Laços são vínculos que unem pessoas e representam conexões emocionais. Laços sanguíneos, laços familiares e laços de amizade sustentam Wéllida Sodré Barros e Renata Sodré Ximenes, mãe e filha, pacientes do Hospital de Amor Amazônia. Wéllida foi diagnosticada com câncer de mama pela primeira vez em 2017, aos 49 anos, e, após seis anos, está realizando o tratamento novamente. Renata foi diagnosticada em 2023, aos 26 anos. Mãe e filha enfrentam juntas os desafios do tratamento oncológico.
O diagnóstico de câncer na família de Wéllida e Renata começou há cerca de 30 anos, quando a mãe de Wéllida teve um tumor na mama. “Eu perdi a minha mãe para essa doença há 30 anos. Ela tinha 48 anos quando faleceu. Foi na mama esquerda e, naquela época, não havia como tratar. Nenhum hospital aqui tinha. Fomos para fora”, relata a paciente.
Primeiro diagnóstico
Em 2017, Wéllida foi diagnosticada com um tumor na mama esquerda. A descoberta do nódulo ocorreu por meio de um exame de mamografia que ela fez na Carreta de Prevenção do HA, que estava em Porto Velho (RO). “Eu sempre fazia exames regulares e já tinha feito naquele ano. Minha irmã chegou em casa e disse que a carreta do Hospital de Amor estava no nosso bairro e a Renata insistiu para que eu fosse fazer o exame novamente. Eu falei que não tinha necessidade, mas ela insistiu e eu fui”, conta Wéllida.
Após 45 dias, o resultado da mamografia saiu: havia um nódulo na mama esquerda. Wéllida foi encaminhada para o Hospital de Amor Amazônia, em Porto Velho (RO), onde foi realizada a biópsia. “Wéllida teve o diagnóstico aos 49 anos. Inicialmente, era uma doença in situ, que foi descoberta pela mamografia de rastreio. É uma lesão que não se palpa, não se vê a olho nu e nem no ultrassom, somente na mamografia”, explica a coordenadora do departamento de mastologia do HA Amazônia, Dra. Betânia Mota de Brito.
“Receber o primeiro diagnóstico foi horrível. Eu vi todo o sofrimento da minha mãe; ela lutou, mas não conseguiu. Quando a médica falou, eu chorei muito, gritava, me desesperei. Foi a pior notícia que recebi na minha vida, depois da morte da minha mãe. A gente pensa que está sentenciada à morte. Foi muito difícil! O que me ajudou foi Deus; você tem que ter Deus e depois a minha família”, declara Wéllida.
Após realizar a quadrantectomia da mama esquerda, Wéllida optou pela retirada completa da mama, uma mastectomia com reconstrução com prótese de silicone. “Fiz dois quadrantes e, na terceira, a médica me deu duas opções: realizar um terceiro quadrante ou retirar a mama. Eu disse que queria retirar a mama, porque no fundo queria ficar boa”, conta Wéllida.
“O diagnóstico da Renata foi muito doloroso…”
Após seis anos do diagnóstico de sua mãe, Renata descobriu um nódulo na mama aos 26 anos. “Estava tomando banho e, ao levantar o braço, acabei sentindo um caroço na mama. Achei estranho e chamei a mamãe para dar uma olhada também. Então, conversamos com a médica e ela já pediu um ultrassom”, conta Renata.
“O diagnóstico da Renata foi muito doloroso; meu mundo caiu, desabou. Eu estava em casa quando ela chegou e disse: ‘Mãe, e se der positivo? O que a senhora acha que vai dar?’. Eu respondi que achava que não ia dar nada, mas se desse positivo, a gente trataria, mas isso com o coração. Foi quando ela olhou para mim e disse que o resultado tinha dado positivo”, declara Wéllida.
Renata foi encaminhada para o HA Amazônia em dezembro de 2023. A doença já estava localmente avançada, com um nódulo na mama esquerda maior do que cinco centímetros e comprometendo a axila. “O HA Amazônia significa a minha cura! Foi aqui que consegui todo meu tratamento, com profissionais capacitados, todos os médicos, meu mastologista, oncologista, fisioterapeuta, nutricionista; graças a Deus e a esses profissionais”, conta Renata.
O tratamento de Renata foi diferente do de sua mãe. Wéllida fez a cirurgia e não precisou passar por quimioterapia nem radioterapia. “Quando o médico analisou clinicamente, tocou na axila, fez todos os exames, ele disse que eu precisaria fazer quimioterapia, porque os linfonodos estavam comprometidos. Nesse momento, meu mundo acabou; eu chorei muito. A primeira coisa que perguntei foi: ‘Vou ficar careca?’. Eu pensava na careca, no meu visual; isso me preocupava, porque na minha cabeça eu faria a cirurgia igual a minha mãe e estaria livre”, conta Renata.
Renata teve uma boa resposta à lesão com a quimioterapia. Ela foi submetida à mastectomia poupadora de pele, reconstrução com prótese e esvaziamento da axila.
“Eu e você, você e eu”
Wéllida teve seu segundo diagnóstico de câncer de mama em meados de outubro de 2023. Antes de Renata ser diagnosticada, ela já estava investigando um nódulo que havia aparecido sete anos após sua cirurgia da mama esquerda.
“Em 2023, Wéllida apresentou alteração na mamografia. Foram encontrados 11 nódulos na mama direita e foi realizada a biópsia, resultando em uma doença invasiva mais agressiva, já com comprometimento da axila do lado direito. Então, foi proposto que ela iniciasse o tratamento com quimioterapia”, explica Dra. Betânia.
Uma ajuda à outra, uma dá força para a outra, uma cuida da outra!
“Eu fiquei muito mal na primeira quimioterapia; vomitei muito e vim para o CIA (Centro de Intercorrência Ambulatorial). Todo o meu processo foi antes do da minha mãe. Eu tentava não demonstrar que estava doendo, tentava não mostrar que meu corpo não conseguia reagir. Não foi um processo fácil pensar que minha mãe passaria por tudo, que ela estaria daquele jeito daqui a um tempo”, declara Renata.
“Você quer a dor do seu filho para você. Então, para mim, é muito difícil o tratamento por esse lado. Como o nódulo dela estava grande e pela idade, os médicos adiantaram o tratamento dela dois meses e meio em relação ao meu. Então, tudo o que ela passou, eu já sabia que iria passar. Eu pude cuidar dela nas quimioterapias; acompanhei durante os exames e nas consultas. Quando chegou a minha vez de iniciar o tratamento, ela cuidou de mim. Teve um dia em que ela falou: ‘Xuxu, eu e você, você e eu’. Então, a gente vai se cuidando, trocando experiências, vendo o que pode ser melhor”, relata Wéllida.
Câncer de mama
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o número estimado de casos novos de câncer de mama no Brasil, para o triênio de 2023 a 2025, é de 73.610 casos, correspondendo a um risco estimado de 66,54 casos novos a cada 100 mil mulheres.
Excluindo os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama feminino é o de maior incidência no Brasil, em todos os estados. É uma doença rara em mulheres jovens; segundo o INCA, ocorre com maior incidência a partir dos 50 anos.
No caso de Wéllida e Renata, o diagnóstico de câncer de mama provavelmente teve influência genética, por conta do histórico familiar, como explica Dra. Betânia. “Muito provavelmente, houve alguma influência genética, talvez de algum gene que desconhecemos. Isso ocorre raramente, com uma história familiar importante e teste genético negativo. Acredito que ainda faltam estudos para que possamos descobrir quais outros genes estão envolvidos no surgimento do câncer de mama, mas acreditamos que há uma herança familiar”, esclarece a médica.
E como prevenir o câncer de mama?
Alimentação saudável, prática de atividade física, controle do peso, evitar o consumo de bebida alcoólica, não fumar e ter hábitos mais saudáveis podem ajudar na prevenção da doença.
Outro ponto importante a destacar na prevenção do câncer de mama é o exame de rastreio, como explica Dra. Betânia: “A mamografia é comprovadamente um exame que reduz a mortalidade por câncer de mama; é o único exame classificado dessa forma. Portanto, a mamografia está indicada para pacientes acima de 40 anos, independentemente de sentirem algo nas mamas ou não; é de extrema importância fazer o exame de rastreio.”
O dia 24 de março é sempre uma data muito especial e significativa para o Hospital de Amor. Ela representa o início de tudo, quando no ano de 1962 o casal de médicos visionários, Dr. Paulo Prata (in memoriam) e Dra. Scylla Duarte Prata, fundaram um dos maiores centros de tratamento oncológico da América Latina, responsável por atender pacientes de todo Brasil e de países vizinhos, de forma humanizada e 100% gratuita.
De lá para cá, em 61 anos de história, muita coisa aconteceu! A instituição ultrapassou limites, barreiras e fronteiras para levar saúde de qualidade a todas as pessoas. O seu programa de prevenção de câncer alcançou números de diagnósticos precoces inimagináveis, por meio de suas unidades fixas e móveis. Seus atendimentos de excelência (via Sistema Único de Saúde) em unidades de tratamento espalhadas pelo país, estruturas altamente tecnológicas, procedimentos avançados e resultados inovadores em ensino e pesquisa, fizeram a instituição ser reconhecida internacionalmente.
São 61 anos transformando a realidade da saúde pública do país, escrevendo novos capítulos na história de muitas famílias e salvando milhares de vidas! É claro que nada disse seria possível sem a contribuição de doadores, parceiros e voluntários, que ajudam a instituição a sanar seu déficit mensal milionário. Entretanto, muito além de oferecer acolhimento e um tratamento digno, o Hospital de Amor oferece: AMOR! E sabe o que é mais incrível e gratificante? Este sentimento que está enraizado em sua missão, é genuinamente recíproco!
Neste aniversário, quem ganha o presente é o HA! Confira alguns relatos emocionantes e repletos de amor (e que representam centenas de outros que recebemos diariamente) de pacientes que estão ou já estiveram em tratamento na instituição.
Alessandra Fernandes (Anápolis – GO)
Em janeiro de 2020, fui diagnosticada com câncer de mama HER2 invasivo infiltrante. Logo após a descoberta da doença, minha família, em especial meu irmão Hermes, se preocupou muito comigo e quis ele que eu tivesse o melhor atendimento possível. Dessa forma, ele e alguns amigos deram andamento ao encaminhamento para Barretos (SP). Mas Deus reservou algo muito especial para mim: Jales (SP). Lá eu recebi o amor, a humanização e o carinho de muitos que passaram pelos meus atendimentos. Recebi 16 aplicações de quimioterapia, 19 sessões de radioterapia, passei por duas cirurgias e por fim, 17 imunoterapias. Transpus a barreira de 1.400 km semanais de ônibus. Venci o processo e atingi o propósito! Quero aqui agradecer a todos por tudo e por tanto que recebi. Desejo ao Hospital de Amor o melhor deste mundo. Obrigada de coração. Que Deus sempre encaminhe pessoas maravilhosas e dispostas a lutar pelo ideal, hoje continuado pelo sr. Henrique Prata. Deus os abençoe sempre. Obrigada.
Ah! Transformei minha doença em militância. Hoje procuro levar informação através de palestras e bate-papos àquelas pessoas que precisam saber da importância do autocuidado, dos direitos de um paciente oncológico e que o câncer não é uma sentença de morte. Há vida após a turbulência. Hoje estou aqui contando a minha história a vocês. Orgulho do que conquistei. Obrigada, família e amigos que seguraram (financeiro e afetivo) minhas mãos durante todo esse período. Obrigada, equipe de Fernandópolis (SP). Vocês são demais. Obrigada, Dr. André, Rosa, Luana Xavier, Luciene, Denise, Nebling, Patrícia Estevo, William Ricardo, Sérgio, Michele, Tainá, Alessandro, Amanda, Priscila, Aniele, Liane…Amo vocês e o que representam para mim!
Geraldo Júnior (Goiânia – GO)
MUITO, MUITO, MUITO AMOR POR AQUI!
Quero parabenizar e enaltecer ao idealizador e todos que atuam juntos ao HA. O Hospital de Amor foi a melhor oportunidade de ver a vida com mais amor e acolhimento, vindo de Goiânia (GO), onde não consegui suporte quando fui diagnosticado com câncer colorretal e metástase no fígado. Foi um gigantesco susto de primeira, mas quando fui acolhido pelo Hospital de Amor, unidade de Jales (SP), minha esperança em continuar vivendo veio, através de muito amor de todos do Hospital, desde a recepção, pessoal do laboratório, equipe de exames de imagens, da limpeza, do lanche, enfermeiros e médicos. Sinto-me cada vez mais acolhido, não é fácil, mas aqui se torna mais leve. Gratidão eterna!
Ricarda Rodriguez (Venezuela – VE)
Sou Ricarda Solideiner Rodriguez Acevedo, uma venezuelana que chegou ao Brasil em fevereiro de 2019, com uma luz de esperança de poder me tratar do câncer que sofro. Graças ao nosso Pai Celestial, o Hospital de Amor abriu suas portas para mim! Até agora eles me deram todo o amor e ajuda, e eu sou sinceramente grata por ter esse privilégio. Mesmo sendo estrangeira não tive nenhuma diferença, pelo contrário, eles me trataram como uma brasileira! Sou eternamente grata ao Hospital de Amor e toda sua equipe. Vocês são os melhores do mundo!
Joyce Lustosa (Indaiatuba – SP)
Em 19/04/2005, com apenas 10 anos, dei início ao meu tratamento no HA. Por ser portadora de moléstia classificada no CID 10 sob o número C40, fui diagnosticada com Osteossarcoma Maligno. Fui submetida ao protocolo de tratamento com quimioterapia neo-adjuvante; cirurgia com ressecção tumoral e substituição com endoprótese em úmero direito; e quimioterapia adjuvante. Tive revisão da prótese em 16/12/2011. Evolui com soltura da endoprótese, onde foi realizado nova cirurgia para colocação de endoprótese de úmero total em braço direito. Hoje, faço acompanhamento oncológico e apresento diminuição de força e amplitude de movimento em membro superior direito, o que incapacita para atividade a qualquer esforço físico.
Sou imensamente grata a Deus e a TODOS que fazem parte dessa família maravilhosa que é esse hospital. Desde os faxineiros(as), enfermeiros(as), médicos(as), motoristas, cassa de acolhimento, todos, sem distinção de nível. Todos que fazem parte, que transmitem o bem, que são guiados por Deus. Sou imensamente grata por tudo que já passei, porque venci essa luta ao lado das pessoas que sempre estiveram ao meu lado, me ajudaram e me apoiaram.
Lívia Loami (Barretos – SP)
Era dezembro de 2018. Trabalhava no NAP (Núcleo de Apoio ao Pesquisador) da Prevenção do HA. Tive a oportunidade, nessa data, de realizar o sonho de defender o doutorado. Fazia mais de um ano que tinha uma coceira insuportável no corpo. Acordava a noite por causa dela. Acompanhava com especialista, fazia tratamento e nada. Março de 2019 tive sintomas de gripe: tosse e febre. Fui ao pronto socorro, fiz exames e me disseram que era pneumonia. Sete dias afastada. Dez dias de antibiótico. No 7º dia já estava ótima (mas continuava coçando). Uma semana depois, a tosse voltou. Repeti os exames (raio-X, tomografia, etc.) e veio o laudo: um monte de linfonodos aumentados, massa de 12cm entre os pulmões, veias invadidas pelo tumor. Achei que era o fim. O chão abriu. É sério! Senti tudo aquilo que já tinha ouvido e visto acontecer muitas vezes enquanto trabalhava na prevenção da instituição. Receber o diagnóstico de câncer é triste. Dói. Você olha para os filhos (na época eles tinham 3 e 6 anos) e só quer ter a chance de vê-los crescer. Fui de funcionária, em um dia, para paciente no dia seguinte. Estive do outro lado, deitada na cama para receber a quimioterapia. Colocando máscara para fazer radioterapia. Muitas punções. Fraqueza. Cansaço. E esperança. Muita vontade de viver. Foram 6 meses de tratamento. O dia em que eu pude voltar a comer o que gosto parecia ser o maior prêmio que recebi. Chorei. Vibrei! Tocar aquele sino da radioterapia, então… foi libertador!
Janeiro de 2020, voltei a ser colaboradora. Mas, dessa vez, dentro da radioterapia. Aliás, que equipe! Quando o desespero bateu em uma das sessões de radioterapia, não precisou palavras. O abraço daquelas meninas me salvou. No final, depois da onda ter abaixado e a tempestade passado, ganhei um presente de Deus. Meu milagrinho, minha Rebeca, que nasceu dia 22/12/2020. E continuamos firme, vivendo a cada dia, sem mais câncer, só sendo feliz. E glória a Deus por isso!
São depoimentos como estes que fazem o HA continuar! Que venham mais 61 anos pela frente, mais Alessandras, Geraldos, Ricardas, Joyces e Lívias com lindos relatos, muito mais vidas salvas! Obrigado, queridos pacientes. Vocês são nossos maiores presentes!
Você já ouviu falar sobre cuidados paliativos? Se alguém te perguntasse se o termo se refere à falta de possibilidades ou à possibilidade de fazer tudo que é possível, qual opção você escolheria? Na última semana, a triste notícia sobre a morte da querida Ana Michelle Soares, carinhosamente conhecida como ‘AnaMi’ – jornalista e autora dos livros “Enquanto Eu Respirar” e “Vida Inteira” – repercutiu e emocionou muitas pessoas nas redes sociais. Sempre muito resiliente e sensível, a paciente em cuidados paliativos se tornou paliativista e, por anos, falou sobre o tema e mostrou abertamente sua rotina em seu perfil no Instagram.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cuidados paliativos é a assistência integral oferecida para pacientes e familiares diante de uma doença grave que ameace a continuidade da vida. Seu objetivo é um tratamento eficaz para os sintomas de desconforto que podem acompanhar o paciente, sejam eles causados pela doença ou pelo tratamento. Ao contrário do que muitos pensam, estar sob cuidados paliativos é estar sob um cuidado integral e fazer uso de todos os artifícios possíveis para garantir o bem-estar do paciente, não apenas no aspecto físico, mas também mental (KimONeillPsychic), espiritual, social e familiar.
“Sempre há o que fazer”
Com este lema, o Hospital São Judas Tadeu (a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do Hospital de Amor), realiza um trabalho incrível, oferecendo, há mais de 60 anos, qualidade de vida e muito amor aos seus pacientes. “Quando nos conscientizamos que somos finitos e numa situação de doença grave, inevitavelmente, entramos em contato com a ideia de morrer, tendemos a refletir em como vivemos ou como gostaríamos de aproveitar o tempo que nos resta. Saímos do viver automático ou do sobreviver, para um viver consciente e pleno”, afirmou a médica paliativista e coordenadora do Hospital São Judas Tadeu, Dra. Sarita Nasbine.
Para entender a dimensão dos cuidados paliativos, seus benefícios e a importância de abordar este assunto, o HA preparou uma matéria especial com a Dra. Sarita. Confira!
– O que é cuidado paliativo?
R.: É uma abordagem multiprofissional para pacientes (e seus familiares) que apresentam doenças crônicas, ameaçadoras da vida e sem possibilidade de cura, visando a prevenção e controle de sintomas físicos, psíquicos, sociais e espirituais, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida.
– Por que ainda há um entendimento tão equivocado sobre este termo?
R.: Porque, infelizmente, o cuidado paliativo ainda é oferecido numa fase tardia da doença, muitas vezes quando se suspendeu tratamentos que podem modificar o curso da enfermidade e numa fase final de vida, dando a impressão de ser uma abordagem somente para doentes terminais. Ou seja, ele acaba sendo associado à morte, ao invés de ser introduzido desde o diagnóstico da doença.
– Quem se beneficia de cuidados paliativos?
R.: Pacientes com doenças sem possibilidade de cura, doenças ameaçadoras de vida e familiares/cuidadores destes pacientes.
– Quais são os profissionais envolvidos nesse cuidado?
R.: Não se faz cuidados paliativos somente com médico e enfermeiro, é essencial uma equipe multiprofissional para realizar esta abordagem integral. Para isto, é preciso contarmos com psicólogo, assistente social, nutricionista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, assistente espiritual, dentista, musicoterapeuta, farmacêutico, entre outros. Todos estes profissionais podem estar envolvidos no cuidado ao paciente e familiares.
– Como o paciente precisa ser inserido também como o agente principal do cuidar?
R.: O paciente deve ter sua autonomia respeitada, ou seja, se ele está lúcido e tem capacidade de decisão, é direito dele ser informado sobre tudo o que desejar saber de forma clara, simples e objetiva sobre seu diagnóstico, opções de tratamento, riscos e benefícios, para que possa decidir – baseado nos seus princípios, valores e crenças – o que é o melhor para ele. Portanto, uma comunicação efetiva, empática e honesta é imprescindível para tornar o paciente capaz de ser agente no seu cuidado.
– Existe alguma pesquisa que mostre que os cuidados paliativos são benéficos?
R.: Sim, apesar de ser uma área que necessita de mais estudos e, felizmente, estarmos em ascensão, já temos evidências dos benefícios na qualidade de vida dos pacientes e cuidadores, incluindo aumento do tempo de sobrevida, principalmente quando iniciado precocemente. Além de evidências que mostram o impacto na qualidade de morte e custos em saúde.
*Desde 2011, o Hospital de Amor conta com um grupo de Pesquisas em Cuidados Paliativos e Qualidade de Vida, atuando de modo ativo no desenvolvimento científico da área, com publicações de artigos científicos em revistas de alto impacto nacional e internacional. Clique e confira.
– Por que é tão difícil falar sobre a morte?
R.: Com a evolução da tecnologia na medicina, conseguimos prolongar o tempo de vida dos pacientes. No entanto, isso fez com que a sociedade se distanciasse da morte, encarando o tema com certa negação, evitando falar sobre o assunto, já que temos muitos recursos para manter a vida. Porém, nem sempre viver mais tempo significa viver bem! O que antes era comum, como doentes falecerem em casa com seus familiares, hoje se tornou cada vez mais raro, sendo o hospital o local em que mais constatamos óbitos e, muitas vezes, em unidades de terapia intensiva (UTI), onde o paciente encontra-se completamente invadido e solitário.
– Qual o impacto de colocar esse assunto em conversas no consultório, nas rodas de amigos e em casa?
R.: Fazer com que toda sociedade reflita sobre a finitude do ser humano, deveria ter um impacto positivo. Mas, o que vemos é resistência em tratar do assunto, tanto dos profissionais quanto da comunidade, como se falar do tema pudesse atrair para si.
– Na área da saúde, falar sobre finitude é entendido por muitos como ‘desistência’ ou ‘derrota’. O que fazer para mudar isso? Como isso pode impactar na assistência à saúde?
R.: Os profissionais de saúde são treinados para salvar vidas, combatendo a doença como um inimigo numa batalha. Neste contexto, quando nos deparamos com uma doença incurável que leva a morte do doente, nos sentimos derrotados. Enquanto não incluirmos cuidados paliativos como disciplina obrigatória nos currículos de graduação dos profissionais de saúde, dificilmente mudaremos esta visão e, consequentemente, a assistência aos pacientes será pautada na frustração de perder a guerra.
– Qual a importância do trabalho realizado pela AnaMi com o ‘Paliativas’ e com os livros que escreveu sobre o assunto?
R.: A AnaMi realizou um trabalho de extremo valor para os cuidados paliativos, tanto pelo engajamento em desmistificar o tema, quanto em compartilhar sua trajetória como paciente, inspirando todos a viver intensamente. Um de seus legados foi a “Casa Paliativa”, um espaço para acolhimento e apoio ao paciente em cuidados paliativos. Em uma de suas postagens de sua rede social (@paliativas), que conta com quase 200 mil seguidores, ela escreveu: “A finitude é um convite para olhar para a vida.”
*Em 2021, AnaMi participou de uma edição do programa ‘Hora da Saúde’, produzido pelo Hospital de Amor. Assista na íntegra.
O que é o amor para você? Para os pacientes paliativos do Hospital de Amor é o respeito, o carinho, o cuidado, a atenção e outros afetos que, juntos, se resumem em humanização, um dos pilares mais importantes da instituição.
“A vida é linda e precisa ser vivida da melhor forma possível. Se entregue, tenha fé e coragem, ame tudo o que está a sua volta e agradeça sempre a Deus, porque a vida é maravilhosa.” Esse foi o conselho dado por Georgina Miranda, de 73 anos, no último dia 30 de junho, após um delicioso almoço no Pesqueiro Recanto do Peixe, em Barretos (SP).
Ela é natural de Três Corações (MG) e descobriu um tumor aos 68 anos, após alguns dias com dores e pontadas na região pélvica. Desde então, a mineira faz fazendo tratamento no HA e, assim como outros pacientes, nos mostra que conviver com quem está em cuidado paliativo, é levar para a vida diversos ensinamentos.
Antes da sua aposentadoria, Georgina trabalhou em comércio e teve dois filhos. Aos 56 anos, ficou viúva e, de acordo com ela, “despirocou”. O seu marido nunca gostou de tatuagens e ela sempre respeitou, porém, após o falecimento do companheiro, ela resolveu fazer coisas novas e uma dessas foi se tatuar. Ela se tornou ‘cobaia’ do filho, que virou tatuador e, a partir daí, começou a se apaixonar pelas tatuagens. Hoje, ela carrega mais de 40 desenhos pelo corpo e uma bagagem de lições da vida.
No Hospital São Judas Tadeu, a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do HA, os aprendizados são diários. É um lugar onde as pessoas aprendem a ser mais humanas, amorosas, carinhosas e gratas! Após dois anos de pandemia, as atividades ao ar livre da unidade retornaram e o destino escolhido foi o Pesqueiro Recanto do Peixe. Além das atividades recreativas, houve também muita música com o musicista terapeuta da unidade, lanches, bebidas, pescaria e muitas risadas.
O proprietário do pesqueiro, João Luiz dos Santos, afirma que fica contente ao contribuir com esses momentos únicos, além disso, relata que “é bom proporcionar um dia mais feliz para as pessoas, pois ajudar o próximo faz bem para a alma e para o coração.” O estabelecimento já tem uma parceria com a instituição há seis anos e ambos acreditam na mesma causa: o amor, a humanização e o carinho com o outro.
O objetivo da unidade de cuidados paliativos da HA é dar vida aos dias dos pacientes, é acolher e cuidar, não só do paciente, mas de toda a família. É devolver sorrisos, criar histórias, proporcionar novos momentos, aprender e ensinar todos os dias o verdadeiro sentido de amar. Para a médica especialista em tratamento paliativo, Dra. Alice de Paula, o passeio tem um grande impacto na qualidade do tratamento e no controle de sintomas do paciente, além de ajudar na ansiedade dos familiares. “É um momento não só de prazer e relaxamento, mas também da diminuição da angústia e do medo. Essas são ocasiões que possibilitam os pacientes e os familiares a esquecerem o momento que estão lidando”, finalizou.
As mudanças fazem parte das nossas vidas e são graças às elas que nós evoluímos, nos transformamos, aprendemos e crescemos! Tudo muda, o mundo muda. A verdade é que a mudança é algo que nunca assustou o Hospital de Amor, pois os desafios sempre serviram como motivação, estímulo e impulso. Acompanhando essas constantes transformações, a marca HA também está de cara nova.
Em 59 anos de história, o HA constrói a cada dia um hospital mais humanizado, onde as pessoas são respeitadas, valorizadas e recebidas com um serviço de excelência, tanto na área tecnológica, quanto no protocolo de tratamento. O sonho de um pioneiro, Dr. Paulo Prata (in memoriam), foi transformado no maior hospital oncológico da América Latina, com atendimento 100% gratuito. De lá para cá, a mudança e a evolução do Hospital de Amor foram evidentes: são 7 unidades fixas de tratamento, 24 unidades fixas de prevenção, 3 unidades de reabilitação, 35 unidades móveis e mais de 227 mil pacientes de todo o país atendidos no último ano. Um recorde de cobertura!
Mudança da marca
O mundo não parou de mudar e, em 2021, a marca HA também mudou. Há alguns anos, a Fundação Pio XII tornou-se o Hospital de Câncer de Barretos, que não parou de crescer e ampliar seus horizontes. Tanto carinho e amor oferecidos foram reconhecidos pelos pacientes e, quando a instituição percebeu, já era o Hospital de Amor.
O novo layout segue a tendência de modernização de design utilizado em todo o mundo. Por isso, criou-se uma marca mais leve, minimalista e sem serifa. A cor azul representa a seriedade do trabalho, já o tom rosa todo o acolhimento aos pacientes, familiares, colaboradores e parceiros.
Sendo assim, houve alterações na arquitetura das logos das nossas unidades de prevenção, reabilitação, unidades de tratamento, ensino e pesquisa, parcerias corporativas, relações governamentais & institucionais, alojamentos, projetos e unidades básicas de saúde (UBSs) que estão sob gestão entidade.
Afinal: nossa marca mudou, mas o amor continua o mesmo!
“Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você. E não há nada pra comparar, para poder lhe explicar, como é grande o meu amor por você”. Foi com essa linda e clássica canção, composta em 1967 pelo ‘rei’ Roberto Carlos e considerada uma das maiores declarações de amor da música brasileira, que o paciente do Hospital São Judas Tadeu (a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do Hospital de Amor) Anderson Roberto dos Santos esperou sua amada, Amanda Fortuna Lima dos Santos, para o tão sonhado ‘sim’. A tradicional marcha nupcial marcou a entrada da noiva, e o sentimento mais puro e sincero do mundo, o amor, marcou o encontro desses dois corações.
Juntos há mais de 10 anos, porém, sem nunca terem oficializado o matrimônio em uma cerimônia religiosa, os dois viveram momentos de felicidade e muito romantismo no último dia 5 de março. Ao saber do desejo do casal, a equipe multidisciplinar do hospital logo começou a organizar os preparativos, contatar os parceiros e, em apenas cinco dias, estava tudo pronto! “Essa festa foi a realização de um sonho, não apenas para o casal, mas para nós também. Quando eles nos contaram sobre esse desejo, nós fizemos de tudo para que fosse realizado da maneira mais linda e inesquecível possível para eles”, explicou a assistente social da unidade, Desiane Pereira.
E como o casamento é uma aliança feita por Deus, nada melhor do que escolher um celebrante especial para firmar esse compromisso e conduzir as trocas de votos. De acordo com o pastor da Comunidade Cristã de Barretos, Gery Leves, um casamento perfeito é construído com obstáculos e vivido em cima de 3 pilares: paixão, amor e Deus. “É preciso cultivar a presença de Deus e convidá-lo para fazer parte do casamento, sem nunca se esquecer de que o amor tudo crê, tudo suporta, tudo supera. Só o amor constrói e torna possível aquilo que não é possível”.
Com essas sábias palavras, os noivos trocaram as alianças e selaram esse momento com um beijo cheio de afeto e esperança. Foi impossível não se emocionar! Ao deixarem a celebração ao som da música “Fascinação”, entoada no violino pelo musicoterapeuta do hospital, o paciente não conteve as lágrimas. “Isso aqui é um sonho e uma vitória para mim”, declarou.
Após a cerimônia, os noivos foram presenteados com uma deliciosa festa repleta de quitutes, música boa e convidados pra lá de especiais, entre eles seus familiares, pacientes da unidade, acompanhantes e colaboradores do Hospital São Judas Tadeu, todos reunidos para comemorar o Amor.
Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença
“Foi amor à primeira vista”, contou o ex-bombeiro civil, de 45 anos, ao relembrar o momento em que conheceu Amanda, de 38. Os dois moravam na cidade de São Paulo e, por conta da rotina agitada e da vida corrida, decidiram deixar a cerimônia para segundo plano. Nesses anos juntos, ele até chegou a pedir a mão dela em casamento, mas o planejamento nunca saiu do papel. “Hoje, após passarmos por tantos desafios e descobrirmos a doença do Anderson, aprendemos uma coisa: a gente nunca tem tempo. Então, quando quisermos fazer alguma coisa, realizar algum desejo, tem que ser agora, tem que ser hoje”, afirmou Amanda.
Ao descobrir um câncer no rim, com metástase no sistema nervoso central e no pulmão, Anderson precisou mudar-se para o interior do estado e iniciar o tratamento no Hospital de Amor Barretos, posteriormente, na unidade de cuidados paliativos. Amanda, sua companheira, deixou tudo para traz e, cheia de fé, trouxe apenas o essencial para que os dois enfrentassem mais essa batalha juntos: amor.
“Nós ‘empurramos’ esse momento com a barriga e eu cheguei a pensar que esse dia nunca existiria, mas hoje nós estamos vivendo um sonho. Estar aqui me casando com a mulher da minha vida, conseguir andar para recebê-la e receber as bênçãos de Deus, é uma conquista inesquecível. Desejo que esse dia nunca termine”, finalizou Anderson.
População: 21.220 – Atendimentos: 1.066
O 5º Leilão “Direito de Viver” de Guará (SP) aconteceu dia 30/11/2019, no Recinto de Festa do Peão. Quem comandou o evento foi o coordenador José Carlos do Nascimento e comissão, responsáveis por arrecadar 106 cabeças de gado e outras prendas, contabilizando R$ 178.776,00. O destaque do evento ficou para a solidariedade das pessoas, pois nem a chuva e nem a falta de energia impediram de a festa acontecer e ser um sucesso! O Hospital de Amor agradece todos os doadores, arrematadores, voluntários e população, da cidade e região. Muito obrigado!
População: 8.929 – Atendimentos: 287
O 3º Leilão “Direito de Viver” de Dobrada (SP) aconteceu dia 8/12/2019, no Salão Paroquial da Matriz. Quem comandou o evento foi o coordenador José Antônio Belentani e comissão, responsáveis por arrecadar 27 cabeças de gado e outras prendas, contabilizando R$ 98.318,00. O Hospital de Amor agradece todos os doadores, arrematadores, voluntários e população, da cidade e região. Muito obrigado!
População: 23.893 – Atendimentos: 535
O 1º Leilão “Direito de Viver” de Conceição das Alagoas (MG) aconteceu dia 1/12/2019, no Parque de Exposição Paulo José Gouveia. Quem comandou o evento foi o coordenador Ademir Rezende Freitas e comissão, responsáveis por arrecadar 64 cabeças de gado e outras prendas, contabilizando R$ 105.459,50. O Hospital de Amor agradece todos os doadores, arrematadores, voluntários, patrocinadores e população, da cidade e região. Muito obrigado!
População: 4.481 – Atendimentos: 208
O 10º Leilão “Direito de Viver” de Buritizal (SP) aconteceu dia 8/12/2019, no Parque de Exposição. Quem comandou o evento foi o coordenador Anísio Vieira Neto e comissão, responsáveis por arrecadar 205 cabeças de gado e outras prendas, contabilizando R$ 400.055,00. O destaque do evento ficou para a quantidade de gado angariada e também para o resultado final da festa, superando todas as expectativas! O Hospital de Amor agradece todos os doadores, arrematadores, voluntários e população, da cidade e região. Muito obrigado!
Laços são vínculos que unem pessoas e representam conexões emocionais. Laços sanguíneos, laços familiares e laços de amizade sustentam Wéllida Sodré Barros e Renata Sodré Ximenes, mãe e filha, pacientes do Hospital de Amor Amazônia. Wéllida foi diagnosticada com câncer de mama pela primeira vez em 2017, aos 49 anos, e, após seis anos, está realizando o tratamento novamente. Renata foi diagnosticada em 2023, aos 26 anos. Mãe e filha enfrentam juntas os desafios do tratamento oncológico.
O diagnóstico de câncer na família de Wéllida e Renata começou há cerca de 30 anos, quando a mãe de Wéllida teve um tumor na mama. “Eu perdi a minha mãe para essa doença há 30 anos. Ela tinha 48 anos quando faleceu. Foi na mama esquerda e, naquela época, não havia como tratar. Nenhum hospital aqui tinha. Fomos para fora”, relata a paciente.
Primeiro diagnóstico
Em 2017, Wéllida foi diagnosticada com um tumor na mama esquerda. A descoberta do nódulo ocorreu por meio de um exame de mamografia que ela fez na Carreta de Prevenção do HA, que estava em Porto Velho (RO). “Eu sempre fazia exames regulares e já tinha feito naquele ano. Minha irmã chegou em casa e disse que a carreta do Hospital de Amor estava no nosso bairro e a Renata insistiu para que eu fosse fazer o exame novamente. Eu falei que não tinha necessidade, mas ela insistiu e eu fui”, conta Wéllida.
Após 45 dias, o resultado da mamografia saiu: havia um nódulo na mama esquerda. Wéllida foi encaminhada para o Hospital de Amor Amazônia, em Porto Velho (RO), onde foi realizada a biópsia. “Wéllida teve o diagnóstico aos 49 anos. Inicialmente, era uma doença in situ, que foi descoberta pela mamografia de rastreio. É uma lesão que não se palpa, não se vê a olho nu e nem no ultrassom, somente na mamografia”, explica a coordenadora do departamento de mastologia do HA Amazônia, Dra. Betânia Mota de Brito.
“Receber o primeiro diagnóstico foi horrível. Eu vi todo o sofrimento da minha mãe; ela lutou, mas não conseguiu. Quando a médica falou, eu chorei muito, gritava, me desesperei. Foi a pior notícia que recebi na minha vida, depois da morte da minha mãe. A gente pensa que está sentenciada à morte. Foi muito difícil! O que me ajudou foi Deus; você tem que ter Deus e depois a minha família”, declara Wéllida.
Após realizar a quadrantectomia da mama esquerda, Wéllida optou pela retirada completa da mama, uma mastectomia com reconstrução com prótese de silicone. “Fiz dois quadrantes e, na terceira, a médica me deu duas opções: realizar um terceiro quadrante ou retirar a mama. Eu disse que queria retirar a mama, porque no fundo queria ficar boa”, conta Wéllida.
“O diagnóstico da Renata foi muito doloroso…”
Após seis anos do diagnóstico de sua mãe, Renata descobriu um nódulo na mama aos 26 anos. “Estava tomando banho e, ao levantar o braço, acabei sentindo um caroço na mama. Achei estranho e chamei a mamãe para dar uma olhada também. Então, conversamos com a médica e ela já pediu um ultrassom”, conta Renata.
“O diagnóstico da Renata foi muito doloroso; meu mundo caiu, desabou. Eu estava em casa quando ela chegou e disse: ‘Mãe, e se der positivo? O que a senhora acha que vai dar?’. Eu respondi que achava que não ia dar nada, mas se desse positivo, a gente trataria, mas isso com o coração. Foi quando ela olhou para mim e disse que o resultado tinha dado positivo”, declara Wéllida.
Renata foi encaminhada para o HA Amazônia em dezembro de 2023. A doença já estava localmente avançada, com um nódulo na mama esquerda maior do que cinco centímetros e comprometendo a axila. “O HA Amazônia significa a minha cura! Foi aqui que consegui todo meu tratamento, com profissionais capacitados, todos os médicos, meu mastologista, oncologista, fisioterapeuta, nutricionista; graças a Deus e a esses profissionais”, conta Renata.
O tratamento de Renata foi diferente do de sua mãe. Wéllida fez a cirurgia e não precisou passar por quimioterapia nem radioterapia. “Quando o médico analisou clinicamente, tocou na axila, fez todos os exames, ele disse que eu precisaria fazer quimioterapia, porque os linfonodos estavam comprometidos. Nesse momento, meu mundo acabou; eu chorei muito. A primeira coisa que perguntei foi: ‘Vou ficar careca?’. Eu pensava na careca, no meu visual; isso me preocupava, porque na minha cabeça eu faria a cirurgia igual a minha mãe e estaria livre”, conta Renata.
Renata teve uma boa resposta à lesão com a quimioterapia. Ela foi submetida à mastectomia poupadora de pele, reconstrução com prótese e esvaziamento da axila.
“Eu e você, você e eu”
Wéllida teve seu segundo diagnóstico de câncer de mama em meados de outubro de 2023. Antes de Renata ser diagnosticada, ela já estava investigando um nódulo que havia aparecido sete anos após sua cirurgia da mama esquerda.
“Em 2023, Wéllida apresentou alteração na mamografia. Foram encontrados 11 nódulos na mama direita e foi realizada a biópsia, resultando em uma doença invasiva mais agressiva, já com comprometimento da axila do lado direito. Então, foi proposto que ela iniciasse o tratamento com quimioterapia”, explica Dra. Betânia.
Uma ajuda à outra, uma dá força para a outra, uma cuida da outra!
“Eu fiquei muito mal na primeira quimioterapia; vomitei muito e vim para o CIA (Centro de Intercorrência Ambulatorial). Todo o meu processo foi antes do da minha mãe. Eu tentava não demonstrar que estava doendo, tentava não mostrar que meu corpo não conseguia reagir. Não foi um processo fácil pensar que minha mãe passaria por tudo, que ela estaria daquele jeito daqui a um tempo”, declara Renata.
“Você quer a dor do seu filho para você. Então, para mim, é muito difícil o tratamento por esse lado. Como o nódulo dela estava grande e pela idade, os médicos adiantaram o tratamento dela dois meses e meio em relação ao meu. Então, tudo o que ela passou, eu já sabia que iria passar. Eu pude cuidar dela nas quimioterapias; acompanhei durante os exames e nas consultas. Quando chegou a minha vez de iniciar o tratamento, ela cuidou de mim. Teve um dia em que ela falou: ‘Xuxu, eu e você, você e eu’. Então, a gente vai se cuidando, trocando experiências, vendo o que pode ser melhor”, relata Wéllida.
Câncer de mama
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o número estimado de casos novos de câncer de mama no Brasil, para o triênio de 2023 a 2025, é de 73.610 casos, correspondendo a um risco estimado de 66,54 casos novos a cada 100 mil mulheres.
Excluindo os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama feminino é o de maior incidência no Brasil, em todos os estados. É uma doença rara em mulheres jovens; segundo o INCA, ocorre com maior incidência a partir dos 50 anos.
No caso de Wéllida e Renata, o diagnóstico de câncer de mama provavelmente teve influência genética, por conta do histórico familiar, como explica Dra. Betânia. “Muito provavelmente, houve alguma influência genética, talvez de algum gene que desconhecemos. Isso ocorre raramente, com uma história familiar importante e teste genético negativo. Acredito que ainda faltam estudos para que possamos descobrir quais outros genes estão envolvidos no surgimento do câncer de mama, mas acreditamos que há uma herança familiar”, esclarece a médica.
E como prevenir o câncer de mama?
Alimentação saudável, prática de atividade física, controle do peso, evitar o consumo de bebida alcoólica, não fumar e ter hábitos mais saudáveis podem ajudar na prevenção da doença.
Outro ponto importante a destacar na prevenção do câncer de mama é o exame de rastreio, como explica Dra. Betânia: “A mamografia é comprovadamente um exame que reduz a mortalidade por câncer de mama; é o único exame classificado dessa forma. Portanto, a mamografia está indicada para pacientes acima de 40 anos, independentemente de sentirem algo nas mamas ou não; é de extrema importância fazer o exame de rastreio.”
O dia 24 de março é sempre uma data muito especial e significativa para o Hospital de Amor. Ela representa o início de tudo, quando no ano de 1962 o casal de médicos visionários, Dr. Paulo Prata (in memoriam) e Dra. Scylla Duarte Prata, fundaram um dos maiores centros de tratamento oncológico da América Latina, responsável por atender pacientes de todo Brasil e de países vizinhos, de forma humanizada e 100% gratuita.
De lá para cá, em 61 anos de história, muita coisa aconteceu! A instituição ultrapassou limites, barreiras e fronteiras para levar saúde de qualidade a todas as pessoas. O seu programa de prevenção de câncer alcançou números de diagnósticos precoces inimagináveis, por meio de suas unidades fixas e móveis. Seus atendimentos de excelência (via Sistema Único de Saúde) em unidades de tratamento espalhadas pelo país, estruturas altamente tecnológicas, procedimentos avançados e resultados inovadores em ensino e pesquisa, fizeram a instituição ser reconhecida internacionalmente.
São 61 anos transformando a realidade da saúde pública do país, escrevendo novos capítulos na história de muitas famílias e salvando milhares de vidas! É claro que nada disse seria possível sem a contribuição de doadores, parceiros e voluntários, que ajudam a instituição a sanar seu déficit mensal milionário. Entretanto, muito além de oferecer acolhimento e um tratamento digno, o Hospital de Amor oferece: AMOR! E sabe o que é mais incrível e gratificante? Este sentimento que está enraizado em sua missão, é genuinamente recíproco!
Neste aniversário, quem ganha o presente é o HA! Confira alguns relatos emocionantes e repletos de amor (e que representam centenas de outros que recebemos diariamente) de pacientes que estão ou já estiveram em tratamento na instituição.
Alessandra Fernandes (Anápolis – GO)
Em janeiro de 2020, fui diagnosticada com câncer de mama HER2 invasivo infiltrante. Logo após a descoberta da doença, minha família, em especial meu irmão Hermes, se preocupou muito comigo e quis ele que eu tivesse o melhor atendimento possível. Dessa forma, ele e alguns amigos deram andamento ao encaminhamento para Barretos (SP). Mas Deus reservou algo muito especial para mim: Jales (SP). Lá eu recebi o amor, a humanização e o carinho de muitos que passaram pelos meus atendimentos. Recebi 16 aplicações de quimioterapia, 19 sessões de radioterapia, passei por duas cirurgias e por fim, 17 imunoterapias. Transpus a barreira de 1.400 km semanais de ônibus. Venci o processo e atingi o propósito! Quero aqui agradecer a todos por tudo e por tanto que recebi. Desejo ao Hospital de Amor o melhor deste mundo. Obrigada de coração. Que Deus sempre encaminhe pessoas maravilhosas e dispostas a lutar pelo ideal, hoje continuado pelo sr. Henrique Prata. Deus os abençoe sempre. Obrigada.
Ah! Transformei minha doença em militância. Hoje procuro levar informação através de palestras e bate-papos àquelas pessoas que precisam saber da importância do autocuidado, dos direitos de um paciente oncológico e que o câncer não é uma sentença de morte. Há vida após a turbulência. Hoje estou aqui contando a minha história a vocês. Orgulho do que conquistei. Obrigada, família e amigos que seguraram (financeiro e afetivo) minhas mãos durante todo esse período. Obrigada, equipe de Fernandópolis (SP). Vocês são demais. Obrigada, Dr. André, Rosa, Luana Xavier, Luciene, Denise, Nebling, Patrícia Estevo, William Ricardo, Sérgio, Michele, Tainá, Alessandro, Amanda, Priscila, Aniele, Liane…Amo vocês e o que representam para mim!
Geraldo Júnior (Goiânia – GO)
MUITO, MUITO, MUITO AMOR POR AQUI!
Quero parabenizar e enaltecer ao idealizador e todos que atuam juntos ao HA. O Hospital de Amor foi a melhor oportunidade de ver a vida com mais amor e acolhimento, vindo de Goiânia (GO), onde não consegui suporte quando fui diagnosticado com câncer colorretal e metástase no fígado. Foi um gigantesco susto de primeira, mas quando fui acolhido pelo Hospital de Amor, unidade de Jales (SP), minha esperança em continuar vivendo veio, através de muito amor de todos do Hospital, desde a recepção, pessoal do laboratório, equipe de exames de imagens, da limpeza, do lanche, enfermeiros e médicos. Sinto-me cada vez mais acolhido, não é fácil, mas aqui se torna mais leve. Gratidão eterna!
Ricarda Rodriguez (Venezuela – VE)
Sou Ricarda Solideiner Rodriguez Acevedo, uma venezuelana que chegou ao Brasil em fevereiro de 2019, com uma luz de esperança de poder me tratar do câncer que sofro. Graças ao nosso Pai Celestial, o Hospital de Amor abriu suas portas para mim! Até agora eles me deram todo o amor e ajuda, e eu sou sinceramente grata por ter esse privilégio. Mesmo sendo estrangeira não tive nenhuma diferença, pelo contrário, eles me trataram como uma brasileira! Sou eternamente grata ao Hospital de Amor e toda sua equipe. Vocês são os melhores do mundo!
Joyce Lustosa (Indaiatuba – SP)
Em 19/04/2005, com apenas 10 anos, dei início ao meu tratamento no HA. Por ser portadora de moléstia classificada no CID 10 sob o número C40, fui diagnosticada com Osteossarcoma Maligno. Fui submetida ao protocolo de tratamento com quimioterapia neo-adjuvante; cirurgia com ressecção tumoral e substituição com endoprótese em úmero direito; e quimioterapia adjuvante. Tive revisão da prótese em 16/12/2011. Evolui com soltura da endoprótese, onde foi realizado nova cirurgia para colocação de endoprótese de úmero total em braço direito. Hoje, faço acompanhamento oncológico e apresento diminuição de força e amplitude de movimento em membro superior direito, o que incapacita para atividade a qualquer esforço físico.
Sou imensamente grata a Deus e a TODOS que fazem parte dessa família maravilhosa que é esse hospital. Desde os faxineiros(as), enfermeiros(as), médicos(as), motoristas, cassa de acolhimento, todos, sem distinção de nível. Todos que fazem parte, que transmitem o bem, que são guiados por Deus. Sou imensamente grata por tudo que já passei, porque venci essa luta ao lado das pessoas que sempre estiveram ao meu lado, me ajudaram e me apoiaram.
Lívia Loami (Barretos – SP)
Era dezembro de 2018. Trabalhava no NAP (Núcleo de Apoio ao Pesquisador) da Prevenção do HA. Tive a oportunidade, nessa data, de realizar o sonho de defender o doutorado. Fazia mais de um ano que tinha uma coceira insuportável no corpo. Acordava a noite por causa dela. Acompanhava com especialista, fazia tratamento e nada. Março de 2019 tive sintomas de gripe: tosse e febre. Fui ao pronto socorro, fiz exames e me disseram que era pneumonia. Sete dias afastada. Dez dias de antibiótico. No 7º dia já estava ótima (mas continuava coçando). Uma semana depois, a tosse voltou. Repeti os exames (raio-X, tomografia, etc.) e veio o laudo: um monte de linfonodos aumentados, massa de 12cm entre os pulmões, veias invadidas pelo tumor. Achei que era o fim. O chão abriu. É sério! Senti tudo aquilo que já tinha ouvido e visto acontecer muitas vezes enquanto trabalhava na prevenção da instituição. Receber o diagnóstico de câncer é triste. Dói. Você olha para os filhos (na época eles tinham 3 e 6 anos) e só quer ter a chance de vê-los crescer. Fui de funcionária, em um dia, para paciente no dia seguinte. Estive do outro lado, deitada na cama para receber a quimioterapia. Colocando máscara para fazer radioterapia. Muitas punções. Fraqueza. Cansaço. E esperança. Muita vontade de viver. Foram 6 meses de tratamento. O dia em que eu pude voltar a comer o que gosto parecia ser o maior prêmio que recebi. Chorei. Vibrei! Tocar aquele sino da radioterapia, então… foi libertador!
Janeiro de 2020, voltei a ser colaboradora. Mas, dessa vez, dentro da radioterapia. Aliás, que equipe! Quando o desespero bateu em uma das sessões de radioterapia, não precisou palavras. O abraço daquelas meninas me salvou. No final, depois da onda ter abaixado e a tempestade passado, ganhei um presente de Deus. Meu milagrinho, minha Rebeca, que nasceu dia 22/12/2020. E continuamos firme, vivendo a cada dia, sem mais câncer, só sendo feliz. E glória a Deus por isso!
São depoimentos como estes que fazem o HA continuar! Que venham mais 61 anos pela frente, mais Alessandras, Geraldos, Ricardas, Joyces e Lívias com lindos relatos, muito mais vidas salvas! Obrigado, queridos pacientes. Vocês são nossos maiores presentes!
Você já ouviu falar sobre cuidados paliativos? Se alguém te perguntasse se o termo se refere à falta de possibilidades ou à possibilidade de fazer tudo que é possível, qual opção você escolheria? Na última semana, a triste notícia sobre a morte da querida Ana Michelle Soares, carinhosamente conhecida como ‘AnaMi’ – jornalista e autora dos livros “Enquanto Eu Respirar” e “Vida Inteira” – repercutiu e emocionou muitas pessoas nas redes sociais. Sempre muito resiliente e sensível, a paciente em cuidados paliativos se tornou paliativista e, por anos, falou sobre o tema e mostrou abertamente sua rotina em seu perfil no Instagram.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cuidados paliativos é a assistência integral oferecida para pacientes e familiares diante de uma doença grave que ameace a continuidade da vida. Seu objetivo é um tratamento eficaz para os sintomas de desconforto que podem acompanhar o paciente, sejam eles causados pela doença ou pelo tratamento. Ao contrário do que muitos pensam, estar sob cuidados paliativos é estar sob um cuidado integral e fazer uso de todos os artifícios possíveis para garantir o bem-estar do paciente, não apenas no aspecto físico, mas também mental (KimONeillPsychic), espiritual, social e familiar.
“Sempre há o que fazer”
Com este lema, o Hospital São Judas Tadeu (a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do Hospital de Amor), realiza um trabalho incrível, oferecendo, há mais de 60 anos, qualidade de vida e muito amor aos seus pacientes. “Quando nos conscientizamos que somos finitos e numa situação de doença grave, inevitavelmente, entramos em contato com a ideia de morrer, tendemos a refletir em como vivemos ou como gostaríamos de aproveitar o tempo que nos resta. Saímos do viver automático ou do sobreviver, para um viver consciente e pleno”, afirmou a médica paliativista e coordenadora do Hospital São Judas Tadeu, Dra. Sarita Nasbine.
Para entender a dimensão dos cuidados paliativos, seus benefícios e a importância de abordar este assunto, o HA preparou uma matéria especial com a Dra. Sarita. Confira!
– O que é cuidado paliativo?
R.: É uma abordagem multiprofissional para pacientes (e seus familiares) que apresentam doenças crônicas, ameaçadoras da vida e sem possibilidade de cura, visando a prevenção e controle de sintomas físicos, psíquicos, sociais e espirituais, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida.
– Por que ainda há um entendimento tão equivocado sobre este termo?
R.: Porque, infelizmente, o cuidado paliativo ainda é oferecido numa fase tardia da doença, muitas vezes quando se suspendeu tratamentos que podem modificar o curso da enfermidade e numa fase final de vida, dando a impressão de ser uma abordagem somente para doentes terminais. Ou seja, ele acaba sendo associado à morte, ao invés de ser introduzido desde o diagnóstico da doença.
– Quem se beneficia de cuidados paliativos?
R.: Pacientes com doenças sem possibilidade de cura, doenças ameaçadoras de vida e familiares/cuidadores destes pacientes.
– Quais são os profissionais envolvidos nesse cuidado?
R.: Não se faz cuidados paliativos somente com médico e enfermeiro, é essencial uma equipe multiprofissional para realizar esta abordagem integral. Para isto, é preciso contarmos com psicólogo, assistente social, nutricionista, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, assistente espiritual, dentista, musicoterapeuta, farmacêutico, entre outros. Todos estes profissionais podem estar envolvidos no cuidado ao paciente e familiares.
– Como o paciente precisa ser inserido também como o agente principal do cuidar?
R.: O paciente deve ter sua autonomia respeitada, ou seja, se ele está lúcido e tem capacidade de decisão, é direito dele ser informado sobre tudo o que desejar saber de forma clara, simples e objetiva sobre seu diagnóstico, opções de tratamento, riscos e benefícios, para que possa decidir – baseado nos seus princípios, valores e crenças – o que é o melhor para ele. Portanto, uma comunicação efetiva, empática e honesta é imprescindível para tornar o paciente capaz de ser agente no seu cuidado.
– Existe alguma pesquisa que mostre que os cuidados paliativos são benéficos?
R.: Sim, apesar de ser uma área que necessita de mais estudos e, felizmente, estarmos em ascensão, já temos evidências dos benefícios na qualidade de vida dos pacientes e cuidadores, incluindo aumento do tempo de sobrevida, principalmente quando iniciado precocemente. Além de evidências que mostram o impacto na qualidade de morte e custos em saúde.
*Desde 2011, o Hospital de Amor conta com um grupo de Pesquisas em Cuidados Paliativos e Qualidade de Vida, atuando de modo ativo no desenvolvimento científico da área, com publicações de artigos científicos em revistas de alto impacto nacional e internacional. Clique e confira.
– Por que é tão difícil falar sobre a morte?
R.: Com a evolução da tecnologia na medicina, conseguimos prolongar o tempo de vida dos pacientes. No entanto, isso fez com que a sociedade se distanciasse da morte, encarando o tema com certa negação, evitando falar sobre o assunto, já que temos muitos recursos para manter a vida. Porém, nem sempre viver mais tempo significa viver bem! O que antes era comum, como doentes falecerem em casa com seus familiares, hoje se tornou cada vez mais raro, sendo o hospital o local em que mais constatamos óbitos e, muitas vezes, em unidades de terapia intensiva (UTI), onde o paciente encontra-se completamente invadido e solitário.
– Qual o impacto de colocar esse assunto em conversas no consultório, nas rodas de amigos e em casa?
R.: Fazer com que toda sociedade reflita sobre a finitude do ser humano, deveria ter um impacto positivo. Mas, o que vemos é resistência em tratar do assunto, tanto dos profissionais quanto da comunidade, como se falar do tema pudesse atrair para si.
– Na área da saúde, falar sobre finitude é entendido por muitos como ‘desistência’ ou ‘derrota’. O que fazer para mudar isso? Como isso pode impactar na assistência à saúde?
R.: Os profissionais de saúde são treinados para salvar vidas, combatendo a doença como um inimigo numa batalha. Neste contexto, quando nos deparamos com uma doença incurável que leva a morte do doente, nos sentimos derrotados. Enquanto não incluirmos cuidados paliativos como disciplina obrigatória nos currículos de graduação dos profissionais de saúde, dificilmente mudaremos esta visão e, consequentemente, a assistência aos pacientes será pautada na frustração de perder a guerra.
– Qual a importância do trabalho realizado pela AnaMi com o ‘Paliativas’ e com os livros que escreveu sobre o assunto?
R.: A AnaMi realizou um trabalho de extremo valor para os cuidados paliativos, tanto pelo engajamento em desmistificar o tema, quanto em compartilhar sua trajetória como paciente, inspirando todos a viver intensamente. Um de seus legados foi a “Casa Paliativa”, um espaço para acolhimento e apoio ao paciente em cuidados paliativos. Em uma de suas postagens de sua rede social (@paliativas), que conta com quase 200 mil seguidores, ela escreveu: “A finitude é um convite para olhar para a vida.”
*Em 2021, AnaMi participou de uma edição do programa ‘Hora da Saúde’, produzido pelo Hospital de Amor. Assista na íntegra.
O que é o amor para você? Para os pacientes paliativos do Hospital de Amor é o respeito, o carinho, o cuidado, a atenção e outros afetos que, juntos, se resumem em humanização, um dos pilares mais importantes da instituição.
“A vida é linda e precisa ser vivida da melhor forma possível. Se entregue, tenha fé e coragem, ame tudo o que está a sua volta e agradeça sempre a Deus, porque a vida é maravilhosa.” Esse foi o conselho dado por Georgina Miranda, de 73 anos, no último dia 30 de junho, após um delicioso almoço no Pesqueiro Recanto do Peixe, em Barretos (SP).
Ela é natural de Três Corações (MG) e descobriu um tumor aos 68 anos, após alguns dias com dores e pontadas na região pélvica. Desde então, a mineira faz fazendo tratamento no HA e, assim como outros pacientes, nos mostra que conviver com quem está em cuidado paliativo, é levar para a vida diversos ensinamentos.
Antes da sua aposentadoria, Georgina trabalhou em comércio e teve dois filhos. Aos 56 anos, ficou viúva e, de acordo com ela, “despirocou”. O seu marido nunca gostou de tatuagens e ela sempre respeitou, porém, após o falecimento do companheiro, ela resolveu fazer coisas novas e uma dessas foi se tatuar. Ela se tornou ‘cobaia’ do filho, que virou tatuador e, a partir daí, começou a se apaixonar pelas tatuagens. Hoje, ela carrega mais de 40 desenhos pelo corpo e uma bagagem de lições da vida.
No Hospital São Judas Tadeu, a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do HA, os aprendizados são diários. É um lugar onde as pessoas aprendem a ser mais humanas, amorosas, carinhosas e gratas! Após dois anos de pandemia, as atividades ao ar livre da unidade retornaram e o destino escolhido foi o Pesqueiro Recanto do Peixe. Além das atividades recreativas, houve também muita música com o musicista terapeuta da unidade, lanches, bebidas, pescaria e muitas risadas.
O proprietário do pesqueiro, João Luiz dos Santos, afirma que fica contente ao contribuir com esses momentos únicos, além disso, relata que “é bom proporcionar um dia mais feliz para as pessoas, pois ajudar o próximo faz bem para a alma e para o coração.” O estabelecimento já tem uma parceria com a instituição há seis anos e ambos acreditam na mesma causa: o amor, a humanização e o carinho com o outro.
O objetivo da unidade de cuidados paliativos da HA é dar vida aos dias dos pacientes, é acolher e cuidar, não só do paciente, mas de toda a família. É devolver sorrisos, criar histórias, proporcionar novos momentos, aprender e ensinar todos os dias o verdadeiro sentido de amar. Para a médica especialista em tratamento paliativo, Dra. Alice de Paula, o passeio tem um grande impacto na qualidade do tratamento e no controle de sintomas do paciente, além de ajudar na ansiedade dos familiares. “É um momento não só de prazer e relaxamento, mas também da diminuição da angústia e do medo. Essas são ocasiões que possibilitam os pacientes e os familiares a esquecerem o momento que estão lidando”, finalizou.
As mudanças fazem parte das nossas vidas e são graças às elas que nós evoluímos, nos transformamos, aprendemos e crescemos! Tudo muda, o mundo muda. A verdade é que a mudança é algo que nunca assustou o Hospital de Amor, pois os desafios sempre serviram como motivação, estímulo e impulso. Acompanhando essas constantes transformações, a marca HA também está de cara nova.
Em 59 anos de história, o HA constrói a cada dia um hospital mais humanizado, onde as pessoas são respeitadas, valorizadas e recebidas com um serviço de excelência, tanto na área tecnológica, quanto no protocolo de tratamento. O sonho de um pioneiro, Dr. Paulo Prata (in memoriam), foi transformado no maior hospital oncológico da América Latina, com atendimento 100% gratuito. De lá para cá, a mudança e a evolução do Hospital de Amor foram evidentes: são 7 unidades fixas de tratamento, 24 unidades fixas de prevenção, 3 unidades de reabilitação, 35 unidades móveis e mais de 227 mil pacientes de todo o país atendidos no último ano. Um recorde de cobertura!
Mudança da marca
O mundo não parou de mudar e, em 2021, a marca HA também mudou. Há alguns anos, a Fundação Pio XII tornou-se o Hospital de Câncer de Barretos, que não parou de crescer e ampliar seus horizontes. Tanto carinho e amor oferecidos foram reconhecidos pelos pacientes e, quando a instituição percebeu, já era o Hospital de Amor.
O novo layout segue a tendência de modernização de design utilizado em todo o mundo. Por isso, criou-se uma marca mais leve, minimalista e sem serifa. A cor azul representa a seriedade do trabalho, já o tom rosa todo o acolhimento aos pacientes, familiares, colaboradores e parceiros.
Sendo assim, houve alterações na arquitetura das logos das nossas unidades de prevenção, reabilitação, unidades de tratamento, ensino e pesquisa, parcerias corporativas, relações governamentais & institucionais, alojamentos, projetos e unidades básicas de saúde (UBSs) que estão sob gestão entidade.
Afinal: nossa marca mudou, mas o amor continua o mesmo!
“Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você. E não há nada pra comparar, para poder lhe explicar, como é grande o meu amor por você”. Foi com essa linda e clássica canção, composta em 1967 pelo ‘rei’ Roberto Carlos e considerada uma das maiores declarações de amor da música brasileira, que o paciente do Hospital São Judas Tadeu (a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do Hospital de Amor) Anderson Roberto dos Santos esperou sua amada, Amanda Fortuna Lima dos Santos, para o tão sonhado ‘sim’. A tradicional marcha nupcial marcou a entrada da noiva, e o sentimento mais puro e sincero do mundo, o amor, marcou o encontro desses dois corações.
Juntos há mais de 10 anos, porém, sem nunca terem oficializado o matrimônio em uma cerimônia religiosa, os dois viveram momentos de felicidade e muito romantismo no último dia 5 de março. Ao saber do desejo do casal, a equipe multidisciplinar do hospital logo começou a organizar os preparativos, contatar os parceiros e, em apenas cinco dias, estava tudo pronto! “Essa festa foi a realização de um sonho, não apenas para o casal, mas para nós também. Quando eles nos contaram sobre esse desejo, nós fizemos de tudo para que fosse realizado da maneira mais linda e inesquecível possível para eles”, explicou a assistente social da unidade, Desiane Pereira.
E como o casamento é uma aliança feita por Deus, nada melhor do que escolher um celebrante especial para firmar esse compromisso e conduzir as trocas de votos. De acordo com o pastor da Comunidade Cristã de Barretos, Gery Leves, um casamento perfeito é construído com obstáculos e vivido em cima de 3 pilares: paixão, amor e Deus. “É preciso cultivar a presença de Deus e convidá-lo para fazer parte do casamento, sem nunca se esquecer de que o amor tudo crê, tudo suporta, tudo supera. Só o amor constrói e torna possível aquilo que não é possível”.
Com essas sábias palavras, os noivos trocaram as alianças e selaram esse momento com um beijo cheio de afeto e esperança. Foi impossível não se emocionar! Ao deixarem a celebração ao som da música “Fascinação”, entoada no violino pelo musicoterapeuta do hospital, o paciente não conteve as lágrimas. “Isso aqui é um sonho e uma vitória para mim”, declarou.
Após a cerimônia, os noivos foram presenteados com uma deliciosa festa repleta de quitutes, música boa e convidados pra lá de especiais, entre eles seus familiares, pacientes da unidade, acompanhantes e colaboradores do Hospital São Judas Tadeu, todos reunidos para comemorar o Amor.
Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença
“Foi amor à primeira vista”, contou o ex-bombeiro civil, de 45 anos, ao relembrar o momento em que conheceu Amanda, de 38. Os dois moravam na cidade de São Paulo e, por conta da rotina agitada e da vida corrida, decidiram deixar a cerimônia para segundo plano. Nesses anos juntos, ele até chegou a pedir a mão dela em casamento, mas o planejamento nunca saiu do papel. “Hoje, após passarmos por tantos desafios e descobrirmos a doença do Anderson, aprendemos uma coisa: a gente nunca tem tempo. Então, quando quisermos fazer alguma coisa, realizar algum desejo, tem que ser agora, tem que ser hoje”, afirmou Amanda.
Ao descobrir um câncer no rim, com metástase no sistema nervoso central e no pulmão, Anderson precisou mudar-se para o interior do estado e iniciar o tratamento no Hospital de Amor Barretos, posteriormente, na unidade de cuidados paliativos. Amanda, sua companheira, deixou tudo para traz e, cheia de fé, trouxe apenas o essencial para que os dois enfrentassem mais essa batalha juntos: amor.
“Nós ‘empurramos’ esse momento com a barriga e eu cheguei a pensar que esse dia nunca existiria, mas hoje nós estamos vivendo um sonho. Estar aqui me casando com a mulher da minha vida, conseguir andar para recebê-la e receber as bênçãos de Deus, é uma conquista inesquecível. Desejo que esse dia nunca termine”, finalizou Anderson.
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O 5º Leilão “Direito de Viver” de Guará (SP) aconteceu dia 30/11/2019, no Recinto de Festa do Peão. Quem comandou o evento foi o coordenador José Carlos do Nascimento e comissão, responsáveis por arrecadar 106 cabeças de gado e outras prendas, contabilizando R$ 178.776,00. O destaque do evento ficou para a solidariedade das pessoas, pois nem a chuva e nem a falta de energia impediram de a festa acontecer e ser um sucesso! O Hospital de Amor agradece todos os doadores, arrematadores, voluntários e população, da cidade e região. Muito obrigado!
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O 3º Leilão “Direito de Viver” de Dobrada (SP) aconteceu dia 8/12/2019, no Salão Paroquial da Matriz. Quem comandou o evento foi o coordenador José Antônio Belentani e comissão, responsáveis por arrecadar 27 cabeças de gado e outras prendas, contabilizando R$ 98.318,00. O Hospital de Amor agradece todos os doadores, arrematadores, voluntários e população, da cidade e região. Muito obrigado!
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O 1º Leilão “Direito de Viver” de Conceição das Alagoas (MG) aconteceu dia 1/12/2019, no Parque de Exposição Paulo José Gouveia. Quem comandou o evento foi o coordenador Ademir Rezende Freitas e comissão, responsáveis por arrecadar 64 cabeças de gado e outras prendas, contabilizando R$ 105.459,50. O Hospital de Amor agradece todos os doadores, arrematadores, voluntários, patrocinadores e população, da cidade e região. Muito obrigado!
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O 10º Leilão “Direito de Viver” de Buritizal (SP) aconteceu dia 8/12/2019, no Parque de Exposição. Quem comandou o evento foi o coordenador Anísio Vieira Neto e comissão, responsáveis por arrecadar 205 cabeças de gado e outras prendas, contabilizando R$ 400.055,00. O destaque do evento ficou para a quantidade de gado angariada e também para o resultado final da festa, superando todas as expectativas! O Hospital de Amor agradece todos os doadores, arrematadores, voluntários e população, da cidade e região. Muito obrigado!