Você sabia que agentes infecciosos como bactérias e vírus podem causar câncer? Segundo o médico coordenador do departamento de Cabeça e Pescoço e Pesquisador do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, de 15 a 17% de todos os tumores malignos possuem relação com esses agentes, incluindo o câncer de colo uterino, predominantemente ocasionado pelo papiloma vírus humano (HPV), com incidência de mais de 17 mil novos casos por ano apenas no Brasil.
O médico conta que já ficou também evidenciada cientificamente uma relação entre o HPV e o câncer de orofaringe ou garganta. “Um estudo desenvolvido no HA, em Barretos (SP), mostrou que cerca de 20% dos pacientes com câncer de garganta tiveram sua doença associada com a infecção crônica pelo HPV. Em outros países, como os Estados Unidos, o HPV chega a ser responsável por 90% dos tumores de garganta. Além do câncer de colo do útero e da garganta, existem outros diretamente relacionados ao HPV, como o de ânus, pênis, vagina e vulva e todos de transmissão sexual”, explica Gama.
Mas o especialista revela que a infecção pelo HPV não é a única vilã, existem evidências que também comprovam que o câncer de estômago está associado com a infecção pela bactéria conhecida como Helicobacter pilory; assim como o vírus HIV (da AIDS) pode ser fator de risco para alguns tipos de câncer do sistema linfático, como o linfoma; enquanto o vírus de Epstein-Barr (EBV) pode ter relação com o carcinoma nasofaríngeo indiferenciado, o câncer gástrico e o linfoma.
Como pacientes oncológicos devem prevenir infecções
Segundo o infectologista, para o tratamento do câncer o paciente pode precisar de cirurgia que, muitas vezes, são cirurgias de grande porte, quimioterapia ou radioterapia. “A depender do tipo de câncer, estes três tipos de tratamento podem ser associados. Tanto a quimioterapia como a radioterapia diminuem as defesas do paciente e isso coloca o paciente em risco de adquirir infecções”, explica Tarso.
Para os pacientes que irão iniciar o tratamento oncológico, uma das principais medidas para prevenção de infecção é a atualização da carteira de vacinação conforme a faixa etária/idade. Pelo Programa Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde, as seguintes vacinas são recomendadas para os pacientes que irão fazer quimioterapia e/ou radioterapia: difteria acelular, coqueluche, tétano, Haemophilus influenza b (conjugada), hepatite B, poliomielite (inativada), sarampo, caxumba, rubéola, zoster, febre amarela, influenza, COVID-19, meningite C, HPV, pneumocócica (VPC13 e VPC23). Todas elas estão disponíveis pelo SUS, entretanto vacinas com vírus vivos ou atenuadas (febre amarela, zoster, sarampo, caxumba, rubéola, pólio oral) são contraindicadas para pacientes em quimioterapia e/ou radioterapia.
“Ressalto que essa contraindicação vai até 6 meses após o término da quimioterapia e/ou radioterapia. Infelizmente, devido a urgência do tratamento oncológico, o paciente não tem tempo de atualizar sua carteira de vacinação antes do início da quimioterapia e/ou da radioterapia”, enfatiza o Dr. Paulo, que reforça também a necessidade de os familiares estarem com as seguintes vacinas em dia: influenza (gripe), sarampo, rubéola, caxumba e COVID-19.
Cuidados que o paciente oncológico deve ter
É importante que os pacientes que estão em tratamento oncológico evitem contato com pessoas que estejam com infecções transmissíveis, como gripe, resfriado, COVID-19, pneumonia e indivíduos com diarreia, por exemplo. Além disso, os pacientes também devem evitar lugares aglomerados e com pouca ventilação. “Se não for possível evitar tais lugares, eles deverão fazer uso de máscara cobrindo a boca e o nariz enquanto permanecerem nesses locais. Outra medida importante é em relação à alimentação (cuidados alimentares para pacientes oncológicos). Deve-se ter cuidado especial no preparo dos alimentos, como higienizar adequadamente as verduras e legumes, e dar preferência para aqueles que sejam cozidos. As frutas também devem ser higienizadas antes de serem ingeridas e deve-se dar preferência para as que sejam descascadas para serem ingeridas”, detalha o especialista.
Preparação correta
De acordo com o médico, as verduras, frutas e legumes além de serem lavadas em água corrente, também poderão ser submetidas à desinfecção com água sanitária. “Para fazer a solução na proporção correta, use 8ml (uma colher de sopa cheia) de água sanitária para cada litro de água potável. Frutas, legumes e verduras podem ficar de molho na solução de água potável e água sanitária por cerca de 15 minutos. No caso das folhosas, este tempo pode ser reduzido para 10 minutos. Após a imersão, enxaguar bem o alimento em água filtrada ou água corrente tratada com cloro”, explica.
O infectologista também reforça que as carnes (aves, carne bovina e peixes) e os ovos devem estar bem cozidos, ou seja, evitar o consumo de carnes ou ovos malpassados. “Uma outra regra básica e fácil para evitar a contaminação dos alimentos após o preparo, é consumir os pratos quentes antes que eles esfriem e os gelados antes que eles esquentem. Quando são preparadas para servir mais de uma refeição, deve-se refrigerar em geladeira quando ainda não estiverem totalmente frios, ou seja, eles devem ir para geladeira com a temperatura um pouco menor do que chamamos de morno (nem quente e nem completamente frio)”.
Também existem outras recomendações importantes, como não ingerir água que não seja clorada, como água de mina, fontes, cisternas, etc. Além da higiene das mãos, que é uma importante medida de prevenção de infecções, devendo ser realizada antes de se alimentar, antes de preparar os alimentos, após o uso do banheiro, após tocar superfícies que muitas pessoas tocam, com por exemplo maçanetas de banheiro público/coletivo, antes de colocar a mão na boca, nos olhos ou nas narinas.
Dengue, Zika e Chikungunya
O tabagismo é um dos principais fatores de risco para o câncer de cabeça e pescoço, principalmente o que afeta boca, faringe, laringe e cavidade nasal. Mesmo que as embalagens tenham informações anunciando que o produto pode ser prejudicial para a saúde, o tabagismo atinge novos usuários anualmente. Além disso, a preocupação aumenta com o número crescente de jovens utilizando o cigarro eletrônico.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), apenas no triênio 2020/2022, os cânceres de cabeça e pescoço atingiram 19,5 mil novos caso para homens por ano, e 17,1 mil novos casos para mulheres por ano, totalizando mais de 36 mil novos casos no período.
O cirurgião oncológico de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, afirma que pessoas do sexo masculino são as mais afetadas pelos tumores. “Isso acontece pelos hábitos do homem de beber e fumar mais, ter uma qualidade de vida pior e não se preocupar muito em ir ao médico. No entanto, o número de casos em mulheres tem aumentado também, principalmente devido a exposição do público feminino aos hábitos nocivos”.
Por serem diagnosticados em fase avançada, os tumores de cabeça e pescoço apresentam altas taxas de mortalidade. “Quando um tumor é diagnosticado precocemente, a chance de o paciente sobreviver à doença em cinco anos é de, aproximadamente, 90%. Mas, quando diagnosticado tardiamente, a taxa de sobrevivência cai para algo em torno de 30%, independentemente dos tratamentos realizados com intenção curativa”, conta o médico.
Desde 2015, a campanha de prevenção do câncer de cabeça e pescoço conhecida como ‘Julho Verde’, tem como objetivo principal levar conhecimento para toda a população e para os profissionais de saúde sobre a doença e seus principais fatores de risco, além de formas de prevenção e diagnóstico precoce.
Sinais e sintomas
Assim como acontece em outros tipos de câncer, estar atento aos sinais e sintomas da doença é essencial. São eles:
– Feridas na boca e/ou garganta que em até 20 dias não cicatrizam;
– Rouquidão;
– Dor ou dificuldade ao engolir;
– Desconforto na garganta;
– Dores persistentes nos ouvidos;
– Sangramento pela boca ou nariz;
– “Caroço” ou nódulos no pescoço;
Esses são sinais clínicos que, se persistentes, devem alertar para a possibilidade de tumores na cabeça e pescoço, principalmente em pessoas que fumaram, fumam ou que fazem uso frequente de bebida alcoólica, exigindo atenção médica ou por outro profissional da área de saúde, como dentista.
Além desses, é importante se atentar a feridas na pele da face, lábios, pescoço e couro cabeludo que não cicatrizam em 20 dias, especialmente as elevadas, vermelhas e que descamam. Novas pintas ou manchas escuras (ou mesmo as que já existem, mas que mudam de aspecto como na cor, tamanho e forma), também merecem atenção médica.
Prevenção
O desenvolvimento desse tipo de tumor também está relacionado a hábitos não saudáveis de vida, como: consumo exagerado de álcool e tabaco, além de relações sexuais de risco, ou seja, sem uso de preservativos. Por isso, a principal forma de prevenção para o câncer de cabeça e pescoço é: não fumar, independentemente se é cigarro de filtro, eletrônico, de palha ou corda, cachimbo, charuto ou narguilé, pois todos eles podem causar câncer na área da cabeça e pescoço. Outro ponto é o cuidado com o uso de bebida alcoólica, evitando-se ingerir ou, se ingerir, em quantidades pequenas e, de preferência, não diariamente.
É imprescindível ter uma boa higiene oral, usar protetor solar e labial, ter uma alimentação saudável, vacinar os jovens contra o HPV e praticar sexo oral com preservativo, para evitar o contágio de doenças sexualmente transmissíveis.
Cigarro eletrônico
O cirurgião oncológico de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, esclarece as principais dúvidas sobre o cigarro eletrônico – também conhecido como vaper, pod, entre outros. Confira!
– Sabe-se que o uso do cigarro, seja eletrônico ou não, é prejudicial para a saúde. Mas, o uso do cigarro eletrônico pode aumentar o risco de câncer mais rapidamente do que o cigarro convencional?
Dr. Gama: Ainda não há uma resposta para esta pergunta, pois o uso do cigarro eletrônico é muito recente. Para estudar a relação do câncer com o cigarro é necessário analisar 20 anos de uso. Como médicos e cientistas, acreditamos que o cigarro eletrônico está relacionado, na mesma proporção, com a incidência de câncer na comparação com o cigarro convencional. De acordo com o INCA, o cigarro eletrônico não é seguro e possui muitas substâncias tóxicas, além da nicotina. Sendo assim, podemos dizer que o cigarro eletrônico pode trazer doenças respiratórias, como: enfisema, doença cardíaca e dos vasos sanguíneos, problemas de pele e câncer. Sem dúvidas, os níveis de toxicidade do cigarro eletrônico são tão prejudiciais quanto o do cigarro convencional, já que combina substâncias tóxicas que são deletérias e danosas para a saúde.
– As substâncias usadas para deixar os cigarros eletrônicos com gostos e aromas diferentes também aumenta o risco de câncer?
Dr. Gama: A diferença entre o cigarro eletrônico e o cigarro convencional é a constituição que tem dentro deles. Os cigarros eletrônicos, supostamente, contêm menos concentração de nicotina (que está em estado líquido), mas eles apresentam muitas outras substâncias tóxicas, como: glicerina, nitrosaminas, metais, propilenoglicol, que são todos indutores de câncer. Inclusive, alguns desses ingredientes servem para dar o gosto adocicado, sendo assim, as substâncias podem aumentar o risco de câncer.
– O cigarro eletrônico causa lesões pulmonares?
Dr. Gama: Sim, o cigarro eletrônico pode causar lesões pulmonares graves. Inclusive, ele é capaz de causar uma pneumonia típica e grave. Ele gera uma inflamação aguda no pulmão, que pode cronificar e ocasionar uma insuficiência respiratória, além de uma pneumonia bacteriana. Caso o paciente já tenha essa pneumonia ou inflamação no pulmão ocasionada pelo cigarro eletrônico, dificulta ainda mais o tratamento de algumas doenças infecciosas que ele possa ter futuramente, incluindo a COVID-19.
O cigarro eletrônico também pode causar uma doença pulmonar chamada ‘EVALI (sigla em inglês para lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico)’. Os sintomas geralmente são: tosse, dor no peito, falta de ar e perda de peso. O médico responsável por cuidar desta doença é o pneumologista. Além disso, conforme citado anteriormente, o cigarro eletrônico também está relacionado com doenças dos vasos sanguíneos e doenças cardíacas, porque ele apresenta não só a nicotina, mas outras substâncias tóxicas que podem fazer mal para esses órgãos.
Em outros casos, se a pessoa passa a conviver com um tabagista ativo, seja de convencional ou eletrônico, e passa a inalar com frequência o que é liberado pelo cigarro eletrônico, ele também tem risco de desenvolver doença pulmonar e outras doenças ocasionadas pelo cigarro eletrônico e convencional, principalmente se são pessoas de convívio diário, como: esposa, marido, mãe, filho.
– Cigarros eletrônicos causam dependência?
Dr. Gama: Como cigarros eletrônicos contém nicotina, eles também causam dependência. Inicialmente, o cigarro eletrônico surgiu para que os fumantes ativos parassem com o hábito. Dessa forma, eles iniciariam um ‘desmame’ da nicotina, para depois abandonar o vício, e isto não é verdade. Em algumas situações, há uma concentração muito maior de nicotina em uma tragada de cigarro eletrônico do que de cigarro tradicional, então, a quantidade da substância é muito superior no consumo de uma tragada do que na comparação de um cigarro comum.
– Os locais onde é proibido o uso do cigarro comum, também deveria ser proibido o uso do cigarro eletrônico?
Dr. Gama: O cigarro eletrônico é proibido no Brasil, ou seja, ele não é regulamentado, então, o uso também deveria ser proibido. Em consequência disto, há muitas fábricas irregulares que produzem o cigarro eletrônico e, pela falta de fiscalização, não se sabe o que há nesses produtos. Dessa forma, ele se torna muito pior do que o cigarro convencional.
– O Hospital de Amor tem algum programa para quem quer parar de fumar?
Dr. Gama: O Hospital de Amor tem um programa de acompanhamento para os pacientes da instituição que desejam parar de fumar. Ele se chama ‘NATA’ e é um grupo de apoio composto por: pneumologista, psicólogos e farmacêuticos. Fora do HA, existem algumas unidades de saúde que oferecem programas de cessação de tabagismo para pacientes da atenção primaria, inclusive com todo o suporte e liberação para a dispensa de medicações para a cessação do tabaco.
Iniciativa
Com o objetivo de levar mais conhecimento a toda população sobre o câncer de cabeça e pescoço, seus principais fatores de risco, formas de prevenção e diagnóstico precoce, além da mostrar e debater a importância do ‘Julho Verde’ (campanha nacional de prevenção da doença), o Hospital de Amor promove, neste 7 de julho, o “1º Fórum Julho Verde de Conscientização do Câncer de Cabeça e Pescoço”. O evento também conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço.
O câncer é, há muito tempo, um dos principais problemas de saúde pública no mundo. A situação fica ainda mais preocupante quando as estimativas apontam que, nos próximos anos, os números de casos da doença irão aumentar. É isso mesmo! De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), entre 2023 e 2025 são esperados 705 mil novos casos de câncer no Brasil por ano, ou seja, muitas pessoas serão diagnosticadas, principalmente as que estão localizadas nas regiões Sul e Sudeste, onde estão concentradas 70% da incidência.
E agora? Por que haverá o aumento desses números? Com o propósito de incentivar a conscientização da sociedade sobre a importância da prevenção, do diagnóstico e da ampliação de políticas públicas associadas ao combate à doença, foi criado o “Dia Mundial do Câncer” (World Cancer Day) – mobilização internacional celebrada em 4 de fevereiro. Por conta dessas e outras questões, o cirurgião oncológico do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, esclareceu: isto se deve pelo envelhecimento da população. “As pessoas estão vivendo mais e, consequentemente, envelhecendo mais. Por isso, a gente acaba vendo um maior número de casos de câncer nas pessoas acima de 50 a 60 anos, que é a faixa etária mais comumente atingida pelas neoplasias malignas. Além disso, o fácil acesso ao diagnóstico das doenças, tanto no sistema público de saúde, quanto no privado, faz com que se tenha um aumento nos números de tumores”, contou.
Tipos de câncer mais comuns
Segundo o médico, o tipo de câncer mais comum atualmente, ainda é o de pele não melanoma. Nas mulheres, o mais incidente é o de mama; nos homens, o de próstata. Para o próximo triênio, as estimativas apontam o câncer de intestino, ou seja, o colorretal, como sendo o segundo mais frequente. Em porcentagens, a incidência seria:
1 – câncer de pele não melanoma (31,3%)
2 – câncer de mama (10,5%)
3 – câncer de próstata (10,2%)
4 – câncer colorretal (6,5%)
5 – câncer de pulmão (4,6%)
6 – câncer de estômago (3,1%)
Além desses tipos, aparecem também:
*o câncer de fígado – mais incidente na região Norte por conta das infecções e doenças hepáticas crônicas;
*o câncer de pâncreas – mais incidente na região Sul, sendo seus principais fatores de risco a obesidade e o tabagismo.
“Os dados do INCA nos mostram que os aumentos de casos de câncer acontecerão, principalmente, nas regiões Sul e Sudeste. Mas, é importante lembrarmos que mais de 50% da população brasileira reside nestas localidades, ou seja, com a alta densidade demográfica, é natural que os números da doença sejam maiores mesmo”, esclareceu Gama.
A importância da prevenção
Agora você deve estar se perguntando: e o que devemos fazer para melhorar essa realidade? A resposta é uma só: a prevenção é essencial! Para o Dr. Ricardo Gama, é impossível pensar em combate ao câncer, sem antes pensar na eliminação dos fatores de risco que são comuns na maioria dos casos, independente da região. “Todas as formas de tabagismo, alcoolismo, doenças sexualmente transmissíveis (HPV e AIDS), alimentação com embutidos, ultraprocessados, excesso de carboidratos, açúcares e gorduras saturadas, devem ser evitadas e substituídas por práticas de atividades físicas e hábitos saudáveis”, ressaltou.
Já naqueles casos em que os tumores malignos não são preveníveis (20 a 30%), ou seja, os hereditários que não estão ligados diretamente aos fatores de risco, a prevenção deve ser realizada como forma de conscientização. “É muito difícil prevenir algo que não tem uma prevenção concreta, mas deter e difundir o conhecimento, como por exemplo, o projeto ‘Passos que Salvam’ do HA – que alerta a população sobre os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil – é primordial. O conhecimento é sempre essencial. Portanto, se você é muito jovem e teve câncer ou conhece alguém nesta situação, é preciso chamar atenção para um possível câncer hereditário, principalmente, se já existe histórico familiar”, explicou Gama.
COVID-19 x Diagnóstico de câncer
A pandemia da COVID-19 também trouxe um grande impacto no diagnóstico de câncer. O atraso na identificação das neoplasias malignas foi determinante para o aumento significativo dos números de casos da doença no Brasil. “As pessoas não saíam de casa e, quando saíam, era para resolver problemas pontuais relacionados à COVID-19. Dessa forma, o paciente que tinha sinais e sintomas de câncer e que poderia, em um mundo normal (sem pandemia), procurar uma unidade de saúde, não o fez. Então, de 2022 em diante houve um crescimento exacerbado nos casos avançados de câncer”, destacou o médico.
Há mais de 60 anos, o Hospital de Amor – referência em tratamento oncológico na América Latina, com excelência em assistência, prevenção, ensino, pesquisa e inovação – realiza um trabalho impactante no combate ao câncer. Por meio do rastreamento oferecido pelas unidades fixas e móveis de prevenção, da divulgação de informações sobre a importância do diagnóstico precoce, e de outros projetos, a instituição consegue levar saúde de qualidade para a população de todo Brasil e salvar milhares de vidas!
Você sabia que agentes infecciosos como bactérias e vírus podem causar câncer? Segundo o médico coordenador do departamento de Cabeça e Pescoço e Pesquisador do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, de 15 a 17% de todos os tumores malignos possuem relação com esses agentes, incluindo o câncer de colo uterino, predominantemente ocasionado pelo papiloma vírus humano (HPV), com incidência de mais de 17 mil novos casos por ano apenas no Brasil.
O médico conta que já ficou também evidenciada cientificamente uma relação entre o HPV e o câncer de orofaringe ou garganta. “Um estudo desenvolvido no HA, em Barretos (SP), mostrou que cerca de 20% dos pacientes com câncer de garganta tiveram sua doença associada com a infecção crônica pelo HPV. Em outros países, como os Estados Unidos, o HPV chega a ser responsável por 90% dos tumores de garganta. Além do câncer de colo do útero e da garganta, existem outros diretamente relacionados ao HPV, como o de ânus, pênis, vagina e vulva e todos de transmissão sexual”, explica Gama.
Mas o especialista revela que a infecção pelo HPV não é a única vilã, existem evidências que também comprovam que o câncer de estômago está associado com a infecção pela bactéria conhecida como Helicobacter pilory; assim como o vírus HIV (da AIDS) pode ser fator de risco para alguns tipos de câncer do sistema linfático, como o linfoma; enquanto o vírus de Epstein-Barr (EBV) pode ter relação com o carcinoma nasofaríngeo indiferenciado, o câncer gástrico e o linfoma.
Como pacientes oncológicos devem prevenir infecções
Segundo o infectologista, para o tratamento do câncer o paciente pode precisar de cirurgia que, muitas vezes, são cirurgias de grande porte, quimioterapia ou radioterapia. “A depender do tipo de câncer, estes três tipos de tratamento podem ser associados. Tanto a quimioterapia como a radioterapia diminuem as defesas do paciente e isso coloca o paciente em risco de adquirir infecções”, explica Tarso.
Para os pacientes que irão iniciar o tratamento oncológico, uma das principais medidas para prevenção de infecção é a atualização da carteira de vacinação conforme a faixa etária/idade. Pelo Programa Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde, as seguintes vacinas são recomendadas para os pacientes que irão fazer quimioterapia e/ou radioterapia: difteria acelular, coqueluche, tétano, Haemophilus influenza b (conjugada), hepatite B, poliomielite (inativada), sarampo, caxumba, rubéola, zoster, febre amarela, influenza, COVID-19, meningite C, HPV, pneumocócica (VPC13 e VPC23). Todas elas estão disponíveis pelo SUS, entretanto vacinas com vírus vivos ou atenuadas (febre amarela, zoster, sarampo, caxumba, rubéola, pólio oral) são contraindicadas para pacientes em quimioterapia e/ou radioterapia.
“Ressalto que essa contraindicação vai até 6 meses após o término da quimioterapia e/ou radioterapia. Infelizmente, devido a urgência do tratamento oncológico, o paciente não tem tempo de atualizar sua carteira de vacinação antes do início da quimioterapia e/ou da radioterapia”, enfatiza o Dr. Paulo, que reforça também a necessidade de os familiares estarem com as seguintes vacinas em dia: influenza (gripe), sarampo, rubéola, caxumba e COVID-19.
Cuidados que o paciente oncológico deve ter
É importante que os pacientes que estão em tratamento oncológico evitem contato com pessoas que estejam com infecções transmissíveis, como gripe, resfriado, COVID-19, pneumonia e indivíduos com diarreia, por exemplo. Além disso, os pacientes também devem evitar lugares aglomerados e com pouca ventilação. “Se não for possível evitar tais lugares, eles deverão fazer uso de máscara cobrindo a boca e o nariz enquanto permanecerem nesses locais. Outra medida importante é em relação à alimentação (cuidados alimentares para pacientes oncológicos). Deve-se ter cuidado especial no preparo dos alimentos, como higienizar adequadamente as verduras e legumes, e dar preferência para aqueles que sejam cozidos. As frutas também devem ser higienizadas antes de serem ingeridas e deve-se dar preferência para as que sejam descascadas para serem ingeridas”, detalha o especialista.
Preparação correta
De acordo com o médico, as verduras, frutas e legumes além de serem lavadas em água corrente, também poderão ser submetidas à desinfecção com água sanitária. “Para fazer a solução na proporção correta, use 8ml (uma colher de sopa cheia) de água sanitária para cada litro de água potável. Frutas, legumes e verduras podem ficar de molho na solução de água potável e água sanitária por cerca de 15 minutos. No caso das folhosas, este tempo pode ser reduzido para 10 minutos. Após a imersão, enxaguar bem o alimento em água filtrada ou água corrente tratada com cloro”, explica.
O infectologista também reforça que as carnes (aves, carne bovina e peixes) e os ovos devem estar bem cozidos, ou seja, evitar o consumo de carnes ou ovos malpassados. “Uma outra regra básica e fácil para evitar a contaminação dos alimentos após o preparo, é consumir os pratos quentes antes que eles esfriem e os gelados antes que eles esquentem. Quando são preparadas para servir mais de uma refeição, deve-se refrigerar em geladeira quando ainda não estiverem totalmente frios, ou seja, eles devem ir para geladeira com a temperatura um pouco menor do que chamamos de morno (nem quente e nem completamente frio)”.
Também existem outras recomendações importantes, como não ingerir água que não seja clorada, como água de mina, fontes, cisternas, etc. Além da higiene das mãos, que é uma importante medida de prevenção de infecções, devendo ser realizada antes de se alimentar, antes de preparar os alimentos, após o uso do banheiro, após tocar superfícies que muitas pessoas tocam, com por exemplo maçanetas de banheiro público/coletivo, antes de colocar a mão na boca, nos olhos ou nas narinas.
Dengue, Zika e Chikungunya
O tabagismo é um dos principais fatores de risco para o câncer de cabeça e pescoço, principalmente o que afeta boca, faringe, laringe e cavidade nasal. Mesmo que as embalagens tenham informações anunciando que o produto pode ser prejudicial para a saúde, o tabagismo atinge novos usuários anualmente. Além disso, a preocupação aumenta com o número crescente de jovens utilizando o cigarro eletrônico.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), apenas no triênio 2020/2022, os cânceres de cabeça e pescoço atingiram 19,5 mil novos caso para homens por ano, e 17,1 mil novos casos para mulheres por ano, totalizando mais de 36 mil novos casos no período.
O cirurgião oncológico de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, afirma que pessoas do sexo masculino são as mais afetadas pelos tumores. “Isso acontece pelos hábitos do homem de beber e fumar mais, ter uma qualidade de vida pior e não se preocupar muito em ir ao médico. No entanto, o número de casos em mulheres tem aumentado também, principalmente devido a exposição do público feminino aos hábitos nocivos”.
Por serem diagnosticados em fase avançada, os tumores de cabeça e pescoço apresentam altas taxas de mortalidade. “Quando um tumor é diagnosticado precocemente, a chance de o paciente sobreviver à doença em cinco anos é de, aproximadamente, 90%. Mas, quando diagnosticado tardiamente, a taxa de sobrevivência cai para algo em torno de 30%, independentemente dos tratamentos realizados com intenção curativa”, conta o médico.
Desde 2015, a campanha de prevenção do câncer de cabeça e pescoço conhecida como ‘Julho Verde’, tem como objetivo principal levar conhecimento para toda a população e para os profissionais de saúde sobre a doença e seus principais fatores de risco, além de formas de prevenção e diagnóstico precoce.
Sinais e sintomas
Assim como acontece em outros tipos de câncer, estar atento aos sinais e sintomas da doença é essencial. São eles:
– Feridas na boca e/ou garganta que em até 20 dias não cicatrizam;
– Rouquidão;
– Dor ou dificuldade ao engolir;
– Desconforto na garganta;
– Dores persistentes nos ouvidos;
– Sangramento pela boca ou nariz;
– “Caroço” ou nódulos no pescoço;
Esses são sinais clínicos que, se persistentes, devem alertar para a possibilidade de tumores na cabeça e pescoço, principalmente em pessoas que fumaram, fumam ou que fazem uso frequente de bebida alcoólica, exigindo atenção médica ou por outro profissional da área de saúde, como dentista.
Além desses, é importante se atentar a feridas na pele da face, lábios, pescoço e couro cabeludo que não cicatrizam em 20 dias, especialmente as elevadas, vermelhas e que descamam. Novas pintas ou manchas escuras (ou mesmo as que já existem, mas que mudam de aspecto como na cor, tamanho e forma), também merecem atenção médica.
Prevenção
O desenvolvimento desse tipo de tumor também está relacionado a hábitos não saudáveis de vida, como: consumo exagerado de álcool e tabaco, além de relações sexuais de risco, ou seja, sem uso de preservativos. Por isso, a principal forma de prevenção para o câncer de cabeça e pescoço é: não fumar, independentemente se é cigarro de filtro, eletrônico, de palha ou corda, cachimbo, charuto ou narguilé, pois todos eles podem causar câncer na área da cabeça e pescoço. Outro ponto é o cuidado com o uso de bebida alcoólica, evitando-se ingerir ou, se ingerir, em quantidades pequenas e, de preferência, não diariamente.
É imprescindível ter uma boa higiene oral, usar protetor solar e labial, ter uma alimentação saudável, vacinar os jovens contra o HPV e praticar sexo oral com preservativo, para evitar o contágio de doenças sexualmente transmissíveis.
Cigarro eletrônico
O cirurgião oncológico de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, esclarece as principais dúvidas sobre o cigarro eletrônico – também conhecido como vaper, pod, entre outros. Confira!
– Sabe-se que o uso do cigarro, seja eletrônico ou não, é prejudicial para a saúde. Mas, o uso do cigarro eletrônico pode aumentar o risco de câncer mais rapidamente do que o cigarro convencional?
Dr. Gama: Ainda não há uma resposta para esta pergunta, pois o uso do cigarro eletrônico é muito recente. Para estudar a relação do câncer com o cigarro é necessário analisar 20 anos de uso. Como médicos e cientistas, acreditamos que o cigarro eletrônico está relacionado, na mesma proporção, com a incidência de câncer na comparação com o cigarro convencional. De acordo com o INCA, o cigarro eletrônico não é seguro e possui muitas substâncias tóxicas, além da nicotina. Sendo assim, podemos dizer que o cigarro eletrônico pode trazer doenças respiratórias, como: enfisema, doença cardíaca e dos vasos sanguíneos, problemas de pele e câncer. Sem dúvidas, os níveis de toxicidade do cigarro eletrônico são tão prejudiciais quanto o do cigarro convencional, já que combina substâncias tóxicas que são deletérias e danosas para a saúde.
– As substâncias usadas para deixar os cigarros eletrônicos com gostos e aromas diferentes também aumenta o risco de câncer?
Dr. Gama: A diferença entre o cigarro eletrônico e o cigarro convencional é a constituição que tem dentro deles. Os cigarros eletrônicos, supostamente, contêm menos concentração de nicotina (que está em estado líquido), mas eles apresentam muitas outras substâncias tóxicas, como: glicerina, nitrosaminas, metais, propilenoglicol, que são todos indutores de câncer. Inclusive, alguns desses ingredientes servem para dar o gosto adocicado, sendo assim, as substâncias podem aumentar o risco de câncer.
– O cigarro eletrônico causa lesões pulmonares?
Dr. Gama: Sim, o cigarro eletrônico pode causar lesões pulmonares graves. Inclusive, ele é capaz de causar uma pneumonia típica e grave. Ele gera uma inflamação aguda no pulmão, que pode cronificar e ocasionar uma insuficiência respiratória, além de uma pneumonia bacteriana. Caso o paciente já tenha essa pneumonia ou inflamação no pulmão ocasionada pelo cigarro eletrônico, dificulta ainda mais o tratamento de algumas doenças infecciosas que ele possa ter futuramente, incluindo a COVID-19.
O cigarro eletrônico também pode causar uma doença pulmonar chamada ‘EVALI (sigla em inglês para lesão pulmonar induzida pelo cigarro eletrônico)’. Os sintomas geralmente são: tosse, dor no peito, falta de ar e perda de peso. O médico responsável por cuidar desta doença é o pneumologista. Além disso, conforme citado anteriormente, o cigarro eletrônico também está relacionado com doenças dos vasos sanguíneos e doenças cardíacas, porque ele apresenta não só a nicotina, mas outras substâncias tóxicas que podem fazer mal para esses órgãos.
Em outros casos, se a pessoa passa a conviver com um tabagista ativo, seja de convencional ou eletrônico, e passa a inalar com frequência o que é liberado pelo cigarro eletrônico, ele também tem risco de desenvolver doença pulmonar e outras doenças ocasionadas pelo cigarro eletrônico e convencional, principalmente se são pessoas de convívio diário, como: esposa, marido, mãe, filho.
– Cigarros eletrônicos causam dependência?
Dr. Gama: Como cigarros eletrônicos contém nicotina, eles também causam dependência. Inicialmente, o cigarro eletrônico surgiu para que os fumantes ativos parassem com o hábito. Dessa forma, eles iniciariam um ‘desmame’ da nicotina, para depois abandonar o vício, e isto não é verdade. Em algumas situações, há uma concentração muito maior de nicotina em uma tragada de cigarro eletrônico do que de cigarro tradicional, então, a quantidade da substância é muito superior no consumo de uma tragada do que na comparação de um cigarro comum.
– Os locais onde é proibido o uso do cigarro comum, também deveria ser proibido o uso do cigarro eletrônico?
Dr. Gama: O cigarro eletrônico é proibido no Brasil, ou seja, ele não é regulamentado, então, o uso também deveria ser proibido. Em consequência disto, há muitas fábricas irregulares que produzem o cigarro eletrônico e, pela falta de fiscalização, não se sabe o que há nesses produtos. Dessa forma, ele se torna muito pior do que o cigarro convencional.
– O Hospital de Amor tem algum programa para quem quer parar de fumar?
Dr. Gama: O Hospital de Amor tem um programa de acompanhamento para os pacientes da instituição que desejam parar de fumar. Ele se chama ‘NATA’ e é um grupo de apoio composto por: pneumologista, psicólogos e farmacêuticos. Fora do HA, existem algumas unidades de saúde que oferecem programas de cessação de tabagismo para pacientes da atenção primaria, inclusive com todo o suporte e liberação para a dispensa de medicações para a cessação do tabaco.
Iniciativa
Com o objetivo de levar mais conhecimento a toda população sobre o câncer de cabeça e pescoço, seus principais fatores de risco, formas de prevenção e diagnóstico precoce, além da mostrar e debater a importância do ‘Julho Verde’ (campanha nacional de prevenção da doença), o Hospital de Amor promove, neste 7 de julho, o “1º Fórum Julho Verde de Conscientização do Câncer de Cabeça e Pescoço”. O evento também conta com o apoio da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço.
O câncer é, há muito tempo, um dos principais problemas de saúde pública no mundo. A situação fica ainda mais preocupante quando as estimativas apontam que, nos próximos anos, os números de casos da doença irão aumentar. É isso mesmo! De acordo com o INCA (Instituto Nacional de Câncer), entre 2023 e 2025 são esperados 705 mil novos casos de câncer no Brasil por ano, ou seja, muitas pessoas serão diagnosticadas, principalmente as que estão localizadas nas regiões Sul e Sudeste, onde estão concentradas 70% da incidência.
E agora? Por que haverá o aumento desses números? Com o propósito de incentivar a conscientização da sociedade sobre a importância da prevenção, do diagnóstico e da ampliação de políticas públicas associadas ao combate à doença, foi criado o “Dia Mundial do Câncer” (World Cancer Day) – mobilização internacional celebrada em 4 de fevereiro. Por conta dessas e outras questões, o cirurgião oncológico do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, esclareceu: isto se deve pelo envelhecimento da população. “As pessoas estão vivendo mais e, consequentemente, envelhecendo mais. Por isso, a gente acaba vendo um maior número de casos de câncer nas pessoas acima de 50 a 60 anos, que é a faixa etária mais comumente atingida pelas neoplasias malignas. Além disso, o fácil acesso ao diagnóstico das doenças, tanto no sistema público de saúde, quanto no privado, faz com que se tenha um aumento nos números de tumores”, contou.
Tipos de câncer mais comuns
Segundo o médico, o tipo de câncer mais comum atualmente, ainda é o de pele não melanoma. Nas mulheres, o mais incidente é o de mama; nos homens, o de próstata. Para o próximo triênio, as estimativas apontam o câncer de intestino, ou seja, o colorretal, como sendo o segundo mais frequente. Em porcentagens, a incidência seria:
1 – câncer de pele não melanoma (31,3%)
2 – câncer de mama (10,5%)
3 – câncer de próstata (10,2%)
4 – câncer colorretal (6,5%)
5 – câncer de pulmão (4,6%)
6 – câncer de estômago (3,1%)
Além desses tipos, aparecem também:
*o câncer de fígado – mais incidente na região Norte por conta das infecções e doenças hepáticas crônicas;
*o câncer de pâncreas – mais incidente na região Sul, sendo seus principais fatores de risco a obesidade e o tabagismo.
“Os dados do INCA nos mostram que os aumentos de casos de câncer acontecerão, principalmente, nas regiões Sul e Sudeste. Mas, é importante lembrarmos que mais de 50% da população brasileira reside nestas localidades, ou seja, com a alta densidade demográfica, é natural que os números da doença sejam maiores mesmo”, esclareceu Gama.
A importância da prevenção
Agora você deve estar se perguntando: e o que devemos fazer para melhorar essa realidade? A resposta é uma só: a prevenção é essencial! Para o Dr. Ricardo Gama, é impossível pensar em combate ao câncer, sem antes pensar na eliminação dos fatores de risco que são comuns na maioria dos casos, independente da região. “Todas as formas de tabagismo, alcoolismo, doenças sexualmente transmissíveis (HPV e AIDS), alimentação com embutidos, ultraprocessados, excesso de carboidratos, açúcares e gorduras saturadas, devem ser evitadas e substituídas por práticas de atividades físicas e hábitos saudáveis”, ressaltou.
Já naqueles casos em que os tumores malignos não são preveníveis (20 a 30%), ou seja, os hereditários que não estão ligados diretamente aos fatores de risco, a prevenção deve ser realizada como forma de conscientização. “É muito difícil prevenir algo que não tem uma prevenção concreta, mas deter e difundir o conhecimento, como por exemplo, o projeto ‘Passos que Salvam’ do HA – que alerta a população sobre os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil – é primordial. O conhecimento é sempre essencial. Portanto, se você é muito jovem e teve câncer ou conhece alguém nesta situação, é preciso chamar atenção para um possível câncer hereditário, principalmente, se já existe histórico familiar”, explicou Gama.
COVID-19 x Diagnóstico de câncer
A pandemia da COVID-19 também trouxe um grande impacto no diagnóstico de câncer. O atraso na identificação das neoplasias malignas foi determinante para o aumento significativo dos números de casos da doença no Brasil. “As pessoas não saíam de casa e, quando saíam, era para resolver problemas pontuais relacionados à COVID-19. Dessa forma, o paciente que tinha sinais e sintomas de câncer e que poderia, em um mundo normal (sem pandemia), procurar uma unidade de saúde, não o fez. Então, de 2022 em diante houve um crescimento exacerbado nos casos avançados de câncer”, destacou o médico.
Há mais de 60 anos, o Hospital de Amor – referência em tratamento oncológico na América Latina, com excelência em assistência, prevenção, ensino, pesquisa e inovação – realiza um trabalho impactante no combate ao câncer. Por meio do rastreamento oferecido pelas unidades fixas e móveis de prevenção, da divulgação de informações sobre a importância do diagnóstico precoce, e de outros projetos, a instituição consegue levar saúde de qualidade para a população de todo Brasil e salvar milhares de vidas!