Venezuela, Goiás e São Paulo — mais de três mil quilômetros de distância somados. Ashley García, Anna Cristina Nogueira e Vitória Vilela se encontraram em um único lugar, com um único objetivo: ter acesso a um tratamento médico de qualidade, digno e humanizado.
Do país mega diverso e da fauna variada (Venezuela), para o país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza (Brasil)…
Natural de Maturin (VE), Ashley Carolina Garcia tem 11 anos, mas está no Brasil desde os sete anos. Impossibilitada de fazer um transplante de medula óssea em seu país, Greimarys Garcia (29), sua mãe, procurou seus familiares no Brasil e, juntas, elas embarcaram atrás de um tratamento adequado e digno para Ashley.
Tudo começou quando, aos três anos, a mãe notou manchas roxas pelo corpo da filha. Com o passar dos anos, suas plaquetas começaram a cair. Ao procurar um hematologista, o médico afirmou que ela estava bem, já que não havia outros sintomas. Porém, em 2021, aos sete anos, os níveis de plaquetas caíram drasticamente, afetando a hemoglobina e os glóbulos brancos. Diante disso, foi solicitado um exame de medula óssea para investigar uma possível leucemia. O diagnóstico: mielodisplasia.
Ashley iniciou o tratamento, mas não obteve resposta. Após cada ciclo de três meses, ela recaía e seu estado de saúde se agravava.
A Venezuela é um país que não possui programas de saúde para a população, ou seja, todo processo é pago. Por isso, a mãe de Ashley começou a trabalhar duas vezes mais para comprar as medicações que a sua filha precisaria durante o tratamento, além das consultas médicas. Após diversas tentativas de tratamento – e algumas adversidades ao longo desses período – o médico aconselhou Greimarys a procurar ajuda em outro país, caso contrário, sua filha poderia falecer. Neste momento, Grei entrou em contato com os seus familiares de Roraima e pediu ajuda a eles.
Ao chegar no Brasil, Grei e Ashley foram até o posto de saúde de Boa Vista (RR) e, posteriormente, foram encaminhadas ao hospital infantil do município. Após três meses sem tratamento efetivo, Ashley foi internada para avaliar a resposta da medula a um novo protocolo, mas, infelizmente, também foi ineficaz. A médica responsável então confirmou a necessidade de transplante de medula óssea.
“Nessa consulta, a profissional solicitou novamente o exame aspirado da medula e uma biópsia. Com a confirmação da mielodisplasia, ela explicou que Roraima não tinha estrutura para o transplante. Então, fomos encaminhadas para Brasília, onde passamos quatro meses tentando um tipo de quimioterapia. Como os resultados não eram satisfatórios, perguntaram se Ashley tinha irmãos ou se o pai poderia vir ao Brasil para fazer o teste de compatibilidade. Como não havia essa possibilidade, fomos inscritas no banco de doadores”, relembra Grei.
Felizmente, encontraram um doador 100% compatível. Contudo, o procedimento não poderia ser feito em Brasília. Assim, mãe e filha foram encaminhadas à unidade infantojuvenil do Hospital de Amor, em Barretos (SP).
Ao chegar ao Hospital de Amor, Ashley realizou o transplante de medula óssea. No entanto, o cenário não melhorou imediatamente. Infelizmente, ela enfrentou diversas complicações e precisou ser internada várias vezes, chegando a pesar apenas 21 kg. Ashley teve problemas no fígado, no intestino, contraiu COVID-19 e outros vírus devido à baixa imunidade. Além disso, sofreu infecções e passou muito mal após o procedimento. Sua mãe relata que o processo foi extremamente difícil. “Ela vivia internada no hospital… Passou por muitas coisas. Depois do transplante, percebi que algo estava estranho. No início, achamos que era por causa da transfusão, mas ela dormia demais. Foi solicitada uma tomografia, que confirmou toxoplasmose na cabeça”, desabafa Grei.
E, mesmo em tempos difíceis, coisas maravilhosas podem acontecer. Durante o tratamento, Ashley conheceu Raílla Coelho, também paciente infantojuvenil do Hospital de Amor e que, assim como ela, precisou de um transplante de medula óssea e, logo, elas tornaram-se inseparáveis.
Essa amizade foi além das paredes do hospital. Juntas, participaram da 4ª edição do Concurso Rainha do Rodeio Pela Vida. “Ashley não esperava ganhar, e eu, como mãe, também não. Autorizei que ela participasse apenas para apoiar sua amiga, porque elas viveram momentos muito difíceis. Raílla quase faleceu e isso deixou a Ashley – e todos nós [familiares e amigos] – muito triste”, relembra Grei Garcia.
Durante os ensaios e no grande dia do evento, Ashley ensinou para todos que a acompanharam que o amor, a amizade e o cuidado fazem a diferença na vida das pessoas. Na noite do desfile, para acompanhar e dar suporte a Raílla, Ashley desfilou de mãos dadas com a amiga.
Hoje, Ashley segue o tratamento com imunossupressores, e sua previsão de alta é para agosto de 2025. Para ela, representar o Hospital de Amor na 5ª edição do Rodeio Pela Vida é motivo de orgulho e gratidão.
“Graças ao Hospital de Amor — e a Deus — minha filha está curada”, diz Grei, emocionada.
*O Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) foi criado em 1993, em São Paulo, para reunir informações de pessoas dispostas a doar medula óssea para quem precisa de transplante. Desde 1998, é coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Rio de Janeiro.
Com mais de 5,5 milhões de doadores cadastrados, o REDOME é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo e pertence ao Ministério da Saúde, sendo o maior banco com financiamento exclusivamente público. Anualmente são incluídos mais de 125 mil novos doadores no cadastro do REDOME.
Fonte: REDOME.
Da Venezuela ao local dos maiores produtores de soja do Brasil…
Natural de Rio Verde (GO), Anna Cristina Nogueira, de 14 anos, sempre foi uma menina alegre, carinhosa e muito apegada à mãe. Mas, aos 13 anos, sua vida mudou com o diagnóstico de câncer.
Tudo começou com dores no joelho e uma leve dificuldade para andar. Como fazia musculação na época, Anna acreditava que se tratava de uma dor muscular, causada pelos treinos. Com o tempo, as dores aumentaram e o joelho começou a inchar. A mãe a levou ao médico, que inicialmente diagnosticou como “dor do crescimento”.
Sem melhora, a família buscou uma consulta particular com um ortopedista. Após ouvir o relato, o médico solicitou um raio-X. O resultado o deixou preocupado, então, ele pediu uma tomografia para confirmação. Ao receber os exames, o profissional comunicou que ela estava com um tumor no joelho, e ofereceu duas opções de tratamento: Barretos (SP) ou Jales (SP).
Sem saber o que significa a palavra ‘tumor’, Anna fez um post no seu Instagram – para os amigos mais próximos – dizendo: “Estou com um tumor no joelho, o que é isso?”. Curiosa e preocupada, procurou a resposta no Google. Foi aí que a ficha caiu. O impacto da descoberta a deixou muito abalada.
Mesmo assim, não ficou sozinha. Contou com o apoio fundamental da melhor amiga, Gabriele de Oliveira, e da família. Ela relembra que a amiga foi um anjo na sua vida, “ela que me dá força para aguentar tudo isso, toda vez que eu volto para Rio Verde (GO), ela vai na minha casa”, relata, Anna.
Para a mãe – que não pôde estar na consulta porque estava trabalhando – a notícia também foi devastadora. “Quando minha mãe me falou que poderia ser osteossarcoma, eu estava trabalhando, dentro da indústria. Naquela hora, o chão se abriu. Entrei em desespero. Meu marido me viu chorando e veio correndo. Procurei no Google o que era, e foi um momento desesperador”, relembra a mãe da Anna, Kely Nogueira.
Kely ainda faz uma crítica sobre a forma como o câncer é retratado no cinema. “Nos filmes, quase nunca mostram finais felizes para quem tem câncer. Os relatos de cura são poucos. Quando recebi o diagnóstico, pensei: vou lutar com todas as minhas forças. Deus me deu minha filha, e Ele não vai levá-la agora”, desabafou ela.
Receber o diagnóstico de câncer é algo muito difícil, não só para o paciente, mas para toda a família. Explicar para uma criança os próximos passos dessa trajetória requer muita sabedoria, força e amor. Em outubro de 2024, Anna Cristina chegou à unidade infantojuvenil do Hospital de Amor, localizada em Barretos (SP).
Na primeira consulta, os profissionais do HA refizeram os exames e explicaram as possibilidades de tratamento. Também a alertaram que, se a resposta à quimioterapia não fosse satisfatória, a amputação poderia ser necessária. Após sete sessões de quimioterapia, veio a notícia mais temida: seria preciso amputar a perna. Ao relembrar desse momento, ela diz que foi um momento muito difícil, pois ela e sua mãe choraram muito ao assinar o documento de autorização. “Para uma menina de 13 anos, amputar a perna não é fácil. […] No começo, fiquei com raiva, mas também fiquei feliz, porque eu iria continuar viva. Foi difícil, mas hoje agradeço. Estou muito melhor sem a minha perna”, afirma Anna, com uma maturidade surpreendente.
Com o diagnostico oncológico, muitos aspectos de sua vida mudaram, entre eles, a sua profissão dos sonhos. Hoje, ela sonha em ser enfermeira para ajudar as pessoas que estão passando por momentos difíceis. “O Hospital de Amor faz jus ao nome, né? Lembro de uma postagem nas redes sociais que dizia: com amor tudo fica mais fácil. Com o amor da minha família, dos amigos e do HA, tudo ficou mais leve. Ter pessoas ao seu lado o tempo todo é muito acolhedor”, destacou a paciente.
Hoje, Anna já é uma inspiração para outras crianças e adolescentes que passam pela mesma situação. E, sem saber, já exerce o papel de ajudar o próximo com sua força e exemplo. Com sua participação no Concurso Rainha do Rodeio Pela Vida, ela provou que sonhos podem ser adaptados, mas não precisam ser deixados para trás.
Durante os ensaios, se divertiu, fez novas amizades, viveu experiências incríveis no salão de beleza e brilhou na passarela.
Junto de outras sete pacientes, Anna representou o Hospital de Amor com graça, leveza e coragem. Agora, carrega o título de Princesa do Amor no 5º Rodeio Pela Vida.
Dos maiores produtores de soja do Brasil para o interior paulista…
Natural de José Bonifácio (SP), Vitória de Souza, de 14 anos, começou o seu tratamento oncológico bem nova. Aos 8 meses de idade, ela apresentava febre constante — principalmente à noite — e não ganhava peso. Durante as trocas de fralda, sua mãe, Mércia Vilela, percebeu algo anormal na genitália da filha.
Preocupada, ela levou Vitória ao médico. Inicialmente, os profissionais garantiram que estava tudo dentro da normalidade. Mas, com o passar do tempo, o inchaço no local aumentou e uma anomalia se formou. Um novo exame foi solicitado, desta vez, uma ultrassonografia. O resultado foi: um tumor no colo do útero, em estágio avançado, que já atingia a bexiga.
No mesmo dia, Vitória foi encaminhada a unidade infantojuvenil do Hospital de Amor, localizada em Barretos (SP), onde foi atendida pela equipe infantojuvenil, sob os cuidados das médicas Dra. Erica Boldrini e Dra. Bruna, para dar início ao tratamento.
Foram dois anos de quimioterapia e radioterapia, marcados por muitas internações e reações intensas aos medicamentos. Ao receber alta, a sua mãe não esperava – e nem a Vitória –que iria retornar à instituição 12 anos depois.
Aos 14 anos, Vitória começou a fazer tratamento com hormônios. Logo em seguida, passou a sentir fortes dores na perna esquerda, que dificultavam sua locomoção. O diagnóstico confirmou o pior: o câncer havia voltado, desta vez, nos ossos.
“Saber que o meu câncer voltou depois de 12 anos foi muito difícil. Para mim, o meu cabelo e as minhas unhas são muito importantes. Eu sabia que meu cabelo cairia e minhas unhas ficariam fracas. Na primeira quimioterapia, fiquei internada por 12 dias seguidos e precisei cortar tudo de uma vez”, desabafou a pequena.
Atualmente, ela continua o tratamento no Hospital de Amor, acompanhada de perto pela equipe médica. Para Mércia, esta nova etapa tem sido ainda mais desafiadora: “Dessa vez está sendo mais doloroso. Agora ela está mais velha, é muito vaidosa… então está sendo complicado. Mas, graças a Deus, o tratamento está funcionando e ela está reagindo bem.”
Como forma de distração, Mércia autorizou a participação da filha na 4ª edição do Concurso Rainha Rodeio Pela Vida. Apesar da timidez e da falta de experiência na passarela, Vitória ficou em terceiro lugar e conquistou o título de Madrinha do Amor, tornando-se uma das representantes oficiais da instituição no 5º Rodeio Pela Vida.
Ao ser questionada sobre experiência no concurso Rainha Rodeio Pela Vida, ela comenta que foi muito legal. “Eu nunca tinha desfilado, e sou muito tímida, tenho vergonha de falar em público. Mas assim que pisei no palco, o medo passou. A energia das pessoas torcendo por nós foi muito forte. Foi muito legal. Estou muito feliz por representar o Hospital de Amor no 5º Rodeio Pela Vida”, disse Vitória.
Rodeio Pela Vida
O Hospital de Amor – referência em oncologia, que acolhe pacientes de todo o país – realizará, entre os dias 5 e 7 de junho, a 5ª edição do “Rodeio pela Vida”, na cidade de Barretos (SP). O evento, que acontece no Recinto Paulo de Lima Corrêa em prol do HA, contará com atrações musicais, rodeio em touro e cavalo (sela americana, bareback e cutiano), breakaway roping e Três Tambores.
Priorizando a qualidade do rodeio, a comissão organizadora firmou parceria com a ACR – Associação dos Campeões de Rodeio – para a seleção dos competidores do rodeio em touro, enquanto a ProHorse será a responsável pela organização do rodeio em cavalos. Nas provas cronometradas, a modalidade Três Tambores será em parceria com a ANTT – Associação Nacional dos Três Tambores.
Além das provas, o evento contará com o apoio de cantores parceiros da instituição. No primeiro dia, Murilo Huff fará o primeiro show da 5ª edição. Já no segundo dia, as apresentações ficarão por conta do grupo Traia Véia e da dupla Bruninho & Davi. Por fim, no último dia, para encerrar a festa com chave de ouro, Felipe Araújo finaliza as atrações musicais desta ação solidária. Acesse o site e compre seu ingresso.
“Você não é todo mundo”, “Leva o guarda-chuva, vai chover”, “Se eu for aí e achar…”. Provavelmente, você já ouviu algumas dessas frases ditas por sua mãe, não é mesmo? Existe um ditado que diz que mãe é tudo igual, só muda o endereço. Mas uma coisa é indiscutível: o amor de mãe é um dos mais bonitos que existe.
Nesta semana especial em que celebramos o Dia das Mães, convidamos você a conhecer Maria Aparecida Rosini, de 67 anos — que já carrega o nome de uma das mães mais conhecidas e amadas do mundo. Para os cristãos, Maria é mãe do salvador da humanidade, Jesus. Talvez ela seja uma das representações mais lindas de como o amor de mãe enfrenta desafios, desenvolve coragem inimaginável, se anula por um filho e, mesmo na dor, jamais abandona.
Em 2005, aos 11 anos, Edleine Rosini, filha de Maria Aparecida, era uma menina como tantas outras. Gostava de brincar e dançava balé com muita alegria, até que um salto diferente denunciou que algo estava errado. “Senti muita dor na perna. Minha mãe logo percebeu e decidiu me levar ao médico em Porto Ferreira (SP). Fui encaminhada para São Carlos, também no interior paulista, onde conheci o médico que me encaminhou ao Hospital de Amor, em Barretos”, relembra Edleine, hoje com 32 anos.
O diagnóstico foi avassalador: um sarcoma de Ewing (um tipo raro e agressivo de câncer ósseo). A partir dali, a vida da menina e de toda a família mudaria para sempre.
“Eu recebi o diagnóstico de um tumor maligno. No outro dia, já passei com a psicóloga, a querida Tia Lu. Algo que vejo de maneira positiva é que minha mãe nunca me escondeu nada. Mas, no fundo, eu sabia que era grave”, conta a educadora física e instrutora de pilates. A consciência da gravidade vinha mais do olhar de quem a amava do que das palavras. “Via minha irmã chorar, minha mãe, minha tia, então eu sabia que o câncer era grave, mas acho que nunca encarei como algo impossível.”
O que mais a marcou naquele período foi o cuidado da mãe: “Ela sempre me vestia de rosa. Eu era a ‘Pantera Cor-de-Rosa’ da pediatria, pois carregava comigo a pelúcia do personagem para todos os lados, além de ser conhecida como a ‘bailarina’ do hospital”, conta ela com um sorriso.
Para Maria Aparecida, o início foi um choque: “O médico começou a falar palavras que eu nunca tinha ouvido. Quando ele disse ‘tumor maligno’, eu desmaiei na hora. Mas ele me falou: ‘Sua filha tem chance porque você correu atrás rápido’. Quando eu desmaiei de novo, ele disse: ‘Como eu vou te levantar do chão assim, mãe?’”. Hoje, Maria consegue rir da situação, mas imagine o desespero de uma mãe ouvindo que sua filha de apenas 11 anos estava com um câncer maligno. Não foi nada fácil.
A partir daquele momento, Maria decidiu colocar sua filha nas mãos de Deus. E foi nesse ato de fé que encontrou força para continuar. “Recebi uma ligação da Déborinha (primeira enfermeira da Pediatria do HA), que chamo de meu anjinho. Aquilo me fortaleceu”, conta. Quando a pequena paciente soube do diagnóstico, disse à médica: “Eu sei que é um tumor, mas não sei o que é”. A psicóloga então a levou para conversar em sua sala. Maria lembra: “Queria que aquele dia nunca tivesse existido. A médica disse que o tratamento seria longo e doloroso, cerca de um ano. Foi quando eu declarei: ‘Minha filha está nas mãos de Deus’. E a gente começou a batalha na segunda-feira.”
As primeiras sessões de quimioterapia foram duríssimas. “Ela vomitou muito. Lembro que me ajoelhei no chão e falei: ‘Deus, está começando o sofrimento da minha filha, mas oro pela cura dela’”, conta Maria. A cada passo, a mãe estava ali. Firme, mesmo quando chorava escondida. “Enfrentei tudo de cabeça erguida, chorava bem longe da Edleine, pois não queria que ela visse minhas lágrimas”, relata Maria com os olhos marejados. No fundo, é algo que toda mãe faz. Muitas vezes, seu amor nem é visto, apenas sentido. Mas sempre está ali.
Para Edleine, apesar da dor, havia leveza. A menina “coloria” os corredores do hospital com seu jeito divertido e sua pantera rosa de pelúcia, presente do pai. Tudo com muito rosa, pois se a vida trazia tempestade, o amor trazia cor.
Por trás do sorriso, havia momentos de risco real. “Na primeira parte da primeira sessão, passei muito mal. Tive uma parada respiratória”, relata Edleine. Sua mãe completa, com a voz embargada: “Vi minha filha morrendo na cama. Segurei a mão dela, me ajoelhei no chão do quarto e disse a Deus: ‘Pai, o que posso prometer para que o Senhor a salve e deixe comigo?’”.
Naquele instante, uma voluntária da AVCC (Associação Voluntária de Combate ao Câncer), toda vestida de rosa, entrou no quarto. “Quando a vi, fiz um voto com Deus: ‘Senhor, se minha filha for poupada, serei voluntária enquanto tiver forças’.” Edleine saiu daquela situação e se recuperou. “A partir dali, eu tinha uma nova missão”, diz Maria.
Ela cumpriu seu voto: começou a atuar como voluntária em 2005, na AVCC em Barretos. Hoje, aos 67 anos, Maria ainda percorre cerca de 400 km (ida e volta), duas vezes por semana, ajudando pacientes. Ela também cooperou na fundação da Casa de Apoio de Porto Ferreira em Barretos.
Depois de longas sessões de quimioterapia, Edleine estava curada. O pesadelo iniciado com aquele salto no balé havia terminado. O sofrimento foi vencido com lágrimas, fé e muito amor.
Em 2023, um novo diagnóstico: câncer do colo do útero, causado pelo HPV. Após dificuldades para iniciar o tratamento, a fé novamente interveio. A irmã de Edleine encontrou Henrique Prata, presidente do Hospital de Amor, e explicou a situação. Ele reconheceu a “bailarina” de rosa, e o tratamento começou.
Edleine deu início ao seu tratamento no Hospital de Amor, onde ela recebeu pela segunda vez na vida a notícia de que não havia mais câncer em seu corpo.
Hoje, casada com Kelvin Souza, de 33 anos — o mesmo que, quando criança, a visitava e orava por ela — Edleine compartilha sua história nas redes sociais e ajuda outras mulheres a se prevenirem.
Em fevereiro deste ano, ela começou a sentir fortes dores. Os exames mostraram linfonodos aumentados e um novo diagnóstico: câncer de peritônio.
“Quando soube que minha filha estava com câncer pela terceira vez, eu sumi. Chorei muito, mas falei para Deus: ‘Senhor, entrego minha filha em suas mãos pela segunda vez’”, diz Maria, com lágrimas nos olhos, beijando a cabeça da filha, agora careca pelo tratamento.
Edleine hoje realiza sessões de quimio e imunoterapia em Ribeirão Preto, acompanhada pelo Hospital de Amor.
Ao ser questionada sobre quem é Maria, Edleine sorri e responde: “Ela é meu orgulho. Nunca desanima. Mesmo com dificuldades, está sempre alegre. É meu porto seguro. É meu amor.”
Essa mãe e filha seguem enfrentando a vida com fé, amor e gratidão. “Tudo o que vivi me fez mais forte”, diz Edleine.
Feliz Dia das Mães a todas as Marias que estão sempre ao lado de seus filhos, mostrando que onde há o verdadeiro amor, o medo é lançado fora!
Receber o diagnóstico de câncer é um duro golpe para quase todos os pacientes oncológicos, pois, normalmente, a doença traz consigo desafios com o seu tratamento, como a necessidade de realizar cirurgia, quimioterapia, radioterapia e outros fatores de acordo com o procedimento necessário.
Inevitavelmente, a situação obriga o paciente, bem como a sua família, a pausar ou mudar muitos sonhos planejados. Ocorre que esta mudança pode trazer um turbilhão de sentimentos, que, se não observados e cuidados, podem acarretar o desenvolvimento de uma depressão.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é considerado o país da América Latina com maior prevalência de depressão e o quinto país mais depressivo do mundo. É fato que a pandemia de COVID-19 foi responsável por aumentar os casos de depressão e ansiedade em mais de 25% em todo o mundo.
Para abordar sobre este tema tão delicado, a coordenadora do departamento de psicologia do Hospital de Amor, em Barretos (SP), Jennifer Koller, respondeu algumas perguntas. Confira abaixo:
1) O que é depressão?
R.: A depressão é um transtorno de humor que pode variar em intensidade, sendo classificada como leve, moderada ou grave. Sua causa exata não é completamente conhecida, mas acredita-se que seja resultado de uma combinação de fatores. Aspectos genéticos e ambientais desempenham um papel importante no desenvolvimento da doença. A hereditariedade, em particular, tem grande influência, embora seja menos significativa em casos de depressão que se manifestam na terceira idade. Além disso, mudanças nos níveis de neurotransmissores e desequilíbrios hormonais também estão frequentemente associados à doença. Fatores psicossociais, como separações, desemprego ou situações de vulnerabilidade social, também podem contribuir para o surgimento da depressão.
2) Quais são os malefícios que ela pode causar às pessoas?
R.: A depressão pode ser extremamente incapacitante, prejudicando vários aspectos da vida de uma pessoa. Ela pode afetar negativamente tanto a saúde mental, física e social, além de reduzir a qualidade de vida. Em casos graves, a depressão pode levar ao suicídio.
3) Depressão pode causar câncer?
R.: Embora a depressão seja uma condição séria que afeta a saúde mental, não há evidências científicas que provem que ela cause câncer. O câncer se desenvolve devido às mutações celulares que permitem o crescimento descontrolado de tumores, um processo que não está relacionado diretamente à depressão. Assim, não existe nenhuma correlação evidenciada dessas duas doenças.
4) Como o câncer pode levar o paciente oncológico à depressão?
R.: O diagnóstico de câncer traz uma série de desafios, como o impacto psicológico do tratamento, as mudanças na qualidade de vida e o estigma da doença. Esses fatores podem, em algumas pessoas, desencadear ou agravar os sintomas da depressão. A prevalência de depressão em pacientes com câncer pode variar, dependendo do tipo e estágio da doença, além de condições de saúde preexistentes e do contexto social e cultural do paciente.
5) Qual é a prevalência da depressão em pacientes oncológicos?
R.: Ansiedade e depressão são transtornos mais recorrentes em pacientes com câncer. Por um lado, é importante destacar que nem todos os pacientes com câncer apresentam depressão, pois inferir isso de maneira generalizada pode reforçar estigmas que não contribuem para o enfrentamento funcional oncológico ou em saúde mental. Por outro lado, o risco de o paciente oncológico desenvolver esse transtorno é duas a quatro vezes maior em comparação com a população geral – a incidência é alta e por vezes subdiagnosticada. Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde realizem uma avaliação contínua da saúde mental durante o tratamento oncológico.
6) Quais são os sintomas da depressão?
R.: De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), a depressão é caracterizada por sintomas persistentes por, pelo menos, duas semanas. Pelo menos cinco dos seguintes sintomas devem estar presentes: tristeza profunda ou irritabilidade, perda de interesse ou prazer em atividades, alterações no apetite ou no sono, fadiga, sentimento de culpa ou inutilidade, dificuldade de concentração, pensamentos suicidas ou morte, além de nervosismo e ansiedade.
7) Como a família pode ajudar a identificar a doença?
R.: A família tem um papel essencial no cuidado de pessoas com depressão, tanto no diagnóstico quanto no tratamento. Deve-se atentar as mudanças no comportamento e/ou reações emocionais incomuns do indivíduo e persistentes. A família pode oferecer escuta, apoio sem julgamento e encorajar a busca por ajuda profissional. É importante evitar minimizar o sofrimento da pessoa e manter um diálogo aberto sobre seus sentimentos, além de participar do tratamento. Também é importante que o familiar ou cuidador se inclua nestes cuidados, se preciso, com suporte de um profissional.
8) Como a depressão pode piorar o tratamento oncológico?
R.: Estudos demonstram que a depressão pode prejudicar a adesão ao tratamento do câncer e levar a um pior prognóstico, especialmente se não tratada adequadamente com devido suporte profissional. O impacto da depressão não se limita aos aspectos emocionais, mas também afeta o bem-estar físico e social do paciente. Além disso, é importante distinguir a depressão de reações emocionais esperadas, como a fase de ajustamento e assimilação ao adoecimento, os ajustamentos de papéis familiares, o luto antecipatório, que podem ocorrer durante o tratamento.
9) Quais conselhos você daria para o paciente/familiar que identificar os sinais de início depressão?
R.: Oscilações de humor são consideradas normais na experiência humana, porém, quando percebemos a persistência dessas alterações e se estão causando prejuízos, tanto emocionais quanto comportamentais, devemos abordar o paciente a buscar ajuda profissional para uma avaliação completa. O Hospital de Amor tem portas abertas para o paciente ou familiar procurar a assistência do profissional da saúde mental.
10) Caso a doença não seja diagnosticada/tratada, quais os riscos os pacientes sofrem?
R.: Quando não tratada adequadamente, a depressão pode afetar negativamente a qualidade de vida do paciente, o que por si só justifica a identificação e o tratamento ativo desse transtorno em indivíduos com câncer. Se não avaliada e tratada corretamente, a depressão pode ter seus sintomas agravados, piorar a funcionalidade do paciente e trazer grande sofrimento, intensificar o isolamento social, causar prejuízos de memória ou cognição, podendo gerar dificuldades no enfrentamento da doença e até o risco de suicídio.
11) Normalmente, qual faixa etária/gênero mais sofrem com a doença?
R.: A depressão pode afetar pessoas de todas as idades, embora seja mais comum em indivíduos entre 20 e 40 anos. No entanto, também é observada uma maior prevalência entre os idosos. As mulheres têm risco maior de desenvolver a depressão, por possíveis fatores como maior exposição a estresses cotidianos, sobrecarga e taxas mais altas de disfunções hormonais.
12) Existe alguma dificuldade para realizar/aceitar o tratamento? Caso sim, quais?
R.: Muitas pessoas ainda apresentam resistência em procurar ajuda para problemas de saúde mental devido à falta de informações adequadas ou crenças equivocadas sobre doenças mentais. Por isso, é importante que os oncologistas incluam a triagem de depressão como parte da rotina de cuidados durante o tratamento de câncer.
13) Criança tem depressão?
R.: Sim, crianças e adolescentes também podem desenvolver depressão. Fatores genéticos e ambientais desempenham um papel importante nesse processo. Os sintomas podem ser confundidos com comportamentos típicos da infância, como malcriação ou agressividade, mas também podem se manifestar em sintomas físicos, como dores de cabeça ou fadiga, irritabilidade, perda de apetite, distúrbio do sono e queda no desempenho escolar.
14) Qual é a diferença da depressão da criança/adolescente/adulto e idoso? Existe? Quais são?
R.: Na infância e adolescência, os sintomas de depressão geralmente se manifestam em mudanças de comportamento. Nos adultos, a falta de prazer em atividades e a alteração do humor são mais experimentados na depressão. Já nos idosos, os sintomas físicos, como tontura, perda de apetite e problemas cognitivos, como dificuldades de memória e atenção, são frequentemente mais notáveis.
15) Como o Hospital de Amor apoia/trata o paciente que está com depressão?
R.: O Hospital de Amor oferece acompanhamento especializado em saúde mental, com uma equipe que inclui psicólogos e duas médicas psiquiatras que fazem assistência nas unidades Antenor Duarte Villela (unidade adulta), Hospital São Judas Tadeu (unidade de cuidados paliativos e atenção ao idoso) e Hospital Infantojuvenil (unidade que oferece tratamento para crianças e adolescentes), em Barretos (SP). O diagnóstico e tratamento da depressão fazem parte do cuidado integral ao paciente oncológico, e a equipe médica de referência deve estar preparada para realizar a avaliação adequada e encaminhar o paciente para o suporte necessário.
Caso você seja paciente ou acompanhante e esteja percebendo algum sinal relacionado à depressão, converse com o seu médico e busque ajuda profissional. Cuidar da saúde é fundamental durante a jornada do tratamento oncológico.
“Perder um membro não é perder seu valor, é apenas trocar uma parte do seu corpo por uma nova chance de continuar”, declara Gabriele Cecília dos Santos, 14 anos, paciente do Hospital de Amor Infantojuvenil.
Com esse depoimento, iniciamos este texto para falar sobre o mês de abril, considerado o “Mês da Conscientização da Amputação”, cujo objetivo é alertar a população sobre a prevenção e o tratamento da condição, além de promover a inclusão e o respeito às pessoas amputadas. Gabi, como é carinhosamente chamada, precisou amputar a perna esquerda após a descoberta de um osteossarcoma.
Aos 12 anos, enquanto jogava futebol na escola, Gabi machucou o joelho. Com o passar dos dias, o inchaço aumentava. Começou a investigar o problema em Araçatuba (SP), sua cidade natal, onde recebeu o diagnóstico de osteossarcoma. “Naquele momento em que descobri que estava com câncer, chorei e me senti muito angustiada. Mas, a partir do momento em que entendi que nada se resolveria chorando, criei forças para tudo que estava por vir”, conta Gabi.
Há um ano e meio, a jovem realiza tratamento no Hospital de Amor Infantojuvenil, em Barretos (SP), e passou por uma cirurgia de amputação transfemoral – acima do joelho – que preserva a musculatura e protege o osso, proporcionando melhor sustentação da prótese.
Os tumores mais associados à necessidade de amputação são os sarcomas ósseos, especialmente o osteossarcoma, como no caso de Gabi, e o sarcoma de Ewing, que estão entre os mais prevalentes em crianças e adolescentes, conforme explica o coordenador do Departamento de Ortopedia do HA e ortopedista oncológico, Dr. Silvio Sargentini.
“Sem dúvidas, os tumores musculoesqueléticos são responsáveis por grande parte das amputações em crianças e adolescentes. Porém, o trauma – como acidentes de trânsito, queimaduras, choques elétricos, entre outros – ainda é a principal causa geral de amputações nessa faixa etária no Brasil”, afirma o médico. “Eu sei que câncer e amputação parecem palavras que arrancam partes da gente — e às vezes, elas arrancam mesmo: corpo, rotina, certezas… tudo balança. Mas o que elas nunca vão tirar é quem você é de verdade: sua força, sua luz, sua vontade de viver. Antes de me falarem que eu teria que amputar, Deus me visitou em sonhos, pegou em minhas mãos, me levou a cada canto do hospital para me mostrar que eu podia confiar nele. Isso me fez sentir forte e confiante de que tudo daria certo”, relata Gabi.
Reabilitação
Após 14 dias de cirurgia, Gabi recebeu a liberação para realizar a reabilitação no Centro Especializado em Reabilitação do Hospital de Amor. Após uma avaliação médica, foi estabelecido o plano terapêutico, que incluiu a fisioterapia como explica a fisioterapeuta do HA Infantojuvenil, Deiseane Bonatelli.
“Quando a Gabi iniciou a reabilitação, fizemos uma avaliação e traçamos um plano terapêutico pré-protetização. O foco nessa etapa do tratamento foi ganho de força, preparação do coto com enfaixamento e treino de marcha com muletas. Gabi respondeu muito bem a essa parte da reabilitação e foi encaminhada para a protetização”, explica a fisioterapeuta do HA Infantojuvenil.
Uma nova rotina, um novo método de vida, Gabi precisou se adaptar a nova condição, e a reabilitação, que no começo parecia “sem sentido”, como ela mesmo disse durante a entrevista, teve um papel fundamental para que ela atingisse o seu objetivo final: a protetização. “A reabilitação, no começo parecia uma sequência de exercícios sem sentido, mas com o tempo eu percebi que cada gota de suor era uma motivação para eu poder continuar, e colocar a prótese pela primeira vez foi uma sensação completamente inesquecível. Todas as inseguranças que eu tive eu perdi naquele momento, mas com tudo isso foi bom perceber que com a perna de metal eu continuava 100% sendo eu”, conta Gabi.
Após a protetização veio uma nova etapa na reabilitação. Gabi passou a treinar a marcha com e sem apoio, treino de equilíbrio com a prótese e treino de escada, até conseguir andar sozinha, sem o auxílio de muleta.
Osteosarcoma
Quando falamos de câncer infantojuvenil, estamos falando de uma doença rara. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em média, são registrados 300 mil novos casos ao ano de câncer infantojuvenil ao redor do mundo, sendo que 90% destes vivem em países de baixa e média renda (PBMR).
Segundo o INCA, no Brasil, são diagnosticados cerca de 8 mil casos de câncer ao ano. Ou seja, durante todos os dias do ano, a cada hora, uma criança ou adolescente é diagnosticado. Parece alarmante, no entanto, a incidência do câncer de 0-19 anos corresponde a apenas 3% do total de casos de câncer.
O Hospital de Amor Infantojuvenil diagnostica cerca de, 300 novos casos ao ano, em crianças e adolescentes. Nos últimos cinco anos, o HA Infantojuvenil diagnosticou, aproximadamente, 104 casos de osteosarcoma em crianças e adolescentes. “O osteossarcoma é um tipo de câncer ósseo primário que se origina nas células ósseas chamadas osteoblastos. É um tumor maligno que pode se desenvolver em qualquer osso do corpo, mas é mais comum nos ossos longos, como o fêmur e a tíbia, e é uma doença que acomete predominantemente pacientes na segunda etapa da vida, ou seja, entre 10 e 20 anos de idade”, explica a oncologista pediátrica do HA Infantojuvenil, Dra. Erica Boldrini.
Os principais sintomas para esse tipo de tumor são:
– Dor óssea: dor persistente e intensa em um osso específico, que pode piorar à noite ou com atividade física;
– Inchaço: inchaço ou edema na área afetada, que pode ser acompanhado de vermelhidão e calor;
– Limitação de movimento: dificuldade em mover a articulação ou o membro afetado devido à dor ou ao inchaço e
– Fratura: fratura óssea sem causa aparente ou com trauma mínimo.
Se esses sintomas são comuns em adolescentes, é importante fazer um acompanhamento médico, como explica Dra. Erica. “Se um adolescente apresentar algum desses sintomas, é fundamental procurar avaliação médica para determinar a causa subjacente. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem melhorar significativamente as chances de cura e reduzir a morbidade associada ao osteossarcoma”, declara a oncologista pediátrica.
Os principais tratamentos para o osteosarcoma são a cirurgia, onde é realizada a remoção do tumor e do tecido ósseo afetado e quimioterapia, o uso de medicamentos para matar células cancerígenas. “A cirurgia de amputação é indicada quando não há possibilidade de manter o membro acometido pelo tumor ósseo após sua ressecção completa. Em outras palavras, quando preservar o membro significaria deixar para trás parte do tumor ou não atingir margens cirúrgicas seguras — o que comprometeria a chance de cura e diminuiria as taxas de sobrevida do paciente”, explica o médico ortopedista, Dr. Silvio Sargentini.
Como Gabi disse durante a entrevista, “o conselho que eu posso dar para quem está passando por esse processo de amputação é: não tenha medo de se reinventar, a amputação não é o fim”.
Oficina Ortopédica
O Hospital de Amor vai muito além do tratamento oncológico! A instituição foi pioneira em oferecer reabilitação física, mental, intelectual, auditiva e visual, promover qualidade de vida e autonomia para os pacientes.
Além das unidades de Reabilitação, em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO), o HA também conta com três unidades nessas localidades da Oficina Ortopédica, que é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pelo câncer e seu tratamento.
Em 2024, foram confeccionados e dispensados 3.861 dispositivos (órteses e próteses), somando os números nas três unidades: 1.616 dispensados pela unidade de Araguaína (TO), 1.765 dispositivos dispensados pela unidade de Barretos (SP) e 480 dispensados pela unidade de Porto Velho (RO).
As Oficinas Ortopédicas do HA, contam com vários diferenciais, principalmente com a utilização da tecnologia, como explica o coordenador das Oficinas Ortopédicas do HA, Alysson Alvim Campos. “Nós continuamos investindo muito em tecnologias que melhoram muito a manufatura da confecção das próteses. Podemos destacar o nosso robô, que por meio do sistema de digitalização do coto e usinagem robótica, a gente consegue uma maior velocidade na confecção da prótese, através de softwares, que fazem essa confecção, uma modelagem digital, em vez do técnico fazer no molde de gesso, ele faz com o computador, tornando o processo mais rápido e preciso”, explica Alysson.
Mas um fator que é o principal diferencial e que está enraizado no Hospital de Amor, é a humanização. “Eu, que venho de outras instituições, trabalhei em outros lugares, o que eu vejo nos profissionais do HA e das nossas Oficinas Ortopédicas, é diferente. Realmente, não dá para trabalhar nessa instituição se você não está alinhado com o propósito do HA. O que eu percebo com os profissionais, principalmente os das Oficinas Ortopédicas, que estão alinhados com o propósito de fazer essa assistência integral ao paciente. Eu vejo que a dedicação dos colaboradores no sentido de fazer um algo a mais para os pacientes, no que ele pode fazer a mais para contribuir com o paciente”, destaca Alysson.
O Brasil vem ganhando visibilidade na comunidade científica internacional, especialmente por conta de sua participação em estudos clínicos, com crescente número, diversidade e impacto. E é notório o potencial para expansão! Na busca por melhores protocolos aos seus milhares de pacientes, o Hospital de Amor (referência em tratamento oncológico gratuito de excelência e humanização), embarca neste desafio.
O departamento de Pesquisa Clínica do HA – responsável por realizar estudos científicos que avaliam a segurança e a eficácia de novos medicamentos, e oferecê-los aos pacientes em tratamento oncológico na instituição – não apenas atua com excelência no avanço da medicina e na melhoria da saúde global, como amplia seus estudos para casos não oncológicos.
Para que você conheça a grandiosidade do trabalho desenvolvido pelo departamento, o HA entrevistou a gerente de Pesquisa Clínica da instituição, Mariana Fabro Mengatto. Confira e entenda!
– Como é o trabalho desenvolvido pelo departamento de Pesquisa Clínica no HA?
R: O departamento de Pesquisa Clínica do HA busca oferecer aos pacientes da instituição o uso de novos medicamentos para tratamento oncológico. Algumas dessas medicações já estão aprovadas fora do Brasil, mas não são acessíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nós, da pesquisa, trazemos a viabilidade de uso do medicamento! Por meio das normas, aprovações regulatórias e o aceite do paciente em fazer parte da investigação, vários exames são realizados, os protocolos são avaliados para liberação do tratamento, e o tipo das medicações, doses, efeitos são monitorados, rigorosamente, nos pacientes para avaliação dos resultados.
– Qual é o objetivo desse trabalho no tratamento oncológico?
R.: Proporcionar acesso a terapias inovadoras não disponíveis no SUS, visando estabelecer melhora na qualidade de vida e bem-estar do paciente.
– Como o paciente do HA utiliza esse serviço?
R:. Ao entrar no Hospital para primeira consulta, todos os exames são verificados pela equipe de pesquisa e acompanhados para viabilidade de oferecimento do estudo clínico. A cada resultado de exame, navegamos no cuidado do paciente para avaliar a participação nos estudos. O paciente pode ser convidado pelo médico que lhe explicará como a pesquisa funciona e poderá, junto a sua família, decidir a participação. Caso em determinado momento o paciente opte por deixar a sua participação no estudo clínico, ele é realocado para atendimento na área assistencial do hospital sem nenhum prejuízo aos serviços ofertados.
– O departamento está em expansão. O que isso significa? Como está sendo esse processo?
R.: A Pesquisa Clínica do Hospital de Amor encontra-se em um processo de forte expansão dentro dos últimos 5 anos, refletido tanto no crescimento do número de estudos clínicos conduzidos, quanto no aumento do volume de pacientes atendidos. Esse crescimento gerou a necessidade de ampliação da estrutura física da unidade, bem como da equipe de colaboradores, para atender à demanda crescente com qualidade e segurança dos pacientes.
Desde 2020, a Pesquisa Clínica também passou a atuar em um novo campo: a condução de estudos clínicos não oncológicos. Aproveitando sua sólida experiência em pesquisa oncológica, o departamento expandiu sua atuação para outras especialidades médicas, iniciando com projetos voltados à prevenção e ao tratamento da COVID-19. Foram mais de 15 estudos relacionados à doença, contribuindo de forma significativa com o desenvolvimento científico em um momento crítico da saúde global. Com a ampliação dos serviços do HA outras áreas da saúde no município de Barretos (SP) e região, o setor passou a identificar novas oportunidades para oferecer acesso à pesquisa a pacientes com diversas condições clínicas de relevância. Atualmente, a Pesquisa Clínica já participa da condução de 16 estudos não oncológicos, abrangendo especialidades, como: Cardiologia, Reumatologia, Dermatologia, Endocrinologia, Hepatologia, Pneumologia, Neurologia, entre outras.
Novos protocolos estão em fase de negociação ou implantação, o que reforça o compromisso do setor com a expansão contínua de sua atuação. Esse movimento estratégico visa ampliar o impacto social da pesquisa clínica, beneficiar um número cada vez maior de pacientes e consolidar a Pesquisa Clínica como um centro multiprofissional de excelência, pautado pela inovação, ciência e cuidado integral à saúde.
– Como os estudos não oncológicos da Pesquisa Clínica impactam e contribuem no trabalho do HA?
R.: A incorporação de estudos clínicos não oncológicos amplia significativamente o escopo de atuação do Hospital de Amor, fortalecendo seu compromisso com a promoção da saúde integral e com a inovação científica em diversas áreas médicas. Essa expansão permite oferecer aos pacientes o acesso a tratamentos de ponta e tecnologias inovadoras, muitas vezes indisponíveis na prática clínica convencional no Brasil. Além disso, a condução desses estudos promove a integração entre diferentes especialidades médicas dentro da instituição, estimulando a formação de equipes multidisciplinares e o aprimoramento contínuo dos profissionais de saúde. Também contribui para a diversificação das fontes de financiamento da pesquisa e para o fortalecimento da imagem do HA como referência nacional e internacional não apenas em oncologia, mas em pesquisa clínica de forma ampla.
Em julho de 2023, o Hospital de Amor deu início a um projeto promissor que tinha como ideia principal fazer uso da tecnologia para levar prevenção e diagnóstico precoce do câncer de pele – incluindo o melanoma – para o maior número de pessoas, de forma simples e rápida. Menos de dois anos após o seu início, o ‘Projeto Retrate’ apresenta resultados positivos: identificou cerca de 200 cânceres de pele, sendo 12 deles do tipo melanoma, que apesar de ser menos comum, merece atenção, pois é considerado um tipo mais grave da doença, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (que é disseminação do câncer para outros órgãos) e alto índice de mortalidade quando diagnosticado tardiamente.
Com fomento do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica – PRONON, implantado pelo Ministério da Saúde para incentivar ações e serviços desenvolvidos por entidades, associações e fundações privadas sem fins lucrativos no campo da oncologia, em sua primeira etapa, o projeto instalou, em Barretos (SP), uma cabine fotográfica de autoatendimento, que ficou disponível para a população em tempo integral, de forma 100% gratuita e em local de grande circulação. Além disponibilizar um aplicativo para dispositivos móveis, também de forma gratuita, que possibilita acesso de onde o paciente estiver, com mais privacidade.
Segundo a doutora em Oncologia e uma das pesquisadoras do ‘Projeto Retrate’, a iniciativa representa um avanço concreto para o SUS ao ampliar o acesso da população a consultas especializadas em dermatologia, com agilidade no diagnóstico e início rápido do tratamento. “Iniciativas como essa mostram como a tecnologia e a inovação podem ser aliadas para garantir atendimento de qualidade, especialmente para quem mais precisa. No câncer de pele, em especial para o melanoma, o tempo é decisivo, e oferecer esse cuidado de forma acessível e eficiente pode significar salvar vidas”, ressalta.
Segundo o Ministério da Saúde, em todo o Brasil foram registrados 28.354 atendimentos relacionados ao câncer de pele do tipo melanoma entre janeiro de 2023 e julho de 2024. O mesmo período registrou mais de 110 mil atendimentos relacionados ao câncer de pele não melanoma, o tipo mais comum de câncer no mundo.
A cabine
A cabine, atualmente instalada no North Shopping Barretos, é composta por diferentes experiências de usuário diferentes, que incluem também levar conhecimento e conscientização de forma autônoma para quem passa pelo local. O lado A tem como objetivo educar a população sobre câncer de pele, fatores de risco, prevenção e como identificá-lo por meio de atividades lúdicas e explicativas com vídeos lúdicos em linguagem de fácil compreensão. O lado B permite que as pessoas usem uma câmera UV para ver como protetor solar funciona e por que é importante, fornecendo amostra de filtro solar e gerando fotos de antes e depois do uso. Na frente, há uma estação com telas sensíveis ao toque e uma câmera de alta resolução onde as pessoas podem preencher um formulário de inscrição, assinar um termo de consentimento informado, responder algumas perguntas e enviar fotos das lesões de pele para serem avaliadas por teledermatologia no Hospital de Amor.
O ‘Projeto Retrate’ conquistou o Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica 2023, na categoria Tecnologias Diagnósticas. Este reconhecimento destaca a contribuição significativa do projeto para o diagnóstico precoce do câncer de pele.
Um trabalho que salva vidas!
Um dos beneficiados pelo projeto do HA, que une pesquisa, inovação e prevenção, é o pequeno Arthur Dourado, de 8 anos. Segundo sua mãe, Juçara Dourado, 44 anos, funcionária pública, de Colina (SP), em julho de 2024, quando ambos estavam realizando um passeio no shopping, em Barretos, ela viu uma oportunidade de sanar uma dúvida que ela estava, pois havia surgido uma pinta que crescia de maneira desproporcional em seu filho.
Juçara tirou uma foto da mancha e enviou via cabine. Após receber o conteúdo, a equipe responsável do Hospital convocou o garoto para exames detalhados, que apontaram o diagnóstico de câncer de pele tipo melanoma, que foi removido um mês depois. “O tratamento, a agilidade em todos os procedimentos me surpreenderam, foram muito rápidos e muito atenciosos com meu filho, e por esse motivo, graças a Deus meu filho está bem. A equipe do hospital que pegou o caso foi fantástica e só tenho a agradecer a Deus por estar no shopping no dia e hora certa, pois caso contrário as coisas não fluiriam tão bem”, conta Juçara.
Prevenção e acesso
A fim de ampliar sua cobertura, o ‘Retrate’ incluiu em suas atividades o oferecimento de capacitações para todos os profissionais de saúde da atenção básica de Barretos (SP), que lidam de forma rotineira com a população. Hoje, as 18 UBS de Barretos contam com profissionais capacitados e equipamentos para realização de exames dermatológicos e envio de fotos de lesões de pele suspeitas para a instituição.
O HA oferece, ainda, a capacitação para profissionais que atuam na área da estética e cuidado corporal do município, entre esteticistas, manicures, podólogos, cabelereiros e tatuadores. Até o momento, cerca de 145 profissionais já foram treinados.
Além dessas abordagens, estão inclusas no escopo a realização de campanhas de busca ativa direcionadas para populações de risco, como comunidades rurais e trabalhadores expostos ao sol da região.
O cirurgião oncológico do HA e pesquisador principal do projeto, Dr. Vinicius de Lima Vazquez, destaca que a importância primordial do projeto está na educação e no acesso. “Desenvolvemos uma estrutura de ação que nos permite educar a população sobre hábitos saudáveis em relação à exposição solar, além de ensinarmos sobre os sinais e sintomas do câncer de pele, em especial o melanoma. Tudo isso de forma leve e sem a necessidade de deslocamento até uma unidade de saúde especializada, em um primeiro momento”.
Neste mês em que celebramos o “Dia Internacional da Mulher” (8 de março) e o “Março Lilás” – campanha de conscientização sobre a prevenção do câncer do colo do útero – o Hospital de Amor tem a honra de homenagear todas as ‘suas mulheres’, que cuidam, acolhem, amparam, ensinam e, acima de tudo, amam! Que tratam – com todo respeito e carinho do mundo – milhares de pacientes. Que fazem o Hospital, ser de Amor!
E por falar em mulher que faz a diferença, o HA não pode deixar de homenagear uma de suas preferidas, motivo de muito orgulho para todos, especialmente para os colaboradores e pacientes da instituição: Dra. Scylla Duarte Prata – a médica ginecologista que sempre esteve à frente do seu tempo. Ela não só criou uma das maiores obras de amor ao próximo da América Latina, o Hospital de Amor (referência em tratamento oncológico gratuito de excelência, com o maior serviço de prevenção de câncer do país e uma estrutura completa focada em ensino e pesquisa), como também foi pioneira na prevenção do câncer ginecológico.
Scylla especializou-se em ginecologia por influência de sua principal referência na medicina, o professor Domingos Delascio. Ele era professor universitário, ginecologista conceituado, autor de obras científicas e referência na tradicional Maternidade Matarazzo, Santa Casa de São Paulo e outras instituições da capital, sendo pioneiro em diversas frentes da saúde da mulher.
Enquanto aluna da USP, Delascio foi seu professor e depois de formada se tornou “médica estagiária” da equipe dele. Era considerada uma residente brilhante, muito dedicada e por isso manteve com seu mestre uma relação de amizade, respeito, reciprocidade e gratidão por toda a vida.
Em São Paulo, Scylla atuou como médica do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários de Santos. Trabalhou na Clínica Ginecológica da Faculdade de Medicina, e fez cursos como de aperfeiçoamento de clínica ginecológica, propedêutica obstétrica, patologia obstétrica, pós-graduação de tumores malignos do aparelho genital e participou de congressos.
Para além da obstetrícia e já tendo contato com os estudos do câncer ginecológico, como assistente do Dr. Domingos Delascio, ela aplicava em suas pacientes exames preventivos de lesões cancerígenas, como a colposcopia, a diatermocoagulação e o Papanicolaou. Junto ao professor, ela fazia estudos científicos sobre o câncer uterino e especialmente o câncer de endométrio, sendo pioneira na difusão do exame no interior de São Paulo.
Scylla se especializou ainda mais no câncer ginecológico e, em 1994, com a contribuição de seu marido – que dizia que “a prevenção é o melhor remédio”, ela foi uma professora para a enfermeira Creuza Saure, responsável por colher exames de Papanicolaou em 92% da população barretense com uma bicicleta e uma mesa ginecológica. Juntas, elas agiram por décadas, por idealismo e confiança no projeto do hospital.
Graças à expertise da médica, o HA salva, ainda hoje, milhares de vidas! São quase 63 anos de história e mais de 30 deles realizando um trabalho incrível de rastreamento e busca ativa, que leva saúde de qualidade e exames preventivos de câncer, gratuitamente, à população das localidades mais distantes e necessitadas. Atualmente, a instituição possui 27 unidades fixas de prevenção e mais de 50 unidades móveis que rodam o Brasil, na tentativa de reduzir as desigualdades de acesso à saúde e oferecer tratamentos mais efetivos.
Esse tipo câncer é considerado o que apresenta condições mais promissoras para prevenção e controle, com possibilidades, inclusive, de eliminação. Fazem parte do arsenal de enfrentamento, a vacinação contra o vírus HPV (Papilomavírus Humano), cuja infecção persistente é o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença. Além disso, outra estratégia, é a detecção precoce de lesões do colo uterino, classificadas como precursoras do câncer e que podem ser tratadas com procedimento simples e alcançar altas taxas de cura.
“Hoje nós temos instrumentos e possibilidades, tanto relacionados à prevenção primária, quanto à prevenção secundária. Eu estou dizendo sobre vacina contra o vírus HPV, que é o vírus que iminentemente causa o câncer do colo uterino entre as mulheres. E em segundo, a prevenção primária, que são os testes que fazem o diagnóstico e o rastreamento, sendo o mais conhecido, o exame de Papanicolaou”, destaca o coordenador médico do programa de prevenção de câncer ginecológico do Hospital de Amor, Dr. Júlio Possati.
• Pacientes portadores de Papilomatose Respiratória Recorrente/PRR a partir de 2 anos de idade.
De acordo com o Ministério da Saúde, o exame preventivo contra o HPV, o Papanicolau, é um exame ginecológico preventivo mais comum para identificar de lesões precursoras do câncer do colo do útero. Ele ajuda a detectar células anormais no revestimento do colo do útero, que podem ser tratadas antes de se tornarem câncer. O exame não é capaz de diagnosticar a presença do vírus, no entanto, é considerado o melhor método para detectar câncer do colo do útero e suas lesões precursoras. Quando essas alterações, que antecedem o câncer, são identificadas e tratadas, é possível prevenir 100% dos casos, por isso é muito importante que as mulheres façam o exame regularmente.
Outra medida importante na prevenção do HPV, são os preservativos internos ou externos. Informações do Ministério de Saúde mostram que, “embora seja eficaz na redução do risco de infecções sexualmente transmissíveis (IST), seu uso não elimina completamente a possibilidade de transmissão do HPV. Isso ocorre porque as lesões podem estar presentes em áreas não cobertas pela camisinha, como a vulva, região pubiana, perineal e bolsa escrotal”. Apesar disso, o uso é extremamente importante parra prevenir possíveis doenças.
Em relação à distribuição geográfica, ele é o segundo mais incidente nas Regiões Norte (20,48 por 100 mil) e Nordeste (17,59 por 100 mil). Na Região Centro-oeste (16,66 por 100 mil) ocupa a terceira posição; na Região Sul (14,55 por 100 mil), a quarta; e na Região Sudeste (12,93 por 100 mil), a quinta posição.
O caso de sucesso
Ela explica que conheceu o HA quando foi convidada, junto a outras influenciadoras locais, para o lançamento de uma campanha de prevenção em Porto Velho, em 2019. “Fomos para este evento, que foi no Hospital de Amor, no qual a equipe do hospital apresentou dados alarmantes das mulheres da região Norte. Eu lembro que foi bem legal, saiu na mídia, nos jornais, etc. Durante o evento, foi feito uma dinâmica incentivando a gente a levar o maior número de mulheres para fazerem o exame de mamografia, quem levasse mais mulheres se tornaria uma das embaixadoras da unidade. Em seguida, veio a pandemia”, explicou.
“Minha filha falou para os médicos: ‘Meu pai vai viver’.” Esse texto é sobre uma história de fé e superação do senhor Josafá de Oliveira Lima, 47 anos, natural de Conceição da Feira (Bahia).
Senhor Josafá deu entrada no Hospital de Amor, em Barretos (SP), em setembro de 2024, quando, ainda em sua cidade natal, descobriu nódulos no fígado e no intestino. Após se sentir mal, ele realizou alguns exames e foi constatado ‘Helicobacter pylori’, mais conhecida como ‘H. pylori’ – uma bactéria que pode causar gastrite, úlceras e câncer de estômago.
“Comecei a sentir umas dores e fiz um exame de ‘H. pylori’, que deu positivo para a bactéria e foi feita a biópsia, que não deu nada. Mas, ‘H. pylori’ não deixa você fraco. Comecei a sentir umas dores e fraquezas. Fiz alguns exames de rotina e ninguém descobria nada, a hemoglobina estava baixíssima. Fiz outros exames e na ressonância magnética foram constatados uns nódulos no fígado e intestino”, explica Josafá.
Encaminhado para o Hospital de Amor, Barretos (SP), em setembro de 2024, senhor Josafá foi internado para realizar exames e uma possível cirurgia para a retirada dos tumores. Porém, quando realizou o exame de colonoscopia, os médicos identificaram que o tumor estava maior do que o esperado e mudaram a conduta do tratamento.
Foi indicado para o senhor Josafá fazer seis sessões de quimioterapia para diminuir o tumor, mas após a terceira sessão, ele teve uma intercorrência e precisou ser operado. “Na terceira quimioterapia que eu tomei, em novembro de 2024, o tumor estourou dentro do meu intestino. Deu choque séptico anafilático agudo. Já fui entubado, entrei em coma induzido e passei por cinco cirurgias, coloquei dreno, precisei de traqueostomia. Minha situação era muito complicada, os médicos chamaram minha filha e falaram: ‘Nós não temos como resgatá-lo, o caso dele é grave e não temos como fazer mais nada, está nas mãos de Deus’, conta.
Senhor Josafá ficou 38 dias internado, sendo 25 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), desses 25, 15 dias em coma induzido e 13 dias na internação. “Minha filha falou para os médicos: ‘O meu pai vai viver’. Minha filha foi buscar a palavra na igreja e Deus falou com ela: ‘Estou entrando lá agora na UTI e dando vida para quem você ama.’ Foi Deus falando lá e eu vivendo aqui”, declara senhor Josafá.
Recuperação
Buscando sempre o atendimento integral em saúde, o Hospital de Amor, além de promover saúde por meio de atendimento médico hospitalar qualificado em oncologia, de forma humanizada, em âmbito nacional para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A instituição se dedica para integrar seus atendimentos, principalmente, com a reabilitação de seus pacientes oncológicos e de pacientes não oncológicos.
“O fato de o hospital oncológico contar com um centro especializado em Reabilitação traz celeridade ao processo de recuperação do paciente, além da possibilidade de diagnóstico e intervenção precoce nas sequelas oriundas do câncer ou do seu tratamento. O suporte psicológico, nutricional e, de um modo geral, multidisciplinar, traz conforto ao paciente e propicia uma recuperação rápida e completa. A possibilidade de intervenção precoce (as chamadas fases de pré-habilitação e habilitação) também proporciona um ganho imensurável no tratamento e na gravidade das sequelas”, comenta o coordenador das unidades de Reabilitação do Hospital de Amor, Dr. Daniel Marconi.
Por conta da doença, dos cinco procedimentos cirúrgicos e do tempo de internação, senhor Josafá teve a FAUTI – fraqueza muscular adquirida na UTI, como explica a fisioterapeuta do HA, Julia Garcia Souza. “Senhor Josafá teve a FAUTI, a fraqueza muscular adquirida na UTI, por conta do imobilismo. Ele passou 25 dias na UTI, não se movia, e com isso, perdeu massa muscular, o que ocasiona a perda da força e do peso”, explica a fisioterapeuta.
“Até então, na minha cabeça eu tinha passado por algo simples. Eu estava dormindo, depois fui entender o que tinha acontecido. Eu saí da UTI na cadeira de rodas, eu não me levantava, eu não conseguia ajoelhar para orar”, explica senhor Josafá.
Encaminhado para o Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP), ele passou pela primeira consulta com a fisioterapeuta Julia Garcia Souza, e ela já o orientou a realizar alguns movimentos de fortalecimento em casa. “Entrei na reabilitação, passei pela avaliação e a Julia já me indicou para fazer alguns exercícios em casa. Na segunda vez que vim, entrei com andador e, na terceira sessão, já entrei andando. A Julia tomou até um susto, então aqui reabilita mesmo”, conta.
O primeiro objetivo do tratamento de reabilitação do senhor Josafá era o fortalecimento global, a recuperação do equilíbrio e da marcha. Julia explica que ele já alcançou esses objetivos e que agora a reabilitação é para prepará-lo para que possa continuar com o tratamento oncológico. “A próxima etapa no tratamento de reabilitação do senhor Josafá é trabalhar mais essa performance cardiopulmonar com exercícios aeróbicos, o powerbreathe (exercitador respiratório), para ajudar no fortalecimento da musculatura respiratória e para dar condições para ele continuar com o tratamento oncológico”, ressalta Julia.
Reabilitação
Reabilitar a saúde física, mental, intelectual, auditiva e visual, promover qualidade de vida e autonomia são os principais objetivos das unidades de Reabilitação do Hospital de Amor. O sucesso do resultado da reabilitação é devido à utilização da tecnologia, mas principalmente à expertise, o amor e o carinho que os profissionais têm com os pacientes.
“Sem dúvida alguma, a existência de um corpo clínico nas áreas médica e multidisciplinar é o segredo de um atendimento de excelência e humanizado. Terá a possibilidade de agregar a esse time um aparato tecnológico de última geração, o que traz um incomensurável benefício terapêutico: rapidez, precisão, qualidade técnica e confiança na obtenção e interpretação dos dados evolutivos. Essa combinação poderosa resulta em um processo de reabilitação de sucesso. A inclusão social se torna completa na medida em que também oferecemos esporte adaptado e profissionalização às pessoas com deficiência”, declara Dr. Daniel Marconi.
“Quando eu iniciei a reabilitação, já comecei a fazer os testes de equilíbrio e de força, e comecei a me sentir melhor, tanto que hoje eu faço esteira e bicicleta, e me sinto muito bem. Aqui é um centro de reabilitação mesmo e ajuda muito nós, pacientes. Antes, eu não conseguia fazer nada; hoje, ando normal, fui pescar, ganhei mais peso, ganhei músculo. A reabilitação transformou a minha vida, me ajudou muito e tudo isso graças ao Hospital de Amor, onde me senti abraçado”, declara senhor Josafá.
Ele foi um dos 1.107 pacientes do Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP), que tiveram, em 2024, a oportunidade de transformar suas vidas por meio da reabilitação, seja após o tratamento oncológico ou por conta de outro tipo de comorbidade.
Se somar os atendimentos médicos como neuropediatra, oftalmologista, fisiatra, pediatra, entre outras especialidades com a equipe multidisciplinar (fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutrição, entre outras), nas três unidades de Reabilitação do Hospital de Amor: em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO), foram realizados 116.195 atendimentos em 2024.
Além dos atendimentos médicos e com a equipe multidisciplinar, foram confeccionados e dispensados 3.861 dispositivos (órteses e próteses), somando os números nas três unidades: 1.616 dispensados pela unidade de Araguaína (TO), 1.765 dispositivos dispensados pela unidade de Barretos (SP) e 480 dispensados pela unidade de Porto Velho (RO).
“Há uma década, o Hospital de Amor possui essas estruturas conjugadas: oncologia e reabilitação, e essa experiência foi tão exitosa que se traduziu em uma política pública na nova ‘Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer’, publicada em fevereiro de 2025 (https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-6.590-de-3-de-fevereiro-de-2025-611094415), o que significa que todas as instituições oncológicas ficam agora respaldadas por força de lei a contarem com o centro de reabilitação ou estarem conveniadas com algum já existente”, esclarece Dr. Daniel Marconi.
Em quase 63 anos de história, construídos com muito comprometimento, respeito, compaixão, solidariedade e, acima de tudo, amor, o Hospital de Amor (referência em tratamento oncológico gratuito de excelência) conta com o apoio de pessoas que vestem a camisa da instituição, abraçam a causa e realizam um trabalho árduo, de maneira gratuita e durante todo o ano, com um único objetivo: ajudar o HA a salvar vidas!
E foi assim, com o objetivo de suprir as necessidades dos pacientes em tratamento oncológico no HA, que nasceu (em 8 de março de 1997) a Associação Voluntária de Combate ao Câncer (AVCC), de Barretos (SP). Atualmente presidida por João Carlos da Silva, o ‘Johny’, a entidade (que já possui mais de 60 unidades espalhadas pelo país) está à procura de mais voluntários para dar continuidade a este importante trabalho. “É preciso coragem para se doar em tempos em que a maioria só pensa em receber. Nossos voluntários são nosso maior e mais importante patrimônio”, afirma Johny.
De acordo com a membro da AVCC Barretos, Marcela Dorval, as atividades voluntárias disponíveis são definidas conforme as demandas do próprio Hospital de Amor. “Existem diversas formas de servir: seja no apoio emocional aos pacientes, nas atividades recreativas, ou até mesmo no auxílio administrativo e organizacional. Mas, antes de qualquer coisa, o voluntário precisa ter amor ao próximo. Ele precisa estar ciente de que a nossa missão é levar carinho e atenção aos pacientes”, explica.
Além de atuar diretamente em prol das necessidades emocionais dos pacientes em tratamento no HA, a AVCC realiza ações e campanhas para arrecadar recursos, para conseguir atender todas as demandas físicas deles também. “A AVCC desenvolve campanhas, como a de tampinhas e lacres, por exemplo, faz bazares de roupas e calçados, entre outros”, conta Marcela.
Como se tornar voluntário na AVCC?
Para se tornar voluntário, a pessoa deve ir à sede da AVCC, em Barretos, preencher uma ficha de inscrição e passar por um teste psicológico. As regras e requisitos são:
• comparecer ao trabalho duas vezes por semana em período integral ou meio período;
• não ser paciente do HA;
• não ser acompanhante de paciente do HA.
“A AVCC precisa de voluntários! Caso você tenha o desejo de levar tempo, atenção, amor e carinho a quem precisa, venha conhecer a nossa sede e o nosso trabalho junto ao Hospital de Amor”, declara Marcela.
Como doar para a AVCC?
A AVCC também recebe doções e todas elas são muito bem-vindas! “Tampinhas, lacres, fraldas, leites, alimentos para cesta básica, produtos de higiene, roupas, calçados, qualquer tipo de material que possamos utilizar em nosso bazar e mechas de cabelo para confecção de perucas. Utilizamos tudo, exceto blister de remédio”, finalizou Marcela.
A AVCC está localizada na avenida Paulo de Matos Leandro, número 1357 – Bairro Dr. Paulo prata – Barretos (SP). Entre em contato pelos telefones: (17) 3324-4519 ou (17) 98842-2214, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.
Sobre a AVCC
A AVCC foi fundada em 8 de março de 1997 por um grupo de voluntárias da Associação Paulista Feminina de Combate ao Câncer de São Paulo, tendo como objetivo prestar serviços voluntários gratuitos à pacientes diagnosticados com câncer no Hospital, nos alojamentos e nas residências particulares.
A entidade não tem fins lucrativos, credo religioso ou cunho político-partidário. A única exigência é de que seus membros se doem gratuitamente. Esses voluntários atuam diretamente com o paciente, auxiliando no que for possível para manter a qualidade e o bem-estar dele.
Um menino e mil sonhos, mas o principal deles: ser jogador profissional de futebol. Mateus Afonso Máximo, 19 anos, natural de Montes Claros (MG), foi diagnosticado com osteossarcoma aos 14 anos e precisou fazer a amputação da perna direita.
“Com 14 anos, eu gostava muito de jogar bola, sempre fui ativo, andava de bicicleta e fazia todo tipo de esporte. Aí, um dia eu estava jogando bola e machuquei o pé, o tornozelo esquerdo. A gente não sabia o que era, achava que era um lance de bola mesmo”, conta Mateus. Mas, com o passar do tempo, o tornozelo continuo com um inchaço. Após retornar de uma viagem à Belo Horizonte, a mãe de Mateus o levou ao médico para ser examinado. “Eu voltei para a minha cidade, fiz um raio-x e no exame deu que tinha alguma coisa lá, mas o médico não sabia o que era. Aí, ele encaminhou a gente para um especialista na área para saber”, relatou o paciente.
Mateus foi submetido a uma biópsia e infelizmente o resultado foi positivo para um osteossarcoma na fíbula. Em Montes Claros (MG) não havia especialista para realizar a cirurgia de amputação do Mateus, foi onde ele conseguiu encaminhamento para o Hospital de Amor, em Barretos (SP), e colocou uma prótese.
Em tratamento paliativo desde 2024, Mateus ressignificou o seu maior sonho e definiu um novo propósito para a vida: levar leveza para as pessoas que estão em tratamento oncológico por meio da risada.
Numa consulta de rotina com a psicóloga da unidade infantojuvenil do HA, Jéssica Estay, durante um exercício que aflora os sentimentos, o paciente contou que gostava de fazer as pessoas sorrirem. Pensando nisso e na importância de realizar sonhos, a profissional entrou em contato com o Instituto Sociocultural e fez uma proposta: uma imersão de dois dias com os Palhaços da Alegria. O pedido foi atendido e assim aconteceu!
Ao questionar a profissional sobre a importância de realizar esses atos, ela destaca que se dispõe a ajudar todos os pacientes, de maneira individual e humanizada. “Eu busco, no meu trabalho, proporcionar memórias afetivas para os pacientes para que eles não tenham somente lembranças de momentos difíceis, procedimentos e internações”, relatou Jéssica.
De acordo com o coordenador do projeto ‘Palhaços da Alegria’ e idealizador do Palhaço ‘Figuerino’, Guilherme Figueiredo, foi a primeira vez que essa imersão com o paciente aconteceu. “Nós temos uma relação legal com a equipe do infantojuvenil e isso faz com que possamos tornar possível algumas ações que visam beneficiar o paciente”.
Mateus, realizou a imersão em dois dias. No primeiro dia, ele aprendeu sobre as técnicas, no segundo, ele fez uma interação na unidade infantojuvenil com o time dos Palhaços da Alegria. “O Mateus sempre se colocou disponível, então, no primeiro dia nós fizemos uma roda de apresentação e falamos para ele a importância de se conhecer para realizarmos os trabalhos em dupla e criar uma confiança com o parceiro de cena”, destacou o coordenador.
Nesse dia, o paciente também aprendeu as experiências da palhaçaria, incluindo a ‘palhaçaria hospitalar’. Nessa dinâmica, Guilherme Figueiredo e os demais participantes do grupo explicaram ao Mateus o que era permitido no meio hospitalar e quais brincadeiras e técnicas eles utilizavam antes de iniciar a interação com os pacientes. Além disso, eles fizeram testes de figurinos, ensaiaram cenas e músicas, e criaram um nome para o novo bobologista do dia: ‘Dr. Teteu’.
No segundo dia, Mateus, acompanhado dos doutores bobologistas – Dr. Figuerino, Dra. Alavanka e Dr. Grilo – fez a intervenção na unidade infantojuvenil do Hospital de Amor. Para isso, eles levaram o figurino que o Dr. Teteu escolheu e, juntos, fizeram as cenas ensaiadas, além de uma música exclusiva para o paciente.
Para que a experiência da intervenção ficasse ainda mais especial, Mateus escolheu alguns lugares, que marcam a sua trajetória na unidade infantojuvenil, para visitar, brincar e se sentir mais à vontade e acolhido.
Ao relembrar a sua trajetória no HA e falar a respeito do seu interesse pela palhaçaria, Mateus Afonso, defende que aprendeu muita coisa desde quando chegou na instituição. “Independentemente da situação que a gente está, acho que a gente nunca pode perder a nossa essência e isso foi uma coisa que me marcou muito e vem me marcando até hoje, porque todo mundo que me vê bem, fala: “nem parece que você está doente, você vive sorrindo”. Então, acho que o motivo é esse. Eu procuro brincar para sair um pouco do clima, né? Sair um pouco do contexto do hospital, porque, querendo ou não, a gente sabe que é uma coisa muito difícil de lidar. Acredito que a essência é o essencial, a gente não pode perder a essência porque isso é o que a gente é”, declara o paciente.
Para o coordenador do projeto Palhaços da Alegria, essa imersão foi um acontecimento especial. “Passa um filme na minha cabeça, então, a sensação que me vem ao acompanhar este desejo é de nostalgia. Quando eu vejo alguém se interessando pela palhaçaria, eu me vejo nessa pessoa porque eu lembro de como foi o meu processo de inicialização nessa arte. A palhaçaria faz a gente se conectar com as pessoas, traz empatia e um olhar cuidadoso. A arte mudou a forma como eu vejo o mundo e ver alguém desejando ter essa experiência, é inspirador. Então, é um sentimento de gratidão”, destaca Guilherme.
Essa imersão não foi apenas uma experiência para o paciente. Essa ação, fez com que Mateus visse novos sentidos na vida e reformulasse o seu propósito. “Eu sou para frente, sempre assim, de cabeça erguida. Nunca sou de abaixar a cabeça. Então, acho que o meu legado é continuar sendo feliz, sorridente e brincalhão. Acredito que o meu propósito seja fazer as pessoas sorrirem”, completa Mateus.
Venezuela, Goiás e São Paulo — mais de três mil quilômetros de distância somados. Ashley García, Anna Cristina Nogueira e Vitória Vilela se encontraram em um único lugar, com um único objetivo: ter acesso a um tratamento médico de qualidade, digno e humanizado.
Do país mega diverso e da fauna variada (Venezuela), para o país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza (Brasil)…
Natural de Maturin (VE), Ashley Carolina Garcia tem 11 anos, mas está no Brasil desde os sete anos. Impossibilitada de fazer um transplante de medula óssea em seu país, Greimarys Garcia (29), sua mãe, procurou seus familiares no Brasil e, juntas, elas embarcaram atrás de um tratamento adequado e digno para Ashley.
Tudo começou quando, aos três anos, a mãe notou manchas roxas pelo corpo da filha. Com o passar dos anos, suas plaquetas começaram a cair. Ao procurar um hematologista, o médico afirmou que ela estava bem, já que não havia outros sintomas. Porém, em 2021, aos sete anos, os níveis de plaquetas caíram drasticamente, afetando a hemoglobina e os glóbulos brancos. Diante disso, foi solicitado um exame de medula óssea para investigar uma possível leucemia. O diagnóstico: mielodisplasia.
Ashley iniciou o tratamento, mas não obteve resposta. Após cada ciclo de três meses, ela recaía e seu estado de saúde se agravava.
A Venezuela é um país que não possui programas de saúde para a população, ou seja, todo processo é pago. Por isso, a mãe de Ashley começou a trabalhar duas vezes mais para comprar as medicações que a sua filha precisaria durante o tratamento, além das consultas médicas. Após diversas tentativas de tratamento – e algumas adversidades ao longo desses período – o médico aconselhou Greimarys a procurar ajuda em outro país, caso contrário, sua filha poderia falecer. Neste momento, Grei entrou em contato com os seus familiares de Roraima e pediu ajuda a eles.
Ao chegar no Brasil, Grei e Ashley foram até o posto de saúde de Boa Vista (RR) e, posteriormente, foram encaminhadas ao hospital infantil do município. Após três meses sem tratamento efetivo, Ashley foi internada para avaliar a resposta da medula a um novo protocolo, mas, infelizmente, também foi ineficaz. A médica responsável então confirmou a necessidade de transplante de medula óssea.
“Nessa consulta, a profissional solicitou novamente o exame aspirado da medula e uma biópsia. Com a confirmação da mielodisplasia, ela explicou que Roraima não tinha estrutura para o transplante. Então, fomos encaminhadas para Brasília, onde passamos quatro meses tentando um tipo de quimioterapia. Como os resultados não eram satisfatórios, perguntaram se Ashley tinha irmãos ou se o pai poderia vir ao Brasil para fazer o teste de compatibilidade. Como não havia essa possibilidade, fomos inscritas no banco de doadores”, relembra Grei.
Felizmente, encontraram um doador 100% compatível. Contudo, o procedimento não poderia ser feito em Brasília. Assim, mãe e filha foram encaminhadas à unidade infantojuvenil do Hospital de Amor, em Barretos (SP).
Ao chegar ao Hospital de Amor, Ashley realizou o transplante de medula óssea. No entanto, o cenário não melhorou imediatamente. Infelizmente, ela enfrentou diversas complicações e precisou ser internada várias vezes, chegando a pesar apenas 21 kg. Ashley teve problemas no fígado, no intestino, contraiu COVID-19 e outros vírus devido à baixa imunidade. Além disso, sofreu infecções e passou muito mal após o procedimento. Sua mãe relata que o processo foi extremamente difícil. “Ela vivia internada no hospital… Passou por muitas coisas. Depois do transplante, percebi que algo estava estranho. No início, achamos que era por causa da transfusão, mas ela dormia demais. Foi solicitada uma tomografia, que confirmou toxoplasmose na cabeça”, desabafa Grei.
E, mesmo em tempos difíceis, coisas maravilhosas podem acontecer. Durante o tratamento, Ashley conheceu Raílla Coelho, também paciente infantojuvenil do Hospital de Amor e que, assim como ela, precisou de um transplante de medula óssea e, logo, elas tornaram-se inseparáveis.
Essa amizade foi além das paredes do hospital. Juntas, participaram da 4ª edição do Concurso Rainha do Rodeio Pela Vida. “Ashley não esperava ganhar, e eu, como mãe, também não. Autorizei que ela participasse apenas para apoiar sua amiga, porque elas viveram momentos muito difíceis. Raílla quase faleceu e isso deixou a Ashley – e todos nós [familiares e amigos] – muito triste”, relembra Grei Garcia.
Durante os ensaios e no grande dia do evento, Ashley ensinou para todos que a acompanharam que o amor, a amizade e o cuidado fazem a diferença na vida das pessoas. Na noite do desfile, para acompanhar e dar suporte a Raílla, Ashley desfilou de mãos dadas com a amiga.
Hoje, Ashley segue o tratamento com imunossupressores, e sua previsão de alta é para agosto de 2025. Para ela, representar o Hospital de Amor na 5ª edição do Rodeio Pela Vida é motivo de orgulho e gratidão.
“Graças ao Hospital de Amor — e a Deus — minha filha está curada”, diz Grei, emocionada.
*O Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) foi criado em 1993, em São Paulo, para reunir informações de pessoas dispostas a doar medula óssea para quem precisa de transplante. Desde 1998, é coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Rio de Janeiro.
Com mais de 5,5 milhões de doadores cadastrados, o REDOME é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo e pertence ao Ministério da Saúde, sendo o maior banco com financiamento exclusivamente público. Anualmente são incluídos mais de 125 mil novos doadores no cadastro do REDOME.
Fonte: REDOME.
Da Venezuela ao local dos maiores produtores de soja do Brasil…
Natural de Rio Verde (GO), Anna Cristina Nogueira, de 14 anos, sempre foi uma menina alegre, carinhosa e muito apegada à mãe. Mas, aos 13 anos, sua vida mudou com o diagnóstico de câncer.
Tudo começou com dores no joelho e uma leve dificuldade para andar. Como fazia musculação na época, Anna acreditava que se tratava de uma dor muscular, causada pelos treinos. Com o tempo, as dores aumentaram e o joelho começou a inchar. A mãe a levou ao médico, que inicialmente diagnosticou como “dor do crescimento”.
Sem melhora, a família buscou uma consulta particular com um ortopedista. Após ouvir o relato, o médico solicitou um raio-X. O resultado o deixou preocupado, então, ele pediu uma tomografia para confirmação. Ao receber os exames, o profissional comunicou que ela estava com um tumor no joelho, e ofereceu duas opções de tratamento: Barretos (SP) ou Jales (SP).
Sem saber o que significa a palavra ‘tumor’, Anna fez um post no seu Instagram – para os amigos mais próximos – dizendo: “Estou com um tumor no joelho, o que é isso?”. Curiosa e preocupada, procurou a resposta no Google. Foi aí que a ficha caiu. O impacto da descoberta a deixou muito abalada.
Mesmo assim, não ficou sozinha. Contou com o apoio fundamental da melhor amiga, Gabriele de Oliveira, e da família. Ela relembra que a amiga foi um anjo na sua vida, “ela que me dá força para aguentar tudo isso, toda vez que eu volto para Rio Verde (GO), ela vai na minha casa”, relata, Anna.
Para a mãe – que não pôde estar na consulta porque estava trabalhando – a notícia também foi devastadora. “Quando minha mãe me falou que poderia ser osteossarcoma, eu estava trabalhando, dentro da indústria. Naquela hora, o chão se abriu. Entrei em desespero. Meu marido me viu chorando e veio correndo. Procurei no Google o que era, e foi um momento desesperador”, relembra a mãe da Anna, Kely Nogueira.
Kely ainda faz uma crítica sobre a forma como o câncer é retratado no cinema. “Nos filmes, quase nunca mostram finais felizes para quem tem câncer. Os relatos de cura são poucos. Quando recebi o diagnóstico, pensei: vou lutar com todas as minhas forças. Deus me deu minha filha, e Ele não vai levá-la agora”, desabafou ela.
Receber o diagnóstico de câncer é algo muito difícil, não só para o paciente, mas para toda a família. Explicar para uma criança os próximos passos dessa trajetória requer muita sabedoria, força e amor. Em outubro de 2024, Anna Cristina chegou à unidade infantojuvenil do Hospital de Amor, localizada em Barretos (SP).
Na primeira consulta, os profissionais do HA refizeram os exames e explicaram as possibilidades de tratamento. Também a alertaram que, se a resposta à quimioterapia não fosse satisfatória, a amputação poderia ser necessária. Após sete sessões de quimioterapia, veio a notícia mais temida: seria preciso amputar a perna. Ao relembrar desse momento, ela diz que foi um momento muito difícil, pois ela e sua mãe choraram muito ao assinar o documento de autorização. “Para uma menina de 13 anos, amputar a perna não é fácil. […] No começo, fiquei com raiva, mas também fiquei feliz, porque eu iria continuar viva. Foi difícil, mas hoje agradeço. Estou muito melhor sem a minha perna”, afirma Anna, com uma maturidade surpreendente.
Com o diagnostico oncológico, muitos aspectos de sua vida mudaram, entre eles, a sua profissão dos sonhos. Hoje, ela sonha em ser enfermeira para ajudar as pessoas que estão passando por momentos difíceis. “O Hospital de Amor faz jus ao nome, né? Lembro de uma postagem nas redes sociais que dizia: com amor tudo fica mais fácil. Com o amor da minha família, dos amigos e do HA, tudo ficou mais leve. Ter pessoas ao seu lado o tempo todo é muito acolhedor”, destacou a paciente.
Hoje, Anna já é uma inspiração para outras crianças e adolescentes que passam pela mesma situação. E, sem saber, já exerce o papel de ajudar o próximo com sua força e exemplo. Com sua participação no Concurso Rainha do Rodeio Pela Vida, ela provou que sonhos podem ser adaptados, mas não precisam ser deixados para trás.
Durante os ensaios, se divertiu, fez novas amizades, viveu experiências incríveis no salão de beleza e brilhou na passarela.
Junto de outras sete pacientes, Anna representou o Hospital de Amor com graça, leveza e coragem. Agora, carrega o título de Princesa do Amor no 5º Rodeio Pela Vida.
Dos maiores produtores de soja do Brasil para o interior paulista…
Natural de José Bonifácio (SP), Vitória de Souza, de 14 anos, começou o seu tratamento oncológico bem nova. Aos 8 meses de idade, ela apresentava febre constante — principalmente à noite — e não ganhava peso. Durante as trocas de fralda, sua mãe, Mércia Vilela, percebeu algo anormal na genitália da filha.
Preocupada, ela levou Vitória ao médico. Inicialmente, os profissionais garantiram que estava tudo dentro da normalidade. Mas, com o passar do tempo, o inchaço no local aumentou e uma anomalia se formou. Um novo exame foi solicitado, desta vez, uma ultrassonografia. O resultado foi: um tumor no colo do útero, em estágio avançado, que já atingia a bexiga.
No mesmo dia, Vitória foi encaminhada a unidade infantojuvenil do Hospital de Amor, localizada em Barretos (SP), onde foi atendida pela equipe infantojuvenil, sob os cuidados das médicas Dra. Erica Boldrini e Dra. Bruna, para dar início ao tratamento.
Foram dois anos de quimioterapia e radioterapia, marcados por muitas internações e reações intensas aos medicamentos. Ao receber alta, a sua mãe não esperava – e nem a Vitória –que iria retornar à instituição 12 anos depois.
Aos 14 anos, Vitória começou a fazer tratamento com hormônios. Logo em seguida, passou a sentir fortes dores na perna esquerda, que dificultavam sua locomoção. O diagnóstico confirmou o pior: o câncer havia voltado, desta vez, nos ossos.
“Saber que o meu câncer voltou depois de 12 anos foi muito difícil. Para mim, o meu cabelo e as minhas unhas são muito importantes. Eu sabia que meu cabelo cairia e minhas unhas ficariam fracas. Na primeira quimioterapia, fiquei internada por 12 dias seguidos e precisei cortar tudo de uma vez”, desabafou a pequena.
Atualmente, ela continua o tratamento no Hospital de Amor, acompanhada de perto pela equipe médica. Para Mércia, esta nova etapa tem sido ainda mais desafiadora: “Dessa vez está sendo mais doloroso. Agora ela está mais velha, é muito vaidosa… então está sendo complicado. Mas, graças a Deus, o tratamento está funcionando e ela está reagindo bem.”
Como forma de distração, Mércia autorizou a participação da filha na 4ª edição do Concurso Rainha Rodeio Pela Vida. Apesar da timidez e da falta de experiência na passarela, Vitória ficou em terceiro lugar e conquistou o título de Madrinha do Amor, tornando-se uma das representantes oficiais da instituição no 5º Rodeio Pela Vida.
Ao ser questionada sobre experiência no concurso Rainha Rodeio Pela Vida, ela comenta que foi muito legal. “Eu nunca tinha desfilado, e sou muito tímida, tenho vergonha de falar em público. Mas assim que pisei no palco, o medo passou. A energia das pessoas torcendo por nós foi muito forte. Foi muito legal. Estou muito feliz por representar o Hospital de Amor no 5º Rodeio Pela Vida”, disse Vitória.
Rodeio Pela Vida
O Hospital de Amor – referência em oncologia, que acolhe pacientes de todo o país – realizará, entre os dias 5 e 7 de junho, a 5ª edição do “Rodeio pela Vida”, na cidade de Barretos (SP). O evento, que acontece no Recinto Paulo de Lima Corrêa em prol do HA, contará com atrações musicais, rodeio em touro e cavalo (sela americana, bareback e cutiano), breakaway roping e Três Tambores.
Priorizando a qualidade do rodeio, a comissão organizadora firmou parceria com a ACR – Associação dos Campeões de Rodeio – para a seleção dos competidores do rodeio em touro, enquanto a ProHorse será a responsável pela organização do rodeio em cavalos. Nas provas cronometradas, a modalidade Três Tambores será em parceria com a ANTT – Associação Nacional dos Três Tambores.
Além das provas, o evento contará com o apoio de cantores parceiros da instituição. No primeiro dia, Murilo Huff fará o primeiro show da 5ª edição. Já no segundo dia, as apresentações ficarão por conta do grupo Traia Véia e da dupla Bruninho & Davi. Por fim, no último dia, para encerrar a festa com chave de ouro, Felipe Araújo finaliza as atrações musicais desta ação solidária. Acesse o site e compre seu ingresso.
“Você não é todo mundo”, “Leva o guarda-chuva, vai chover”, “Se eu for aí e achar…”. Provavelmente, você já ouviu algumas dessas frases ditas por sua mãe, não é mesmo? Existe um ditado que diz que mãe é tudo igual, só muda o endereço. Mas uma coisa é indiscutível: o amor de mãe é um dos mais bonitos que existe.
Nesta semana especial em que celebramos o Dia das Mães, convidamos você a conhecer Maria Aparecida Rosini, de 67 anos — que já carrega o nome de uma das mães mais conhecidas e amadas do mundo. Para os cristãos, Maria é mãe do salvador da humanidade, Jesus. Talvez ela seja uma das representações mais lindas de como o amor de mãe enfrenta desafios, desenvolve coragem inimaginável, se anula por um filho e, mesmo na dor, jamais abandona.
Em 2005, aos 11 anos, Edleine Rosini, filha de Maria Aparecida, era uma menina como tantas outras. Gostava de brincar e dançava balé com muita alegria, até que um salto diferente denunciou que algo estava errado. “Senti muita dor na perna. Minha mãe logo percebeu e decidiu me levar ao médico em Porto Ferreira (SP). Fui encaminhada para São Carlos, também no interior paulista, onde conheci o médico que me encaminhou ao Hospital de Amor, em Barretos”, relembra Edleine, hoje com 32 anos.
O diagnóstico foi avassalador: um sarcoma de Ewing (um tipo raro e agressivo de câncer ósseo). A partir dali, a vida da menina e de toda a família mudaria para sempre.
“Eu recebi o diagnóstico de um tumor maligno. No outro dia, já passei com a psicóloga, a querida Tia Lu. Algo que vejo de maneira positiva é que minha mãe nunca me escondeu nada. Mas, no fundo, eu sabia que era grave”, conta a educadora física e instrutora de pilates. A consciência da gravidade vinha mais do olhar de quem a amava do que das palavras. “Via minha irmã chorar, minha mãe, minha tia, então eu sabia que o câncer era grave, mas acho que nunca encarei como algo impossível.”
O que mais a marcou naquele período foi o cuidado da mãe: “Ela sempre me vestia de rosa. Eu era a ‘Pantera Cor-de-Rosa’ da pediatria, pois carregava comigo a pelúcia do personagem para todos os lados, além de ser conhecida como a ‘bailarina’ do hospital”, conta ela com um sorriso.
Para Maria Aparecida, o início foi um choque: “O médico começou a falar palavras que eu nunca tinha ouvido. Quando ele disse ‘tumor maligno’, eu desmaiei na hora. Mas ele me falou: ‘Sua filha tem chance porque você correu atrás rápido’. Quando eu desmaiei de novo, ele disse: ‘Como eu vou te levantar do chão assim, mãe?’”. Hoje, Maria consegue rir da situação, mas imagine o desespero de uma mãe ouvindo que sua filha de apenas 11 anos estava com um câncer maligno. Não foi nada fácil.
A partir daquele momento, Maria decidiu colocar sua filha nas mãos de Deus. E foi nesse ato de fé que encontrou força para continuar. “Recebi uma ligação da Déborinha (primeira enfermeira da Pediatria do HA), que chamo de meu anjinho. Aquilo me fortaleceu”, conta. Quando a pequena paciente soube do diagnóstico, disse à médica: “Eu sei que é um tumor, mas não sei o que é”. A psicóloga então a levou para conversar em sua sala. Maria lembra: “Queria que aquele dia nunca tivesse existido. A médica disse que o tratamento seria longo e doloroso, cerca de um ano. Foi quando eu declarei: ‘Minha filha está nas mãos de Deus’. E a gente começou a batalha na segunda-feira.”
As primeiras sessões de quimioterapia foram duríssimas. “Ela vomitou muito. Lembro que me ajoelhei no chão e falei: ‘Deus, está começando o sofrimento da minha filha, mas oro pela cura dela’”, conta Maria. A cada passo, a mãe estava ali. Firme, mesmo quando chorava escondida. “Enfrentei tudo de cabeça erguida, chorava bem longe da Edleine, pois não queria que ela visse minhas lágrimas”, relata Maria com os olhos marejados. No fundo, é algo que toda mãe faz. Muitas vezes, seu amor nem é visto, apenas sentido. Mas sempre está ali.
Para Edleine, apesar da dor, havia leveza. A menina “coloria” os corredores do hospital com seu jeito divertido e sua pantera rosa de pelúcia, presente do pai. Tudo com muito rosa, pois se a vida trazia tempestade, o amor trazia cor.
Por trás do sorriso, havia momentos de risco real. “Na primeira parte da primeira sessão, passei muito mal. Tive uma parada respiratória”, relata Edleine. Sua mãe completa, com a voz embargada: “Vi minha filha morrendo na cama. Segurei a mão dela, me ajoelhei no chão do quarto e disse a Deus: ‘Pai, o que posso prometer para que o Senhor a salve e deixe comigo?’”.
Naquele instante, uma voluntária da AVCC (Associação Voluntária de Combate ao Câncer), toda vestida de rosa, entrou no quarto. “Quando a vi, fiz um voto com Deus: ‘Senhor, se minha filha for poupada, serei voluntária enquanto tiver forças’.” Edleine saiu daquela situação e se recuperou. “A partir dali, eu tinha uma nova missão”, diz Maria.
Ela cumpriu seu voto: começou a atuar como voluntária em 2005, na AVCC em Barretos. Hoje, aos 67 anos, Maria ainda percorre cerca de 400 km (ida e volta), duas vezes por semana, ajudando pacientes. Ela também cooperou na fundação da Casa de Apoio de Porto Ferreira em Barretos.
Depois de longas sessões de quimioterapia, Edleine estava curada. O pesadelo iniciado com aquele salto no balé havia terminado. O sofrimento foi vencido com lágrimas, fé e muito amor.
Em 2023, um novo diagnóstico: câncer do colo do útero, causado pelo HPV. Após dificuldades para iniciar o tratamento, a fé novamente interveio. A irmã de Edleine encontrou Henrique Prata, presidente do Hospital de Amor, e explicou a situação. Ele reconheceu a “bailarina” de rosa, e o tratamento começou.
Edleine deu início ao seu tratamento no Hospital de Amor, onde ela recebeu pela segunda vez na vida a notícia de que não havia mais câncer em seu corpo.
Hoje, casada com Kelvin Souza, de 33 anos — o mesmo que, quando criança, a visitava e orava por ela — Edleine compartilha sua história nas redes sociais e ajuda outras mulheres a se prevenirem.
Em fevereiro deste ano, ela começou a sentir fortes dores. Os exames mostraram linfonodos aumentados e um novo diagnóstico: câncer de peritônio.
“Quando soube que minha filha estava com câncer pela terceira vez, eu sumi. Chorei muito, mas falei para Deus: ‘Senhor, entrego minha filha em suas mãos pela segunda vez’”, diz Maria, com lágrimas nos olhos, beijando a cabeça da filha, agora careca pelo tratamento.
Edleine hoje realiza sessões de quimio e imunoterapia em Ribeirão Preto, acompanhada pelo Hospital de Amor.
Ao ser questionada sobre quem é Maria, Edleine sorri e responde: “Ela é meu orgulho. Nunca desanima. Mesmo com dificuldades, está sempre alegre. É meu porto seguro. É meu amor.”
Essa mãe e filha seguem enfrentando a vida com fé, amor e gratidão. “Tudo o que vivi me fez mais forte”, diz Edleine.
Feliz Dia das Mães a todas as Marias que estão sempre ao lado de seus filhos, mostrando que onde há o verdadeiro amor, o medo é lançado fora!
Receber o diagnóstico de câncer é um duro golpe para quase todos os pacientes oncológicos, pois, normalmente, a doença traz consigo desafios com o seu tratamento, como a necessidade de realizar cirurgia, quimioterapia, radioterapia e outros fatores de acordo com o procedimento necessário.
Inevitavelmente, a situação obriga o paciente, bem como a sua família, a pausar ou mudar muitos sonhos planejados. Ocorre que esta mudança pode trazer um turbilhão de sentimentos, que, se não observados e cuidados, podem acarretar o desenvolvimento de uma depressão.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é considerado o país da América Latina com maior prevalência de depressão e o quinto país mais depressivo do mundo. É fato que a pandemia de COVID-19 foi responsável por aumentar os casos de depressão e ansiedade em mais de 25% em todo o mundo.
Para abordar sobre este tema tão delicado, a coordenadora do departamento de psicologia do Hospital de Amor, em Barretos (SP), Jennifer Koller, respondeu algumas perguntas. Confira abaixo:
1) O que é depressão?
R.: A depressão é um transtorno de humor que pode variar em intensidade, sendo classificada como leve, moderada ou grave. Sua causa exata não é completamente conhecida, mas acredita-se que seja resultado de uma combinação de fatores. Aspectos genéticos e ambientais desempenham um papel importante no desenvolvimento da doença. A hereditariedade, em particular, tem grande influência, embora seja menos significativa em casos de depressão que se manifestam na terceira idade. Além disso, mudanças nos níveis de neurotransmissores e desequilíbrios hormonais também estão frequentemente associados à doença. Fatores psicossociais, como separações, desemprego ou situações de vulnerabilidade social, também podem contribuir para o surgimento da depressão.
2) Quais são os malefícios que ela pode causar às pessoas?
R.: A depressão pode ser extremamente incapacitante, prejudicando vários aspectos da vida de uma pessoa. Ela pode afetar negativamente tanto a saúde mental, física e social, além de reduzir a qualidade de vida. Em casos graves, a depressão pode levar ao suicídio.
3) Depressão pode causar câncer?
R.: Embora a depressão seja uma condição séria que afeta a saúde mental, não há evidências científicas que provem que ela cause câncer. O câncer se desenvolve devido às mutações celulares que permitem o crescimento descontrolado de tumores, um processo que não está relacionado diretamente à depressão. Assim, não existe nenhuma correlação evidenciada dessas duas doenças.
4) Como o câncer pode levar o paciente oncológico à depressão?
R.: O diagnóstico de câncer traz uma série de desafios, como o impacto psicológico do tratamento, as mudanças na qualidade de vida e o estigma da doença. Esses fatores podem, em algumas pessoas, desencadear ou agravar os sintomas da depressão. A prevalência de depressão em pacientes com câncer pode variar, dependendo do tipo e estágio da doença, além de condições de saúde preexistentes e do contexto social e cultural do paciente.
5) Qual é a prevalência da depressão em pacientes oncológicos?
R.: Ansiedade e depressão são transtornos mais recorrentes em pacientes com câncer. Por um lado, é importante destacar que nem todos os pacientes com câncer apresentam depressão, pois inferir isso de maneira generalizada pode reforçar estigmas que não contribuem para o enfrentamento funcional oncológico ou em saúde mental. Por outro lado, o risco de o paciente oncológico desenvolver esse transtorno é duas a quatro vezes maior em comparação com a população geral – a incidência é alta e por vezes subdiagnosticada. Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde realizem uma avaliação contínua da saúde mental durante o tratamento oncológico.
6) Quais são os sintomas da depressão?
R.: De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), a depressão é caracterizada por sintomas persistentes por, pelo menos, duas semanas. Pelo menos cinco dos seguintes sintomas devem estar presentes: tristeza profunda ou irritabilidade, perda de interesse ou prazer em atividades, alterações no apetite ou no sono, fadiga, sentimento de culpa ou inutilidade, dificuldade de concentração, pensamentos suicidas ou morte, além de nervosismo e ansiedade.
7) Como a família pode ajudar a identificar a doença?
R.: A família tem um papel essencial no cuidado de pessoas com depressão, tanto no diagnóstico quanto no tratamento. Deve-se atentar as mudanças no comportamento e/ou reações emocionais incomuns do indivíduo e persistentes. A família pode oferecer escuta, apoio sem julgamento e encorajar a busca por ajuda profissional. É importante evitar minimizar o sofrimento da pessoa e manter um diálogo aberto sobre seus sentimentos, além de participar do tratamento. Também é importante que o familiar ou cuidador se inclua nestes cuidados, se preciso, com suporte de um profissional.
8) Como a depressão pode piorar o tratamento oncológico?
R.: Estudos demonstram que a depressão pode prejudicar a adesão ao tratamento do câncer e levar a um pior prognóstico, especialmente se não tratada adequadamente com devido suporte profissional. O impacto da depressão não se limita aos aspectos emocionais, mas também afeta o bem-estar físico e social do paciente. Além disso, é importante distinguir a depressão de reações emocionais esperadas, como a fase de ajustamento e assimilação ao adoecimento, os ajustamentos de papéis familiares, o luto antecipatório, que podem ocorrer durante o tratamento.
9) Quais conselhos você daria para o paciente/familiar que identificar os sinais de início depressão?
R.: Oscilações de humor são consideradas normais na experiência humana, porém, quando percebemos a persistência dessas alterações e se estão causando prejuízos, tanto emocionais quanto comportamentais, devemos abordar o paciente a buscar ajuda profissional para uma avaliação completa. O Hospital de Amor tem portas abertas para o paciente ou familiar procurar a assistência do profissional da saúde mental.
10) Caso a doença não seja diagnosticada/tratada, quais os riscos os pacientes sofrem?
R.: Quando não tratada adequadamente, a depressão pode afetar negativamente a qualidade de vida do paciente, o que por si só justifica a identificação e o tratamento ativo desse transtorno em indivíduos com câncer. Se não avaliada e tratada corretamente, a depressão pode ter seus sintomas agravados, piorar a funcionalidade do paciente e trazer grande sofrimento, intensificar o isolamento social, causar prejuízos de memória ou cognição, podendo gerar dificuldades no enfrentamento da doença e até o risco de suicídio.
11) Normalmente, qual faixa etária/gênero mais sofrem com a doença?
R.: A depressão pode afetar pessoas de todas as idades, embora seja mais comum em indivíduos entre 20 e 40 anos. No entanto, também é observada uma maior prevalência entre os idosos. As mulheres têm risco maior de desenvolver a depressão, por possíveis fatores como maior exposição a estresses cotidianos, sobrecarga e taxas mais altas de disfunções hormonais.
12) Existe alguma dificuldade para realizar/aceitar o tratamento? Caso sim, quais?
R.: Muitas pessoas ainda apresentam resistência em procurar ajuda para problemas de saúde mental devido à falta de informações adequadas ou crenças equivocadas sobre doenças mentais. Por isso, é importante que os oncologistas incluam a triagem de depressão como parte da rotina de cuidados durante o tratamento de câncer.
13) Criança tem depressão?
R.: Sim, crianças e adolescentes também podem desenvolver depressão. Fatores genéticos e ambientais desempenham um papel importante nesse processo. Os sintomas podem ser confundidos com comportamentos típicos da infância, como malcriação ou agressividade, mas também podem se manifestar em sintomas físicos, como dores de cabeça ou fadiga, irritabilidade, perda de apetite, distúrbio do sono e queda no desempenho escolar.
14) Qual é a diferença da depressão da criança/adolescente/adulto e idoso? Existe? Quais são?
R.: Na infância e adolescência, os sintomas de depressão geralmente se manifestam em mudanças de comportamento. Nos adultos, a falta de prazer em atividades e a alteração do humor são mais experimentados na depressão. Já nos idosos, os sintomas físicos, como tontura, perda de apetite e problemas cognitivos, como dificuldades de memória e atenção, são frequentemente mais notáveis.
15) Como o Hospital de Amor apoia/trata o paciente que está com depressão?
R.: O Hospital de Amor oferece acompanhamento especializado em saúde mental, com uma equipe que inclui psicólogos e duas médicas psiquiatras que fazem assistência nas unidades Antenor Duarte Villela (unidade adulta), Hospital São Judas Tadeu (unidade de cuidados paliativos e atenção ao idoso) e Hospital Infantojuvenil (unidade que oferece tratamento para crianças e adolescentes), em Barretos (SP). O diagnóstico e tratamento da depressão fazem parte do cuidado integral ao paciente oncológico, e a equipe médica de referência deve estar preparada para realizar a avaliação adequada e encaminhar o paciente para o suporte necessário.
Caso você seja paciente ou acompanhante e esteja percebendo algum sinal relacionado à depressão, converse com o seu médico e busque ajuda profissional. Cuidar da saúde é fundamental durante a jornada do tratamento oncológico.
“Perder um membro não é perder seu valor, é apenas trocar uma parte do seu corpo por uma nova chance de continuar”, declara Gabriele Cecília dos Santos, 14 anos, paciente do Hospital de Amor Infantojuvenil.
Com esse depoimento, iniciamos este texto para falar sobre o mês de abril, considerado o “Mês da Conscientização da Amputação”, cujo objetivo é alertar a população sobre a prevenção e o tratamento da condição, além de promover a inclusão e o respeito às pessoas amputadas. Gabi, como é carinhosamente chamada, precisou amputar a perna esquerda após a descoberta de um osteossarcoma.
Aos 12 anos, enquanto jogava futebol na escola, Gabi machucou o joelho. Com o passar dos dias, o inchaço aumentava. Começou a investigar o problema em Araçatuba (SP), sua cidade natal, onde recebeu o diagnóstico de osteossarcoma. “Naquele momento em que descobri que estava com câncer, chorei e me senti muito angustiada. Mas, a partir do momento em que entendi que nada se resolveria chorando, criei forças para tudo que estava por vir”, conta Gabi.
Há um ano e meio, a jovem realiza tratamento no Hospital de Amor Infantojuvenil, em Barretos (SP), e passou por uma cirurgia de amputação transfemoral – acima do joelho – que preserva a musculatura e protege o osso, proporcionando melhor sustentação da prótese.
Os tumores mais associados à necessidade de amputação são os sarcomas ósseos, especialmente o osteossarcoma, como no caso de Gabi, e o sarcoma de Ewing, que estão entre os mais prevalentes em crianças e adolescentes, conforme explica o coordenador do Departamento de Ortopedia do HA e ortopedista oncológico, Dr. Silvio Sargentini.
“Sem dúvidas, os tumores musculoesqueléticos são responsáveis por grande parte das amputações em crianças e adolescentes. Porém, o trauma – como acidentes de trânsito, queimaduras, choques elétricos, entre outros – ainda é a principal causa geral de amputações nessa faixa etária no Brasil”, afirma o médico. “Eu sei que câncer e amputação parecem palavras que arrancam partes da gente — e às vezes, elas arrancam mesmo: corpo, rotina, certezas… tudo balança. Mas o que elas nunca vão tirar é quem você é de verdade: sua força, sua luz, sua vontade de viver. Antes de me falarem que eu teria que amputar, Deus me visitou em sonhos, pegou em minhas mãos, me levou a cada canto do hospital para me mostrar que eu podia confiar nele. Isso me fez sentir forte e confiante de que tudo daria certo”, relata Gabi.
Reabilitação
Após 14 dias de cirurgia, Gabi recebeu a liberação para realizar a reabilitação no Centro Especializado em Reabilitação do Hospital de Amor. Após uma avaliação médica, foi estabelecido o plano terapêutico, que incluiu a fisioterapia como explica a fisioterapeuta do HA Infantojuvenil, Deiseane Bonatelli.
“Quando a Gabi iniciou a reabilitação, fizemos uma avaliação e traçamos um plano terapêutico pré-protetização. O foco nessa etapa do tratamento foi ganho de força, preparação do coto com enfaixamento e treino de marcha com muletas. Gabi respondeu muito bem a essa parte da reabilitação e foi encaminhada para a protetização”, explica a fisioterapeuta do HA Infantojuvenil.
Uma nova rotina, um novo método de vida, Gabi precisou se adaptar a nova condição, e a reabilitação, que no começo parecia “sem sentido”, como ela mesmo disse durante a entrevista, teve um papel fundamental para que ela atingisse o seu objetivo final: a protetização. “A reabilitação, no começo parecia uma sequência de exercícios sem sentido, mas com o tempo eu percebi que cada gota de suor era uma motivação para eu poder continuar, e colocar a prótese pela primeira vez foi uma sensação completamente inesquecível. Todas as inseguranças que eu tive eu perdi naquele momento, mas com tudo isso foi bom perceber que com a perna de metal eu continuava 100% sendo eu”, conta Gabi.
Após a protetização veio uma nova etapa na reabilitação. Gabi passou a treinar a marcha com e sem apoio, treino de equilíbrio com a prótese e treino de escada, até conseguir andar sozinha, sem o auxílio de muleta.
Osteosarcoma
Quando falamos de câncer infantojuvenil, estamos falando de uma doença rara. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em média, são registrados 300 mil novos casos ao ano de câncer infantojuvenil ao redor do mundo, sendo que 90% destes vivem em países de baixa e média renda (PBMR).
Segundo o INCA, no Brasil, são diagnosticados cerca de 8 mil casos de câncer ao ano. Ou seja, durante todos os dias do ano, a cada hora, uma criança ou adolescente é diagnosticado. Parece alarmante, no entanto, a incidência do câncer de 0-19 anos corresponde a apenas 3% do total de casos de câncer.
O Hospital de Amor Infantojuvenil diagnostica cerca de, 300 novos casos ao ano, em crianças e adolescentes. Nos últimos cinco anos, o HA Infantojuvenil diagnosticou, aproximadamente, 104 casos de osteosarcoma em crianças e adolescentes. “O osteossarcoma é um tipo de câncer ósseo primário que se origina nas células ósseas chamadas osteoblastos. É um tumor maligno que pode se desenvolver em qualquer osso do corpo, mas é mais comum nos ossos longos, como o fêmur e a tíbia, e é uma doença que acomete predominantemente pacientes na segunda etapa da vida, ou seja, entre 10 e 20 anos de idade”, explica a oncologista pediátrica do HA Infantojuvenil, Dra. Erica Boldrini.
Os principais sintomas para esse tipo de tumor são:
– Dor óssea: dor persistente e intensa em um osso específico, que pode piorar à noite ou com atividade física;
– Inchaço: inchaço ou edema na área afetada, que pode ser acompanhado de vermelhidão e calor;
– Limitação de movimento: dificuldade em mover a articulação ou o membro afetado devido à dor ou ao inchaço e
– Fratura: fratura óssea sem causa aparente ou com trauma mínimo.
Se esses sintomas são comuns em adolescentes, é importante fazer um acompanhamento médico, como explica Dra. Erica. “Se um adolescente apresentar algum desses sintomas, é fundamental procurar avaliação médica para determinar a causa subjacente. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem melhorar significativamente as chances de cura e reduzir a morbidade associada ao osteossarcoma”, declara a oncologista pediátrica.
Os principais tratamentos para o osteosarcoma são a cirurgia, onde é realizada a remoção do tumor e do tecido ósseo afetado e quimioterapia, o uso de medicamentos para matar células cancerígenas. “A cirurgia de amputação é indicada quando não há possibilidade de manter o membro acometido pelo tumor ósseo após sua ressecção completa. Em outras palavras, quando preservar o membro significaria deixar para trás parte do tumor ou não atingir margens cirúrgicas seguras — o que comprometeria a chance de cura e diminuiria as taxas de sobrevida do paciente”, explica o médico ortopedista, Dr. Silvio Sargentini.
Como Gabi disse durante a entrevista, “o conselho que eu posso dar para quem está passando por esse processo de amputação é: não tenha medo de se reinventar, a amputação não é o fim”.
Oficina Ortopédica
O Hospital de Amor vai muito além do tratamento oncológico! A instituição foi pioneira em oferecer reabilitação física, mental, intelectual, auditiva e visual, promover qualidade de vida e autonomia para os pacientes.
Além das unidades de Reabilitação, em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO), o HA também conta com três unidades nessas localidades da Oficina Ortopédica, que é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pelo câncer e seu tratamento.
Em 2024, foram confeccionados e dispensados 3.861 dispositivos (órteses e próteses), somando os números nas três unidades: 1.616 dispensados pela unidade de Araguaína (TO), 1.765 dispositivos dispensados pela unidade de Barretos (SP) e 480 dispensados pela unidade de Porto Velho (RO).
As Oficinas Ortopédicas do HA, contam com vários diferenciais, principalmente com a utilização da tecnologia, como explica o coordenador das Oficinas Ortopédicas do HA, Alysson Alvim Campos. “Nós continuamos investindo muito em tecnologias que melhoram muito a manufatura da confecção das próteses. Podemos destacar o nosso robô, que por meio do sistema de digitalização do coto e usinagem robótica, a gente consegue uma maior velocidade na confecção da prótese, através de softwares, que fazem essa confecção, uma modelagem digital, em vez do técnico fazer no molde de gesso, ele faz com o computador, tornando o processo mais rápido e preciso”, explica Alysson.
Mas um fator que é o principal diferencial e que está enraizado no Hospital de Amor, é a humanização. “Eu, que venho de outras instituições, trabalhei em outros lugares, o que eu vejo nos profissionais do HA e das nossas Oficinas Ortopédicas, é diferente. Realmente, não dá para trabalhar nessa instituição se você não está alinhado com o propósito do HA. O que eu percebo com os profissionais, principalmente os das Oficinas Ortopédicas, que estão alinhados com o propósito de fazer essa assistência integral ao paciente. Eu vejo que a dedicação dos colaboradores no sentido de fazer um algo a mais para os pacientes, no que ele pode fazer a mais para contribuir com o paciente”, destaca Alysson.
O Brasil vem ganhando visibilidade na comunidade científica internacional, especialmente por conta de sua participação em estudos clínicos, com crescente número, diversidade e impacto. E é notório o potencial para expansão! Na busca por melhores protocolos aos seus milhares de pacientes, o Hospital de Amor (referência em tratamento oncológico gratuito de excelência e humanização), embarca neste desafio.
O departamento de Pesquisa Clínica do HA – responsável por realizar estudos científicos que avaliam a segurança e a eficácia de novos medicamentos, e oferecê-los aos pacientes em tratamento oncológico na instituição – não apenas atua com excelência no avanço da medicina e na melhoria da saúde global, como amplia seus estudos para casos não oncológicos.
Para que você conheça a grandiosidade do trabalho desenvolvido pelo departamento, o HA entrevistou a gerente de Pesquisa Clínica da instituição, Mariana Fabro Mengatto. Confira e entenda!
– Como é o trabalho desenvolvido pelo departamento de Pesquisa Clínica no HA?
R: O departamento de Pesquisa Clínica do HA busca oferecer aos pacientes da instituição o uso de novos medicamentos para tratamento oncológico. Algumas dessas medicações já estão aprovadas fora do Brasil, mas não são acessíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nós, da pesquisa, trazemos a viabilidade de uso do medicamento! Por meio das normas, aprovações regulatórias e o aceite do paciente em fazer parte da investigação, vários exames são realizados, os protocolos são avaliados para liberação do tratamento, e o tipo das medicações, doses, efeitos são monitorados, rigorosamente, nos pacientes para avaliação dos resultados.
– Qual é o objetivo desse trabalho no tratamento oncológico?
R.: Proporcionar acesso a terapias inovadoras não disponíveis no SUS, visando estabelecer melhora na qualidade de vida e bem-estar do paciente.
– Como o paciente do HA utiliza esse serviço?
R:. Ao entrar no Hospital para primeira consulta, todos os exames são verificados pela equipe de pesquisa e acompanhados para viabilidade de oferecimento do estudo clínico. A cada resultado de exame, navegamos no cuidado do paciente para avaliar a participação nos estudos. O paciente pode ser convidado pelo médico que lhe explicará como a pesquisa funciona e poderá, junto a sua família, decidir a participação. Caso em determinado momento o paciente opte por deixar a sua participação no estudo clínico, ele é realocado para atendimento na área assistencial do hospital sem nenhum prejuízo aos serviços ofertados.
– O departamento está em expansão. O que isso significa? Como está sendo esse processo?
R.: A Pesquisa Clínica do Hospital de Amor encontra-se em um processo de forte expansão dentro dos últimos 5 anos, refletido tanto no crescimento do número de estudos clínicos conduzidos, quanto no aumento do volume de pacientes atendidos. Esse crescimento gerou a necessidade de ampliação da estrutura física da unidade, bem como da equipe de colaboradores, para atender à demanda crescente com qualidade e segurança dos pacientes.
Desde 2020, a Pesquisa Clínica também passou a atuar em um novo campo: a condução de estudos clínicos não oncológicos. Aproveitando sua sólida experiência em pesquisa oncológica, o departamento expandiu sua atuação para outras especialidades médicas, iniciando com projetos voltados à prevenção e ao tratamento da COVID-19. Foram mais de 15 estudos relacionados à doença, contribuindo de forma significativa com o desenvolvimento científico em um momento crítico da saúde global. Com a ampliação dos serviços do HA outras áreas da saúde no município de Barretos (SP) e região, o setor passou a identificar novas oportunidades para oferecer acesso à pesquisa a pacientes com diversas condições clínicas de relevância. Atualmente, a Pesquisa Clínica já participa da condução de 16 estudos não oncológicos, abrangendo especialidades, como: Cardiologia, Reumatologia, Dermatologia, Endocrinologia, Hepatologia, Pneumologia, Neurologia, entre outras.
Novos protocolos estão em fase de negociação ou implantação, o que reforça o compromisso do setor com a expansão contínua de sua atuação. Esse movimento estratégico visa ampliar o impacto social da pesquisa clínica, beneficiar um número cada vez maior de pacientes e consolidar a Pesquisa Clínica como um centro multiprofissional de excelência, pautado pela inovação, ciência e cuidado integral à saúde.
– Como os estudos não oncológicos da Pesquisa Clínica impactam e contribuem no trabalho do HA?
R.: A incorporação de estudos clínicos não oncológicos amplia significativamente o escopo de atuação do Hospital de Amor, fortalecendo seu compromisso com a promoção da saúde integral e com a inovação científica em diversas áreas médicas. Essa expansão permite oferecer aos pacientes o acesso a tratamentos de ponta e tecnologias inovadoras, muitas vezes indisponíveis na prática clínica convencional no Brasil. Além disso, a condução desses estudos promove a integração entre diferentes especialidades médicas dentro da instituição, estimulando a formação de equipes multidisciplinares e o aprimoramento contínuo dos profissionais de saúde. Também contribui para a diversificação das fontes de financiamento da pesquisa e para o fortalecimento da imagem do HA como referência nacional e internacional não apenas em oncologia, mas em pesquisa clínica de forma ampla.
Em julho de 2023, o Hospital de Amor deu início a um projeto promissor que tinha como ideia principal fazer uso da tecnologia para levar prevenção e diagnóstico precoce do câncer de pele – incluindo o melanoma – para o maior número de pessoas, de forma simples e rápida. Menos de dois anos após o seu início, o ‘Projeto Retrate’ apresenta resultados positivos: identificou cerca de 200 cânceres de pele, sendo 12 deles do tipo melanoma, que apesar de ser menos comum, merece atenção, pois é considerado um tipo mais grave da doença, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (que é disseminação do câncer para outros órgãos) e alto índice de mortalidade quando diagnosticado tardiamente.
Com fomento do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica – PRONON, implantado pelo Ministério da Saúde para incentivar ações e serviços desenvolvidos por entidades, associações e fundações privadas sem fins lucrativos no campo da oncologia, em sua primeira etapa, o projeto instalou, em Barretos (SP), uma cabine fotográfica de autoatendimento, que ficou disponível para a população em tempo integral, de forma 100% gratuita e em local de grande circulação. Além disponibilizar um aplicativo para dispositivos móveis, também de forma gratuita, que possibilita acesso de onde o paciente estiver, com mais privacidade.
Segundo a doutora em Oncologia e uma das pesquisadoras do ‘Projeto Retrate’, a iniciativa representa um avanço concreto para o SUS ao ampliar o acesso da população a consultas especializadas em dermatologia, com agilidade no diagnóstico e início rápido do tratamento. “Iniciativas como essa mostram como a tecnologia e a inovação podem ser aliadas para garantir atendimento de qualidade, especialmente para quem mais precisa. No câncer de pele, em especial para o melanoma, o tempo é decisivo, e oferecer esse cuidado de forma acessível e eficiente pode significar salvar vidas”, ressalta.
Segundo o Ministério da Saúde, em todo o Brasil foram registrados 28.354 atendimentos relacionados ao câncer de pele do tipo melanoma entre janeiro de 2023 e julho de 2024. O mesmo período registrou mais de 110 mil atendimentos relacionados ao câncer de pele não melanoma, o tipo mais comum de câncer no mundo.
A cabine
A cabine, atualmente instalada no North Shopping Barretos, é composta por diferentes experiências de usuário diferentes, que incluem também levar conhecimento e conscientização de forma autônoma para quem passa pelo local. O lado A tem como objetivo educar a população sobre câncer de pele, fatores de risco, prevenção e como identificá-lo por meio de atividades lúdicas e explicativas com vídeos lúdicos em linguagem de fácil compreensão. O lado B permite que as pessoas usem uma câmera UV para ver como protetor solar funciona e por que é importante, fornecendo amostra de filtro solar e gerando fotos de antes e depois do uso. Na frente, há uma estação com telas sensíveis ao toque e uma câmera de alta resolução onde as pessoas podem preencher um formulário de inscrição, assinar um termo de consentimento informado, responder algumas perguntas e enviar fotos das lesões de pele para serem avaliadas por teledermatologia no Hospital de Amor.
O ‘Projeto Retrate’ conquistou o Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica 2023, na categoria Tecnologias Diagnósticas. Este reconhecimento destaca a contribuição significativa do projeto para o diagnóstico precoce do câncer de pele.
Um trabalho que salva vidas!
Um dos beneficiados pelo projeto do HA, que une pesquisa, inovação e prevenção, é o pequeno Arthur Dourado, de 8 anos. Segundo sua mãe, Juçara Dourado, 44 anos, funcionária pública, de Colina (SP), em julho de 2024, quando ambos estavam realizando um passeio no shopping, em Barretos, ela viu uma oportunidade de sanar uma dúvida que ela estava, pois havia surgido uma pinta que crescia de maneira desproporcional em seu filho.
Juçara tirou uma foto da mancha e enviou via cabine. Após receber o conteúdo, a equipe responsável do Hospital convocou o garoto para exames detalhados, que apontaram o diagnóstico de câncer de pele tipo melanoma, que foi removido um mês depois. “O tratamento, a agilidade em todos os procedimentos me surpreenderam, foram muito rápidos e muito atenciosos com meu filho, e por esse motivo, graças a Deus meu filho está bem. A equipe do hospital que pegou o caso foi fantástica e só tenho a agradecer a Deus por estar no shopping no dia e hora certa, pois caso contrário as coisas não fluiriam tão bem”, conta Juçara.
Prevenção e acesso
A fim de ampliar sua cobertura, o ‘Retrate’ incluiu em suas atividades o oferecimento de capacitações para todos os profissionais de saúde da atenção básica de Barretos (SP), que lidam de forma rotineira com a população. Hoje, as 18 UBS de Barretos contam com profissionais capacitados e equipamentos para realização de exames dermatológicos e envio de fotos de lesões de pele suspeitas para a instituição.
O HA oferece, ainda, a capacitação para profissionais que atuam na área da estética e cuidado corporal do município, entre esteticistas, manicures, podólogos, cabelereiros e tatuadores. Até o momento, cerca de 145 profissionais já foram treinados.
Além dessas abordagens, estão inclusas no escopo a realização de campanhas de busca ativa direcionadas para populações de risco, como comunidades rurais e trabalhadores expostos ao sol da região.
O cirurgião oncológico do HA e pesquisador principal do projeto, Dr. Vinicius de Lima Vazquez, destaca que a importância primordial do projeto está na educação e no acesso. “Desenvolvemos uma estrutura de ação que nos permite educar a população sobre hábitos saudáveis em relação à exposição solar, além de ensinarmos sobre os sinais e sintomas do câncer de pele, em especial o melanoma. Tudo isso de forma leve e sem a necessidade de deslocamento até uma unidade de saúde especializada, em um primeiro momento”.
Neste mês em que celebramos o “Dia Internacional da Mulher” (8 de março) e o “Março Lilás” – campanha de conscientização sobre a prevenção do câncer do colo do útero – o Hospital de Amor tem a honra de homenagear todas as ‘suas mulheres’, que cuidam, acolhem, amparam, ensinam e, acima de tudo, amam! Que tratam – com todo respeito e carinho do mundo – milhares de pacientes. Que fazem o Hospital, ser de Amor!
E por falar em mulher que faz a diferença, o HA não pode deixar de homenagear uma de suas preferidas, motivo de muito orgulho para todos, especialmente para os colaboradores e pacientes da instituição: Dra. Scylla Duarte Prata – a médica ginecologista que sempre esteve à frente do seu tempo. Ela não só criou uma das maiores obras de amor ao próximo da América Latina, o Hospital de Amor (referência em tratamento oncológico gratuito de excelência, com o maior serviço de prevenção de câncer do país e uma estrutura completa focada em ensino e pesquisa), como também foi pioneira na prevenção do câncer ginecológico.
Scylla especializou-se em ginecologia por influência de sua principal referência na medicina, o professor Domingos Delascio. Ele era professor universitário, ginecologista conceituado, autor de obras científicas e referência na tradicional Maternidade Matarazzo, Santa Casa de São Paulo e outras instituições da capital, sendo pioneiro em diversas frentes da saúde da mulher.
Enquanto aluna da USP, Delascio foi seu professor e depois de formada se tornou “médica estagiária” da equipe dele. Era considerada uma residente brilhante, muito dedicada e por isso manteve com seu mestre uma relação de amizade, respeito, reciprocidade e gratidão por toda a vida.
Em São Paulo, Scylla atuou como médica do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários de Santos. Trabalhou na Clínica Ginecológica da Faculdade de Medicina, e fez cursos como de aperfeiçoamento de clínica ginecológica, propedêutica obstétrica, patologia obstétrica, pós-graduação de tumores malignos do aparelho genital e participou de congressos.
Para além da obstetrícia e já tendo contato com os estudos do câncer ginecológico, como assistente do Dr. Domingos Delascio, ela aplicava em suas pacientes exames preventivos de lesões cancerígenas, como a colposcopia, a diatermocoagulação e o Papanicolaou. Junto ao professor, ela fazia estudos científicos sobre o câncer uterino e especialmente o câncer de endométrio, sendo pioneira na difusão do exame no interior de São Paulo.
Scylla se especializou ainda mais no câncer ginecológico e, em 1994, com a contribuição de seu marido – que dizia que “a prevenção é o melhor remédio”, ela foi uma professora para a enfermeira Creuza Saure, responsável por colher exames de Papanicolaou em 92% da população barretense com uma bicicleta e uma mesa ginecológica. Juntas, elas agiram por décadas, por idealismo e confiança no projeto do hospital.
Graças à expertise da médica, o HA salva, ainda hoje, milhares de vidas! São quase 63 anos de história e mais de 30 deles realizando um trabalho incrível de rastreamento e busca ativa, que leva saúde de qualidade e exames preventivos de câncer, gratuitamente, à população das localidades mais distantes e necessitadas. Atualmente, a instituição possui 27 unidades fixas de prevenção e mais de 50 unidades móveis que rodam o Brasil, na tentativa de reduzir as desigualdades de acesso à saúde e oferecer tratamentos mais efetivos.
Esse tipo câncer é considerado o que apresenta condições mais promissoras para prevenção e controle, com possibilidades, inclusive, de eliminação. Fazem parte do arsenal de enfrentamento, a vacinação contra o vírus HPV (Papilomavírus Humano), cuja infecção persistente é o principal fator de risco para o desenvolvimento da doença. Além disso, outra estratégia, é a detecção precoce de lesões do colo uterino, classificadas como precursoras do câncer e que podem ser tratadas com procedimento simples e alcançar altas taxas de cura.
“Hoje nós temos instrumentos e possibilidades, tanto relacionados à prevenção primária, quanto à prevenção secundária. Eu estou dizendo sobre vacina contra o vírus HPV, que é o vírus que iminentemente causa o câncer do colo uterino entre as mulheres. E em segundo, a prevenção primária, que são os testes que fazem o diagnóstico e o rastreamento, sendo o mais conhecido, o exame de Papanicolaou”, destaca o coordenador médico do programa de prevenção de câncer ginecológico do Hospital de Amor, Dr. Júlio Possati.
• Pacientes portadores de Papilomatose Respiratória Recorrente/PRR a partir de 2 anos de idade.
De acordo com o Ministério da Saúde, o exame preventivo contra o HPV, o Papanicolau, é um exame ginecológico preventivo mais comum para identificar de lesões precursoras do câncer do colo do útero. Ele ajuda a detectar células anormais no revestimento do colo do útero, que podem ser tratadas antes de se tornarem câncer. O exame não é capaz de diagnosticar a presença do vírus, no entanto, é considerado o melhor método para detectar câncer do colo do útero e suas lesões precursoras. Quando essas alterações, que antecedem o câncer, são identificadas e tratadas, é possível prevenir 100% dos casos, por isso é muito importante que as mulheres façam o exame regularmente.
Outra medida importante na prevenção do HPV, são os preservativos internos ou externos. Informações do Ministério de Saúde mostram que, “embora seja eficaz na redução do risco de infecções sexualmente transmissíveis (IST), seu uso não elimina completamente a possibilidade de transmissão do HPV. Isso ocorre porque as lesões podem estar presentes em áreas não cobertas pela camisinha, como a vulva, região pubiana, perineal e bolsa escrotal”. Apesar disso, o uso é extremamente importante parra prevenir possíveis doenças.
Em relação à distribuição geográfica, ele é o segundo mais incidente nas Regiões Norte (20,48 por 100 mil) e Nordeste (17,59 por 100 mil). Na Região Centro-oeste (16,66 por 100 mil) ocupa a terceira posição; na Região Sul (14,55 por 100 mil), a quarta; e na Região Sudeste (12,93 por 100 mil), a quinta posição.
O caso de sucesso
Ela explica que conheceu o HA quando foi convidada, junto a outras influenciadoras locais, para o lançamento de uma campanha de prevenção em Porto Velho, em 2019. “Fomos para este evento, que foi no Hospital de Amor, no qual a equipe do hospital apresentou dados alarmantes das mulheres da região Norte. Eu lembro que foi bem legal, saiu na mídia, nos jornais, etc. Durante o evento, foi feito uma dinâmica incentivando a gente a levar o maior número de mulheres para fazerem o exame de mamografia, quem levasse mais mulheres se tornaria uma das embaixadoras da unidade. Em seguida, veio a pandemia”, explicou.
“Minha filha falou para os médicos: ‘Meu pai vai viver’.” Esse texto é sobre uma história de fé e superação do senhor Josafá de Oliveira Lima, 47 anos, natural de Conceição da Feira (Bahia).
Senhor Josafá deu entrada no Hospital de Amor, em Barretos (SP), em setembro de 2024, quando, ainda em sua cidade natal, descobriu nódulos no fígado e no intestino. Após se sentir mal, ele realizou alguns exames e foi constatado ‘Helicobacter pylori’, mais conhecida como ‘H. pylori’ – uma bactéria que pode causar gastrite, úlceras e câncer de estômago.
“Comecei a sentir umas dores e fiz um exame de ‘H. pylori’, que deu positivo para a bactéria e foi feita a biópsia, que não deu nada. Mas, ‘H. pylori’ não deixa você fraco. Comecei a sentir umas dores e fraquezas. Fiz alguns exames de rotina e ninguém descobria nada, a hemoglobina estava baixíssima. Fiz outros exames e na ressonância magnética foram constatados uns nódulos no fígado e intestino”, explica Josafá.
Encaminhado para o Hospital de Amor, Barretos (SP), em setembro de 2024, senhor Josafá foi internado para realizar exames e uma possível cirurgia para a retirada dos tumores. Porém, quando realizou o exame de colonoscopia, os médicos identificaram que o tumor estava maior do que o esperado e mudaram a conduta do tratamento.
Foi indicado para o senhor Josafá fazer seis sessões de quimioterapia para diminuir o tumor, mas após a terceira sessão, ele teve uma intercorrência e precisou ser operado. “Na terceira quimioterapia que eu tomei, em novembro de 2024, o tumor estourou dentro do meu intestino. Deu choque séptico anafilático agudo. Já fui entubado, entrei em coma induzido e passei por cinco cirurgias, coloquei dreno, precisei de traqueostomia. Minha situação era muito complicada, os médicos chamaram minha filha e falaram: ‘Nós não temos como resgatá-lo, o caso dele é grave e não temos como fazer mais nada, está nas mãos de Deus’, conta.
Senhor Josafá ficou 38 dias internado, sendo 25 na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), desses 25, 15 dias em coma induzido e 13 dias na internação. “Minha filha falou para os médicos: ‘O meu pai vai viver’. Minha filha foi buscar a palavra na igreja e Deus falou com ela: ‘Estou entrando lá agora na UTI e dando vida para quem você ama.’ Foi Deus falando lá e eu vivendo aqui”, declara senhor Josafá.
Recuperação
Buscando sempre o atendimento integral em saúde, o Hospital de Amor, além de promover saúde por meio de atendimento médico hospitalar qualificado em oncologia, de forma humanizada, em âmbito nacional para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A instituição se dedica para integrar seus atendimentos, principalmente, com a reabilitação de seus pacientes oncológicos e de pacientes não oncológicos.
“O fato de o hospital oncológico contar com um centro especializado em Reabilitação traz celeridade ao processo de recuperação do paciente, além da possibilidade de diagnóstico e intervenção precoce nas sequelas oriundas do câncer ou do seu tratamento. O suporte psicológico, nutricional e, de um modo geral, multidisciplinar, traz conforto ao paciente e propicia uma recuperação rápida e completa. A possibilidade de intervenção precoce (as chamadas fases de pré-habilitação e habilitação) também proporciona um ganho imensurável no tratamento e na gravidade das sequelas”, comenta o coordenador das unidades de Reabilitação do Hospital de Amor, Dr. Daniel Marconi.
Por conta da doença, dos cinco procedimentos cirúrgicos e do tempo de internação, senhor Josafá teve a FAUTI – fraqueza muscular adquirida na UTI, como explica a fisioterapeuta do HA, Julia Garcia Souza. “Senhor Josafá teve a FAUTI, a fraqueza muscular adquirida na UTI, por conta do imobilismo. Ele passou 25 dias na UTI, não se movia, e com isso, perdeu massa muscular, o que ocasiona a perda da força e do peso”, explica a fisioterapeuta.
“Até então, na minha cabeça eu tinha passado por algo simples. Eu estava dormindo, depois fui entender o que tinha acontecido. Eu saí da UTI na cadeira de rodas, eu não me levantava, eu não conseguia ajoelhar para orar”, explica senhor Josafá.
Encaminhado para o Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP), ele passou pela primeira consulta com a fisioterapeuta Julia Garcia Souza, e ela já o orientou a realizar alguns movimentos de fortalecimento em casa. “Entrei na reabilitação, passei pela avaliação e a Julia já me indicou para fazer alguns exercícios em casa. Na segunda vez que vim, entrei com andador e, na terceira sessão, já entrei andando. A Julia tomou até um susto, então aqui reabilita mesmo”, conta.
O primeiro objetivo do tratamento de reabilitação do senhor Josafá era o fortalecimento global, a recuperação do equilíbrio e da marcha. Julia explica que ele já alcançou esses objetivos e que agora a reabilitação é para prepará-lo para que possa continuar com o tratamento oncológico. “A próxima etapa no tratamento de reabilitação do senhor Josafá é trabalhar mais essa performance cardiopulmonar com exercícios aeróbicos, o powerbreathe (exercitador respiratório), para ajudar no fortalecimento da musculatura respiratória e para dar condições para ele continuar com o tratamento oncológico”, ressalta Julia.
Reabilitação
Reabilitar a saúde física, mental, intelectual, auditiva e visual, promover qualidade de vida e autonomia são os principais objetivos das unidades de Reabilitação do Hospital de Amor. O sucesso do resultado da reabilitação é devido à utilização da tecnologia, mas principalmente à expertise, o amor e o carinho que os profissionais têm com os pacientes.
“Sem dúvida alguma, a existência de um corpo clínico nas áreas médica e multidisciplinar é o segredo de um atendimento de excelência e humanizado. Terá a possibilidade de agregar a esse time um aparato tecnológico de última geração, o que traz um incomensurável benefício terapêutico: rapidez, precisão, qualidade técnica e confiança na obtenção e interpretação dos dados evolutivos. Essa combinação poderosa resulta em um processo de reabilitação de sucesso. A inclusão social se torna completa na medida em que também oferecemos esporte adaptado e profissionalização às pessoas com deficiência”, declara Dr. Daniel Marconi.
“Quando eu iniciei a reabilitação, já comecei a fazer os testes de equilíbrio e de força, e comecei a me sentir melhor, tanto que hoje eu faço esteira e bicicleta, e me sinto muito bem. Aqui é um centro de reabilitação mesmo e ajuda muito nós, pacientes. Antes, eu não conseguia fazer nada; hoje, ando normal, fui pescar, ganhei mais peso, ganhei músculo. A reabilitação transformou a minha vida, me ajudou muito e tudo isso graças ao Hospital de Amor, onde me senti abraçado”, declara senhor Josafá.
Ele foi um dos 1.107 pacientes do Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP), que tiveram, em 2024, a oportunidade de transformar suas vidas por meio da reabilitação, seja após o tratamento oncológico ou por conta de outro tipo de comorbidade.
Se somar os atendimentos médicos como neuropediatra, oftalmologista, fisiatra, pediatra, entre outras especialidades com a equipe multidisciplinar (fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutrição, entre outras), nas três unidades de Reabilitação do Hospital de Amor: em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO), foram realizados 116.195 atendimentos em 2024.
Além dos atendimentos médicos e com a equipe multidisciplinar, foram confeccionados e dispensados 3.861 dispositivos (órteses e próteses), somando os números nas três unidades: 1.616 dispensados pela unidade de Araguaína (TO), 1.765 dispositivos dispensados pela unidade de Barretos (SP) e 480 dispensados pela unidade de Porto Velho (RO).
“Há uma década, o Hospital de Amor possui essas estruturas conjugadas: oncologia e reabilitação, e essa experiência foi tão exitosa que se traduziu em uma política pública na nova ‘Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer’, publicada em fevereiro de 2025 (https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-gm/ms-n-6.590-de-3-de-fevereiro-de-2025-611094415), o que significa que todas as instituições oncológicas ficam agora respaldadas por força de lei a contarem com o centro de reabilitação ou estarem conveniadas com algum já existente”, esclarece Dr. Daniel Marconi.
Em quase 63 anos de história, construídos com muito comprometimento, respeito, compaixão, solidariedade e, acima de tudo, amor, o Hospital de Amor (referência em tratamento oncológico gratuito de excelência) conta com o apoio de pessoas que vestem a camisa da instituição, abraçam a causa e realizam um trabalho árduo, de maneira gratuita e durante todo o ano, com um único objetivo: ajudar o HA a salvar vidas!
E foi assim, com o objetivo de suprir as necessidades dos pacientes em tratamento oncológico no HA, que nasceu (em 8 de março de 1997) a Associação Voluntária de Combate ao Câncer (AVCC), de Barretos (SP). Atualmente presidida por João Carlos da Silva, o ‘Johny’, a entidade (que já possui mais de 60 unidades espalhadas pelo país) está à procura de mais voluntários para dar continuidade a este importante trabalho. “É preciso coragem para se doar em tempos em que a maioria só pensa em receber. Nossos voluntários são nosso maior e mais importante patrimônio”, afirma Johny.
De acordo com a membro da AVCC Barretos, Marcela Dorval, as atividades voluntárias disponíveis são definidas conforme as demandas do próprio Hospital de Amor. “Existem diversas formas de servir: seja no apoio emocional aos pacientes, nas atividades recreativas, ou até mesmo no auxílio administrativo e organizacional. Mas, antes de qualquer coisa, o voluntário precisa ter amor ao próximo. Ele precisa estar ciente de que a nossa missão é levar carinho e atenção aos pacientes”, explica.
Além de atuar diretamente em prol das necessidades emocionais dos pacientes em tratamento no HA, a AVCC realiza ações e campanhas para arrecadar recursos, para conseguir atender todas as demandas físicas deles também. “A AVCC desenvolve campanhas, como a de tampinhas e lacres, por exemplo, faz bazares de roupas e calçados, entre outros”, conta Marcela.
Como se tornar voluntário na AVCC?
Para se tornar voluntário, a pessoa deve ir à sede da AVCC, em Barretos, preencher uma ficha de inscrição e passar por um teste psicológico. As regras e requisitos são:
• comparecer ao trabalho duas vezes por semana em período integral ou meio período;
• não ser paciente do HA;
• não ser acompanhante de paciente do HA.
“A AVCC precisa de voluntários! Caso você tenha o desejo de levar tempo, atenção, amor e carinho a quem precisa, venha conhecer a nossa sede e o nosso trabalho junto ao Hospital de Amor”, declara Marcela.
Como doar para a AVCC?
A AVCC também recebe doções e todas elas são muito bem-vindas! “Tampinhas, lacres, fraldas, leites, alimentos para cesta básica, produtos de higiene, roupas, calçados, qualquer tipo de material que possamos utilizar em nosso bazar e mechas de cabelo para confecção de perucas. Utilizamos tudo, exceto blister de remédio”, finalizou Marcela.
A AVCC está localizada na avenida Paulo de Matos Leandro, número 1357 – Bairro Dr. Paulo prata – Barretos (SP). Entre em contato pelos telefones: (17) 3324-4519 ou (17) 98842-2214, de segunda a sexta-feira, das 8h às 16h.
Sobre a AVCC
A AVCC foi fundada em 8 de março de 1997 por um grupo de voluntárias da Associação Paulista Feminina de Combate ao Câncer de São Paulo, tendo como objetivo prestar serviços voluntários gratuitos à pacientes diagnosticados com câncer no Hospital, nos alojamentos e nas residências particulares.
A entidade não tem fins lucrativos, credo religioso ou cunho político-partidário. A única exigência é de que seus membros se doem gratuitamente. Esses voluntários atuam diretamente com o paciente, auxiliando no que for possível para manter a qualidade e o bem-estar dele.
Um menino e mil sonhos, mas o principal deles: ser jogador profissional de futebol. Mateus Afonso Máximo, 19 anos, natural de Montes Claros (MG), foi diagnosticado com osteossarcoma aos 14 anos e precisou fazer a amputação da perna direita.
“Com 14 anos, eu gostava muito de jogar bola, sempre fui ativo, andava de bicicleta e fazia todo tipo de esporte. Aí, um dia eu estava jogando bola e machuquei o pé, o tornozelo esquerdo. A gente não sabia o que era, achava que era um lance de bola mesmo”, conta Mateus. Mas, com o passar do tempo, o tornozelo continuo com um inchaço. Após retornar de uma viagem à Belo Horizonte, a mãe de Mateus o levou ao médico para ser examinado. “Eu voltei para a minha cidade, fiz um raio-x e no exame deu que tinha alguma coisa lá, mas o médico não sabia o que era. Aí, ele encaminhou a gente para um especialista na área para saber”, relatou o paciente.
Mateus foi submetido a uma biópsia e infelizmente o resultado foi positivo para um osteossarcoma na fíbula. Em Montes Claros (MG) não havia especialista para realizar a cirurgia de amputação do Mateus, foi onde ele conseguiu encaminhamento para o Hospital de Amor, em Barretos (SP), e colocou uma prótese.
Em tratamento paliativo desde 2024, Mateus ressignificou o seu maior sonho e definiu um novo propósito para a vida: levar leveza para as pessoas que estão em tratamento oncológico por meio da risada.
Numa consulta de rotina com a psicóloga da unidade infantojuvenil do HA, Jéssica Estay, durante um exercício que aflora os sentimentos, o paciente contou que gostava de fazer as pessoas sorrirem. Pensando nisso e na importância de realizar sonhos, a profissional entrou em contato com o Instituto Sociocultural e fez uma proposta: uma imersão de dois dias com os Palhaços da Alegria. O pedido foi atendido e assim aconteceu!
Ao questionar a profissional sobre a importância de realizar esses atos, ela destaca que se dispõe a ajudar todos os pacientes, de maneira individual e humanizada. “Eu busco, no meu trabalho, proporcionar memórias afetivas para os pacientes para que eles não tenham somente lembranças de momentos difíceis, procedimentos e internações”, relatou Jéssica.
De acordo com o coordenador do projeto ‘Palhaços da Alegria’ e idealizador do Palhaço ‘Figuerino’, Guilherme Figueiredo, foi a primeira vez que essa imersão com o paciente aconteceu. “Nós temos uma relação legal com a equipe do infantojuvenil e isso faz com que possamos tornar possível algumas ações que visam beneficiar o paciente”.
Mateus, realizou a imersão em dois dias. No primeiro dia, ele aprendeu sobre as técnicas, no segundo, ele fez uma interação na unidade infantojuvenil com o time dos Palhaços da Alegria. “O Mateus sempre se colocou disponível, então, no primeiro dia nós fizemos uma roda de apresentação e falamos para ele a importância de se conhecer para realizarmos os trabalhos em dupla e criar uma confiança com o parceiro de cena”, destacou o coordenador.
Nesse dia, o paciente também aprendeu as experiências da palhaçaria, incluindo a ‘palhaçaria hospitalar’. Nessa dinâmica, Guilherme Figueiredo e os demais participantes do grupo explicaram ao Mateus o que era permitido no meio hospitalar e quais brincadeiras e técnicas eles utilizavam antes de iniciar a interação com os pacientes. Além disso, eles fizeram testes de figurinos, ensaiaram cenas e músicas, e criaram um nome para o novo bobologista do dia: ‘Dr. Teteu’.
No segundo dia, Mateus, acompanhado dos doutores bobologistas – Dr. Figuerino, Dra. Alavanka e Dr. Grilo – fez a intervenção na unidade infantojuvenil do Hospital de Amor. Para isso, eles levaram o figurino que o Dr. Teteu escolheu e, juntos, fizeram as cenas ensaiadas, além de uma música exclusiva para o paciente.
Para que a experiência da intervenção ficasse ainda mais especial, Mateus escolheu alguns lugares, que marcam a sua trajetória na unidade infantojuvenil, para visitar, brincar e se sentir mais à vontade e acolhido.
Ao relembrar a sua trajetória no HA e falar a respeito do seu interesse pela palhaçaria, Mateus Afonso, defende que aprendeu muita coisa desde quando chegou na instituição. “Independentemente da situação que a gente está, acho que a gente nunca pode perder a nossa essência e isso foi uma coisa que me marcou muito e vem me marcando até hoje, porque todo mundo que me vê bem, fala: “nem parece que você está doente, você vive sorrindo”. Então, acho que o motivo é esse. Eu procuro brincar para sair um pouco do clima, né? Sair um pouco do contexto do hospital, porque, querendo ou não, a gente sabe que é uma coisa muito difícil de lidar. Acredito que a essência é o essencial, a gente não pode perder a essência porque isso é o que a gente é”, declara o paciente.
Para o coordenador do projeto Palhaços da Alegria, essa imersão foi um acontecimento especial. “Passa um filme na minha cabeça, então, a sensação que me vem ao acompanhar este desejo é de nostalgia. Quando eu vejo alguém se interessando pela palhaçaria, eu me vejo nessa pessoa porque eu lembro de como foi o meu processo de inicialização nessa arte. A palhaçaria faz a gente se conectar com as pessoas, traz empatia e um olhar cuidadoso. A arte mudou a forma como eu vejo o mundo e ver alguém desejando ter essa experiência, é inspirador. Então, é um sentimento de gratidão”, destaca Guilherme.
Essa imersão não foi apenas uma experiência para o paciente. Essa ação, fez com que Mateus visse novos sentidos na vida e reformulasse o seu propósito. “Eu sou para frente, sempre assim, de cabeça erguida. Nunca sou de abaixar a cabeça. Então, acho que o meu legado é continuar sendo feliz, sorridente e brincalhão. Acredito que o meu propósito seja fazer as pessoas sorrirem”, completa Mateus.