixa e média renda (PBMR).
Segundo o INCA, no Brasil, são diagnosticados cerca de 8 mil casos de câncer ao ano. Ou seja, durante todos os dias do ano, a cada hora, uma criança ou adolescente é diagnosticado. Parece alarmante, no entanto, a incidência do câncer de 0-19 anos corresponde a apenas 3% do total de casos de câncer.
O Hospital de Amor Infantojuvenil diagnostica cerca de, 300 novos casos ao ano, em crianças e adolescentes. Nos últimos cinco anos, o HA Infantojuvenil diagnosticou, aproximadamente, 104 casos de osteosarcoma em crianças e adolescentes. “O osteossarcoma é um tipo de câncer ósseo primário que se origina nas células ósseas chamadas osteoblastos. É um tumor maligno que pode se desenvolver em qualquer osso do corpo, mas é mais comum nos ossos longos, como o fêmur e a tíbia, e é uma doença que acomete predominantemente pacientes na segunda etapa da vida, ou seja, entre 10 e 20 anos de idade”, explica a oncologista pediátrica do HA Infantojuvenil, Dra. Erica Boldrini.
Os principais sintomas para esse tipo de tumor são:
– Dor óssea: dor persistente e intensa em um osso específico, que pode piorar à noite ou com atividade física;
– Inchaço: inchaço ou edema na área afetada, que pode ser acompanhado de vermelhidão e calor;
– Limitação de movimento: dificuldade em mover a articulação ou o membro afetado devido à dor ou ao inchaço e
– Fratura: fratura óssea sem causa aparente ou com trauma mínimo.
Se esses sintomas são comuns em adolescentes, é importante fazer um acompanhamento médico, como explica Dra. Erica. “Se um adolescente apresentar algum desses sintomas, é fundamental procurar avaliação médica para determinar a causa subjacente. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem melhorar significativamente as chances de cura e reduzir a morbidade associada ao osteossarcoma”, declara a oncologista pediátrica.
Os principais tratamentos para o osteosarcoma são a cirurgia, onde é realizada a remoção do tumor e do tecido ósseo afetado e quimioterapia, o uso de medicamentos para matar células cancerígenas. “A cirurgia de amputação é indicada quando não há possibilidade de manter o membro acometido pelo tumor ósseo após sua ressecção completa. Em outras palavras, quando preservar o membro significaria deixar para trás parte do tumor ou não atingir margens cirúrgicas seguras — o que comprometeria a chance de cura e diminuiria as taxas de sobrevida do paciente”, explica o médico ortopedista, Dr. Silvio Sargentini.
Como Gabi disse durante a entrevista, “o conselho que eu posso dar para quem está passando por esse processo de amputação é: não tenha medo de se reinventar, a amputação não é o fim”.
Oficina Ortopédica
O Hospital de Amor vai muito além do tratamento oncológico! A instituição foi pioneira em oferecer reabilitação física, mental, intelectual, auditiva e visual, promover qualidade de vida e autonomia para os pacientes.
Além das unidades de Reabilitação, em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO), o HA também conta com três unidades nessas localidades da Oficina Ortopédica, que é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pelo câncer e seu tratamento.
Em 2024, foram confeccionados e dispensados 3.861 dispositivos (órteses e próteses), somando os números nas três unidades: 1.616 dispensados pela unidade de Araguaína (TO), 1.765 dispositivos dispensados pela unidade de Barretos (SP) e 480 dispensados pela unidade de Porto Velho (RO).
As Oficinas Ortopédicas do HA, contam com vários diferenciais, principalmente com a utilização da tecnologia, como explica o coordenador das Oficinas Ortopédicas do HA, Alysson Alvim Campos. “Nós continuamos investindo muito em tecnologias que melhoram muito a manufatura da confecção das próteses. Podemos destacar o nosso robô, que por meio do sistema de digitalização do coto e usinagem robótica, a gente consegue uma maior velocidade na confecção da prótese, através de softwares, que fazem essa confecção, uma modelagem digital, em vez do técnico fazer no molde de gesso, ele faz com o computador, tornando o processo mais rápido e preciso”, explica Alysson.
Mas um fator que é o principal diferencial e que está enraizado no Hospital de Amor, é a humanização. “Eu, que venho de outras instituições, trabalhei em outros lugares, o que eu vejo nos profissionais do HA e das nossas Oficinas Ortopédicas, é diferente. Realmente, não dá para trabalhar nessa instituição se você não está alinhado com o propósito do HA. O que eu percebo com os profissionais, principalmente os das Oficinas Ortopédicas, que estão alinhados com o propósito de fazer essa assistência integral ao paciente. Eu vejo que a dedicação dos colaboradores no sentido de fazer um algo a mais para os pacientes, no que ele pode fazer a mais para contribuir com o paciente”, destaca Alysson.
Recentemente, a cantora Preta Gil assustou seus fãs devido as suas internações causadas por causa do seu tratamento de câncer colorretal. O caso de Preta se assemelha a diversas pessoas abaixo de 50 anos que receberam o diagnóstico da doença, cada vez mais comum no mundo. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que entre 2023 e 2025, serão diagnosticados 45.630 novos casos de câncer colorretal.
Segundo a médica endoscopista do Hospital de Amor Lagarto, Dra. Kelly Menezio Giardina, “o câncer do intestino se refere às neoplasias (cânceres) que ocorrem no intestino grosso (o cólon) e o reto. A profissional explica que, inicialmente, câncer se refere a uma célula que tem um crescimento (e multiplicação) desordenada, e sem fatores de contenção. Dividindo-se rapidamente, estas células agrupam-se formando tumores, que invadem tecidos e órgãos vizinhos, até distantes da origem do tumor (metástases). Pode acontecer em qualquer órgão do corpo humano. É tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente (quando ainda não se espalhou para outros órgãos).
Câncer colorretal: um mal que vem crescendo
Dados da Globocan, de 2022, revelam que a Ásia (531 mil novos casos) foi o primeiro continente em estimativas de novos casos de câncer colorretal, seguido da Europa, a seguir América do Norte e, enfim, América Latina (96 mil novos casos). O Brasil foi responsável por 41.000 novos casos para o mesmo ano. A maioria dos casos de câncer são diagnosticados em fase avançada, quando o índice de cura é mais baixo. Em estados mais carentes, a doença é diagnosticada quando os sintomas são de obstrução de cólon ou por sintomas das metástases, ou seja, com a possibilidade de cura mais ainda reduzida.
Dra. Kelly reforça que é importante saber que, em estágios iniciais, a doença pode ser silenciosa e assintomática. Os primeiros sintomas, que já não são mais precoces, são alterações recorrentes no hábito intestinal, fraqueza e perda de peso sem causa aparente. Mudança no hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre), desconforto abdominal com gases ou cólicas, sangramento nas fezes, sangramento anal e sensação de que o intestino não se esvaziou após a evacuação, são importantes sinais de alerta.
Segundo a médica, este tipo de câncer é um dos principais tumores que existe realmente prevenção. “Prevenir é diagnosticar uma lesão que ainda não é câncer, e tratá-la (ressecar) antes que se desenvolva em câncer avançado. Isso significa fazer diagnóstico precoce”. Kelly reforça que o diagnóstico precoce é um dos maiores aliados, não só contra o câncer colorretal, mas contra muitas outras doenças.
Pessoas entre 45 e 75 anos (sem outros fatores de risco) devem realizar anualmente o exame de Pesquisa Imunológica de Sangue Oculto nas Fezes (FIT) e, a cada 10 anos, a colonoscopia. “Já quem tem histórico familiar de câncer colorretal ou polipose adenomatosa deve ser acompanhado em rastreamento sistemático, por colonoscopia,10 anos antes da idade na qual foi acometido o familiar”, diz a especialista.
Maus hábitos e a genética podem ser fatores de risco
De acordo com a especialista, a incidência do câncer colorretal está relacionada ao índice de desenvolvimento humano (IDH) mais alto como o de países da Europa, América do Norte, Nova Zelândia, onde é observado que o comportamento, como sedentarismo, obesidade, consumo regular de álcool, tabaco e baixo consumo de fibras, frutas, vegetais e carnes magras, aumentam o risco e exposição a fatores oncogênicos (fatores que desenvolvem o câncer). “No Brasil, temos diferentes índices (IDH) e quanto mais baixos, como da região Norte (Acre, Amapá, Roraima), essa doença cai para a quarta posição. Outros fatores de risco estão associados às condições genéticas ou hereditárias, como doença inflamatória intestinal crônica, histórico pessoal ou familiar de adenoma ou câncer colorretal, e ocupacionais, como exposição a radiações.
Uma doença que vem ganhando ‘holofotes’
“Estamos vendo um claro aumento do câncer colorretal em pessoas mais jovens. Assim como a ocidentalização dos hábitos alimentares e estilos de vida têm exposto homens e mulheres a fatores carcinogênicos (que desenvolvem câncer)”, explica a médica. Embora o câncer colorretal ainda seja mais comum em pessoas com 60 anos ou mais, o câncer é mais agressivo em pessoas mais jovens. Por isso, segundo Dra. Kelly, os protocolos americanos (e é uma tendência mundial) recomendam que exames de prevenção (colonoscopia) sejam realizados a partir dos 45 anos.
Hospital de Amor é pioneiro no rastreamento
Para Kelly, “Barretos é pioneiro em pesquisas sobre câncer e estudos realizados que mostram que a incidência e mortalidade em Barretos e no interior de São Paulo, está aumentando, em especial, câncer colorretal e de mama, bastante relacionados a estilo de vida (obesidade, tabagismo e sedentarismo).
Ela diz que os estudos do HA tentam apontar quais são só fatores mais próximos à nossa população, que seriam indicativos de riscos aumentados a desenvolver esse câncer, e como é possível identificar precocemente (rastrear), por meio de exames clínicos pouco invasivos (detecção de fatores encontrados nas fezes), indicando a necessidades desses pacientes de serem submetidos a exames mais invasivos, como a colonoscopia. “Dentre exames mais invasivos, o hospital oferece uma rede complexa e ampla deles, assim como de tratamento, tanto por meio de procedimentos minimamente invasivos como até de cirurgias robóticas, para tratar a doença já instalada”, finaliza Kelly.
Para o médico cirurgião e diretor científico do IRCAD América Latina, Dr. Luís Gustavo Romagnolo, quando uma pessoa famosa divulga o diagnóstico de câncer por meio das redes sociais, o fato é muito noticiado, o que contribui para divulgar mais sobre a importância da prevenção. “Interessante destacar que os principais motivos que nos levam a ter esse tipo de câncer, seriam hábitos alimentares errados”, reforçou.
Tratamento e uso da bolsa de colostomia
Segundo Romagnolo, o Hospital de Amor se destaca por oferecer todos os possíveis tratamentos para este tipo de câncer, desde radioterapia, quimioterapia e cirurgia. “No caso de radioterapia, é utilizado aparelhos que tratam especificamente o local da doença com planejamento específico; na quimioterapia, temos a possibilidade de várias linhas de tratamento, até imunoterapia. Já na cirurgia, desde tratamentos convencionais, mas na grande maioria (no caso, 85%), com técnicas minimamente invasivas, incluído a plataforma robótica com mais de 300 casos operados por ano. E com isso, temos uma recuperação mais rápida e retorno das atividades mais precoces dos pacientes.” diz o especialista.
No caso da necessidade de remoção de parte do intestino devido à doença, alguns pacientes precisam utilizar a bolsa de colostomia. Dr. Romagnolo explica que “a bolsa é uma parte do intestino – que pode ser o intestino grosso (colostomia) ou o intestino delgado (ileostomia) – que em alguns casos é necessária para realizar um desvio do trânsito intestinal e ela fica acoplada, ou melhor, fixada na pele do abdome. Assim, as fezes saem através dele e o paciente utiliza uma bolsa coletora colada. Como se fosse um cano que fica exposto e tem uma bolsa coletora colada para reservar o material”.
“Todo paciente que for realizar um procedimento que envolve o colón ou o reto deve ser orientado sobre a possibilidade de usar a bolsa de colostomia, entretanto, têm aqueles casos em que o paciente necessariamente precisa dessa indicação. Deve-se conversar muito com o cirurgião sobre a indicação precisa”, diz Dr. Luís, que esclarece que a bolsa pode ser utilizada em casos de urgências em que envolve lesão no intestino, como traumas, perfurações, infeções etc.
Romagnolo revela que há casos em que depois da confecção da bolsa não é mais possível realizar a junção do intestino, ou porque o paciente não tem condições clínicas de um novo procedimento – porque qualquer procedimento tem seus riscos – ou também pelo fato de não ter mais condições de junção devido ao fato de não existir mais aquele tecido de junção que foi retirado. “Nos casos em que tem que ser realizado a amputação do ânus, não é possível realizar a reconstrução, e nesses casos a bolsa é definitiva”, diz o médico cirurgião.
Cuidados com a bolsa
Os riscos de ter a bolsa são os de cuidados pós-operatórios, como a necessidade de realizar limpeza e manter a higiene, em casos de ileostomia, desidratação e dermatite na pele, segundo o Dr. Luís. “Nos casos dos benefícios, são aqueles em que o paciente necessita ter colocada a bolsa na obstrução intestinal e, nesses casos, a confecção da bolsa salva a vida do paciente. Os cuidados que os pacientes precisam ter são os básicos de higiene, limpeza e acoplamento da bolsa para evitar dermatite”, diz Dr. Luís, que explica que atualmente existem vários tipos de bolsa para cada tipo de abdome.
Segundo o Dr. Luís, existem muitas pesquisas e inovações sendo realizadas, desde novos medicamentos, como a imunoterapia, como também o uso das plataformas robóticas para o tratamento. “O Hospital de Amor está sempre em busca de novos tratamentos com o intuito de dar o melhor aos seus pacientes”, finaliza.
Neste mês em que celebramos o “Dia Internacional da Mulher” (8 de março) e o “Março Lilás” – campanha de conscientização sobre a prevenção do câncer do colo do útero – o Hospital de Amor tem a honra de homenagear todas as ‘suas mulheres’, que cuidam, acolhem, amparam, ensinam e, acima de tudo, amam! Que tratam – com todo respeito e carinho do mundo – milhares de pacientes. Que fazem o Hospital, ser de Amor!
E por falar em mulher que faz a diferença, o HA não pode deixar de homenagear uma de suas preferidas, motivo de muito orgulho para todos, especialmente para os colaboradores e pacientes da instituição: Dra. Scylla Duarte Prata – a médica ginecologista que sempre esteve à frente do seu tempo. Ela não só criou uma das maiores obras de amor ao próximo da América Latina, o Hospital de Amor (referência em tratamento oncológico gratuito de excelência, com o maior serviço de prevenção de câncer do país e uma estrutura completa focada em ensino e pesquisa), como também foi pioneira na prevenção do câncer ginecológico.
Scylla especializou-se em ginecologia por influência de sua principal referência na medicina, o professor Domingos Delascio. Ele era professor universitário, ginecologista conceituado, autor de obras científicas e referência na tradicional Maternidade Matarazzo, Santa Casa de São Paulo e outras instituições da capital, sendo pioneiro em diversas frentes da saúde da mulher.
Enquanto aluna da USP, Delascio foi seu professor e depois de formada se tornou “médica estagiária” da equipe dele. Era considerada uma residente brilhante, muito dedicada e por isso manteve com seu mestre uma relação de amizade, respeito, reciprocidade e gratidão por toda a vida.
Em São Paulo, Scylla atuou como médica do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários de Santos. Trabalhou na Clínica Ginecológica da Faculdade de Medicina, e fez cursos como de aperfeiçoamento de clínica ginecológica, propedêutica obstétrica, patologia obstétrica, pós-graduação de tumores malignos do aparelho genital e participou de congressos.
Para além da obstetrícia e já tendo contato com os estudos do câncer ginecológico, como assistente do Dr. Domingos Delascio, ela aplicava em suas pacientes exames preventivos de lesões cancerígenas, como a colposcopia, a diatermocoagulação e o Papanicolaou. Junto ao professor, ela fazia estudos científicos sobre o câncer uterino e especialmente o câncer de endométrio, sendo pioneira na difusão do exame no interior de São Paulo.
Scylla se especializou ainda mais no câncer ginecológico e, em 1994, com a contribuição de seu marido – que dizia que “a prevenção é o melhor remédio”, ela foi uma professora para a enfermeira Creuza Saure, responsável por colher exames de Papanicolaou em 92% da população barretense com uma bicicleta e uma mesa ginecológica. Juntas, elas agiram por décadas, por idealismo e confiança no projeto do hospital.
Graças à expertise da médica, o HA salva, ainda hoje, milhares de vidas! São quase 63 anos de história e mais de 30 deles realizando um trabalho incrível de rastreamento e busca ativa, que leva saúde de qualidade e exames preventivos de câncer, gratuitamente, à população das localidades mais distantes e necessitadas. Atualmente, a instituição possui 27 unidades fixas de prevenção e mais de 50 unidades móveis que rodam o Brasil, na tentativa de reduzir as desigualdades de acesso à saúde e oferecer tratamentos mais efetivos.
Esse tipo câncer é considerado o que apresenta condições mais promissoras para prevenção e controle, com possibilidades, inclusive, de eliminação. Fazem parte do arsenal de enfrentamento, a vacinação contra o vírus HPV (Papilomavírus Humano), cuja infecção persistente é o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença. Além disso, outra estratégia, é a detecção precoce de lesões do colo uterino, classificadas como precursoras do câncer e que podem ser tratadas com procedimento simples e alcançar altas taxas de cura.
“Hoje nós temos instrumentos e possibilidades, tanto relacionados à prevenção primária, quanto à prevenção secundária. Eu estou dizendo sobre vacina contra o vírus HPV, que é o vírus que iminentemente causa o câncer do colo uterino entre as mulheres. E em segundo, a prevenção primária, que são os testes que fazem o diagnóstico e o rastreamento, sendo o mais conhecido, o exame de Papanicolaou”, destaca o coordenador médico do programa de prevenção de câncer ginecológico do Hospital de Amor, Dr. Júlio Possati.
• Pacientes portadores de Papilomatose Respiratória Recorrente/PRR a partir de 2 anos de idade.
De acordo com o Ministério da Saúde, o exame preventivo contra o HPV, o Papanicolau, é um exame ginecológico preventivo mais comum para identificar de lesões precursoras do câncer do colo do útero. Ele ajuda a detectar células anormais no revestimento do colo do útero, que podem ser tratadas antes de se tornarem câncer. O exame não é capaz de diagnosticar a presença do vírus, no entanto, é considerado o melhor método para detectar câncer do colo do útero e suas lesões precursoras. Quando essas alterações, que antecedem o câncer, são identificadas e tratadas, é possível prevenir 100% dos casos, por isso é muito importante que as mulheres façam o exame regularmente.
Outra medida importante na prevenção do HPV, são os preservativos internos ou externos. Informações do Ministério de Saúde mostram que, “embora seja eficaz na redução do risco de infecções sexualmente transmissíveis (IST), seu uso não elimina completamente a possibilidade de transmissão do HPV. Isso ocorre porque as lesões podem estar presentes em áreas não cobertas pela camisinha, como a vulva, região pubiana, perineal e bolsa escrotal”. Apesar disso, o uso é extremamente importante parra prevenir possíveis doenças.
Em relação à distribuição geográfica, ele é o segundo mais incidente nas Regiões Norte (20,48 por 100 mil) e Nordeste (17,59 por 100 mil). Na Região Centro-oeste (16,66 por 100 mil) ocupa a terceira posição; na Região Sul (14,55 por 100 mil), a quarta; e na Região Sudeste (12,93 por 100 mil), a quinta posição.
O caso de sucesso
Ela explica que conheceu o HA quando foi convidada, junto a outras influenciadoras locais, para o lançamento de uma campanha de prevenção em Porto Velho, em 2019. “Fomos para este evento, que foi no Hospital de Amor, no qual a equipe do hospital apresentou dados alarmantes das mulheres da região Norte. Eu lembro que foi bem legal, saiu na mídia, nos jornais, etc. Durante o evento, foi feito uma dinâmica incentivando a gente a levar o maior número de mulheres para fazerem o exame de mamografia, quem levasse mais mulheres se tornaria uma das embaixadoras da unidade. Em seguida, veio a pandemia”, explicou.
“Minha filha falou para os médicos: ‘Meu pai vai viver’.” Esse texto é sobre uma história de fé e superação do senhor Josafá de Oliveira Lima, 47 anos, natural de Conceição da Feira (Bahia).
Senhor Josafá deu entrada no Hospital de Amor, em Barretos (SP), em setembro de 2024, quando, ainda em sua cidade natal, descobriu nódulos no fígado e no intestino. Após se sentir mal, ele realizou alguns exames e foi constatado ‘Helicobacter pylori’, mais conhecida como ‘H. pylori’ – uma bactéria que pode causar gastrite, úlceras e câncer de estômago.
“Comecei a sentir umas dores e fiz um exame de ‘H. pylori’, que deu positivo para a bactéria e foi feita a biópsia, que não deu nada. Mas, ‘H. pylori’ não deixa você fraco. Comecei a sentir umas dores e fraquezas. Fiz alguns exames de rotina e ninguém descobria nada, a hemoglobina estava baixíssima. Fiz outros exames e na ressonância magnética foram constatados uns nódulos no fígado e intestino”, explica Josafá.
Encaminhado para o Hospital de Amor, Barretos (SP), em setembro de 2024, senhor Josafá foi internado para realizar exames e uma possível cirurgia para a retirada dos tumores. Porém, quando realizou o exame de colonoscopia, os médicos identificaram que o tumor estava maior do que o esperado e mudaram a conduta do tratamento.
Foi indicado para o senhor Josafá fazer seis sessões de quimioterapia para diminuir o tumor, mas após a terceira sessão, ele teve uma intercorrência e precisou ser operado. “Na terceira quimioterapia que eu tomei, em novembro de 2024, o tumor estourou dentro do meu intestino. Deu choque séptico anafilático agudo. Já fui entubado, entrei em coma induzido e passei por cinco cirurgias, coloquei dreno, precisei de traqueostomia. Minha situação era muito complicada, os médicos chamaram minha filha e falaram: ‘Nós não temos como resgatá-lo, o caso dele é grave e não temos como fazer mais nada, está nas mãos de Deus’, conta.
Senhor Josafá ficou 38 dias internado, sendo 25 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), desses 25, 15 dias em coma induzido e 13 dias na internação. “Minha filha falou para os médicos: ‘O meu pai vai viver’. Minha filha foi buscar a palavra na igreja e Deus falou com ela: ‘Estou entrando lá agora na UTI e dando vida para quem você ama.’ Foi Deus falando lá e eu vivendo aqui”, declara senhor Josafá.
Recuperação
Buscando sempre o atendimento integral em saúde, o Hospital de Amor, além de promover saúde por meio de atendimento médico hospitalar qualificado em oncologia, de forma humanizada, em âmbito nacional para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A instituição se dedica para integrar seus atendimentos, principalmente, com a reabilitação de seus pacientes oncológicos e de pacientes não oncológicos.
“O fato de o hospital oncológico contar com um centro especializado em Reabilitação traz celeridade ao processo de recuperação do paciente, além da possibilidade de diagnóstico e intervenção precoce nas sequelas oriundas do câncer ou do seu tratamento. O suporte psicológico, nutricional e, de um modo geral, multidisciplinar, traz conforto ao paciente e propicia uma recuperação rápida e completa. A possibilidade de intervenção precoce (as chamadas fases de pré-habilitação e habilitação) também proporciona um ganho imensurável no tratamento e na gravidade das sequelas”, comenta o coordenador das unidades de Reabilitação do Hospital de Amor, Dr. Daniel Marconi.
Por conta da doença, dos cinco procedimentos cirúrgicos e do tempo de internação, senhor Josafá teve a FAUTI – fraqueza muscular adquirida na UTI, como explica a fisioterapeuta do HA, Julia Garcia Souza. “Senhor Josafá teve a FAUTI, a fraqueza muscular adquirida na UTI, por conta do imobilismo. Ele passou 25 dias na UTI, não se movia, e com isso, perdeu massa muscular, o que ocasiona a perda da força e do peso”, explica a fisioterapeuta.
“Até então, na minha cabeça eu tinha passado por algo simples. Eu estava dormindo, depois fui entender o que tinha acontecido. Eu saí da UTI na cadeira de rodas, eu não me levantava, eu não conseguia ajoelhar para orar”, explica senhor Josafá.
Encaminhado para o Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP), ele passou pela primeira consulta com a fisioterapeuta Julia Garcia Souza, e ela já o orientou a realizar alguns movimentos de fortalecimento em casa. “Entrei na reabilitação, passei pela avaliação e a Julia já me indicou para fazer alguns exercícios em casa. Na segunda vez que vim, entrei com andador e, na terceira sessão, já entrei andando. A Julia tomou até um susto, então aqui reabilita mesmo”, conta.
O primeiro objetivo do tratamento de reabilitação do senhor Josafá era o fortalecimento global, a recuperação do equilíbrio e da marcha. Julia explica que ele já alcançou esses objetivos e que agora a reabilitação é para prepará-lo para que possa continuar com o tratamento oncológico. “A próxima etapa no tratamento de reabilitação do senhor Josafá é trabalhar mais essa performance cardiopulmonar com exercícios aeróbicos, o powerbreathe (exercitador respiratório), para ajudar no fortalecimento da musculatura respiratória e para dar condições para ele continuar com o tratamento oncológico”, ressalta Julia.
Reabilitação
Reabilitar a saúde física, mental, intelectual, auditiva e visual, promover qualidade de vida e autonomia são os principais objetivos das unidades de Reabilitação do Hospital de Amor. O sucesso do resultado da reabilitação é devido à utilização da tecnologia, mas principalmente à expertise, o amor e o carinho que os profissionais têm com os pacientes.
“Sem dúvida alguma, a existência de um corpo clínico nas áreas médica e multidisciplinar é o segredo de um atendimento de excelência e humanizado. Terá a possibilidade de agregar a esse time um aparato tecnológico de última geração, o que traz um incomensurável benefício terapêutico: rapidez, precisão, qualidade técnica e confiança na obtenção e interpretação dos dados evolutivos. Essa combinação poderosa resulta em um processo de reabilitação de sucesso. A inclusão social se torna completa na medida em que também oferecemos esporte adaptado e profissionalização às pessoas com deficiência”, declara Dr. Daniel Marconi.
“Quando eu iniciei a reabilitação, já comecei a fazer os testes de equilíbrio e de força, e comecei a me sentir melhor, tanto que hoje eu faço esteira e bicicleta, e me sinto muito bem. Aqui é um centro de reabilitação mesmo e ajuda muito nós, pacientes. Antes, eu não conseguia fazer nada; hoje, ando normal, fui pescar, ganhei mais peso, ganhei músculo. A reabilitação transformou a minha vida, me ajudou muito e tudo isso graças ao Hospital de Amor, onde me senti abraçado”, declara senhor Josafá.
Ele foi um dos 1.107 pacientes do Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP), que tiveram, em 2024, a oportunidade de transformar suas vidas por meio da reabilitação, seja após o tratamento oncológico ou por conta de outro tipo de comorbidade.
Se somar os atendimentos médicos como neuropediatra, oftalmologista, fisiatra, pediatra, entre outras especialidades com a equipe multidisciplinar (fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutrição, entre outras), nas três unidades de Reabilitação do Hospital de Amor: em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO), foram realizados 116.195 atendimentos em 2024.
Além dos atendimentos médicos e com a equipe multidisciplinar, foram confeccionados e dispensados 3.861 dispositivos (órteses e próteses), somando os números nas três unidades: 1.616 dispensados pela unidade de Araguaína (TO), 1.765 dispositivos dispensados pela unidade de Barretos (SP) e 480 dispensados pela unidade de Porto Velho (RO).
“Há uma década, o Hospital de Amor possui essas estruturas conjugadas: oncologia e reabilitação, e essa experiência foi tão exitosa que se traduziu em uma política pública na nova ‘Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer’, publicada em fevereiro de 2025 (https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-6.590-de-3-de-fevereiro-de-2025-611094415), o que significa que todas as instituições oncológicas ficam agora respaldadas por força de lei a contarem com o centro de reabilitação ou estarem conveniadas com algum já existente”, esclarece Dr. Daniel Marconi.
Um menino e mil sonhos, mas o principal deles: ser jogador profissional de futebol. Mateus Afonso Máximo, 19 anos, natural de Montes Claros (MG), foi diagnosticado com osteossarcoma aos 14 anos e precisou fazer a amputação da perna direita.
“Com 14 anos, eu gostava muito de jogar bola, sempre fui ativo, andava de bicicleta e fazia todo tipo de esporte. Aí, um dia eu estava jogando bola e machuquei o pé, o tornozelo esquerdo. A gente não sabia o que era, achava que era um lance de bola mesmo”, conta Mateus. Mas, com o passar do tempo, o tornozelo continuo com um inchaço. Após retornar de uma viagem à Belo Horizonte, a mãe de Mateus o levou ao médico para ser examinado. “Eu voltei para a minha cidade, fiz um raio-x e no exame deu que tinha alguma coisa lá, mas o médico não sabia o que era. Aí, ele encaminhou a gente para um especialista na área para saber”, relatou o paciente.
Mateus foi submetido a uma biópsia e infelizmente o resultado foi positivo para um osteossarcoma na fíbula. Em Montes Claros (MG) não havia especialista para realizar a cirurgia de amputação do Mateus, foi onde ele conseguiu encaminhamento para o Hospital de Amor, em Barretos (SP), e colocou uma prótese.
Em tratamento paliativo desde 2024, Mateus ressignificou o seu maior sonho e definiu um novo propósito para a vida: levar leveza para as pessoas que estão em tratamento oncológico por meio da risada.
Numa consulta de rotina com a psicóloga da unidade infantojuvenil do HA, Jéssica Estay, durante um exercício que aflora os sentimentos, o paciente contou que gostava de fazer as pessoas sorrirem. Pensando nisso e na importância de realizar sonhos, a profissional entrou em contato com o Instituto Sociocultural e fez uma proposta: uma imersão de dois dias com os Palhaços da Alegria. O pedido foi atendido e assim aconteceu!
Ao questionar a profissional sobre a importância de realizar esses atos, ela destaca que se dispõe a ajudar todos os pacientes, de maneira individual e humanizada. “Eu busco, no meu trabalho, proporcionar memórias afetivas para os pacientes para que eles não tenham somente lembranças de momentos difíceis, procedimentos e internações”, relatou Jéssica.
De acordo com o coordenador do projeto ‘Palhaços da Alegria’ e idealizador do Palhaço ‘Figuerino’, Guilherme Figueiredo, foi a primeira vez que essa imersão com o paciente aconteceu. “Nós temos uma relação legal com a equipe do infantojuvenil e isso faz com que possamos tornar possível algumas ações que visam beneficiar o paciente”.
Mateus, realizou a imersão em dois dias. No primeiro dia, ele aprendeu sobre as técnicas, no segundo, ele fez uma interação na unidade infantojuvenil com o time dos Palhaços da Alegria. “O Mateus sempre se colocou disponível, então, no primeiro dia nós fizemos uma roda de apresentação e falamos para ele a importância de se conhecer para realizarmos os trabalhos em dupla e criar uma confiança com o parceiro de cena”, destacou o coordenador.
Nesse dia, o paciente também aprendeu as experiências da palhaçaria, incluindo a ‘palhaçaria hospitalar’. Nessa dinâmica, Guilherme Figueiredo e os demais participantes do grupo explicaram ao Mateus o que era permitido no meio hospitalar e quais brincadeiras e técnicas eles utilizavam antes de iniciar a interação com os pacientes. Além disso, eles fizeram testes de figurinos, ensaiaram cenas e músicas, e criaram um nome para o novo bobologista do dia: ‘Dr. Teteu’.
No segundo dia, Mateus, acompanhado dos doutores bobologistas – Dr. Figuerino, Dra. Alavanka e Dr. Grilo – fez a intervenção na unidade infantojuvenil do Hospital de Amor. Para isso, eles levaram o figurino que o Dr. Teteu escolheu e, juntos, fizeram as cenas ensaiadas, além de uma música exclusiva para o paciente.
Para que a experiência da intervenção ficasse ainda mais especial, Mateus escolheu alguns lugares, que marcam a sua trajetória na unidade infantojuvenil, para visitar, brincar e se sentir mais à vontade e acolhido.
Ao relembrar a sua trajetória no HA e falar a respeito do seu interesse pela palhaçaria, Mateus Afonso, defende que aprendeu muita coisa desde quando chegou na instituição. “Independentemente da situação que a gente está, acho que a gente nunca pode perder a nossa essência e isso foi uma coisa que me marcou muito e vem me marcando até hoje, porque todo mundo que me vê bem, fala: “nem parece que você está doente, você vive sorrindo”. Então, acho que o motivo é esse. Eu procuro brincar para sair um pouco do clima, né? Sair um pouco do contexto do hospital, porque, querendo ou não, a gente sabe que é uma coisa muito difícil de lidar. Acredito que a essência é o essencial, a gente não pode perder a essência porque isso é o que a gente é”, declara o paciente.
Para o coordenador do projeto Palhaços da Alegria, essa imersão foi um acontecimento especial. “Passa um filme na minha cabeça, então, a sensação que me vem ao acompanhar este desejo é de nostalgia. Quando eu vejo alguém se interessando pela palhaçaria, eu me vejo nessa pessoa porque eu lembro de como foi o meu processo de inicialização nessa arte. A palhaçaria faz a gente se conectar com as pessoas, traz empatia e um olhar cuidadoso. A arte mudou a forma como eu vejo o mundo e ver alguém desejando ter essa experiência, é inspirador. Então, é um sentimento de gratidão”, destaca Guilherme.
Essa imersão não foi apenas uma experiência para o paciente. Essa ação, fez com que Mateus visse novos sentidos na vida e reformulasse o seu propósito. “Eu sou para frente, sempre assim, de cabeça erguida. Nunca sou de abaixar a cabeça. Então, acho que o meu legado é continuar sendo feliz, sorridente e brincalhão. Acredito que o meu propósito seja fazer as pessoas sorrirem”, completa Mateus.
“Deus falou comigo, e Ele disse que o meu tumor era benigno”. Esse texto é sobre a história de fé, superação e recomeço de Paulo Aguiar Ferreira, pastor de missões, com 64 anos e paciente do Hospital de Amor, que conseguiu, através do tratamento e reabilitação, voltar a escutar e a ter qualidade de vida.
Em 2021, a família do senhor Paulo começou a perceber os primeiros sinais de que havia algo errado com sua saúde. De uma semana para outra, ele perdeu a audição e o equilíbrio das pernas, não conseguindo ficar em pé.
Residente em Caldas Novas (GO), Paulo começou a investigar e foi encaminhado para o HA, em Barretos (SP). Passou pela consulta, realizou exames e foi encaminhado para uma cirurgia, para a retirada de lâminas do material que foram encaminhadas para a biópsia. “Eu, sentado na porta da minha casa, em uma cadeira de balanço, já estava surdo, e Jesus falou comigo. Se eu falar que escutei, estou mentindo, mas Ele falou no meu espírito: ‘Ei?! Ei?! É benigno’. Chegou no dia da operação, antes de entrar na sala de cirurgia, falei com o doutor, que era benigno”, conta emocionado o paciente.
“O Paulo foi submetido à cirurgia e encaminhado para a biópsia. Foram quatro lâminas encaminhadas para três laboratórios diferentes para descobrir o problema dele”, conta sua esposa, dona Delma França Ferreira.
Paulo foi diagnosticado com um meningioma intracraniano, um tumor benigno que se desenvolve nas meninges, as membranas que protegem o cérebro e a medula espinhal. O tratamento indicado para o caso de seu Paulo foi com medicamentos via oral, devido à localização do tumor.
Reabilitação
Além da perda da visão e da fraqueza, seu Paulo ainda passou por um processo de depressão, pois não aceitava a condição em que estava vivendo. Ele foi encaminhado para o Centro de Reabilitação do Hospital de Amor, em Barretos (SP), onde passou por todo o tratamento com a equipe multidisciplinar, como conta sua esposa.
“Aqui na reabilitação, encontramos a força para ele conseguir ter qualidade de vida e voltar a fazer tudo o que fazia antes. Toda a parte de reabilitação, como fisioterapia, nutricionista, psicólogo e até mesmo psiquiatra, foi fundamental, porque a situação era muito crítica. Ele não aceitava as condições em que estava vivendo. Foi muito esforço e dedicação para conseguirmos vencer essa luta, que não foi fácil. Deus abençoou através do hospital e da reabilitação, para que Paulo pudesse voltar a ter uma vida normal”, explica dona Delma.
A perda auditiva foi um fator muito significativo para o desencadeamento da depressão. Senhor Paulo perdeu 100% da audição, o que fez com que ele tivesse muita dificuldade em se comunicar com outras pessoas. “No caso do seu Paulo, ele passou por um extenso tratamento devido à lesão cerebral e, após ter superado essa etapa, infelizmente a audição ficou muito comprometida. Ele foi encaminhado para a reabilitação com muita dificuldade na comunicação.
Após toda a avaliação auditiva, concluímos que os aparelhos auditivos convencionais não poderiam ajudá-lo. Assim, discutimos a possibilidade de encaminhá-lo para a realização da cirurgia, o que foi muito bem aceito por ele e pelos familiares”, explica o médico otorrinolaringologista do HA, Dr. Rafael Baston.
Implante coclear
A reabilitação auditiva indicada para o caso do senhor Paulo foi a inserção de um implante coclear, um dispositivo eletrônico conhecido como “ouvido biônico”, colocado cirurgicamente nos ouvidos. Esse dispositivo permite que pessoas com perda auditiva severa ou profunda percebam os sons.
O aparelho capta os sons do ambiente, converte-os em sinais elétricos e os transmite diretamente ao nervo auditivo, contornando a parte danificada do ouvido interno. “O sistema é composto por duas partes principais: uma parte externa que inclui um microfone que capta o som, um processador de fala que converte os sons em sinais digitais e uma antena que envia esses sinais para a parte interna. A parte interna consiste em um receptor implantado sob a pele e um feixe de eletrodos inserido na cóclea. Esses eletrodos estimulam diretamente o nervo auditivo, permitindo que o cérebro interprete os sons”, explica o médico otorrinolaringologista.
Senhor Paulo foi o primeiro paciente do Centro de Reabilitação do HA indicado para esse tratamento. Ele foi encaminhado para o Hospital de Base, em São José do Rio Preto (SP), para realizar a cirurgia da inserção do implante coclear. Após a cirurgia, ele realiza todo o acompanhamento e reabilitação auditiva no Hospital de Amor.
“Inicialmente, senhor Paulo precisou se acostumar com os novos sons que o implante proporciona, pois a percepção auditiva, por meio do implante coclear, é diferente da audição natural. No entanto, ele tem mostrado um progresso notável. Como ele é pastor e tem um contato constante com a comunicação verbal, isso tem sido muito importante para sua integração social e profissional. A evolução tem sido excelente, e ele vem relatando que está muito satisfeito, principalmente em relação à sua habilidade de se comunicar novamente com clareza”, declara Dr. Rafael Baston.
“É um processo que, depois da operação, você vai fazendo. Quanto mais você usa o aparelho, mais você vai escutando. Os médicos disseram que eu ia escutar de 90% a 100%, mas eu não sei qual a porcentagem que estou escutando hoje, mas estou aprendendo a escutar novamente. Eu não tenho pressa, porque o que eu passei, o sofrimento que eu tive, eu tive. Hoje, estou restaurado na presença de Deus. Eu escuto e me comunico, porque o que eu fazia antes, estou fazendo novamente: comunicar e voltar a falar do amor de Deus. Isso para mim não tem preço! Hoje, posso dizer que sou um milagre de Deus, porque quem me viu há três anos, me vê hoje do jeito que estou. Só Deus na minha vida”, declara o paciente.
Reabilitação auditiva
Prevenir, tratar e reabilitar, esses são alguns dos pilares do Hospital de Amor. Receber o diagnóstico de câncer é um momento difícil para o paciente e seus familiares, e o HA procura amenizar ao máximo, por meio de tratamento humanizado e amor.
A reabilitação é uma importante etapa do processo para ajudar o paciente a retomar sua autonomia e qualidade de vida. O HA possui três unidades de reabilitação, em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO), e os atendimentos são realizados tanto para pacientes oncológicos quanto não oncológicos, e a reabilitação auditiva é um dos serviços oferecidos pelas unidades.
“Aqui, dispomos de um amplo arsenal de exames auditivos, com equipamentos de alta qualidade e equipe especializada, o que nos permite realizar avaliações auditivas mais assertivas em pacientes de todas as idades. Na grande maioria dos casos, os pacientes com perda auditiva obtêm ótimos benefícios com o tratamento oferecido por meio de aparelhos auditivos convencionais. No entanto, em casos de perda auditiva de grau mais avançado, como o do senhor Paulo, quando os aparelhos auditivos convencionais não são suficientes, existe a possibilidade de indicarmos tratamentos com aparelhos auditivos cirurgicamente implantáveis, entre eles, o implante coclear. Essa indicação vem sempre após uma série de testes audiológicos e uma avaliação conjunta com a equipe multiprofissional, para garantir o tratamento mais adequado para cada paciente”, explica o médico.
Qual o valor de um abraço? Para a enfermeira Nayara Sartori, esse gesto passou a ter muito mais significado depois de ficar um bom tempo sem receber um abraço do seu avô. Após dois meses de fisioterapia, ela recebeu o tão aguardado abraço do homem que ela considera como pai. “É muito amor! Para mim, o meu avô é um pai. Ai que a gente percebe um valor de um abraço, então é muita gratidão, à Deus primeiramente e a todo o suporte que a gente tem aqui”, declara Nayara.
Senhor Edson Sartori descobriu um tumor na laringe no início de 2024, mas antes da descoberta do câncer, ele sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral), que o deixou debilitado, como conta sua esposa, Ana Sartori. “A gente sabia que ele tinha ficado com uma das cordas vocais paralisadas após o AVC, e a gente sempre achando que era isso, pois ele se engasgava muito. Foi feito uma tomografia e foi descoberto um tumor na laringe. Esse tumor estava impedindo a passagem do ar e, por isso, ele estava se engasgando bastante, não conseguia falar. Logo em seguida, ele já começou a utilizar a traqueostomia, para ajudar na passagem do ar”, conta dona Ana.
Eles haviam se mudado para Barretos (SP) para tratar o AVC e com a descoberta do tumor, foi encaminhado para o Hospital de Amor. Após todos os exames, o tratamento indicado para o caso do senhor Edson foi a cirurgia de laringectomia total, procedimento que consiste na retirada completa da laringe, incluindo as cordas vocais.
A cirurgia foi realizada em setembro de 2024, e o senhor Edson passou um período de, aproximadamente, 30 dias internado. “A última vez que eu vim aqui, ele estava internado. Por conta do meu trabalho, para eu conseguir uma folga é difícil, então agora que eu vim, fiquei admirada. Na última vez, ele nem conseguia reconhecer a gente”, conta Nayara.
Reabilitação
Após a recuperação da cirurgia e liberação médica, senhor Edson iniciou o tratamento de reabilitação, no Centro de Reabilitação do HA, em Barretos (SP). “O senhor Edson para mim, foi uma verdadeira surpresa, pois ele já tinha um antecedente prévio, que foi o AVC. Além disso, na avaliação (momento em que temos o primeiro contato com o paciente), ele estava bem retraído, não conseguia criar um vínculo efetivo. Acho que em razão da cirurgia e a angústia de não conseguir se expressar através da linguagem verbal. E ele sempre estava de olhos fechados, e senti que essa atitude era como se ele não quisesse interação com o meio. Durante as sessões, conseguimos criar um vínculo, os olhares foram se abrindo cada vez mais, e os sorrisos eram cada vez mais frequentes. Após a terapia convencional (fortalecimento de membros inferiores, treino de marcha e equilíbrio), percebi que o Andago poderia ser uma excelente ferramenta para auxiliar na interação social com outras pessoas e profissionais, além de oferecer diversos benefícios para o corpo”, explica a fisioterapeuta do HA, Julia Garcia Souza.
Aproximadamente, dois meses realizando as sessões de fisioterapia, senhor Edson já teve grandes avanços, como ter uma firmeza maior nas pernas e dar os primeiros passos com o auxílio de um andador. “Ele deu uma melhorada boa, ele não firmava o pé no chão, ele precisava ser levantado da cama. Depois que ele começou a fazer a fisioterapia, ele foi firmando mais, andando mudando os passos, para pelo menos, se sentar em uma cadeira de roda, cadeira de banho, e hoje ele faz isso”, conta dona Ana.
“A fisioterapia foi um grande avanço, porque agora ele consegue gesticular, antes ele só falava com os olhos, não tinha expressão, acho que a atividade ajudou um pouco ele a desenvolver essa parte”, explica a neta Nayara.
E quais os próximos passos na reabilitação do senhor Edson? A fisioterapeuta Julia explica que os próximos passos são trabalhar as atividades diárias. “Os próximos passos do tratamento seria trabalhar as atividades de vida diária, como o levantar e se sentar sem apoio, treino de marcha com dispositivos de auxílio, iniciando com o andador e futuramente com a bengala de 4 pontas, com o objetivo de proporcionar o máximo de autonomia possível ao paciente”, explica a fisioterapeuta.
Andago
O Hospital de Amor possui um dos maiores parques tecnológicos do país, todo voltado para prevenção, tratamento e reabilitação dos pacientes, e algumas dessas tecnologias são utilizadas nas unidades de Reabilitação do HA, em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO).
Um desses equipamentos é o Andago – uma tecnologia robótica usado na reabilitação de pessoas que apresentam alterações no andar (chamado de marcha) e no equilíbrio corporal, como no caso do senhor Edson.
A principal característica do Andago, é que ele é um facilitador da marcha, como diferencial de retirar 50% do peso corporal do paciente, através do seu mecanismo de suspensão, oferecendo total segurança para o paciente. Além do treinamento de marcha, o aparelho é versátil, podendo ser utilizado para outras funções, como explica o médico fisiatra do HA, Dr. Henrique Fernandes Buosi.
“A principal função do Andago é o treino de equilíbrio e marcha, mas pode ser usado para outras funções, como treinamento de autopercepção corporal (propriocepção), mobilidade dos membros inferiores e até dos membros superiores, quando é necessário trabalhar múltiplas funções simultâneas”, esclarece o médico.
O equipamento é indicado em todas as fases de reabilitação, porém é imprescindível que o usuário tenha determinado nível de controle do tronco e movimentação dos membros inferiores. A indicação do uso é dinâmica e revista constantemente em conjunto entre equipe e paciente.
“A própria patologia e os tratamentos oncológicos, podem trazer diversos impactos que alterem a função de sustentar o próprio corpo e ser capaz de equilibrar-se e trocar passos. Essas alterações podem ser oriundas de lesões neurológicas, musculares ou amputações. O Andago atua diretamente nas terapias que focam nestas alterações, e é um dos equipamentos mais usados no Centro de Reabilitação, pois permite um treino de andar seguro e com menor sobrecarga física do terapeuta”, complementa Dr. Henrique.
Além do trabalho do equilíbrio e da marcha, o Andago também ajuda que o paciente tenha uma interação social durante a terapia, pois ele não é um equipamento que fica fixo em um local, permitindo que o usuário ande no ginásio e nos corredores do Centro de Reabilitação.
Importante ressaltar que, quando o paciente não possui marcha, é utilizado outras terapias, como a convencional ou o Lokomat, tonando o aparelho e o tratamento personalizado, de acordo com a necessidade de cada paciente. “A tecnologia robótica é uma complementação vital das terapias tradicionais, porém não a substitui. Um bom terapeuta é a chave para uma reabilitação adequada e um paciente participante e entendedor do processo, é tão importante quanto. Aliado esses fatores, certamente a qualidade de vida dos usuários serão atingidas de maneira mais assertiva. Quando se luta por uma terapia com alta tecnologia, estamos lutando para garantir que todo o processo seja mais ágil e, desta forma, mais pessoas sejam beneficiadas”, destaca o médico fisiatra.
Oferecer tratamento oncológico de qualidade e de maneira humanizada é rotina no Hospital de Amor! Para cada diagnóstico de câncer, há um protocolo diferente e personalizado de intervenção, mas em todos eles, há humanização para garantir o bem-estar do paciente. E dentre tantas possibilidades de tratamento, a quimioterapia (apesar de temida por conta de seus efeitos colaterais) ainda é um dos mais eficazes para diversos tipos de tumor.
Trata-se de um procedimento em que se utilizam medicamentos – que se misturam com o sangue e são levados a todas as partes do corpo – para destruir as células doentes que estão formando o tumor, impedindo também que se espalhem. Quando esta aplicação é intravenosa, ou seja, aplicada na veia ou por meio de cateter, ela pode causar alguns desconfortos nos pacientes que a recebem. E é aí que, mais uma vez, o HA se destaca!
Projeto inovador
Com o objetivo de minimizar os riscos de cardiotoxicidade e os efeitos colaterais induzidos pela quimioterapia, a equipe do departamento de fisioterapia da instituição, por meio do ‘Programa de Fisioterapia na Atenção ao Câncer’, desenvolveu um projeto de pesquisa inovador, que busca elaborar um plano de exercícios de baixa à média intensidade para realização durante a infusão de quimioterapia.
O estudo, idealizado pela coordenadora do departamento de fisioterapia do Hospital de Amo, Dra. Carla Elaine Laurienzo da Cunha Andrade, junto a fisioterapeuta, Simara Cristina Pereira da Silva, e a residente de fisioterapia, Brenda Taynara Macedo da Costa, foi implementado em outubro deste ano na instituição e já atendeu mais de 20 pacientes.
“Com este protocolo poderemos comprovar que a realização de exercícios físicos (de baixa à média intensidade), durante a infusão de quimioterapia, promove a melhora da funcionalidade, fadiga, neuropatia e, principalmente, o bem-estar dos pacientes do estudo, quando comparados aos pacientes que não realizam nenhuma atividade física durante o momento da infusão”, explica Dra. Carla.
Neste primeiro momento, o estudo está sendo realizado em mulheres com diagnóstico de câncer de mama, que tenham entre 18 e 60 anos e aceitem participar do protocolo. Porém, a prática de aliar quimioterapia a exercício físico é indicada para todos os tipos de câncer, podendo beneficiar todos os pacientes do HA que passam por tratamento quimioterápico.
“Há evidências na literatura que indicam que o exercício realizado durante a infusão de quimioterapia, promove aumento da perfusão que pode melhorar a administração do medicamento e atenuar alguns efeitos colaterais dele. Então, além dos benefícios relacionados a própria quimioterapia, o projeto poderá influenciar também no hábito da prática de atividade física, promovendo uma maior adesão e entendimento para os pacientes sobre a importância de se manterem ativos durante o tratamento oncológico e as vantagens dos exercícios para sua saúde física e emocional”, afirma a coordenadora.
Como funciona?
A paciente que se encaixa em todos os requisitos exigidos pelo estudo e aceita participar do projeto, é direcionada para o Centro Infusional do HA, em Barretos (SP), nas salas comuns de infusão. Durante a sessão de quimioterapia, uma fisioterapeuta com especialização em oncologia leva o ‘kit de exercícios’, inclusive uma minibicicleta ergométrica e um fone de ouvido, e inicia as atividades. “Para a realização dos exercícios, a paciente escolhe a playlist que desejam ouvir durante o procedimento e escuta a seleção de músicas em fones de ouvido. Além da humanização, esse tipo de intervenção também é uma forma de diminuir o tédio durante as horas de infusão em que as pacientes ficam nas poltronas, tornando este momento um pouco mais leve na jornada do seu tratamento”, declarou Dra. Carla.
A paciente Fernanda Barbosa, de 43 anos, consegue identificar todos esses benefícios! Em tratamento no HA contra um câncer de mama, a mineira de Araxá, que sempre praticou atividades físicas e necessitou parar por conta dos efeitos colaterais decorrentes dos procedimentos, sentiu diferença pós receber a quimioterapia associada aos exercícios. “Em poucos minutos realizando as atividades, senti que minha ansiedade foi embora, eu fiquei muito mais disposta e a tremedeira melhorou. Vale muito a pena”, conta.
De acordo com a coordenadora do departamento de fisioterapia do HA, ainda são poucas as instituições oncológicas do país que realizam este tipo procedimento. “Estudos nessa área também são escassos, ou seja, o Hospital de Amor está sendo pioneiro e inovador!”, finalizou.