De acordo com o Ministério de Saúde, são estimados cerca de 17 mil novos casos de câncer de colo de útero de 2023 a 2025, no Brasil. Ao menos 6 mil brasileiras perderam a vida, apenas em 2020, em decurso da doença, um problema que desperta cada vez mais o interesse de pesquisadores na busca por melhores tratamentos. De modo assustador, até 30-40% dos recursos investidos no tratamento do câncer são perdidos devido à ineficiência de alguns processos desnecessários, segundo a startup Hi!
O Harena, como centro de inovação do Hospital de Amor, busca atuar no apoio de desenvolvimento e otimização de empreendimentos que focam em resolução de problemas da área da saúde, como o aumento de tipos de câncer. De acordo como coordenador de projetos do Harena Inovação, Mateus Frederico de Paula, “Nossa equipe vem desempenhando um papel muito importante no apoio de diversas startups, dentre elas, a ‘Hi! Healthcare Intelligence’ – plataforma de Health Analytics que auxilia sistemas de saúde na gestão de desperdícios de tratamentos de alto custo. Nós também oferecemos acesso a recursos, conhecimentos e infraestrutura do Hospital de Amor. Dessa forma, é facilitado o desenvolvimento de networking, parcerias estratégicas, aconselhamento e mentoria”, explica.
Mateus revela otimismo ao participar de modo efetivo no projeto desta startup, principalmente, porque ela foi contemplada com o valor de R$ 350 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP), a fim de desenvolver seu projeto em parceria com o time de oncologia ginecológica no Hospital de Amor, em Barretos (SP).
A cooperação entre a Hi! e o HA visa proporcionar decisões baseadas em oferecer análises de dados que orientam médicos e gestores em escolhas informadas, levando em consideração tanto os resultados clínicos quanto os custos associados. Além disso, também busca gerar a redução de desperdícios, identificando e eliminando processos desnecessários. Ou seja, o projeto é interdisciplinar, pois é desenvolvido por uma equipe formada por médicos, gestores, pesquisadores e especialistas.
Segundo Mateus, “Isso proporciona uma gestão mais eficiente, reduzindo custos e melhorando a qualidade dos cuidados prestados aos pacientes do Hospital de Amor. Além do mais, a plataforma contribui para o avanço da pesquisa em oncologia, fortalecendo a posição do HA como uma instituição líder no tratamento do câncer”, finaliza.
Após a validação deste projeto, há expectativa de ambas as partes sobre uma possível expansão para a segunda fase, quando poderá ser implementado em todos os setores do Hospital, com aporte de fomento de até R$ 1,5 milhão. Ou seja, a plataforma possibilitará o fornecimento de dados valiosos sobre o custo-benefício de diferentes tratamentos, linhas de cuidado e procedimentos em pacientes oncológicos, otimizando ainda mais o tratamento para os pacientes do HA, que recebem o que há de melhor em tecnologia, gratuitamente.
O projeto e sua aplicabilidade para a saúde
O coordenador do Harena explica que a iniciativa é de suma importância para a saúde pública no país, pois visa otimizar o valor entregue aos pacientes nos tratamentos de câncer, que é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. “Ao desenvolver uma plataforma de coleta de desfechos clínicos, avaliações econômicas e gestão de desperdícios para tratamentos de alto custo, o projeto busca melhorar a eficiência operacional dos serviços de saúde, garantindo uma utilização mais efetiva dos recursos disponíveis. Isso pode resultar em uma redução significativa dos custos associados ao tratamento do câncer, tornando-o mais acessível para a população e, consequentemente, melhorando os resultados de saúde e a qualidade de vida dos pacientes”, conta Mateus.
Além disso, ao promover uma abordagem baseada em valor e evidências, o projeto da Hi! contribui para o avanço da prática clínica e para a tomada de decisões mais informadas e assertivas pelos profissionais de saúde. Deste modo, o impacto positivo desta iniciativa pode se estender além do âmbito da saúde, influenciando políticas públicas, diretrizes clínicas e o sistema de saúde como um todo.
A importância de startups no apoio da saúde pública
Fundada em 2019, em São José dos Campos (SP), a Hi! é uma plataforma de Health Analytics que ajuda sistemas de saúde na gestão de desperdícios de tratamentos de alto custo. Uma plataforma que, além de coletar desfechos em saúde (PROMs e PREMs), também é capaz de realizar diagnósticos de desperdício, custo-efetividade e gerar algoritmos personalizados para o desenvolvimento de estratégias para prevenção e predição de novos eventos de alto custo. Ou seja, visa empoderar a estratégia, times de gestão e liderança de sistemas de saúde na gestão baseada em dados relevantes de acordo com a jornada do tratamento de alto custo.
Mateus diz se sentir privilegiado por poder fazer parte de projetos de alto impacto como este, pois maior eficiência pode ser traduzida em maior acesso da população. “É sobre salvar mais vidas!”.
Você sabia que agentes infecciosos como bactérias e vírus podem causar câncer? Segundo o médico coordenador do departamento de Cabeça e Pescoço e Pesquisador do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, de 15 a 17% de todos os tumores malignos possuem relação com esses agentes, incluindo o câncer de colo uterino, predominantemente ocasionado pelo papiloma vírus humano (HPV), com incidência de mais de 17 mil novos casos por ano apenas no Brasil.
O médico conta que já ficou também evidenciada cientificamente uma relação entre o HPV e o câncer de orofaringe ou garganta. “Um estudo desenvolvido no HA, em Barretos (SP), mostrou que cerca de 20% dos pacientes com câncer de garganta tiveram sua doença associada com a infecção crônica pelo HPV. Em outros países, como os Estados Unidos, o HPV chega a ser responsável por 90% dos tumores de garganta. Além do câncer de colo do útero e da garganta, existem outros diretamente relacionados ao HPV, como o de ânus, pênis, vagina e vulva e todos de transmissão sexual”, explica Gama.
Mas o especialista revela que a infecção pelo HPV não é a única vilã, existem evidências que também comprovam que o câncer de estômago está associado com a infecção pela bactéria conhecida como Helicobacter pilory; assim como o vírus HIV (da AIDS) pode ser fator de risco para alguns tipos de câncer do sistema linfático, como o linfoma; enquanto o vírus de Epstein-Barr (EBV) pode ter relação com o carcinoma nasofaríngeo indiferenciado, o câncer gástrico e o linfoma.
Como pacientes oncológicos devem prevenir infecções
Segundo o infectologista, para o tratamento do câncer o paciente pode precisar de cirurgia que, muitas vezes, são cirurgias de grande porte, quimioterapia ou radioterapia. “A depender do tipo de câncer, estes três tipos de tratamento podem ser associados. Tanto a quimioterapia como a radioterapia diminuem as defesas do paciente e isso coloca o paciente em risco de adquirir infecções”, explica Tarso.
Para os pacientes que irão iniciar o tratamento oncológico, uma das principais medidas para prevenção de infecção é a atualização da carteira de vacinação conforme a faixa etária/idade. Pelo Programa Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde, as seguintes vacinas são recomendadas para os pacientes que irão fazer quimioterapia e/ou radioterapia: difteria acelular, coqueluche, tétano, Haemophilus influenza b (conjugada), hepatite B, poliomielite (inativada), sarampo, caxumba, rubéola, zoster, febre amarela, influenza, COVID-19, meningite C, HPV, pneumocócica (VPC13 e VPC23). Todas elas estão disponíveis pelo SUS, entretanto vacinas com vírus vivos ou atenuadas (febre amarela, zoster, sarampo, caxumba, rubéola, pólio oral) são contraindicadas para pacientes em quimioterapia e/ou radioterapia.
“Ressalto que essa contraindicação vai até 6 meses após o término da quimioterapia e/ou radioterapia. Infelizmente, devido a urgência do tratamento oncológico, o paciente não tem tempo de atualizar sua carteira de vacinação antes do início da quimioterapia e/ou da radioterapia”, enfatiza o Dr. Paulo, que reforça também a necessidade de os familiares estarem com as seguintes vacinas em dia: influenza (gripe), sarampo, rubéola, caxumba e COVID-19.
Cuidados que o paciente oncológico deve ter
É importante que os pacientes que estão em tratamento oncológico evitem contato com pessoas que estejam com infecções transmissíveis, como gripe, resfriado, COVID-19, pneumonia e indivíduos com diarreia, por exemplo. Além disso, os pacientes também devem evitar lugares aglomerados e com pouca ventilação. “Se não for possível evitar tais lugares, eles deverão fazer uso de máscara cobrindo a boca e o nariz enquanto permanecerem nesses locais. Outra medida importante é em relação à alimentação (cuidados alimentares para pacientes oncológicos). Deve-se ter cuidado especial no preparo dos alimentos, como higienizar adequadamente as verduras e legumes, e dar preferência para aqueles que sejam cozidos. As frutas também devem ser higienizadas antes de serem ingeridas e deve-se dar preferência para as que sejam descascadas para serem ingeridas”, detalha o especialista.
Preparação correta
De acordo com o médico, as verduras, frutas e legumes além de serem lavadas em água corrente, também poderão ser submetidas à desinfecção com água sanitária. “Para fazer a solução na proporção correta, use 8ml (uma colher de sopa cheia) de água sanitária para cada litro de água potável. Frutas, legumes e verduras podem ficar de molho na solução de água potável e água sanitária por cerca de 15 minutos. No caso das folhosas, este tempo pode ser reduzido para 10 minutos. Após a imersão, enxaguar bem o alimento em água filtrada ou água corrente tratada com cloro”, explica.
O infectologista também reforça que as carnes (aves, carne bovina e peixes) e os ovos devem estar bem cozidos, ou seja, evitar o consumo de carnes ou ovos malpassados. “Uma outra regra básica e fácil para evitar a contaminação dos alimentos após o preparo, é consumir os pratos quentes antes que eles esfriem e os gelados antes que eles esquentem. Quando são preparadas para servir mais de uma refeição, deve-se refrigerar em geladeira quando ainda não estiverem totalmente frios, ou seja, eles devem ir para geladeira com a temperatura um pouco menor do que chamamos de morno (nem quente e nem completamente frio)”.
Também existem outras recomendações importantes, como não ingerir água que não seja clorada, como água de mina, fontes, cisternas, etc. Além da higiene das mãos, que é uma importante medida de prevenção de infecções, devendo ser realizada antes de se alimentar, antes de preparar os alimentos, após o uso do banheiro, após tocar superfícies que muitas pessoas tocam, com por exemplo maçanetas de banheiro público/coletivo, antes de colocar a mão na boca, nos olhos ou nas narinas.
Dengue, Zika e Chikungunya
O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é um tumor maligno que surge na região inferior do útero (ou seja, no colo do órgão), e está quase sempre relacionado à infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV). É considerado o terceiro tipo mais frequente entre população feminina do país, com estimativa, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), de 17 mil novas ocorrências em 2023 – atrás apenas do câncer de mama e do câncer de cólon e reto.
Os números impressionam! Mas, outro fator chama ainda mais atenção: segundo o INCA, os novos casos e as mortes por este tipo de câncer ocorrem de maneira desigual entre as regiões do Brasil. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero ocupa a 2ª posição nas regiões Norte e Nordeste e a 5ª entre os cânceres mais incidentes em mulheres na região Sudeste do país. Outra informação preocupante trazida pela instituição é que, observando a série histórica das taxas de mortalidade do Brasil e regiões, a região Norte é a que traz as maiores taxas de mortalidade pela doença.
Esses dados mostram que, no cenário brasileiro, a falta de rastreamento para o diagnóstico precoce e a dificuldade de acesso a saúde básica de qualidade, são os principais motivos da diferença de números entre as regiões e refletem um grande problema de saúde pública. É aí que o Hospital de Amor se destaca! Em 1994, o HA deu início ao trabalho de busca ativa para a prevenção do câncer do colo uterino na periferia de Barretos (SP) e, posteriormente, em cidades que compõe a Diretoria Regional de Saúde V (DRS V). Um projeto pioneiro que, 30 anos depois, colocaria a região como líder em detecção precoce da doença em todo o Estado de São Paulo.
De acordo com um levantamento da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP), 72% do diagnóstico do câncer do colo do útero da DRS V acontece no estadiamento in situ. “Isso significa que de cada 10 mulheres com biópsias alteradas, sete serão tratadas com procedimentos simples dentro do próprio ambulatório, o que reduz quase a zero o risco de desenvolver o câncer do colo do útero nas próximas décadas de vida. Os dados mostram que estratégias de prevenção, com a ampliação na cobertura dos testes de rastreio (Papanicolaou), a priorização da faixa etária exposta a maior risco e o seguimento contínuo dos casos suspeitos com tratamento adequado dos positivos, resultaram em maiores taxas de detecção precoce”, destaca o coordenador médico do programa de rastreamento populacional de câncer ginecológico do Hospital de Amor, Dr. Júlio César Possati Resende.
O relatório disponibilizado pela FOSP provém de uma avaliação do período entre 2000 e 2019, e evidencia a eficiência das ações estruturadas do Hospital, que acontecem em parceria com a própria Diretoria da Regional de Saúde e as secretarias municipais de saúde dos 18 municípios (Altair, Barretos, Bebedouro, Cajobi, Colina, Colômbia, Guaíra, Guaraci, Jaborandi, Monte Azul Paulista, Olímpia, Severínia, Taiaçu, Taiúva, Taquaral, Terra Roxa, Viradouro, Vista Alegre do Alto) que a compõe.
Com a premissa de que ‘Prevenção é o ano todo e em todos os lugares do Brasil’, o HA pretende expandir essa realidade para outras localidades. A instituição conta, atualmente, com mais de 25 unidades fixas de prevenção e mais de 50 unidades móveis para levar atendimento humanizado e de alta qualidade a quem mais precisa, sobretudo nas regiões mais remotas do país. “Baseado no exemplo e resultados do programa de prevenção instituído na região de Barretos, o Hospital de Amor tem ampliado sua atuação nos últimos 10 anos para outras regiões. Apenas em 2023, foram realizados 213.525 exames de Papanicolaou, 15.452 exames diagnósticos de colposcopia e 963 pequenas cirurgias (exérese da zona de transformação do colo do útero) para tratamento de lesões precursoras de câncer”, afirma o coordenador.
Prevenção é o melhor remédio
Os especialistas ressaltam que, dentre todos os tipos de câncer, o do colo do útero é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura, isso porque é quase sempre causado pela infecção genital persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV (chamados de tipos oncogênicos), um vírus sexualmente transmissível, muito frequente na população e de contágio facilmente evitável com o uso de preservativos. Na maioria das vezes a infecção não causa doença, mas em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir ao longo dos anos para o câncer.
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza, desde 2014, vacinas contra o HPV gratuitamente, para pessoas de 9 a 14 anos, de ambos os sexos. A vacina é uma importante medida de prevenção, mas não é eficaz contra infecções ou lesões por HPV já existentes, por isso o uso de preservativos durante relações sexuais e o exame preventivo Papanicolaou é imprescindível na detecção precoce da doença e muitas vezes até na fase pré-câncer.
Pesquisa
Desde 2010, o Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital de Amor conta com um grupo de pesquisa em HPV, que tem como objetivo realizar estudos sobre a avaliação dos mecanismos de infecção e persistência do HPV e sua relação com a transformação maligna, além do potencial de métodos do rastreamento de lesões relacionadas a essas infeções.
O grupo vem contribuindo de forma relevante para avanços científicos importantes e inovadores no campo do vírus HPV e suas repercussões, apresentando também colaborações internacionais de grande impacto. Acesse e conheça mais: iep.hospitaldeamor.com.br
Compartilhando experiência
O Hospital de Amor realiza no início de fevereiro, em Barretos (SP), o 16º Encontro de Gestores do Programa de Prevenção ao Câncer do Colo Uterino, que a instituição mantém em parceria com 90 municípios dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
No encontro anual, serão debatidos os processos, fluxos e estratégias com prefeitos, secretários de saúde e profissionais de saúde, ressaltando a importância da parceria com a atenção primária e secundária. Durante o evento haverá o detalhamento do programa, com amostragem e discussão de indicadores.
A inovação está no DNA do Hospital de Amor, por isso mesmo, a instituição tem seu próprio centro de inovação: o Harena, que vem fazendo a diferença no cenário da saúde pública desde o início de sua operação.
Nos dias 20 e 21 de dezembro, o time Harena promoveu a 6ª edição do Bootcamp Healthtech Barretos, no IRCAD América Latina, com o apoio do Sebrae-SP. O evento é uma imersão presencial que reúne especialistas em inovação em saúde para discutir oportunidades, desafios e boas práticas com as startups participantes. Durante a imersão, os empreendedores das startups se conectam com diversos líderes e gestores do HA, em Barretos (SP), para construir oportunidades de validação de soluções inovadoras e provas de conceito de tecnologia.
De acordo com o diretor de inovação do Harena, Dr. Luis Gustavo Romagnolo, esse evento é muito importante para cultivar networking e conhecimento junto à comunidade de inovação e saúde de toda região de Barretos e dos demais estados. “Ao longo dos dois dias, foram mais de 100 mentorias para os times das startups participantes do programa Healthtech Barretos. Essas conexões têm como objetivo trazer para o próprio empreendedor a real situação do negócio dele e dar soluções para os nossos pacientes da saúde pública”, afirma.
O médico e fundador da startup Presavi, Dr. Alberto Peron, explica que ele atua à frente da startup que é focada em acompanhar a jornada de prevenção do paciente. “Aproveitamos muito o Bootcamp, pois é o lugar certo para aumentar o networking e para agregar em conhecimento”. Já para a gerente de governança clínica do Hospital de Amor, Carla Carvalho, “é uma honra poder participar como mentora e poder realizar trocas de conhecimentos com várias startups do Brasil inteiro, com o mesmo objetivo: melhorar a saúde pública do país”. A pesquisadora do HA, Dra. Fabiana Vazquez, ressalta a importância da mentoria. “É incrível os contatos que fazemos no evento e espero ter dado soluções para as startups, pois nossa expectativa sempre é resolver os problemas dos nossos pacientes.”
Segundo o gerente de inovação do Harena, Guilherme Sanchez, a 6ª edição do Bootcamp foi um sucesso! “Nós tivemos painéis e uma verdadeira imersão dentro do Hospital de Amor; também houve diversas mentorias com especialistas do HA e convidados externos que falaram sobre fundraising (captação de recursos); e lei geral de proteção de dados; proporcionando essa conexão entre os desafios das startups e os especialistas da instituição e do nosso ecossistema para transformar a saúde pública do Brasil”, finaliza Guilherme.
Ao longo destas cinco edições anteriores, já foram mais de 120 Healthtechs participantes, mais de 310 mentorias individuais realizadas com especialistas, mais de 190 horas de conteúdo técnico avançado para startups e mais de 60 especialistas, mentores e speakers. Esta 6ª edição ficou marcada pelas apresentações de pitchs e muito networking.
Para mais informações, acesse: harena.com.br
Em sua sétima edição, o “Simpósio de Educação em Saúde” – evento promovido no último dia 23 de novembro pelo Núcleo de Educação em Câncer (NEC) do Hospital de Amor, em parceria com a USP Ribeirão Preto (SP) – abordou o tema “Future-se: precisamos falar sobre Inteligência Artificial na Saúde e na Educação!”.
O evento contou com palestrantes que abriram discussões sobre a importância da tecnologia na educação e na saúde, levando em consideração assuntos como: hábitos de vida, cultura do autocuidado, promoção de saúde e prevenção do câncer.
Foram realizadas palestras, debates dialéticos, mesas redondas, exposição de trabalhos de divulgação científica de instituições parceiras, além de apresentação e registros de trabalhos científicos. Todos os resumos e projetos são publicados nos Anais do Evento e registrados na Biblioteca Nacional. Esta foi mais uma oportunidade de falar sobre tecnologia de forma clara e objetiva, a respeito de um assunto complexo e novo, como a Inteligência Artificial.
O coordenador do NEC, Gerson Vieira, comentou sobre a importância da promoção deste tipo de discussão, em ambiente educacional e hospitalar. “Temos que estimular o diálogo sobre temáticas que versam os campos da Educação e da Saúde, visando a troca de experiências e a oportunidade de desenvolver estratégias que embasem os trabalhos e projetos aliados à inteligência artificial. De forma geral, ao mesmo tempo em que queremos fazer ciência com essa temática, queremos aproximar esses assuntos a todos da comunidade, seja para as instituições e estudantes, seja para entes da sociedade civil como um todo”.
Um dos palestrantes do simpósio, o gerente de inovação do Harena (centro de inovação do HA), Guilherme Sanches, falou sobre a Inteligência Artificial aplicada a saúde e comentou sobre o futuro da I.A no ambiente educacional e hospitalar. “Assim como foi com a internet, a inteligência artificial nestas áreas seguirá o mesmo caminho. Será usada de forma rotineira, claro, sempre visando o bem-estar de quem usa”. Sanches ainda ressalta a importância do simpósio. “Aqui, podemos discutir de forma aberta a aplicabilidade, desafios e barreiras a serem transpostas neste campo pelos profissionais da educação e saúde. O debate proporciona não somente conhecimento técnico para quem estava presente, mas, um conhecimento prático e aplicável nas rotinas de cada profissão”, finalizou.
Esse foi mais um simpósio de sucesso, que proporcionou um espaço valioso para a discussão e reflexão sobre como a IA está moldando o futuro da educação e da saúde. A colaboração entre estudantes, pesquisadores, professores, profissionais da saúde e profissionais da área de tecnologia foi fundamental para enriquecer o debate e promover avanços nesse campo tão promissor.
Em 61 anos de história e mais de 30 realizando um trabalho incrível de rastreamento e busca ativa, levando saúde de qualidade e exames preventivos de câncer, gratuitamente, à população das localidades mais distantes e necessitadas por meio de carretas que percorrem o país, o Hospital de Amor lança sua mais nova unidade móvel de educação: a ‘Liga de Combate ao Câncer’ (LCC).
Focada em prevenção primária e educação, a unidade utiliza a gamificação e a imersão para abordar temas importantes, como Educação em Saúde, Autocuidado e Prevenção do Câncer de Mama, proporcionando uma verdadeira experiência aos estudantes do ensino fundamental II (de 11 a 14 anos). “O objetivo é tratar assuntos complexos de maneira lúdica, transformando este público jovem em protagonistas de uma aventura e de uma investigação científica. A mecânica e a linguagem adaptada aos adolescentes proporcionam um maior envolvimento dos participantes, além de uma melhor compreensão e assimilação do tema”, afirma o supervisor das unidades móveis de educação do HA, Keneder Marino.
Idealizada em 2019, graças à uma doação do Ministério Público do Trabalho de Rondônia e Acre (MPTROAC), a carreta iniciou suas atividades em setembro deste ano. Além dos estudantes, a LCC também possui um papel importante junto aos educadores. De acordo com Marino, a unidade móvel visa capacitar os profissionais de educação, na tentativa de difundir o conhecimento com os alunos sobre o autocuidado e a prevenção do câncer.
“Nossa intenção é sensibilizar o maior número de pessoas possíveis para o combate ao câncer, e divulgar o conhecimento nas escolas sobre o autocuidado, para fazer com que esses jovens se transformem em adultos saudáveis e multiplicadores da informação em seu convívio. Dessa forma, desejamos aumentar os exames de rastreamento de câncer em busca de diagnósticos precoces e mais vidas salvas!” esclarece.
A experiência
Durante a imersão, os participantes são conscientizados sobre a importância do diagnóstico precoce e alertados sobre a prevenção secundária, com foco no câncer de mama.
“A experiência tem a duração máxima de 20 minutos e começa com a identificação dos participantes – eles são nomeados como agentes secretos e recebem definição numérica, de 1 a 10 (que é o número de cabines existentes na carreta). Na sequência, a missão é apresentada por meio de um vídeo, que mostra os personagens: Dra. Maeda, Piloto Rafa, Piloto Leo e Pilota Vivi. Eles, junto aos agentes, têm a tarefa de entrar na cabine de combate; acessar a corrente sanguínea; chegar na glândula mamária; e investigar o que está acontecendo de errado com nossa personagem Matilda – uma pessoa que se alimenta mal, fuma e consume bebida alcoólicas. No percurso virtual nas cabines, que é realizado com óculos de realidade virtual, eles descobrem uma anomalia: o câncer de mama! De forma completamente lúdica, eles participam de um combate para identificar esse mal a tempo de salvar a vida da paciente”, explica supervisor das unidades móveis de educação do HA.
Assista ao vídeo e conheça a LCC:
Um estudo inédito realizado por pesquisadores do Hospital de Amor, que teve o apoio da FAPESP e foi recém-publicado na revista científica Clinical Breast Cancer, mostrou que, mais do que a cor da pele, a ancestralidade é indicadora de risco para câncer de mama e que mulheres de ascendência africana têm mais chances de desenvolver tumores do tipo triplo-negativo, que são de difícil tratamento. Apesar de a ancestralidade já ser conhecida como um fator para prever o tipo de câncer mais provável em certa população, a pesquisa destacou que, em países miscigenados como o Brasil, apenas a cor da pele não é suficiente para determinar esse fator de risco.
Essa é a primeira desse tipo, nos distintos subtipos moleculares, com base em marcadores genéticos de ancestralidade especialmente selecionados para a população geral brasileira e foi possível graças à pluralidade das pacientes atendidas pela instituição. Os pesquisadores explicam que esse tipo de análise é importante para definir se a frequência desses subtipos de tumores se associa com a ancestralidade genética das pacientes.
De acordo com o Dr. René Aloisio da Costa Vieira, pesquisador do HA e um dos coordenadores do estudo, “os resultados apontam para a necessidade de realizar exames anuais em populações de ascendência africana, predominante no Norte e Nordeste do país. Além dos fatores socioeconômicos, que podem influenciar o prognóstico da doença nessa população, observamos uma maior proporção de ancestralidade africana em mulheres com o subtipo molecular triplo-negativo, que é sabidamente mais agressivo, multiplica-se mais rápido e tem menos opções de tratamento”.
O trabalho contou com a participação de mais de mil pacientes com câncer de mama de diversas regiões brasileiras, com uma predominância maior de mulheres do Sudeste (72%), seguido por 7,3% da região Norte, 1,8% do Nordeste e 0,9% do Sul. Em consonância com o padrão de autodeclaração de cor ou raça do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maioria se declarava branca (77,9%), seguidas de pardas (17,4%) e negras (4,1%). Amarelas (asiáticas) e indígenas somaram 0,5%.
A partir dos resultados obtidos, observou-se que a ancestralidade avaliada geneticamente foi fator associado com a classificação molecular do câncer. “Isso mostra como a cor da pele não é determinante para o tipo de tumor, mas, sim, a ancestralidade”, comenta o Dr. Rui Manuel Reis, Diretor Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) e coordenador do Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular (CPOM) do Hospital de Amor.
Os pesquisadores pretendem, agora, ampliar e investir em novas frentes do estudo para descobrir, por exemplo, melhores formas de tratamento e prevenção, que possam, sobretudo, serem aplicadas ao Sistema Único de Saúde por meio de políticas públicas estruturadas.
Leia o artigo “Genetic Ancestry of 1127 Brazilian Breast Cancer Patients and Its Correlation With Molecular Subtype and Geographic Region” na íntegra.
*Texto colaborativo: André Julião – Agência FAPESP
A inteligência artificial (IA) tem se estabelecido como uma das mais revolucionárias e transformadoras tecnologias do século XXI, e sua aplicação no segmento da saúde tem potencial para redefinir a maneira como cuidamos do bem-estar dos pacientes. Diante destas possibilidades, a startup “Huna.ai” foi acelerada pelo centro de inovação do Hospital de Amor, o Harena Inovação. Por meio do programa Healthtech Barretos (que contribui para o desenvolvimento dos projetos), a equipe da “Huna.ai” desenvolveu algoritmos inteligentes capazes de identificar sinais precoces de câncer de mama, com auxílio de inteligência artificial na interpretação de exames de sangue.
Segundo o gerente de inovação do Harena, Guilherme Sanchez, a startup entrou no 3º ciclo de aceleração de startups do centro de inovação do HA, em março de 2022. Guilherme explica que o protocolo de intenções, com o objetivo de construir a validação da Huna dentro do hospital, ocorreu em dezembro do ano passado. “Durante o programa, as startups passam por mentorias com especialistas em negócios na área da saúde, bem como pesquisadores e profissionais de saúde do Hospital de Amor. Durante três meses, a Huna.ai participou das iniciativas do programa e, depois, um grupo de pesquisadores liderado pelo Dr. Vinícius Vazquez – diretor executivo do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do HA – foi nomeado para apoiar a construção da validação da Huna.ai dentro da instituição”, enfatiza.
Para Guilherme, a startup possui visão científica sobre o desenvolvimento do produto. Ele explica que o Harena ajudou a aproximar a solução da jornada dos pacientes e dos desafios reais como prestadora de serviços em saúde, conectando o produto com o mercado ainda durante a aceleração. Após as mentorias, o acordo de cooperação ampliou a parceria para o compartilhamento de dados anonimizados de pacientes para o aprimoramento do algoritmo de inteligência artificial e, agora na nova fase, está prevista a validação real. “O produto já obteve muitas das respostas científicas necessárias para estabelecer a ferramenta. Agora, o foco está em tornar o produto ainda mais acessível ao mercado, buscando a diminuição do custo frente aos outros exames paralelos”, complementa Sanchez.
De acordo com um dos fundadores da Huna.ai, Vinícius Ribeiro, “com o apoio de várias instituições renomadas, como o Hospital de Amor e os Grupos Fleury e Hermes Pardini, foi possível realizar uma pesquisa voltada para o câncer de mama e identificar, a partir dos dados disponibilizados, um painel sanguíneo sugestivo deste tipo de tumor, doravante a análise com algoritmos proprietários de Huna. E o mais importante: com boa performance e um custo muito baixo”.
Para o empreendedor, a detecção precoce de doenças crônicas e, em particular, do câncer, é reconhecidamente importante por trazer uma série de benefícios para os pacientes e para o sistema de saúde, pois possibilita maiores chances de cura, diminui a invasividade/agressividade dos tratamentos, diminui as chances de complicações e sequelas, melhora a qualidade de vida dos pacientes em tratamento e reduz custos para o sistema de saúde. Ribeiro conta que, no Brasil, porém, as taxas de detecção precoce de câncer vêm caindo nos últimos anos, com mais da metade dos casos identificados já em estágios avançados, principalmente pela dificuldade de garantir acesso às estratégias e equipamentos de saúde para rastreamento/diagnóstico.
“Neste momento, a startup Huna.ai está focada em oferecer a tecnologia como um estratificador de risco para câncer (de mama) e apenas para instituições, como gestores de saúde (planos, seguradoras) e hospitais”, afirma.
A tecnologia a favor da vida
A equipe da Huna criou uma ferramenta que reaproveita dados de exames de rotina já realizados para mapear o risco de uma determinada paciente que pode estar com câncer de mama e, dessa forma, encurtar o tempo até o diagnóstico, priorizando assim o seu atendimento, por exemplo. Ribeiro enfatiza que a ferramenta não serve (nem hoje, nem no futuro) como um substituto dos processos de rastreamento/diagnóstico – pelo contrário, ela ajuda a organizar e direcionar os esforços e recursos limitados do sistema de saúde para aquelas pacientes com maior risco.
Atualmente, a ferramenta funciona de forma simples, ao se integrar diretamente na rotina de setores, como o da Prevenção e da Atenção Primária à Saúde de instituições, identificando quais pacientes, especialmente aquelas já em atraso com suas mamografias, precisam ser priorizadas no rastreamento.
“O Harena tem um lugar fundamental na história da Huna, pois foi o primeiro programa de aceleração que participamos, quando tínhamos poucos meses de vida enquanto uma empresa independente. Fomos indicados por outras startups que já haviam participado do programa e recomendaram pela excelência das mentorias e pela proximidade com o Hospital de Amor”, explica. Além disso, o HA também tem um papel fundamental para a Huna, especialmente nos esforços conjuntos de pesquisa para a criação do primeiro produto de mama. “O acesso à rede de profissionais extremamente qualificados que atuam numa jornada altamente complexa e fragmentada, nos ajuda na formatação correta do produto para resolver as reais dores cotidianas do setor de saúde na oncologia, priorizando, acima de tudo, segurança e custos acessíveis”, finaliza Ribeiro.
Para o médico e pesquisador do Hospital de Amor, Dr. Vinícius Vazquez, essa parceria entre o hospital e Huna.ai é uma oportunidade de avanço no diagnóstico precoce do câncer, que se for confirmado, poderá trazer maior conforto, maior velocidade diagnóstica e, eventualmente, menores custos.
No Brasil, o câncer de pele é o mais frequente entre todos os tipos da doença. Segundo estimativas do INCA (Instituto Nacional de Câncer), entre 2023 e 2025, são esperados 705 mil novos casos de câncer no país por ano, dos quais 31,3% devem ser de pele não melanoma, o que corresponde a pouco mais de 220 mil novos casos. Quanto ao câncer de pele melanoma, o número de casos novos estimados é de quase 9 mil por ano, mas, apesar de ser menos comum, merece atenção, pois é considerado um tipo mais grave da doença, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (que é disseminação do câncer para outros órgãos) e alto índice de mortalidade quando diagnosticado tardiamente. De modo geral, o prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom quando há detecção em sua fase inicial. Por isso, estratégias de prevenção e diagnóstico precoce devem ser prioritárias.
Pensando nisso o Hospital de Amor, por meio do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) e unindo as frentes de Pesquisa, Prevenção e Inovação, desenvolveu um projeto pioneiro, intitulado ‘Projeto Retrate’, que possui o fomento do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica – PRONON, implantado pelo Ministério da Saúde para incentivar ações e serviços desenvolvidos por entidades, associações e fundações privadas sem fins lucrativos no campo da oncologia. A proposta, que acaba de começar a funcionar para o público, foi o de criar uma cabine de autoatendimento que ficará à disposição da população em locais de grande circulação, facilitando o acesso à uma avaliação primária, além de um aplicativo que possibilita o envio de fotos de lesões suspeitas de qualquer lugar, que serão avaliadas pelos especialistas da instituição.
Neste primeiro momento, a cabine ficará instalada no North Shopping Barretos, na cidade de Barretos (SP) – e o app (clique para acessar) terá funções liberadas apenas para telefones de DDD 17. Durante nove meses, o equipamento coletará informações dos usuários, como dados cadastrais e imagens, que serão enviados diretamente para o HA. Com essas informações em mãos, um laudo será gerado e, no caso de lesões suspeitas, esse usuário será convocado com prioridade para análise mais precisa com um médico especialista. A cabine e o aplicativo para dispositivos móveis contam também com experiências que visam proporcionar o aprendizado da população sobre como prevenir o câncer de pele, como identificar possíveis melanomas e também sobre a extrema importância do uso do filtro solar.
O projeto, que está sob responsabilidade do Dr. Vinicius de Lima Vazquez, cirurgião oncológico do HA e Diretor Executivo do IEP; da Dra. Vanessa D´Andretta Tanaka, dermatologista do HA; e da Dra. Raquel Descie Veraldi Leite, fisioterapeuta e doutora em Oncologia pelo HA, prevê, ainda, equipar todas as Unidades Básicas de Saúde do município com dermatoscópios, expandindo o projeto de teledermatologia da instituição, com o intuito de tornar mais eficiente a comunicação entre os profissionais da Atenção Básica de Saúde e a equipe do departamento de Prevenção do HA. Além disso, profissionais de estética e cuidados corporais, que tem contato visual com o corpo de seus clientes e que atuam na cidade, incluindo cabeleireiros, massagistas, esteticistas, tatuadores, podólogos, estão sendo capacitados e certificados como parceiros do projeto, com objetivo de expandir o a cobertura do projeto de prevenção.
Segundo a Dra. Raquel, “levar conhecimento faz com que os cidadãos se tornem autônomos na questão de tomar as próprias decisões em relação a sua própria saúde, de sua família e comunidade. O diagnóstico é crucial e aumenta as chances de um tratamento mais efetivo, uma melhor recuperação e uma maior qualidade de vida”, reforçou. A pesquisadora esclarece, ainda, que após os meses de consolidação e validação do projeto em Barretos, a cabine deverá se tornar um projeto itinerante e pode ser expandido são apenas para região, mas também para demais localidades do país.
Segundo estimativas para o triênio 2023-2025, do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 32 mil casos de câncer de pulmão devem ser diagnosticados por ano no Brasil, o que coloca a doença como a quinta mais incidente entre todos os tipos de tumores malignos. No Hospital de Amor, de acordo com dados do departamento de Registro de Câncer, são aproximadamente 500 novos casos por ano, que muitas vezes chegam em estágios avançados, em decorrência da dificuldade no diagnóstico precoce, já que a doença, normalmente, não possui sintomas no estágio inicial. É o que reforça um levantamento do Instituto Oncoguia, que mostra que 86% dos pacientes recebem o diagnóstico tardiamente, quando a doença já não possui mais possibilidade de cura.
Apesar dos diversos fatores que favorecem a ocorrência do câncer de pulmão, como exposição a agentes cancerígenos químicos ou físicos, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica) e fatores genéticos, o tabagismo ainda é o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença, com até 85% dos casos diagnosticados associados ao consumo e exposição passiva aos derivados do tabaco.
“Nem todo indivíduo que fuma ou fumou desenvolverá câncer de pulmão, e isso ainda é realmente difícil de se prever, mas sabe-se que a chance de seu desenvolvimento está diretamente relacionada à carga de tabaco com a qual que se teve contato”, explica o médico radiologista do Hospital de Amor, Dr. Rodrigo Sampaio Chiarantano. Sabe-se também que a mortalidade em decorrência da doença entre os fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, já entre os ex-fumantes essa taxa chega a ser quatro vezes maior.
Especialistas explicam que o início do diagnóstico pode ser feito com um exame simples de raio-X de tórax. Mas, caso seja constato a presença de lesão pulmonar, é necessário a realização de exames complementares, como tomografia computadorizada, ressonância magnética, broncoscopia e posteriormente, a biópsia da lesão. O oncologista clínico do HA, Dr. Carlos Eduardo Baston Silva, conta que as principais modalidades de tratamento são: cirurgia nos estádios iniciais, quimioterapia, radioterapia, terapia-alvo e imunoterapia, isolados ou em combinação.
Visando colaborar com a mudança do histórico da doença no país, o HA possui diversas iniciativas voltadas para o diagnóstico precoce, tratamento, ensino e a pesquisa em câncer de pulmão. Conheça melhor:
Pioneirismo no diagnóstico precoce
Há 4 anos, com o intuito de reduzir as taxas de diagnóstico tardio, o HA lançou um programa de rastreamento ativo de câncer de pulmão, como parte de uma iniciativa mais ampla da instituição, que se destaca por incluir também atividades de prevenção primária e pesquisa científica de ponta com marcadores biomoleculares.
Em um formato pioneiro na América Latina, uma unidade móvel foi equipada com um tomógrafo computadorizado de baixa dose e direcionada a fazer o acompanhamento da população de risco. O programa é o único no Brasil que integra dados de diversas esferas da área da saúde e oferece gratuitamente esse exame aos usuários do Sistema Único de Saúde. Inicialmente, o projeto atendeu com exclusividade os encaminhamentos dos participantes dos grupos de cessação de tabagismo, mas, atualmente, o rastreamento está disponível para todos os indivíduos que fazem parte do grupo de risco e que residem em um dos 18 municípios que compõem Departamento Regional de Saúde de Barretos (DRS-V).
O diferencial desta unidade móvel é o laudo, que foi elaborado para o programa, pensando em tornar a informação mais acessível ao paciente. O documento é composto por texto em linguagem mais simples e direta, acompanhado de um reforço visual que ilustra o significado dos achados. No laudo, são descritos os achados do exame potencialmente relacionados ao tabagismo e explicados os passos seguintes a partir dali. Ele foi desenvolvido pensando no melhor entendimento do indivíduo participante, estimulando o autocuidado e a vigilância de saúde. Os pacientes têm retornado com grande satisfação. Alguns deles relataram, inclusive, que o processo de rastreamento como um todo auxiliou na decisão de parar de fumar.
De acordo com Chiarantano, o projeto permanece como o único envolvendo esforços combinados de prevenção primária nos municípios (secretarias municipais de saúde) e rastreamento, sendo integralmente gratuito e utilizando uma unidade móvel. Até o momento 520 pessoas já passaram pela unidade, mas a meta é acelerar as atividades que ficaram estagnadas durante a pandemia de covid-19 e checar a 3 mil atendimentos até o final de 2024. Desde o início do projeto, cinco pacientes foram diagnosticados com a doença ainda no início.
Podem participar homens e mulheres, fumantes ou ex-fumantes de alto risco. Para verificar a situação de alto risco, basta acessar a calculadora online desenvolvida pela equipe e preencher os dados, que o aplicativo determina o risco e define a indicação ou não de se fazer o exame. Sendo de alto risco, basta entrar em contato pelo telefone 3321-6600, ramais 7010 ou 7080 e agendar o exame.
Avanços científicos
Consequência da seriedade e qualidade do programa de prevenção e rastreamento de câncer de pulmão, o Hospital de Amor foi aceito como colaborador em um grande consórcio de pesquisa internacional, o International Lung Cancer Consortium (ILCCO), que possibilitará melhorar o entendimento da genética relacionada ao câncer de pulmão, a melhor caracterização de grupos de risco e de fatores de decisão em relação aos achados de exame. “Trata-se de pesquisa de ponta e de qualidade, com grande potencial de contribuição para a ciência e para a redução da mortalidade por câncer de pulmão. Com base em informações obtidas sob consentimento em amostras biológicas dos indivíduos participantes, diversas características genéticas e biomoleculares estão sendo investigadas, traçando um perfil particular da nossa população, que se somam aos dados já obtidos de outras populações ao redor do mundo”, ressalta o radiologista.
Além disso, o Instituto de Ensino e Pesquisa do HA possui, desde 2018, o Grupo Translacional de Oncologia Pulmonar, cadastrado e certificado pelo CNPq, com o objetivo de fortalecer a investigação a pesquisa translacional em câncer de pulmão, desde o paciente, passando pela patogênese molecular até a aplicação na prática clínica empregando tecnologias de ponta. “O nosso grupo tem um caráter totalmente multidisciplinar e essa multidisciplinaridade alavanca as pesquisas sobre o câncer de pulmão, tendo sempre como nosso foco principal o paciente. Atualmente, atuamos no desenvolvimento de novos painéis moleculares e na investigação de biomarcadores para auxiliar a equipe médica no manejo do paciente”, explica a pesquisadora Letícia Ferro Leal.
Avanços tecnológicos – cirurgias torácicas robóticas
Desde agosto de 2022, o Hospital de Amor realiza cirurgias torácicas com auxílio de robôs aos seus pacientes, gratuitamente. De acordo com o médico cirurgião do hospital, Dr. Luís Gustavo Romagnolo, esse tipo de procedimento é uma melhor opção para o paciente e os que realizam tratamento de neoplasia no pulmão são os principais beneficiados com o procedimento. “Com essa tecnologia, conseguimos contribuir com um melhor resultado estético, uma maior precisão, menos dor e desconforto durante o pós-operatório, menos riscos de infecções na ferida operatória e menos chances de hérnias incisionais a curto e médio prazo”, afirmou.
A iniciativa foi idealizada pelo grupo de cirurgiões do departamento de cirurgia torácica oncológica do HA, formado pelos médicos Dr. Wilson Chubassi de Aveiro, Dr. Maurício Cusmanich, Dr. Rachid Eduardo Noleto da Nóbrega Oliveira e o chefe do departamento, Dr. José Elias Abrão Miziara.
Avanços tecnológicos – alta tecnologia em radioterapia
O Hospital de Amor é uma das poucas instituições do Sistema Único de Saúde a oferecer radioterapia estereotáxica corporal (SBRT), uma técnica avançada e de alta tecnologia, não custeada pelo poder público. Em outubro de 2022, a revista científica The Lancet Regional Health – Americas publicou um artigo escrito por médicos e pesquisadores do HA, em parceria com profissionais da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que teve como objetivo avaliar se a SBRT é uma estratégia mais custo-efetiva do que a radioterapia fracionada convencional. O trabalho, teve como base pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas em estágio I inelegíveis cirurgicamente. O estudo traz resultados que provam que o uso da modalidade SBRT resulta em mais anos de vida para os pacientes.
“Hoje, o tratamento padrão curativo é a lobectomia — a remoção de um lobo pulmonar por meio cirúrgico. O problema é que boa parte dos que descobrem o tumor no estágio inicial é quem fuma, o idoso e quem tem o coração fraco ou outras doenças derivadas do cigarro, da vida e da idade”, explica um dos coordenadores do estudo, o radio-oncologista Alexandre Arthur Jacinto.
A SBRT age somente no nódulo e protege qualquer tecido ao redor, através de uma técnica com base em tomografias 4D. “Enquanto respiramos e falamos, o pulmão se movimenta e o nódulo também. Como faço um tratamento preciso numa região que se movimenta o tempo inteiro? A estereotaxia trata esse tumor rastreando seu movimento. Eu vejo o movimento do nódulo e consigo dar uma dose gigante de radioterapia com a possibilidade de controle desse nódulo de 90%, que é o mesmo que a cirurgia oferece”, destaca o especialista.
Educação – Projeto Inspirar
O Núcleo de Educação em Câncer do Hospital de Amor criou, em 2020, o Projeto Inspirar, mediante a necessidade de proporcionar aos adolescentes a reflexão e a conscientização dos malefícios do tabaco, tendo em vista que é durante o período entre o ensino médio e superior, que o número de usuários de tabaco cresce, tornando-se importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças na idade adulta, como o câncer de pulmão. Nesse contexto, o intuito é estimular os adolescentes a se conscientizarem sobre os malefícios do tabagismo, antes que possam se tornar usuários, além de incentivá-los a realizarem a divulgação científica sobre essa temática, junto à comunidade.
O projeto é iniciado por meio de uma capacitação proporcionada aos educadores da comunidade escolar, a fim de que estes conheçam de forma mais aprofundada as consequências do tabagismo, além de receberem orientações sobre como o projeto deverá ser desenvolvido com os alunos. Posteriormente, as inscrições para participar do projeto são abertas. Cada escola pode inscrever grupos de no máximo cinco estudantes do 9º ano acompanhados de um professor orientador, que devem cumprir as seguintes provas, dentro da plataforma virtual do projeto: 1 – Quiz de perguntas e respostas; 2 – Campanha nas Mídias Sociais Antitabagismo; 3 – InspirAção e Ciência (abrangendo a elaboração de apresentações criativas de divulgação científica sobre a temática do projeto). Todas as provas proporcionam uma quantidade de pontos para as equipes, que são indicadas por uma Comissão Avaliadora composta por profissionais do Hospital de Amor e das Secretarias Municipais de Educação.
Como culminância, o projeto finaliza-se por meio da apresentação das 10 equipes destaques na terceira prova em um evento. Após as apresentações, são divulgadas as colocações de cada grupo finalista que recebem junto de seu professor orientador e de sua escola os respectivos prêmios.
De acordo com o Ministério de Saúde, são estimados cerca de 17 mil novos casos de câncer de colo de útero de 2023 a 2025, no Brasil. Ao menos 6 mil brasileiras perderam a vida, apenas em 2020, em decurso da doença, um problema que desperta cada vez mais o interesse de pesquisadores na busca por melhores tratamentos. De modo assustador, até 30-40% dos recursos investidos no tratamento do câncer são perdidos devido à ineficiência de alguns processos desnecessários, segundo a startup Hi!
O Harena, como centro de inovação do Hospital de Amor, busca atuar no apoio de desenvolvimento e otimização de empreendimentos que focam em resolução de problemas da área da saúde, como o aumento de tipos de câncer. De acordo como coordenador de projetos do Harena Inovação, Mateus Frederico de Paula, “Nossa equipe vem desempenhando um papel muito importante no apoio de diversas startups, dentre elas, a ‘Hi! Healthcare Intelligence’ – plataforma de Health Analytics que auxilia sistemas de saúde na gestão de desperdícios de tratamentos de alto custo. Nós também oferecemos acesso a recursos, conhecimentos e infraestrutura do Hospital de Amor. Dessa forma, é facilitado o desenvolvimento de networking, parcerias estratégicas, aconselhamento e mentoria”, explica.
Mateus revela otimismo ao participar de modo efetivo no projeto desta startup, principalmente, porque ela foi contemplada com o valor de R$ 350 mil da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP), a fim de desenvolver seu projeto em parceria com o time de oncologia ginecológica no Hospital de Amor, em Barretos (SP).
A cooperação entre a Hi! e o HA visa proporcionar decisões baseadas em oferecer análises de dados que orientam médicos e gestores em escolhas informadas, levando em consideração tanto os resultados clínicos quanto os custos associados. Além disso, também busca gerar a redução de desperdícios, identificando e eliminando processos desnecessários. Ou seja, o projeto é interdisciplinar, pois é desenvolvido por uma equipe formada por médicos, gestores, pesquisadores e especialistas.
Segundo Mateus, “Isso proporciona uma gestão mais eficiente, reduzindo custos e melhorando a qualidade dos cuidados prestados aos pacientes do Hospital de Amor. Além do mais, a plataforma contribui para o avanço da pesquisa em oncologia, fortalecendo a posição do HA como uma instituição líder no tratamento do câncer”, finaliza.
Após a validação deste projeto, há expectativa de ambas as partes sobre uma possível expansão para a segunda fase, quando poderá ser implementado em todos os setores do Hospital, com aporte de fomento de até R$ 1,5 milhão. Ou seja, a plataforma possibilitará o fornecimento de dados valiosos sobre o custo-benefício de diferentes tratamentos, linhas de cuidado e procedimentos em pacientes oncológicos, otimizando ainda mais o tratamento para os pacientes do HA, que recebem o que há de melhor em tecnologia, gratuitamente.
O projeto e sua aplicabilidade para a saúde
O coordenador do Harena explica que a iniciativa é de suma importância para a saúde pública no país, pois visa otimizar o valor entregue aos pacientes nos tratamentos de câncer, que é uma das principais causas de morbidade e mortalidade em todo o mundo. “Ao desenvolver uma plataforma de coleta de desfechos clínicos, avaliações econômicas e gestão de desperdícios para tratamentos de alto custo, o projeto busca melhorar a eficiência operacional dos serviços de saúde, garantindo uma utilização mais efetiva dos recursos disponíveis. Isso pode resultar em uma redução significativa dos custos associados ao tratamento do câncer, tornando-o mais acessível para a população e, consequentemente, melhorando os resultados de saúde e a qualidade de vida dos pacientes”, conta Mateus.
Além disso, ao promover uma abordagem baseada em valor e evidências, o projeto da Hi! contribui para o avanço da prática clínica e para a tomada de decisões mais informadas e assertivas pelos profissionais de saúde. Deste modo, o impacto positivo desta iniciativa pode se estender além do âmbito da saúde, influenciando políticas públicas, diretrizes clínicas e o sistema de saúde como um todo.
A importância de startups no apoio da saúde pública
Fundada em 2019, em São José dos Campos (SP), a Hi! é uma plataforma de Health Analytics que ajuda sistemas de saúde na gestão de desperdícios de tratamentos de alto custo. Uma plataforma que, além de coletar desfechos em saúde (PROMs e PREMs), também é capaz de realizar diagnósticos de desperdício, custo-efetividade e gerar algoritmos personalizados para o desenvolvimento de estratégias para prevenção e predição de novos eventos de alto custo. Ou seja, visa empoderar a estratégia, times de gestão e liderança de sistemas de saúde na gestão baseada em dados relevantes de acordo com a jornada do tratamento de alto custo.
Mateus diz se sentir privilegiado por poder fazer parte de projetos de alto impacto como este, pois maior eficiência pode ser traduzida em maior acesso da população. “É sobre salvar mais vidas!”.
Você sabia que agentes infecciosos como bactérias e vírus podem causar câncer? Segundo o médico coordenador do departamento de Cabeça e Pescoço e Pesquisador do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, de 15 a 17% de todos os tumores malignos possuem relação com esses agentes, incluindo o câncer de colo uterino, predominantemente ocasionado pelo papiloma vírus humano (HPV), com incidência de mais de 17 mil novos casos por ano apenas no Brasil.
O médico conta que já ficou também evidenciada cientificamente uma relação entre o HPV e o câncer de orofaringe ou garganta. “Um estudo desenvolvido no HA, em Barretos (SP), mostrou que cerca de 20% dos pacientes com câncer de garganta tiveram sua doença associada com a infecção crônica pelo HPV. Em outros países, como os Estados Unidos, o HPV chega a ser responsável por 90% dos tumores de garganta. Além do câncer de colo do útero e da garganta, existem outros diretamente relacionados ao HPV, como o de ânus, pênis, vagina e vulva e todos de transmissão sexual”, explica Gama.
Mas o especialista revela que a infecção pelo HPV não é a única vilã, existem evidências que também comprovam que o câncer de estômago está associado com a infecção pela bactéria conhecida como Helicobacter pilory; assim como o vírus HIV (da AIDS) pode ser fator de risco para alguns tipos de câncer do sistema linfático, como o linfoma; enquanto o vírus de Epstein-Barr (EBV) pode ter relação com o carcinoma nasofaríngeo indiferenciado, o câncer gástrico e o linfoma.
Como pacientes oncológicos devem prevenir infecções
Segundo o infectologista, para o tratamento do câncer o paciente pode precisar de cirurgia que, muitas vezes, são cirurgias de grande porte, quimioterapia ou radioterapia. “A depender do tipo de câncer, estes três tipos de tratamento podem ser associados. Tanto a quimioterapia como a radioterapia diminuem as defesas do paciente e isso coloca o paciente em risco de adquirir infecções”, explica Tarso.
Para os pacientes que irão iniciar o tratamento oncológico, uma das principais medidas para prevenção de infecção é a atualização da carteira de vacinação conforme a faixa etária/idade. Pelo Programa Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde, as seguintes vacinas são recomendadas para os pacientes que irão fazer quimioterapia e/ou radioterapia: difteria acelular, coqueluche, tétano, Haemophilus influenza b (conjugada), hepatite B, poliomielite (inativada), sarampo, caxumba, rubéola, zoster, febre amarela, influenza, COVID-19, meningite C, HPV, pneumocócica (VPC13 e VPC23). Todas elas estão disponíveis pelo SUS, entretanto vacinas com vírus vivos ou atenuadas (febre amarela, zoster, sarampo, caxumba, rubéola, pólio oral) são contraindicadas para pacientes em quimioterapia e/ou radioterapia.
“Ressalto que essa contraindicação vai até 6 meses após o término da quimioterapia e/ou radioterapia. Infelizmente, devido a urgência do tratamento oncológico, o paciente não tem tempo de atualizar sua carteira de vacinação antes do início da quimioterapia e/ou da radioterapia”, enfatiza o Dr. Paulo, que reforça também a necessidade de os familiares estarem com as seguintes vacinas em dia: influenza (gripe), sarampo, rubéola, caxumba e COVID-19.
Cuidados que o paciente oncológico deve ter
É importante que os pacientes que estão em tratamento oncológico evitem contato com pessoas que estejam com infecções transmissíveis, como gripe, resfriado, COVID-19, pneumonia e indivíduos com diarreia, por exemplo. Além disso, os pacientes também devem evitar lugares aglomerados e com pouca ventilação. “Se não for possível evitar tais lugares, eles deverão fazer uso de máscara cobrindo a boca e o nariz enquanto permanecerem nesses locais. Outra medida importante é em relação à alimentação (cuidados alimentares para pacientes oncológicos). Deve-se ter cuidado especial no preparo dos alimentos, como higienizar adequadamente as verduras e legumes, e dar preferência para aqueles que sejam cozidos. As frutas também devem ser higienizadas antes de serem ingeridas e deve-se dar preferência para as que sejam descascadas para serem ingeridas”, detalha o especialista.
Preparação correta
De acordo com o médico, as verduras, frutas e legumes além de serem lavadas em água corrente, também poderão ser submetidas à desinfecção com água sanitária. “Para fazer a solução na proporção correta, use 8ml (uma colher de sopa cheia) de água sanitária para cada litro de água potável. Frutas, legumes e verduras podem ficar de molho na solução de água potável e água sanitária por cerca de 15 minutos. No caso das folhosas, este tempo pode ser reduzido para 10 minutos. Após a imersão, enxaguar bem o alimento em água filtrada ou água corrente tratada com cloro”, explica.
O infectologista também reforça que as carnes (aves, carne bovina e peixes) e os ovos devem estar bem cozidos, ou seja, evitar o consumo de carnes ou ovos malpassados. “Uma outra regra básica e fácil para evitar a contaminação dos alimentos após o preparo, é consumir os pratos quentes antes que eles esfriem e os gelados antes que eles esquentem. Quando são preparadas para servir mais de uma refeição, deve-se refrigerar em geladeira quando ainda não estiverem totalmente frios, ou seja, eles devem ir para geladeira com a temperatura um pouco menor do que chamamos de morno (nem quente e nem completamente frio)”.
Também existem outras recomendações importantes, como não ingerir água que não seja clorada, como água de mina, fontes, cisternas, etc. Além da higiene das mãos, que é uma importante medida de prevenção de infecções, devendo ser realizada antes de se alimentar, antes de preparar os alimentos, após o uso do banheiro, após tocar superfícies que muitas pessoas tocam, com por exemplo maçanetas de banheiro público/coletivo, antes de colocar a mão na boca, nos olhos ou nas narinas.
Dengue, Zika e Chikungunya
O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é um tumor maligno que surge na região inferior do útero (ou seja, no colo do órgão), e está quase sempre relacionado à infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV). É considerado o terceiro tipo mais frequente entre população feminina do país, com estimativa, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), de 17 mil novas ocorrências em 2023 – atrás apenas do câncer de mama e do câncer de cólon e reto.
Os números impressionam! Mas, outro fator chama ainda mais atenção: segundo o INCA, os novos casos e as mortes por este tipo de câncer ocorrem de maneira desigual entre as regiões do Brasil. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero ocupa a 2ª posição nas regiões Norte e Nordeste e a 5ª entre os cânceres mais incidentes em mulheres na região Sudeste do país. Outra informação preocupante trazida pela instituição é que, observando a série histórica das taxas de mortalidade do Brasil e regiões, a região Norte é a que traz as maiores taxas de mortalidade pela doença.
Esses dados mostram que, no cenário brasileiro, a falta de rastreamento para o diagnóstico precoce e a dificuldade de acesso a saúde básica de qualidade, são os principais motivos da diferença de números entre as regiões e refletem um grande problema de saúde pública. É aí que o Hospital de Amor se destaca! Em 1994, o HA deu início ao trabalho de busca ativa para a prevenção do câncer do colo uterino na periferia de Barretos (SP) e, posteriormente, em cidades que compõe a Diretoria Regional de Saúde V (DRS V). Um projeto pioneiro que, 30 anos depois, colocaria a região como líder em detecção precoce da doença em todo o Estado de São Paulo.
De acordo com um levantamento da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP), 72% do diagnóstico do câncer do colo do útero da DRS V acontece no estadiamento in situ. “Isso significa que de cada 10 mulheres com biópsias alteradas, sete serão tratadas com procedimentos simples dentro do próprio ambulatório, o que reduz quase a zero o risco de desenvolver o câncer do colo do útero nas próximas décadas de vida. Os dados mostram que estratégias de prevenção, com a ampliação na cobertura dos testes de rastreio (Papanicolaou), a priorização da faixa etária exposta a maior risco e o seguimento contínuo dos casos suspeitos com tratamento adequado dos positivos, resultaram em maiores taxas de detecção precoce”, destaca o coordenador médico do programa de rastreamento populacional de câncer ginecológico do Hospital de Amor, Dr. Júlio César Possati Resende.
O relatório disponibilizado pela FOSP provém de uma avaliação do período entre 2000 e 2019, e evidencia a eficiência das ações estruturadas do Hospital, que acontecem em parceria com a própria Diretoria da Regional de Saúde e as secretarias municipais de saúde dos 18 municípios (Altair, Barretos, Bebedouro, Cajobi, Colina, Colômbia, Guaíra, Guaraci, Jaborandi, Monte Azul Paulista, Olímpia, Severínia, Taiaçu, Taiúva, Taquaral, Terra Roxa, Viradouro, Vista Alegre do Alto) que a compõe.
Com a premissa de que ‘Prevenção é o ano todo e em todos os lugares do Brasil’, o HA pretende expandir essa realidade para outras localidades. A instituição conta, atualmente, com mais de 25 unidades fixas de prevenção e mais de 50 unidades móveis para levar atendimento humanizado e de alta qualidade a quem mais precisa, sobretudo nas regiões mais remotas do país. “Baseado no exemplo e resultados do programa de prevenção instituído na região de Barretos, o Hospital de Amor tem ampliado sua atuação nos últimos 10 anos para outras regiões. Apenas em 2023, foram realizados 213.525 exames de Papanicolaou, 15.452 exames diagnósticos de colposcopia e 963 pequenas cirurgias (exérese da zona de transformação do colo do útero) para tratamento de lesões precursoras de câncer”, afirma o coordenador.
Prevenção é o melhor remédio
Os especialistas ressaltam que, dentre todos os tipos de câncer, o do colo do útero é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura, isso porque é quase sempre causado pela infecção genital persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV (chamados de tipos oncogênicos), um vírus sexualmente transmissível, muito frequente na população e de contágio facilmente evitável com o uso de preservativos. Na maioria das vezes a infecção não causa doença, mas em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir ao longo dos anos para o câncer.
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza, desde 2014, vacinas contra o HPV gratuitamente, para pessoas de 9 a 14 anos, de ambos os sexos. A vacina é uma importante medida de prevenção, mas não é eficaz contra infecções ou lesões por HPV já existentes, por isso o uso de preservativos durante relações sexuais e o exame preventivo Papanicolaou é imprescindível na detecção precoce da doença e muitas vezes até na fase pré-câncer.
Pesquisa
Desde 2010, o Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital de Amor conta com um grupo de pesquisa em HPV, que tem como objetivo realizar estudos sobre a avaliação dos mecanismos de infecção e persistência do HPV e sua relação com a transformação maligna, além do potencial de métodos do rastreamento de lesões relacionadas a essas infeções.
O grupo vem contribuindo de forma relevante para avanços científicos importantes e inovadores no campo do vírus HPV e suas repercussões, apresentando também colaborações internacionais de grande impacto. Acesse e conheça mais: iep.hospitaldeamor.com.br
Compartilhando experiência
O Hospital de Amor realiza no início de fevereiro, em Barretos (SP), o 16º Encontro de Gestores do Programa de Prevenção ao Câncer do Colo Uterino, que a instituição mantém em parceria com 90 municípios dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
No encontro anual, serão debatidos os processos, fluxos e estratégias com prefeitos, secretários de saúde e profissionais de saúde, ressaltando a importância da parceria com a atenção primária e secundária. Durante o evento haverá o detalhamento do programa, com amostragem e discussão de indicadores.
A inovação está no DNA do Hospital de Amor, por isso mesmo, a instituição tem seu próprio centro de inovação: o Harena, que vem fazendo a diferença no cenário da saúde pública desde o início de sua operação.
Nos dias 20 e 21 de dezembro, o time Harena promoveu a 6ª edição do Bootcamp Healthtech Barretos, no IRCAD América Latina, com o apoio do Sebrae-SP. O evento é uma imersão presencial que reúne especialistas em inovação em saúde para discutir oportunidades, desafios e boas práticas com as startups participantes. Durante a imersão, os empreendedores das startups se conectam com diversos líderes e gestores do HA, em Barretos (SP), para construir oportunidades de validação de soluções inovadoras e provas de conceito de tecnologia.
De acordo com o diretor de inovação do Harena, Dr. Luis Gustavo Romagnolo, esse evento é muito importante para cultivar networking e conhecimento junto à comunidade de inovação e saúde de toda região de Barretos e dos demais estados. “Ao longo dos dois dias, foram mais de 100 mentorias para os times das startups participantes do programa Healthtech Barretos. Essas conexões têm como objetivo trazer para o próprio empreendedor a real situação do negócio dele e dar soluções para os nossos pacientes da saúde pública”, afirma.
O médico e fundador da startup Presavi, Dr. Alberto Peron, explica que ele atua à frente da startup que é focada em acompanhar a jornada de prevenção do paciente. “Aproveitamos muito o Bootcamp, pois é o lugar certo para aumentar o networking e para agregar em conhecimento”. Já para a gerente de governança clínica do Hospital de Amor, Carla Carvalho, “é uma honra poder participar como mentora e poder realizar trocas de conhecimentos com várias startups do Brasil inteiro, com o mesmo objetivo: melhorar a saúde pública do país”. A pesquisadora do HA, Dra. Fabiana Vazquez, ressalta a importância da mentoria. “É incrível os contatos que fazemos no evento e espero ter dado soluções para as startups, pois nossa expectativa sempre é resolver os problemas dos nossos pacientes.”
Segundo o gerente de inovação do Harena, Guilherme Sanchez, a 6ª edição do Bootcamp foi um sucesso! “Nós tivemos painéis e uma verdadeira imersão dentro do Hospital de Amor; também houve diversas mentorias com especialistas do HA e convidados externos que falaram sobre fundraising (captação de recursos); e lei geral de proteção de dados; proporcionando essa conexão entre os desafios das startups e os especialistas da instituição e do nosso ecossistema para transformar a saúde pública do Brasil”, finaliza Guilherme.
Ao longo destas cinco edições anteriores, já foram mais de 120 Healthtechs participantes, mais de 310 mentorias individuais realizadas com especialistas, mais de 190 horas de conteúdo técnico avançado para startups e mais de 60 especialistas, mentores e speakers. Esta 6ª edição ficou marcada pelas apresentações de pitchs e muito networking.
Para mais informações, acesse: harena.com.br
Em sua sétima edição, o “Simpósio de Educação em Saúde” – evento promovido no último dia 23 de novembro pelo Núcleo de Educação em Câncer (NEC) do Hospital de Amor, em parceria com a USP Ribeirão Preto (SP) – abordou o tema “Future-se: precisamos falar sobre Inteligência Artificial na Saúde e na Educação!”.
O evento contou com palestrantes que abriram discussões sobre a importância da tecnologia na educação e na saúde, levando em consideração assuntos como: hábitos de vida, cultura do autocuidado, promoção de saúde e prevenção do câncer.
Foram realizadas palestras, debates dialéticos, mesas redondas, exposição de trabalhos de divulgação científica de instituições parceiras, além de apresentação e registros de trabalhos científicos. Todos os resumos e projetos são publicados nos Anais do Evento e registrados na Biblioteca Nacional. Esta foi mais uma oportunidade de falar sobre tecnologia de forma clara e objetiva, a respeito de um assunto complexo e novo, como a Inteligência Artificial.
O coordenador do NEC, Gerson Vieira, comentou sobre a importância da promoção deste tipo de discussão, em ambiente educacional e hospitalar. “Temos que estimular o diálogo sobre temáticas que versam os campos da Educação e da Saúde, visando a troca de experiências e a oportunidade de desenvolver estratégias que embasem os trabalhos e projetos aliados à inteligência artificial. De forma geral, ao mesmo tempo em que queremos fazer ciência com essa temática, queremos aproximar esses assuntos a todos da comunidade, seja para as instituições e estudantes, seja para entes da sociedade civil como um todo”.
Um dos palestrantes do simpósio, o gerente de inovação do Harena (centro de inovação do HA), Guilherme Sanches, falou sobre a Inteligência Artificial aplicada a saúde e comentou sobre o futuro da I.A no ambiente educacional e hospitalar. “Assim como foi com a internet, a inteligência artificial nestas áreas seguirá o mesmo caminho. Será usada de forma rotineira, claro, sempre visando o bem-estar de quem usa”. Sanches ainda ressalta a importância do simpósio. “Aqui, podemos discutir de forma aberta a aplicabilidade, desafios e barreiras a serem transpostas neste campo pelos profissionais da educação e saúde. O debate proporciona não somente conhecimento técnico para quem estava presente, mas, um conhecimento prático e aplicável nas rotinas de cada profissão”, finalizou.
Esse foi mais um simpósio de sucesso, que proporcionou um espaço valioso para a discussão e reflexão sobre como a IA está moldando o futuro da educação e da saúde. A colaboração entre estudantes, pesquisadores, professores, profissionais da saúde e profissionais da área de tecnologia foi fundamental para enriquecer o debate e promover avanços nesse campo tão promissor.
Em 61 anos de história e mais de 30 realizando um trabalho incrível de rastreamento e busca ativa, levando saúde de qualidade e exames preventivos de câncer, gratuitamente, à população das localidades mais distantes e necessitadas por meio de carretas que percorrem o país, o Hospital de Amor lança sua mais nova unidade móvel de educação: a ‘Liga de Combate ao Câncer’ (LCC).
Focada em prevenção primária e educação, a unidade utiliza a gamificação e a imersão para abordar temas importantes, como Educação em Saúde, Autocuidado e Prevenção do Câncer de Mama, proporcionando uma verdadeira experiência aos estudantes do ensino fundamental II (de 11 a 14 anos). “O objetivo é tratar assuntos complexos de maneira lúdica, transformando este público jovem em protagonistas de uma aventura e de uma investigação científica. A mecânica e a linguagem adaptada aos adolescentes proporcionam um maior envolvimento dos participantes, além de uma melhor compreensão e assimilação do tema”, afirma o supervisor das unidades móveis de educação do HA, Keneder Marino.
Idealizada em 2019, graças à uma doação do Ministério Público do Trabalho de Rondônia e Acre (MPTROAC), a carreta iniciou suas atividades em setembro deste ano. Além dos estudantes, a LCC também possui um papel importante junto aos educadores. De acordo com Marino, a unidade móvel visa capacitar os profissionais de educação, na tentativa de difundir o conhecimento com os alunos sobre o autocuidado e a prevenção do câncer.
“Nossa intenção é sensibilizar o maior número de pessoas possíveis para o combate ao câncer, e divulgar o conhecimento nas escolas sobre o autocuidado, para fazer com que esses jovens se transformem em adultos saudáveis e multiplicadores da informação em seu convívio. Dessa forma, desejamos aumentar os exames de rastreamento de câncer em busca de diagnósticos precoces e mais vidas salvas!” esclarece.
A experiência
Durante a imersão, os participantes são conscientizados sobre a importância do diagnóstico precoce e alertados sobre a prevenção secundária, com foco no câncer de mama.
“A experiência tem a duração máxima de 20 minutos e começa com a identificação dos participantes – eles são nomeados como agentes secretos e recebem definição numérica, de 1 a 10 (que é o número de cabines existentes na carreta). Na sequência, a missão é apresentada por meio de um vídeo, que mostra os personagens: Dra. Maeda, Piloto Rafa, Piloto Leo e Pilota Vivi. Eles, junto aos agentes, têm a tarefa de entrar na cabine de combate; acessar a corrente sanguínea; chegar na glândula mamária; e investigar o que está acontecendo de errado com nossa personagem Matilda – uma pessoa que se alimenta mal, fuma e consume bebida alcoólicas. No percurso virtual nas cabines, que é realizado com óculos de realidade virtual, eles descobrem uma anomalia: o câncer de mama! De forma completamente lúdica, eles participam de um combate para identificar esse mal a tempo de salvar a vida da paciente”, explica supervisor das unidades móveis de educação do HA.
Assista ao vídeo e conheça a LCC:
Um estudo inédito realizado por pesquisadores do Hospital de Amor, que teve o apoio da FAPESP e foi recém-publicado na revista científica Clinical Breast Cancer, mostrou que, mais do que a cor da pele, a ancestralidade é indicadora de risco para câncer de mama e que mulheres de ascendência africana têm mais chances de desenvolver tumores do tipo triplo-negativo, que são de difícil tratamento. Apesar de a ancestralidade já ser conhecida como um fator para prever o tipo de câncer mais provável em certa população, a pesquisa destacou que, em países miscigenados como o Brasil, apenas a cor da pele não é suficiente para determinar esse fator de risco.
Essa é a primeira desse tipo, nos distintos subtipos moleculares, com base em marcadores genéticos de ancestralidade especialmente selecionados para a população geral brasileira e foi possível graças à pluralidade das pacientes atendidas pela instituição. Os pesquisadores explicam que esse tipo de análise é importante para definir se a frequência desses subtipos de tumores se associa com a ancestralidade genética das pacientes.
De acordo com o Dr. René Aloisio da Costa Vieira, pesquisador do HA e um dos coordenadores do estudo, “os resultados apontam para a necessidade de realizar exames anuais em populações de ascendência africana, predominante no Norte e Nordeste do país. Além dos fatores socioeconômicos, que podem influenciar o prognóstico da doença nessa população, observamos uma maior proporção de ancestralidade africana em mulheres com o subtipo molecular triplo-negativo, que é sabidamente mais agressivo, multiplica-se mais rápido e tem menos opções de tratamento”.
O trabalho contou com a participação de mais de mil pacientes com câncer de mama de diversas regiões brasileiras, com uma predominância maior de mulheres do Sudeste (72%), seguido por 7,3% da região Norte, 1,8% do Nordeste e 0,9% do Sul. Em consonância com o padrão de autodeclaração de cor ou raça do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maioria se declarava branca (77,9%), seguidas de pardas (17,4%) e negras (4,1%). Amarelas (asiáticas) e indígenas somaram 0,5%.
A partir dos resultados obtidos, observou-se que a ancestralidade avaliada geneticamente foi fator associado com a classificação molecular do câncer. “Isso mostra como a cor da pele não é determinante para o tipo de tumor, mas, sim, a ancestralidade”, comenta o Dr. Rui Manuel Reis, Diretor Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) e coordenador do Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular (CPOM) do Hospital de Amor.
Os pesquisadores pretendem, agora, ampliar e investir em novas frentes do estudo para descobrir, por exemplo, melhores formas de tratamento e prevenção, que possam, sobretudo, serem aplicadas ao Sistema Único de Saúde por meio de políticas públicas estruturadas.
Leia o artigo “Genetic Ancestry of 1127 Brazilian Breast Cancer Patients and Its Correlation With Molecular Subtype and Geographic Region” na íntegra.
*Texto colaborativo: André Julião – Agência FAPESP
A inteligência artificial (IA) tem se estabelecido como uma das mais revolucionárias e transformadoras tecnologias do século XXI, e sua aplicação no segmento da saúde tem potencial para redefinir a maneira como cuidamos do bem-estar dos pacientes. Diante destas possibilidades, a startup “Huna.ai” foi acelerada pelo centro de inovação do Hospital de Amor, o Harena Inovação. Por meio do programa Healthtech Barretos (que contribui para o desenvolvimento dos projetos), a equipe da “Huna.ai” desenvolveu algoritmos inteligentes capazes de identificar sinais precoces de câncer de mama, com auxílio de inteligência artificial na interpretação de exames de sangue.
Segundo o gerente de inovação do Harena, Guilherme Sanchez, a startup entrou no 3º ciclo de aceleração de startups do centro de inovação do HA, em março de 2022. Guilherme explica que o protocolo de intenções, com o objetivo de construir a validação da Huna dentro do hospital, ocorreu em dezembro do ano passado. “Durante o programa, as startups passam por mentorias com especialistas em negócios na área da saúde, bem como pesquisadores e profissionais de saúde do Hospital de Amor. Durante três meses, a Huna.ai participou das iniciativas do programa e, depois, um grupo de pesquisadores liderado pelo Dr. Vinícius Vazquez – diretor executivo do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do HA – foi nomeado para apoiar a construção da validação da Huna.ai dentro da instituição”, enfatiza.
Para Guilherme, a startup possui visão científica sobre o desenvolvimento do produto. Ele explica que o Harena ajudou a aproximar a solução da jornada dos pacientes e dos desafios reais como prestadora de serviços em saúde, conectando o produto com o mercado ainda durante a aceleração. Após as mentorias, o acordo de cooperação ampliou a parceria para o compartilhamento de dados anonimizados de pacientes para o aprimoramento do algoritmo de inteligência artificial e, agora na nova fase, está prevista a validação real. “O produto já obteve muitas das respostas científicas necessárias para estabelecer a ferramenta. Agora, o foco está em tornar o produto ainda mais acessível ao mercado, buscando a diminuição do custo frente aos outros exames paralelos”, complementa Sanchez.
De acordo com um dos fundadores da Huna.ai, Vinícius Ribeiro, “com o apoio de várias instituições renomadas, como o Hospital de Amor e os Grupos Fleury e Hermes Pardini, foi possível realizar uma pesquisa voltada para o câncer de mama e identificar, a partir dos dados disponibilizados, um painel sanguíneo sugestivo deste tipo de tumor, doravante a análise com algoritmos proprietários de Huna. E o mais importante: com boa performance e um custo muito baixo”.
Para o empreendedor, a detecção precoce de doenças crônicas e, em particular, do câncer, é reconhecidamente importante por trazer uma série de benefícios para os pacientes e para o sistema de saúde, pois possibilita maiores chances de cura, diminui a invasividade/agressividade dos tratamentos, diminui as chances de complicações e sequelas, melhora a qualidade de vida dos pacientes em tratamento e reduz custos para o sistema de saúde. Ribeiro conta que, no Brasil, porém, as taxas de detecção precoce de câncer vêm caindo nos últimos anos, com mais da metade dos casos identificados já em estágios avançados, principalmente pela dificuldade de garantir acesso às estratégias e equipamentos de saúde para rastreamento/diagnóstico.
“Neste momento, a startup Huna.ai está focada em oferecer a tecnologia como um estratificador de risco para câncer (de mama) e apenas para instituições, como gestores de saúde (planos, seguradoras) e hospitais”, afirma.
A tecnologia a favor da vida
A equipe da Huna criou uma ferramenta que reaproveita dados de exames de rotina já realizados para mapear o risco de uma determinada paciente que pode estar com câncer de mama e, dessa forma, encurtar o tempo até o diagnóstico, priorizando assim o seu atendimento, por exemplo. Ribeiro enfatiza que a ferramenta não serve (nem hoje, nem no futuro) como um substituto dos processos de rastreamento/diagnóstico – pelo contrário, ela ajuda a organizar e direcionar os esforços e recursos limitados do sistema de saúde para aquelas pacientes com maior risco.
Atualmente, a ferramenta funciona de forma simples, ao se integrar diretamente na rotina de setores, como o da Prevenção e da Atenção Primária à Saúde de instituições, identificando quais pacientes, especialmente aquelas já em atraso com suas mamografias, precisam ser priorizadas no rastreamento.
“O Harena tem um lugar fundamental na história da Huna, pois foi o primeiro programa de aceleração que participamos, quando tínhamos poucos meses de vida enquanto uma empresa independente. Fomos indicados por outras startups que já haviam participado do programa e recomendaram pela excelência das mentorias e pela proximidade com o Hospital de Amor”, explica. Além disso, o HA também tem um papel fundamental para a Huna, especialmente nos esforços conjuntos de pesquisa para a criação do primeiro produto de mama. “O acesso à rede de profissionais extremamente qualificados que atuam numa jornada altamente complexa e fragmentada, nos ajuda na formatação correta do produto para resolver as reais dores cotidianas do setor de saúde na oncologia, priorizando, acima de tudo, segurança e custos acessíveis”, finaliza Ribeiro.
Para o médico e pesquisador do Hospital de Amor, Dr. Vinícius Vazquez, essa parceria entre o hospital e Huna.ai é uma oportunidade de avanço no diagnóstico precoce do câncer, que se for confirmado, poderá trazer maior conforto, maior velocidade diagnóstica e, eventualmente, menores custos.
No Brasil, o câncer de pele é o mais frequente entre todos os tipos da doença. Segundo estimativas do INCA (Instituto Nacional de Câncer), entre 2023 e 2025, são esperados 705 mil novos casos de câncer no país por ano, dos quais 31,3% devem ser de pele não melanoma, o que corresponde a pouco mais de 220 mil novos casos. Quanto ao câncer de pele melanoma, o número de casos novos estimados é de quase 9 mil por ano, mas, apesar de ser menos comum, merece atenção, pois é considerado um tipo mais grave da doença, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (que é disseminação do câncer para outros órgãos) e alto índice de mortalidade quando diagnosticado tardiamente. De modo geral, o prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom quando há detecção em sua fase inicial. Por isso, estratégias de prevenção e diagnóstico precoce devem ser prioritárias.
Pensando nisso o Hospital de Amor, por meio do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) e unindo as frentes de Pesquisa, Prevenção e Inovação, desenvolveu um projeto pioneiro, intitulado ‘Projeto Retrate’, que possui o fomento do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica – PRONON, implantado pelo Ministério da Saúde para incentivar ações e serviços desenvolvidos por entidades, associações e fundações privadas sem fins lucrativos no campo da oncologia. A proposta, que acaba de começar a funcionar para o público, foi o de criar uma cabine de autoatendimento que ficará à disposição da população em locais de grande circulação, facilitando o acesso à uma avaliação primária, além de um aplicativo que possibilita o envio de fotos de lesões suspeitas de qualquer lugar, que serão avaliadas pelos especialistas da instituição.
Neste primeiro momento, a cabine ficará instalada no North Shopping Barretos, na cidade de Barretos (SP) – e o app (clique para acessar) terá funções liberadas apenas para telefones de DDD 17. Durante nove meses, o equipamento coletará informações dos usuários, como dados cadastrais e imagens, que serão enviados diretamente para o HA. Com essas informações em mãos, um laudo será gerado e, no caso de lesões suspeitas, esse usuário será convocado com prioridade para análise mais precisa com um médico especialista. A cabine e o aplicativo para dispositivos móveis contam também com experiências que visam proporcionar o aprendizado da população sobre como prevenir o câncer de pele, como identificar possíveis melanomas e também sobre a extrema importância do uso do filtro solar.
O projeto, que está sob responsabilidade do Dr. Vinicius de Lima Vazquez, cirurgião oncológico do HA e Diretor Executivo do IEP; da Dra. Vanessa D´Andretta Tanaka, dermatologista do HA; e da Dra. Raquel Descie Veraldi Leite, fisioterapeuta e doutora em Oncologia pelo HA, prevê, ainda, equipar todas as Unidades Básicas de Saúde do município com dermatoscópios, expandindo o projeto de teledermatologia da instituição, com o intuito de tornar mais eficiente a comunicação entre os profissionais da Atenção Básica de Saúde e a equipe do departamento de Prevenção do HA. Além disso, profissionais de estética e cuidados corporais, que tem contato visual com o corpo de seus clientes e que atuam na cidade, incluindo cabeleireiros, massagistas, esteticistas, tatuadores, podólogos, estão sendo capacitados e certificados como parceiros do projeto, com objetivo de expandir o a cobertura do projeto de prevenção.
Segundo a Dra. Raquel, “levar conhecimento faz com que os cidadãos se tornem autônomos na questão de tomar as próprias decisões em relação a sua própria saúde, de sua família e comunidade. O diagnóstico é crucial e aumenta as chances de um tratamento mais efetivo, uma melhor recuperação e uma maior qualidade de vida”, reforçou. A pesquisadora esclarece, ainda, que após os meses de consolidação e validação do projeto em Barretos, a cabine deverá se tornar um projeto itinerante e pode ser expandido são apenas para região, mas também para demais localidades do país.
Segundo estimativas para o triênio 2023-2025, do Instituto Nacional de Câncer (INCA), cerca de 32 mil casos de câncer de pulmão devem ser diagnosticados por ano no Brasil, o que coloca a doença como a quinta mais incidente entre todos os tipos de tumores malignos. No Hospital de Amor, de acordo com dados do departamento de Registro de Câncer, são aproximadamente 500 novos casos por ano, que muitas vezes chegam em estágios avançados, em decorrência da dificuldade no diagnóstico precoce, já que a doença, normalmente, não possui sintomas no estágio inicial. É o que reforça um levantamento do Instituto Oncoguia, que mostra que 86% dos pacientes recebem o diagnóstico tardiamente, quando a doença já não possui mais possibilidade de cura.
Apesar dos diversos fatores que favorecem a ocorrência do câncer de pulmão, como exposição a agentes cancerígenos químicos ou físicos, infecções pulmonares de repetição, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica) e fatores genéticos, o tabagismo ainda é o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença, com até 85% dos casos diagnosticados associados ao consumo e exposição passiva aos derivados do tabaco.
“Nem todo indivíduo que fuma ou fumou desenvolverá câncer de pulmão, e isso ainda é realmente difícil de se prever, mas sabe-se que a chance de seu desenvolvimento está diretamente relacionada à carga de tabaco com a qual que se teve contato”, explica o médico radiologista do Hospital de Amor, Dr. Rodrigo Sampaio Chiarantano. Sabe-se também que a mortalidade em decorrência da doença entre os fumantes é cerca de 15 vezes maior do que entre pessoas que nunca fumaram, já entre os ex-fumantes essa taxa chega a ser quatro vezes maior.
Especialistas explicam que o início do diagnóstico pode ser feito com um exame simples de raio-X de tórax. Mas, caso seja constato a presença de lesão pulmonar, é necessário a realização de exames complementares, como tomografia computadorizada, ressonância magnética, broncoscopia e posteriormente, a biópsia da lesão. O oncologista clínico do HA, Dr. Carlos Eduardo Baston Silva, conta que as principais modalidades de tratamento são: cirurgia nos estádios iniciais, quimioterapia, radioterapia, terapia-alvo e imunoterapia, isolados ou em combinação.
Visando colaborar com a mudança do histórico da doença no país, o HA possui diversas iniciativas voltadas para o diagnóstico precoce, tratamento, ensino e a pesquisa em câncer de pulmão. Conheça melhor:
Pioneirismo no diagnóstico precoce
Há 4 anos, com o intuito de reduzir as taxas de diagnóstico tardio, o HA lançou um programa de rastreamento ativo de câncer de pulmão, como parte de uma iniciativa mais ampla da instituição, que se destaca por incluir também atividades de prevenção primária e pesquisa científica de ponta com marcadores biomoleculares.
Em um formato pioneiro na América Latina, uma unidade móvel foi equipada com um tomógrafo computadorizado de baixa dose e direcionada a fazer o acompanhamento da população de risco. O programa é o único no Brasil que integra dados de diversas esferas da área da saúde e oferece gratuitamente esse exame aos usuários do Sistema Único de Saúde. Inicialmente, o projeto atendeu com exclusividade os encaminhamentos dos participantes dos grupos de cessação de tabagismo, mas, atualmente, o rastreamento está disponível para todos os indivíduos que fazem parte do grupo de risco e que residem em um dos 18 municípios que compõem Departamento Regional de Saúde de Barretos (DRS-V).
O diferencial desta unidade móvel é o laudo, que foi elaborado para o programa, pensando em tornar a informação mais acessível ao paciente. O documento é composto por texto em linguagem mais simples e direta, acompanhado de um reforço visual que ilustra o significado dos achados. No laudo, são descritos os achados do exame potencialmente relacionados ao tabagismo e explicados os passos seguintes a partir dali. Ele foi desenvolvido pensando no melhor entendimento do indivíduo participante, estimulando o autocuidado e a vigilância de saúde. Os pacientes têm retornado com grande satisfação. Alguns deles relataram, inclusive, que o processo de rastreamento como um todo auxiliou na decisão de parar de fumar.
De acordo com Chiarantano, o projeto permanece como o único envolvendo esforços combinados de prevenção primária nos municípios (secretarias municipais de saúde) e rastreamento, sendo integralmente gratuito e utilizando uma unidade móvel. Até o momento 520 pessoas já passaram pela unidade, mas a meta é acelerar as atividades que ficaram estagnadas durante a pandemia de covid-19 e checar a 3 mil atendimentos até o final de 2024. Desde o início do projeto, cinco pacientes foram diagnosticados com a doença ainda no início.
Podem participar homens e mulheres, fumantes ou ex-fumantes de alto risco. Para verificar a situação de alto risco, basta acessar a calculadora online desenvolvida pela equipe e preencher os dados, que o aplicativo determina o risco e define a indicação ou não de se fazer o exame. Sendo de alto risco, basta entrar em contato pelo telefone 3321-6600, ramais 7010 ou 7080 e agendar o exame.
Avanços científicos
Consequência da seriedade e qualidade do programa de prevenção e rastreamento de câncer de pulmão, o Hospital de Amor foi aceito como colaborador em um grande consórcio de pesquisa internacional, o International Lung Cancer Consortium (ILCCO), que possibilitará melhorar o entendimento da genética relacionada ao câncer de pulmão, a melhor caracterização de grupos de risco e de fatores de decisão em relação aos achados de exame. “Trata-se de pesquisa de ponta e de qualidade, com grande potencial de contribuição para a ciência e para a redução da mortalidade por câncer de pulmão. Com base em informações obtidas sob consentimento em amostras biológicas dos indivíduos participantes, diversas características genéticas e biomoleculares estão sendo investigadas, traçando um perfil particular da nossa população, que se somam aos dados já obtidos de outras populações ao redor do mundo”, ressalta o radiologista.
Além disso, o Instituto de Ensino e Pesquisa do HA possui, desde 2018, o Grupo Translacional de Oncologia Pulmonar, cadastrado e certificado pelo CNPq, com o objetivo de fortalecer a investigação a pesquisa translacional em câncer de pulmão, desde o paciente, passando pela patogênese molecular até a aplicação na prática clínica empregando tecnologias de ponta. “O nosso grupo tem um caráter totalmente multidisciplinar e essa multidisciplinaridade alavanca as pesquisas sobre o câncer de pulmão, tendo sempre como nosso foco principal o paciente. Atualmente, atuamos no desenvolvimento de novos painéis moleculares e na investigação de biomarcadores para auxiliar a equipe médica no manejo do paciente”, explica a pesquisadora Letícia Ferro Leal.
Avanços tecnológicos – cirurgias torácicas robóticas
Desde agosto de 2022, o Hospital de Amor realiza cirurgias torácicas com auxílio de robôs aos seus pacientes, gratuitamente. De acordo com o médico cirurgião do hospital, Dr. Luís Gustavo Romagnolo, esse tipo de procedimento é uma melhor opção para o paciente e os que realizam tratamento de neoplasia no pulmão são os principais beneficiados com o procedimento. “Com essa tecnologia, conseguimos contribuir com um melhor resultado estético, uma maior precisão, menos dor e desconforto durante o pós-operatório, menos riscos de infecções na ferida operatória e menos chances de hérnias incisionais a curto e médio prazo”, afirmou.
A iniciativa foi idealizada pelo grupo de cirurgiões do departamento de cirurgia torácica oncológica do HA, formado pelos médicos Dr. Wilson Chubassi de Aveiro, Dr. Maurício Cusmanich, Dr. Rachid Eduardo Noleto da Nóbrega Oliveira e o chefe do departamento, Dr. José Elias Abrão Miziara.
Avanços tecnológicos – alta tecnologia em radioterapia
O Hospital de Amor é uma das poucas instituições do Sistema Único de Saúde a oferecer radioterapia estereotáxica corporal (SBRT), uma técnica avançada e de alta tecnologia, não custeada pelo poder público. Em outubro de 2022, a revista científica The Lancet Regional Health – Americas publicou um artigo escrito por médicos e pesquisadores do HA, em parceria com profissionais da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, que teve como objetivo avaliar se a SBRT é uma estratégia mais custo-efetiva do que a radioterapia fracionada convencional. O trabalho, teve como base pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas em estágio I inelegíveis cirurgicamente. O estudo traz resultados que provam que o uso da modalidade SBRT resulta em mais anos de vida para os pacientes.
“Hoje, o tratamento padrão curativo é a lobectomia — a remoção de um lobo pulmonar por meio cirúrgico. O problema é que boa parte dos que descobrem o tumor no estágio inicial é quem fuma, o idoso e quem tem o coração fraco ou outras doenças derivadas do cigarro, da vida e da idade”, explica um dos coordenadores do estudo, o radio-oncologista Alexandre Arthur Jacinto.
A SBRT age somente no nódulo e protege qualquer tecido ao redor, através de uma técnica com base em tomografias 4D. “Enquanto respiramos e falamos, o pulmão se movimenta e o nódulo também. Como faço um tratamento preciso numa região que se movimenta o tempo inteiro? A estereotaxia trata esse tumor rastreando seu movimento. Eu vejo o movimento do nódulo e consigo dar uma dose gigante de radioterapia com a possibilidade de controle desse nódulo de 90%, que é o mesmo que a cirurgia oferece”, destaca o especialista.
Educação – Projeto Inspirar
O Núcleo de Educação em Câncer do Hospital de Amor criou, em 2020, o Projeto Inspirar, mediante a necessidade de proporcionar aos adolescentes a reflexão e a conscientização dos malefícios do tabaco, tendo em vista que é durante o período entre o ensino médio e superior, que o número de usuários de tabaco cresce, tornando-se importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças na idade adulta, como o câncer de pulmão. Nesse contexto, o intuito é estimular os adolescentes a se conscientizarem sobre os malefícios do tabagismo, antes que possam se tornar usuários, além de incentivá-los a realizarem a divulgação científica sobre essa temática, junto à comunidade.
O projeto é iniciado por meio de uma capacitação proporcionada aos educadores da comunidade escolar, a fim de que estes conheçam de forma mais aprofundada as consequências do tabagismo, além de receberem orientações sobre como o projeto deverá ser desenvolvido com os alunos. Posteriormente, as inscrições para participar do projeto são abertas. Cada escola pode inscrever grupos de no máximo cinco estudantes do 9º ano acompanhados de um professor orientador, que devem cumprir as seguintes provas, dentro da plataforma virtual do projeto: 1 – Quiz de perguntas e respostas; 2 – Campanha nas Mídias Sociais Antitabagismo; 3 – InspirAção e Ciência (abrangendo a elaboração de apresentações criativas de divulgação científica sobre a temática do projeto). Todas as provas proporcionam uma quantidade de pontos para as equipes, que são indicadas por uma Comissão Avaliadora composta por profissionais do Hospital de Amor e das Secretarias Municipais de Educação.
Como culminância, o projeto finaliza-se por meio da apresentação das 10 equipes destaques na terceira prova em um evento. Após as apresentações, são divulgadas as colocações de cada grupo finalista que recebem junto de seu professor orientador e de sua escola os respectivos prêmios.