
“Outubro Rosa” é a campanha de conscientização sobre o câncer de mama, tendo como principal objetivo ampliar o acesso à informação e incentivar a realização de exames preventivos, como a mamografia, para um diagnóstico precoce e aumento das chances de cura. Mas, também aproveitamos este mês para fazer um alerta às mulheres que estão em tratamento, principalmente para aquelas que realizaram a cirurgia da mama ou vão realizar: cuidados no pré e no pós-operatório.
A fisioterapia é uma grande aliada nesse processo, sendo fundamental para garantir uma boa recuperação para o enfrentamento da doença. Com quase 30 anos de atuação na instituição, Dr. Almir José Sarri, fisioterapeuta assistencial do Departamento de Mastologia e coordenador da Comissão de Residência Multiprofissional (COREMU) do Hospital de Amor, em Barretos (SP), ressalta que o ideal seria começar a fisioterapia no pré-operatório, para avaliar possíveis disfunções no ombro e na respiração, preparando o corpo da paciente para a cirurgia.
“Durante a cirurgia, a paciente permanece muito tempo em uma posição específica. Se ela já tiver algum problema prévio, isso pode gerar complicações no pós-operatório. Mesmo quando o atendimento prévio não é possível, o acompanhamento logo após a cirurgia é uma prioridade. No dia seguinte, ou até no mesmo dia, um fisioterapeuta já visita a paciente no quarto para orientar e iniciar os primeiros exercícios de movimentação do braço”, explica o fisioterapeuta.
Esse cuidado precoce é essencial para evitar complicações como o linfedema, uma condição que causa inchaço nos braços e que é comum após cirurgias de mama, especialmente em pacientes que passam por esvaziamento axilar e radioterapia. “O melhor tratamento é sempre a prevenção. Quanto antes a paciente iniciar a fisioterapia, maiores são as chances de preservar a amplitude de movimento e prevenir o linfedema”, reforça Dr. Almir Sarri.

Linfedema: controle, prevenção e cuidado contínuo
O linfedema é uma das complicações mais comuns e desafiadoras do pós-tratamento do câncer de mama, principalmente quando é realizada a cirurgia com esvaziamento axilar. Ele ocorre devido ao acúmulo de linfa nos tecidos, geralmente no braço, e pode causar inchaço, dor e limitação dos movimentos, como ocorreu com Priscila Arruda Benevides, paciente do HA, da unidade de Barretos (SP), que foi diagnosticada em janeiro de 2020 com tumor luminal com HER2 positivo na mama direita, e precisou passar por uma mastectomia com esvaziamento axilar.
“Assim que acordei da cirurgia, senti uma forte dor no braço, que continua até hoje, e o braço inchou devido ao esvaziamento da axila. Faço fisioterapia desde a cirurgia, sem deixar um só dia. Graças a isso, tenho todos os movimentos normais, porém, tenho linfedema severo”, declara Priscila.
Não existe cura para o linfedema, mas existe controle. É uma condição crônica, e o mais importante é prevenir e orientar a paciente desde o início. O tratamento envolve drenagem linfática manual, enfaixamento compressivo, exercícios miolinfocinéticos – que são movimentos específicos para ativar o sistema linfático e auxiliar na drenagem e na diminuição do inchaço – e uso de meias ou braçadeiras de compressão. “A fisioterapia é parte essencial da jornada de cura e de qualidade de vida após o câncer de mama”, conclui o fisioterapeuta.
Além da fisioterapia, as terapias alternativas também auxiliam no tratamento de pacientes com linfedema. “As terapias alternativas são, na verdade, terapias complementares, que reforçam o tratamento que já vem sendo realizado. Como exemplos de terapias alternativas, a acupuntura, que de uma maneira bem ampla ajuda a tratar todos os sistemas, os órgãos e a parte muscular, trazendo mais conforto e melhor qualidade de vida para essa paciente com linfedema e os bloqueios para a dor”, explica a médica anestesiologista e especialista em medicina chinesa do Centro Especializado do Hospital de Amor, em Barretos (SP), Dra. Margareth Kath Lucca.
“Este ano, comecei um novo tratamento fisioterapêutico, chamado enfaixamento pontual, que tem dado resultados incríveis. Atualmente, vou uma vez por mês para avaliação: fazem a medição do braço, verificam a pele e fazem hidratação. Hoje, tenho uma vida mais fora do hospital, voltei a nadar, que é algo que amo muito. Mas, infelizmente, o que ainda me atrapalha é a dor, por isso passo com a Dra. Margareth, para fazer o bloqueio de dor”, conta a paciente.

“Os bloqueios que fazemos com anestésico local, tem como principal função aliviar e relaxar aquele músculo ou nervo que está sendo contraído ou comprimido, e fazer com que haja um maior fluxo sanguíneo naquele local, resultando na diminuição da dor. E no caso da Priscila, hoje ela é uma nova mulher! Antes, ela chegava aqui com muita dor, e nós começamos a associar as terapias alternativas, a acupuntura com eletroestimulação nos feixes que estavam comprometendo a musculatura do peitoral menor e peitoral maior, e mesmo fazendo a acupuntura com eletroestimulação, ela sempre sentia ainda uma dor, então associávamos o bloqueio do supraescapular, de outros pontos mais doloridos e do músculo. Com isso, ela sentiu um alívio maior e conseguimos controlar a dor”, explica a médica.
O câncer muda a vida da pessoa que está com a doença. Talvez fiquem sequelas, a pessoa pode sentir dificuldade ou até mesmo ficar impossibilitada de fazer atividades que eram rotineiras antes, como estender uma roupa no varal, arear uma panela ou até mesmo trabalhar, como foi o caso de Priscila, que precisou se aposentar por invalidez, pois era professora do fundamental.
Mesmo com a vida mudando completamente, Priscila continua muito grata e mantém a alegria em viver. “Sou grata a Deus, ao Hospital de Amor e a toda equipe médica e multidisciplinar, que me acolheu com tanto carinho, amor, dedicação e paciência. Agradeço a Deus por ter me sustentado até aqui, por me dar força e ânimo, e por não tirar de mim o sorriso e a alegria de viver.”
Grupo terapêutico de fisioterapia
Para fortalecer ainda mais esse cuidado, o Hospital de Amor criou um grupo terapêutico de fisioterapia voltado a mulheres que convivem com as sequelas do tratamento do câncer de mama, especialmente o linfedema. Na unidade de Barretos (SP), esse trabalho é desenvolvido há mais de 20 anos, e foi levado para outras unidades, como no Diretório Moderno em Reabilitação (DREAM), do Hospital de Amor Amazônia, em Porto Velho (RO).
“O grupo terapêutico é formado por mulheres que compartilham o mesmo diagnóstico de câncer de mama, que já passaram por mastectomia e convivem com o linfedema. O grupo promove acolhimento, incentivo mútuo e fortalecimento emocional, em um ambiente onde uma inspira a outra a seguir firme no processo de reabilitação fisioterapêutica”, explica a fisioterapeuta do DREAM, do HA Amazônia, Daiane Cavalcante.
Marly Calixto participou do grupo terapêutico de fisioterapia do DREAM, do HA Amazônia, e destaca a importância dele na recuperação, principalmente porque une pacientes que têm as mesmas sequelas. “É sabido que o linfedema crônico não tem cura, e poder participar do grupo foi maravilho, pois todas têm as mesmas sequelas e o grupo ajudou muito, principalmente em trocas de experiências, e uma sempre apoiando a outra”, declara Marly.
Durante as sessões, além do fortalecimento emocional, o foco principal é a reabilitação física e funcional das pacientes. O tratamento inclui:
– Atendimento fisioterapêutico direcionado às disfunções motoras, com o objetivo de gerar maior aumento de amplitude de movimentos;
– Terapia manual e drenagem linfática para alívio da dor e diminuição do inchaço;
– Controle do linfedema com eletroterapia e aplicação de linfotaping;
– Treinamento com robótica também é um diferencial no tratamento. Quando indicado, as pacientes utilizam o Armeo Spring, um sistema de reabilitação robótica para membros superiores, que auxilia no ganho de força, amplitude e coordenação motora.
A união entre o atendimento clínico e o cuidado emocional mostra que reabilitar vai muito além do movimento físico. “Nosso trabalho ajuda a diminuir o medo do desuso do braço, promove mobilidade, força e autoconfiança. Cada conquista é um passo a mais rumo à superação”, destaca Daiane.


Oferecer tratamento oncológico de qualidade e de maneira humanizada é rotina no Hospital de Amor! Para cada diagnóstico de câncer, há um protocolo diferente e personalizado de intervenção, mas em todos eles, há humanização para garantir o bem-estar do paciente. E dentre tantas possibilidades de tratamento, a quimioterapia (apesar de temida por conta de seus efeitos colaterais) ainda é um dos mais eficazes para diversos tipos de tumor.
Trata-se de um procedimento em que se utilizam medicamentos – que se misturam com o sangue e são levados a todas as partes do corpo – para destruir as células doentes que estão formando o tumor, impedindo também que se espalhem. Quando esta aplicação é intravenosa, ou seja, aplicada na veia ou por meio de cateter, ela pode causar alguns desconfortos nos pacientes que a recebem. E é aí que, mais uma vez, o HA se destaca!
Projeto inovador
Com o objetivo de minimizar os riscos de cardiotoxicidade e os efeitos colaterais induzidos pela quimioterapia, a equipe do departamento de fisioterapia da instituição, por meio do ‘Programa de Fisioterapia na Atenção ao Câncer’, desenvolveu um projeto de pesquisa inovador, que busca elaborar um plano de exercícios de baixa à média intensidade para realização durante a infusão de quimioterapia.
O estudo, idealizado pela coordenadora do departamento de fisioterapia do Hospital de Amo, Dra. Carla Elaine Laurienzo da Cunha Andrade, junto a fisioterapeuta, Simara Cristina Pereira da Silva, e a residente de fisioterapia, Brenda Taynara Macedo da Costa, foi implementado em outubro deste ano na instituição e já atendeu mais de 20 pacientes.
“Com este protocolo poderemos comprovar que a realização de exercícios físicos (de baixa à média intensidade), durante a infusão de quimioterapia, promove a melhora da funcionalidade, fadiga, neuropatia e, principalmente, o bem-estar dos pacientes do estudo, quando comparados aos pacientes que não realizam nenhuma atividade física durante o momento da infusão”, explica Dra. Carla.
Neste primeiro momento, o estudo está sendo realizado em mulheres com diagnóstico de câncer de mama, que tenham entre 18 e 60 anos e aceitem participar do protocolo. Porém, a prática de aliar quimioterapia a exercício físico é indicada para todos os tipos de câncer, podendo beneficiar todos os pacientes do HA que passam por tratamento quimioterápico.
“Há evidências na literatura que indicam que o exercício realizado durante a infusão de quimioterapia, promove aumento da perfusão que pode melhorar a administração do medicamento e atenuar alguns efeitos colaterais dele. Então, além dos benefícios relacionados a própria quimioterapia, o projeto poderá influenciar também no hábito da prática de atividade física, promovendo uma maior adesão e entendimento para os pacientes sobre a importância de se manterem ativos durante o tratamento oncológico e as vantagens dos exercícios para sua saúde física e emocional”, afirma a coordenadora.
Como funciona?
A paciente que se encaixa em todos os requisitos exigidos pelo estudo e aceita participar do projeto, é direcionada para o Centro Infusional do HA, em Barretos (SP), nas salas comuns de infusão. Durante a sessão de quimioterapia, uma fisioterapeuta com especialização em oncologia leva o ‘kit de exercícios’, inclusive uma minibicicleta ergométrica e um fone de ouvido, e inicia as atividades. “Para a realização dos exercícios, a paciente escolhe a playlist que desejam ouvir durante o procedimento e escuta a seleção de músicas em fones de ouvido. Além da humanização, esse tipo de intervenção também é uma forma de diminuir o tédio durante as horas de infusão em que as pacientes ficam nas poltronas, tornando este momento um pouco mais leve na jornada do seu tratamento”, declarou Dra. Carla.
A paciente Fernanda Barbosa, de 43 anos, consegue identificar todos esses benefícios! Em tratamento no HA contra um câncer de mama, a mineira de Araxá, que sempre praticou atividades físicas e necessitou parar por conta dos efeitos colaterais decorrentes dos procedimentos, sentiu diferença pós receber a quimioterapia associada aos exercícios. “Em poucos minutos realizando as atividades, senti que minha ansiedade foi embora, eu fiquei muito mais disposta e a tremedeira melhorou. Vale muito a pena”, conta.
De acordo com a coordenadora do departamento de fisioterapia do HA, ainda são poucas as instituições oncológicas do país que realizam este tipo procedimento. “Estudos nessa área também são escassos, ou seja, o Hospital de Amor está sendo pioneiro e inovador!”, finalizou.

Purple e Nick, a dupla perfeita! Os dois cavalos são fundamentais, juntamente com a equipe de equoterapia do Hospital de Amor composta pela fisioterapeuta, Dilene Nunes Brianez; a técnica de enfermagem, Sara Campusano Forte Silva; e o condutor, Raimundo José Nunes de Almeida Neto, que auxiliam na reabilitação de pacientes oncológicos e não oncológicos.
A equoterapia – ou terapia assistida por cavalos – é um método terapêutico que utiliza o cavalo, para promover um desenvolvimento biológico, psicológico e social dos pacientes pediátricos do Centro de Reabilitação do HA, em Barretos (SP). Durante as seções, os pacientes trabalham mobilidade, fortalecimento da pelve, coluna, tônus, controle da cabeça e tronco, além da interação sensorial, como explica a fisioterapeuta do HA, Dilene Nunes Brianez.
“A equoterapia trabalha o corpo como um todo, a gente fala que é um recurso terapêutico, que utiliza o cavalo para a melhora da parte física e emocional. Todos os pacientes oncológicos e não oncológicos pediátricos, que realizam tratamento no Centro de Reabilitação, passam por uma avaliação, e os pacientes que são encaminhados para a equoterapia, trabalhamos as necessidades de forma individualizada. No caso de um paciente oncológico, após uma cirurgia que perdeu o movimento e está com dificuldade ou uma fraqueza, a gente analisa o que precisa ser trabalhado e direciona a terapia específica para ele”, detalha.

Pedro Miguel Alves de Sousa, de 9 anos, é paciente do Hospital de Amor desde os quatro anos de idade, ele foi diagnosticado com glioma de tronco encefálico, um tumor que se desenvolve no sistema nervoso central, e em julho de 2023 iniciou a equoterapia. Sua mãe, End Michelle Sousa Santos, conta que ele é um paciente paliativo desde a descoberta do câncer, mas que é um exemplo de superação e de milagre. No ano passado, ele precisou colocar uma válvula para hidrocefalia, porém não se adaptou no início, o que gerou complicações e sequelas, como a perda do movimento das pernas. “Sou imensamente grata a toda equipe da reabilitação e da equoterapia, hoje meu filho faz todos os movimentos perfeitamente, só quem viu como Pedro ficou, sem reposta nenhuma de equilíbrio, de força e tantas outras coisas, e ver como ele está hoje, não acredita. Pois foi e é um verdadeiro milagre”, declarou a mãe.
A indicação da equoterapia para crianças e adolescentes é realizada por meio de uma avaliação, onde os terapeutas analisam ganham motor e independência dos pacientes durante as seções de fisioterapia. Através dessa análise, é possível identificar se os pacientes estão habilitados para começar a equoterapia.
Terapia complementar
A equoterapia não substitui a fisioterapia convencional, nem outras terapias, ela complementa o tratamento de reabilitação dos pacientes, como destaca o fisioterapeuta do HA, Thiago Felicio. “O cavalo proporciona um bem-estar para os pacientes, então vamos supor, um paciente que não anda, o cavalo realiza um movimento tridimensional, que é o mesmo movimento que a gente anda, então a criança em cima do cavalo, está realizando uma atividade de marcha adaptada. Na equoterapia é trabalhado o corpo como todo, conforme o cavalo realiza esse movimento tridimensional, o corpo precisa fazer vários ajustes tônicos”, explica.
Além dos pacientes oncológicos, o Centro de Reabilitação atende pacientes não oncológicos, e a equoterapia também é indicada para crianças e adolescentes que possuem transtorno do espectro autista (TEA), hiperatividade, transtorno de déficit de atenção (TDAH), transtorno opositor desafiador (TOD) e síndrome de Down, como destaca a neurologista infantil do HA, Drª Ana Paula S. Marques. “A equoterapia é uma terapia importantíssima para a reabilitação de crianças de várias modalidades. Pacientes com transtorno de espectro autista (TEA), a equoterapia auxilia na interação social da criança, com o animal, na interação com as outras crianças que participam da terapia, além de trabalhar a coordenação motora. A criança que tem paralisia cerebral, ela vai evoluir no controle motor, controle cervical e de tronco, que é um movimento coordenado do animal com o próprio controle do paciente. Além disso, auxilia no tratamento de pacientes com transtorno de déficit de atenção (TDAH), hiperatividade, transtorno opositor desafiador (TOD) e síndrome de Down”.

Matheus Henrique Freire de Ávila Lima, de 4 anos, foi diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA) com um 1 anos e 8 meses. Antes de ser encaminhado para o centro de Reabilitação do HA, há cerca de seis meses, ele realizava acompanhamento particular.
O primeiro passo para a reabilitação do Matheus foi a terapia de fonoaudiologia e há dois meses, ele realiza a equoterapia. Sua sua evolução já é visível, como conta sua mãe, Bruna Freire. “Desde quando ele iniciou a reabilitação, e um pouco mais de dois meses aqui na equoterapia, ele já evoluiu bastante. O desenvolvimento dele melhorou, ele está mais calmo, mais tranquilo, aos poucos estamos vendo mudanças significativas, principalmente na parte cognitiva. Com a equoterapia e o acompanhamento no Centro de Reabilitação com a fonoaudióloga e toda a equipe multidisciplinar, eu espero que ele consiga fazer as coisas sozinho, que ele tenha uma autonomia, acho que isso é um desejo de todas as mães para os seus filhos, espero que ele desenvolva o mais rápido possível”, comenta Bruna.
Equoterapia
O Centro Especializado em Reabilitação Equoterapia Barretos-SP iniciou em 2016, sendo integrado ao projeto Bella Vita, que tem como objetivo reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pela doença e seu tratamento.
O espaço onde é realizado as seções de equoterapia, foi uma doação do responsável técnico pelo Departamento de Oncologia Clínica do HA, Dr. Sérgio Vicente Serrano, que atua na instituição desde 2005. Dr. Serrano, sempre foi apaixonado por cavalos, ele adquiriu um sítio e fez um espaço para os cavalos e para montaria. A iniciativa de doar o espaço para o HA, surgiu a partir de uma conversa com o Dr. Daniel Marconi, que atualmente é diretor de Reabilitação do HA.
“Alguns anos atrás, eu e o Dr. Daniel Marconi estávamos no ambulatório do HA, e eu escutei uma conversa dele com outros colegas sobre cavalos. Me aproximei, ele me perguntou se eu sabia onde encontrava cavalo para equoterapia. Eu expliquei que não tinha um cavalo, uma raça específica, mas que precisava ser um cavalo fácil de lidar, um cavalo manso, que não fosse agressivo. Durante a conversa, ele foi me explicando qual era a ideia, foi onde eu falei que tinha um espaço com uma área coberta. O Dr. Marconi foi visitar o espaço e foi onde surgiu a equoterapia, que depois passou a integrar o projeto Bella Vita”, declara Dr. Serrano.
Durante o mês, são realizados mais de 50 atendimentos de equoterapia em crianças e jovens, e podemos dizer que acompanhando as sessões, o brilho no olhar dos pacientes e a felicidade de estarem em contato com os cavalos é nítido e emocionante. O sentimento, como Dr. Serrano comenta, é de gratidão. Gratidão em poder reabilitar os pacientes com qualidade e amor.
“O maior sentimento que tem é gratidão! Quem mais acaba se sentindo bem é a gente mesmo, porque está lá o espaço, é uma coisa que eu sempre quis, eu tenho bastante afinidade, com a natureza, com o cavalo, mas eu não fico lá, eu vou só a noite, então o espaço está parado, e se isso pode ser aproveitado, é muito gratificante. A gente agradece em poder ter a chance de oferecer alguma coisa desse tipo, inclusive essa área, eu fiz a doação para o hospital, porque um dia, às vezes, eu não vou estar aqui, mas eu acho que é uma coisa que não deve parar, então é um espaço que já pertence ao hospital. Independente deu estar presente ou não, é uma coisa que vai continuar, e é assim que eu desejo”, declarou Serrano.


No último dia 17 de agosto, o Hospital de Amor obteve uma grande conquista: a inauguração de sua Oficina Ortopédica. Além de beneficiar os pacientes da instituição, a concretização também representa a realização do sonho do Dr. Daniel Marconi – coordenador do departamento de Radioterapia e do projeto de reabilitação do HA, o Bella Vita.
Com o objetivo de confeccionar e reparar órteses e próteses para pacientes amputados em decorrência do câncer, o Hospital passa a ser o primeiro e único centro oncológico do país a ter um núcleo específico dedicado a esse trabalho. De acordo com dados da entidade, em média, o hospital conta com uma cirurgia de amputação por semana, devido a sequelas ocasionadas pelo câncer, e estima produzir ao menos uma prótese por dia. Além da confecção dos materiais ortopédicos, a fábrica irá otimizar recursos financeiros e tempo.
A produção e o reparo dessas peças serão destinados aos pacientes com déficit de locomoção e com restrições motoras e funcionais, e aos amputados. Outra novidade é que o local está habilitado para iniciar, em breve, a produção e manutenção de acessórios de locomoção como cadeiras de rodas, muletas, andadores, cadeiras para banho, entre outros, o que ampliará ainda mais o número de pacientes beneficiados pelo projeto.
Para o coordenador do departamento de Radioterapia e idealizador do projeto, Dr. Daniel Marconi, o objetivo é que o paciente deixe o hospital não só curado, mas também reabilitado. “Nosso grande diferencial está em facilitar a logística e a funcionalidade de implantação das próteses, uma vez que a oficina ortopédica está inserida no Hospital de Amor, onde os pacientes já estão internados ou circulam com frequência para a realização dos tratamentos”, afirmou.

Projeto Bella Vita
A oficina ortopédica é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pela doença e seu tratamento. Dentre outras atividades, os pacientes inseridos no projeto Bella Vita participam de sessões de equoterapia, um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar. Além disso, há a disponibilidade da terapia robótica, com a utilização de profissionais especializados e equipamentos de última geração. “Os tratamentos de combate ao câncer resultam, muitas vezes, em sequelas temporárias ou permanentes, e que acabam por limitar a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes, provocando grandes repercussões físicas e psicossociais. Por meio de um programa de reabilitação interdisciplinar, o Bella Vita proporciona um melhor retorno às atividades cotidianas, independência e reinserção no mercado de trabalho”, comentou o coordenador.
Foram investidos cerca de R$ 8 milhões, originários do PRONAS/PCD (Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência) para o desenvolvimento do Projeto Bella Vita. Já os recursos extras para a construção física da oficina ortopédica vieram da própria instituição. Este núcleo contará com uma equipe formada por um técnico protético com formação pela Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (ABOTEC), dois auxiliares técnicos em órteses e próteses, um fisiatra, um fisioterapeuta e um terapeuta ocupacional.

Sonho realizado
Após nascer com uma deficiência física no pé, Dr. Daniel Marconi se viu obrigado a utilizar uma prótese (o que o motivou a trabalhar com as pessoas carentes que são atendidas no Hospital de Amor). “Eu só soube na faculdade que poderia usar uma meia de silicone, que custa R$ 20,00, e não me causaria problemas com a prótese. Imagine as pessoas que não têm acesso a esse tipo de informação”, declarou.
Segundo ele, o hospital tem um indicador de preservação de membros de 71%, o que significa que os outros pacientes já chegam para tratamento sem perspectiva da cirurgia preservadora. O fornecimento de próteses e órteses por convênios médicos não é obrigatório. Assim, na grande maioria das vezes, o paciente fica desassistido. “Inaugurar a oficina ortopédica é um sonho meu que se realiza. A partir dessa minha realização, eu conseguirei devolver, parcialmente, o sonho dos pacientes de fazer uma faculdade, um esporte e seguir uma vida normal. Estou extremamente feliz!”, finalizou Marconi.
O presidente do Hospital de Amor, Henrique Prata, não só aprovou a iniciativa do médico como o comparou ao seu pai, Dr. Paulo Prata (fundador da instituição). “A minha primeira reação foi contestar o projeto do Dr. Daniel, mas, quando ele mostrou a importância disso para ele e, principalmente para os pacientes do hospital, eu vi um sentimento de coragem e amor nele. Aprovei e apoiei a ideia. Vi que ele “saiu da curva” como médico e senti uma admiração imensa pelo profissional que ele é. Para mim, é muito importante ver que outras pessoas têm a mesma luz que tinha meu pai. Todos nós podemos ser o Dr. Daniel!”, declarou Prata.
Cerimônia
A emocionante cerimônia de inauguração contou com a presença de diretores, equipe médica e colaboradores do Hospital de Amor, parceiros, familiares do médico rádio-oncologista, população barretense e veículos de comunicação. Após a celebração, os participantes conheceram a estrutura da nova unidade (que carinhosamente leva o nome da mãe do médico: Gricia Maria Grossi Marconi) e assistiram a apresentações de dança de pacientes amputados e de capoeira com Edson Dantas (também amputado).


“Outubro Rosa” é a campanha de conscientização sobre o câncer de mama, tendo como principal objetivo ampliar o acesso à informação e incentivar a realização de exames preventivos, como a mamografia, para um diagnóstico precoce e aumento das chances de cura. Mas, também aproveitamos este mês para fazer um alerta às mulheres que estão em tratamento, principalmente para aquelas que realizaram a cirurgia da mama ou vão realizar: cuidados no pré e no pós-operatório.
A fisioterapia é uma grande aliada nesse processo, sendo fundamental para garantir uma boa recuperação para o enfrentamento da doença. Com quase 30 anos de atuação na instituição, Dr. Almir José Sarri, fisioterapeuta assistencial do Departamento de Mastologia e coordenador da Comissão de Residência Multiprofissional (COREMU) do Hospital de Amor, em Barretos (SP), ressalta que o ideal seria começar a fisioterapia no pré-operatório, para avaliar possíveis disfunções no ombro e na respiração, preparando o corpo da paciente para a cirurgia.
“Durante a cirurgia, a paciente permanece muito tempo em uma posição específica. Se ela já tiver algum problema prévio, isso pode gerar complicações no pós-operatório. Mesmo quando o atendimento prévio não é possível, o acompanhamento logo após a cirurgia é uma prioridade. No dia seguinte, ou até no mesmo dia, um fisioterapeuta já visita a paciente no quarto para orientar e iniciar os primeiros exercícios de movimentação do braço”, explica o fisioterapeuta.
Esse cuidado precoce é essencial para evitar complicações como o linfedema, uma condição que causa inchaço nos braços e que é comum após cirurgias de mama, especialmente em pacientes que passam por esvaziamento axilar e radioterapia. “O melhor tratamento é sempre a prevenção. Quanto antes a paciente iniciar a fisioterapia, maiores são as chances de preservar a amplitude de movimento e prevenir o linfedema”, reforça Dr. Almir Sarri.

Linfedema: controle, prevenção e cuidado contínuo
O linfedema é uma das complicações mais comuns e desafiadoras do pós-tratamento do câncer de mama, principalmente quando é realizada a cirurgia com esvaziamento axilar. Ele ocorre devido ao acúmulo de linfa nos tecidos, geralmente no braço, e pode causar inchaço, dor e limitação dos movimentos, como ocorreu com Priscila Arruda Benevides, paciente do HA, da unidade de Barretos (SP), que foi diagnosticada em janeiro de 2020 com tumor luminal com HER2 positivo na mama direita, e precisou passar por uma mastectomia com esvaziamento axilar.
“Assim que acordei da cirurgia, senti uma forte dor no braço, que continua até hoje, e o braço inchou devido ao esvaziamento da axila. Faço fisioterapia desde a cirurgia, sem deixar um só dia. Graças a isso, tenho todos os movimentos normais, porém, tenho linfedema severo”, declara Priscila.
Não existe cura para o linfedema, mas existe controle. É uma condição crônica, e o mais importante é prevenir e orientar a paciente desde o início. O tratamento envolve drenagem linfática manual, enfaixamento compressivo, exercícios miolinfocinéticos – que são movimentos específicos para ativar o sistema linfático e auxiliar na drenagem e na diminuição do inchaço – e uso de meias ou braçadeiras de compressão. “A fisioterapia é parte essencial da jornada de cura e de qualidade de vida após o câncer de mama”, conclui o fisioterapeuta.
Além da fisioterapia, as terapias alternativas também auxiliam no tratamento de pacientes com linfedema. “As terapias alternativas são, na verdade, terapias complementares, que reforçam o tratamento que já vem sendo realizado. Como exemplos de terapias alternativas, a acupuntura, que de uma maneira bem ampla ajuda a tratar todos os sistemas, os órgãos e a parte muscular, trazendo mais conforto e melhor qualidade de vida para essa paciente com linfedema e os bloqueios para a dor”, explica a médica anestesiologista e especialista em medicina chinesa do Centro Especializado do Hospital de Amor, em Barretos (SP), Dra. Margareth Kath Lucca.
“Este ano, comecei um novo tratamento fisioterapêutico, chamado enfaixamento pontual, que tem dado resultados incríveis. Atualmente, vou uma vez por mês para avaliação: fazem a medição do braço, verificam a pele e fazem hidratação. Hoje, tenho uma vida mais fora do hospital, voltei a nadar, que é algo que amo muito. Mas, infelizmente, o que ainda me atrapalha é a dor, por isso passo com a Dra. Margareth, para fazer o bloqueio de dor”, conta a paciente.

“Os bloqueios que fazemos com anestésico local, tem como principal função aliviar e relaxar aquele músculo ou nervo que está sendo contraído ou comprimido, e fazer com que haja um maior fluxo sanguíneo naquele local, resultando na diminuição da dor. E no caso da Priscila, hoje ela é uma nova mulher! Antes, ela chegava aqui com muita dor, e nós começamos a associar as terapias alternativas, a acupuntura com eletroestimulação nos feixes que estavam comprometendo a musculatura do peitoral menor e peitoral maior, e mesmo fazendo a acupuntura com eletroestimulação, ela sempre sentia ainda uma dor, então associávamos o bloqueio do supraescapular, de outros pontos mais doloridos e do músculo. Com isso, ela sentiu um alívio maior e conseguimos controlar a dor”, explica a médica.
O câncer muda a vida da pessoa que está com a doença. Talvez fiquem sequelas, a pessoa pode sentir dificuldade ou até mesmo ficar impossibilitada de fazer atividades que eram rotineiras antes, como estender uma roupa no varal, arear uma panela ou até mesmo trabalhar, como foi o caso de Priscila, que precisou se aposentar por invalidez, pois era professora do fundamental.
Mesmo com a vida mudando completamente, Priscila continua muito grata e mantém a alegria em viver. “Sou grata a Deus, ao Hospital de Amor e a toda equipe médica e multidisciplinar, que me acolheu com tanto carinho, amor, dedicação e paciência. Agradeço a Deus por ter me sustentado até aqui, por me dar força e ânimo, e por não tirar de mim o sorriso e a alegria de viver.”
Grupo terapêutico de fisioterapia
Para fortalecer ainda mais esse cuidado, o Hospital de Amor criou um grupo terapêutico de fisioterapia voltado a mulheres que convivem com as sequelas do tratamento do câncer de mama, especialmente o linfedema. Na unidade de Barretos (SP), esse trabalho é desenvolvido há mais de 20 anos, e foi levado para outras unidades, como no Diretório Moderno em Reabilitação (DREAM), do Hospital de Amor Amazônia, em Porto Velho (RO).
“O grupo terapêutico é formado por mulheres que compartilham o mesmo diagnóstico de câncer de mama, que já passaram por mastectomia e convivem com o linfedema. O grupo promove acolhimento, incentivo mútuo e fortalecimento emocional, em um ambiente onde uma inspira a outra a seguir firme no processo de reabilitação fisioterapêutica”, explica a fisioterapeuta do DREAM, do HA Amazônia, Daiane Cavalcante.
Marly Calixto participou do grupo terapêutico de fisioterapia do DREAM, do HA Amazônia, e destaca a importância dele na recuperação, principalmente porque une pacientes que têm as mesmas sequelas. “É sabido que o linfedema crônico não tem cura, e poder participar do grupo foi maravilho, pois todas têm as mesmas sequelas e o grupo ajudou muito, principalmente em trocas de experiências, e uma sempre apoiando a outra”, declara Marly.
Durante as sessões, além do fortalecimento emocional, o foco principal é a reabilitação física e funcional das pacientes. O tratamento inclui:
– Atendimento fisioterapêutico direcionado às disfunções motoras, com o objetivo de gerar maior aumento de amplitude de movimentos;
– Terapia manual e drenagem linfática para alívio da dor e diminuição do inchaço;
– Controle do linfedema com eletroterapia e aplicação de linfotaping;
– Treinamento com robótica também é um diferencial no tratamento. Quando indicado, as pacientes utilizam o Armeo Spring, um sistema de reabilitação robótica para membros superiores, que auxilia no ganho de força, amplitude e coordenação motora.
A união entre o atendimento clínico e o cuidado emocional mostra que reabilitar vai muito além do movimento físico. “Nosso trabalho ajuda a diminuir o medo do desuso do braço, promove mobilidade, força e autoconfiança. Cada conquista é um passo a mais rumo à superação”, destaca Daiane.


Oferecer tratamento oncológico de qualidade e de maneira humanizada é rotina no Hospital de Amor! Para cada diagnóstico de câncer, há um protocolo diferente e personalizado de intervenção, mas em todos eles, há humanização para garantir o bem-estar do paciente. E dentre tantas possibilidades de tratamento, a quimioterapia (apesar de temida por conta de seus efeitos colaterais) ainda é um dos mais eficazes para diversos tipos de tumor.
Trata-se de um procedimento em que se utilizam medicamentos – que se misturam com o sangue e são levados a todas as partes do corpo – para destruir as células doentes que estão formando o tumor, impedindo também que se espalhem. Quando esta aplicação é intravenosa, ou seja, aplicada na veia ou por meio de cateter, ela pode causar alguns desconfortos nos pacientes que a recebem. E é aí que, mais uma vez, o HA se destaca!
Projeto inovador
Com o objetivo de minimizar os riscos de cardiotoxicidade e os efeitos colaterais induzidos pela quimioterapia, a equipe do departamento de fisioterapia da instituição, por meio do ‘Programa de Fisioterapia na Atenção ao Câncer’, desenvolveu um projeto de pesquisa inovador, que busca elaborar um plano de exercícios de baixa à média intensidade para realização durante a infusão de quimioterapia.
O estudo, idealizado pela coordenadora do departamento de fisioterapia do Hospital de Amo, Dra. Carla Elaine Laurienzo da Cunha Andrade, junto a fisioterapeuta, Simara Cristina Pereira da Silva, e a residente de fisioterapia, Brenda Taynara Macedo da Costa, foi implementado em outubro deste ano na instituição e já atendeu mais de 20 pacientes.
“Com este protocolo poderemos comprovar que a realização de exercícios físicos (de baixa à média intensidade), durante a infusão de quimioterapia, promove a melhora da funcionalidade, fadiga, neuropatia e, principalmente, o bem-estar dos pacientes do estudo, quando comparados aos pacientes que não realizam nenhuma atividade física durante o momento da infusão”, explica Dra. Carla.
Neste primeiro momento, o estudo está sendo realizado em mulheres com diagnóstico de câncer de mama, que tenham entre 18 e 60 anos e aceitem participar do protocolo. Porém, a prática de aliar quimioterapia a exercício físico é indicada para todos os tipos de câncer, podendo beneficiar todos os pacientes do HA que passam por tratamento quimioterápico.
“Há evidências na literatura que indicam que o exercício realizado durante a infusão de quimioterapia, promove aumento da perfusão que pode melhorar a administração do medicamento e atenuar alguns efeitos colaterais dele. Então, além dos benefícios relacionados a própria quimioterapia, o projeto poderá influenciar também no hábito da prática de atividade física, promovendo uma maior adesão e entendimento para os pacientes sobre a importância de se manterem ativos durante o tratamento oncológico e as vantagens dos exercícios para sua saúde física e emocional”, afirma a coordenadora.
Como funciona?
A paciente que se encaixa em todos os requisitos exigidos pelo estudo e aceita participar do projeto, é direcionada para o Centro Infusional do HA, em Barretos (SP), nas salas comuns de infusão. Durante a sessão de quimioterapia, uma fisioterapeuta com especialização em oncologia leva o ‘kit de exercícios’, inclusive uma minibicicleta ergométrica e um fone de ouvido, e inicia as atividades. “Para a realização dos exercícios, a paciente escolhe a playlist que desejam ouvir durante o procedimento e escuta a seleção de músicas em fones de ouvido. Além da humanização, esse tipo de intervenção também é uma forma de diminuir o tédio durante as horas de infusão em que as pacientes ficam nas poltronas, tornando este momento um pouco mais leve na jornada do seu tratamento”, declarou Dra. Carla.
A paciente Fernanda Barbosa, de 43 anos, consegue identificar todos esses benefícios! Em tratamento no HA contra um câncer de mama, a mineira de Araxá, que sempre praticou atividades físicas e necessitou parar por conta dos efeitos colaterais decorrentes dos procedimentos, sentiu diferença pós receber a quimioterapia associada aos exercícios. “Em poucos minutos realizando as atividades, senti que minha ansiedade foi embora, eu fiquei muito mais disposta e a tremedeira melhorou. Vale muito a pena”, conta.
De acordo com a coordenadora do departamento de fisioterapia do HA, ainda são poucas as instituições oncológicas do país que realizam este tipo procedimento. “Estudos nessa área também são escassos, ou seja, o Hospital de Amor está sendo pioneiro e inovador!”, finalizou.

Purple e Nick, a dupla perfeita! Os dois cavalos são fundamentais, juntamente com a equipe de equoterapia do Hospital de Amor composta pela fisioterapeuta, Dilene Nunes Brianez; a técnica de enfermagem, Sara Campusano Forte Silva; e o condutor, Raimundo José Nunes de Almeida Neto, que auxiliam na reabilitação de pacientes oncológicos e não oncológicos.
A equoterapia – ou terapia assistida por cavalos – é um método terapêutico que utiliza o cavalo, para promover um desenvolvimento biológico, psicológico e social dos pacientes pediátricos do Centro de Reabilitação do HA, em Barretos (SP). Durante as seções, os pacientes trabalham mobilidade, fortalecimento da pelve, coluna, tônus, controle da cabeça e tronco, além da interação sensorial, como explica a fisioterapeuta do HA, Dilene Nunes Brianez.
“A equoterapia trabalha o corpo como um todo, a gente fala que é um recurso terapêutico, que utiliza o cavalo para a melhora da parte física e emocional. Todos os pacientes oncológicos e não oncológicos pediátricos, que realizam tratamento no Centro de Reabilitação, passam por uma avaliação, e os pacientes que são encaminhados para a equoterapia, trabalhamos as necessidades de forma individualizada. No caso de um paciente oncológico, após uma cirurgia que perdeu o movimento e está com dificuldade ou uma fraqueza, a gente analisa o que precisa ser trabalhado e direciona a terapia específica para ele”, detalha.

Pedro Miguel Alves de Sousa, de 9 anos, é paciente do Hospital de Amor desde os quatro anos de idade, ele foi diagnosticado com glioma de tronco encefálico, um tumor que se desenvolve no sistema nervoso central, e em julho de 2023 iniciou a equoterapia. Sua mãe, End Michelle Sousa Santos, conta que ele é um paciente paliativo desde a descoberta do câncer, mas que é um exemplo de superação e de milagre. No ano passado, ele precisou colocar uma válvula para hidrocefalia, porém não se adaptou no início, o que gerou complicações e sequelas, como a perda do movimento das pernas. “Sou imensamente grata a toda equipe da reabilitação e da equoterapia, hoje meu filho faz todos os movimentos perfeitamente, só quem viu como Pedro ficou, sem reposta nenhuma de equilíbrio, de força e tantas outras coisas, e ver como ele está hoje, não acredita. Pois foi e é um verdadeiro milagre”, declarou a mãe.
A indicação da equoterapia para crianças e adolescentes é realizada por meio de uma avaliação, onde os terapeutas analisam ganham motor e independência dos pacientes durante as seções de fisioterapia. Através dessa análise, é possível identificar se os pacientes estão habilitados para começar a equoterapia.
Terapia complementar
A equoterapia não substitui a fisioterapia convencional, nem outras terapias, ela complementa o tratamento de reabilitação dos pacientes, como destaca o fisioterapeuta do HA, Thiago Felicio. “O cavalo proporciona um bem-estar para os pacientes, então vamos supor, um paciente que não anda, o cavalo realiza um movimento tridimensional, que é o mesmo movimento que a gente anda, então a criança em cima do cavalo, está realizando uma atividade de marcha adaptada. Na equoterapia é trabalhado o corpo como todo, conforme o cavalo realiza esse movimento tridimensional, o corpo precisa fazer vários ajustes tônicos”, explica.
Além dos pacientes oncológicos, o Centro de Reabilitação atende pacientes não oncológicos, e a equoterapia também é indicada para crianças e adolescentes que possuem transtorno do espectro autista (TEA), hiperatividade, transtorno de déficit de atenção (TDAH), transtorno opositor desafiador (TOD) e síndrome de Down, como destaca a neurologista infantil do HA, Drª Ana Paula S. Marques. “A equoterapia é uma terapia importantíssima para a reabilitação de crianças de várias modalidades. Pacientes com transtorno de espectro autista (TEA), a equoterapia auxilia na interação social da criança, com o animal, na interação com as outras crianças que participam da terapia, além de trabalhar a coordenação motora. A criança que tem paralisia cerebral, ela vai evoluir no controle motor, controle cervical e de tronco, que é um movimento coordenado do animal com o próprio controle do paciente. Além disso, auxilia no tratamento de pacientes com transtorno de déficit de atenção (TDAH), hiperatividade, transtorno opositor desafiador (TOD) e síndrome de Down”.

Matheus Henrique Freire de Ávila Lima, de 4 anos, foi diagnosticado com transtorno do espectro autista (TEA) com um 1 anos e 8 meses. Antes de ser encaminhado para o centro de Reabilitação do HA, há cerca de seis meses, ele realizava acompanhamento particular.
O primeiro passo para a reabilitação do Matheus foi a terapia de fonoaudiologia e há dois meses, ele realiza a equoterapia. Sua sua evolução já é visível, como conta sua mãe, Bruna Freire. “Desde quando ele iniciou a reabilitação, e um pouco mais de dois meses aqui na equoterapia, ele já evoluiu bastante. O desenvolvimento dele melhorou, ele está mais calmo, mais tranquilo, aos poucos estamos vendo mudanças significativas, principalmente na parte cognitiva. Com a equoterapia e o acompanhamento no Centro de Reabilitação com a fonoaudióloga e toda a equipe multidisciplinar, eu espero que ele consiga fazer as coisas sozinho, que ele tenha uma autonomia, acho que isso é um desejo de todas as mães para os seus filhos, espero que ele desenvolva o mais rápido possível”, comenta Bruna.
Equoterapia
O Centro Especializado em Reabilitação Equoterapia Barretos-SP iniciou em 2016, sendo integrado ao projeto Bella Vita, que tem como objetivo reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pela doença e seu tratamento.
O espaço onde é realizado as seções de equoterapia, foi uma doação do responsável técnico pelo Departamento de Oncologia Clínica do HA, Dr. Sérgio Vicente Serrano, que atua na instituição desde 2005. Dr. Serrano, sempre foi apaixonado por cavalos, ele adquiriu um sítio e fez um espaço para os cavalos e para montaria. A iniciativa de doar o espaço para o HA, surgiu a partir de uma conversa com o Dr. Daniel Marconi, que atualmente é diretor de Reabilitação do HA.
“Alguns anos atrás, eu e o Dr. Daniel Marconi estávamos no ambulatório do HA, e eu escutei uma conversa dele com outros colegas sobre cavalos. Me aproximei, ele me perguntou se eu sabia onde encontrava cavalo para equoterapia. Eu expliquei que não tinha um cavalo, uma raça específica, mas que precisava ser um cavalo fácil de lidar, um cavalo manso, que não fosse agressivo. Durante a conversa, ele foi me explicando qual era a ideia, foi onde eu falei que tinha um espaço com uma área coberta. O Dr. Marconi foi visitar o espaço e foi onde surgiu a equoterapia, que depois passou a integrar o projeto Bella Vita”, declara Dr. Serrano.
Durante o mês, são realizados mais de 50 atendimentos de equoterapia em crianças e jovens, e podemos dizer que acompanhando as sessões, o brilho no olhar dos pacientes e a felicidade de estarem em contato com os cavalos é nítido e emocionante. O sentimento, como Dr. Serrano comenta, é de gratidão. Gratidão em poder reabilitar os pacientes com qualidade e amor.
“O maior sentimento que tem é gratidão! Quem mais acaba se sentindo bem é a gente mesmo, porque está lá o espaço, é uma coisa que eu sempre quis, eu tenho bastante afinidade, com a natureza, com o cavalo, mas eu não fico lá, eu vou só a noite, então o espaço está parado, e se isso pode ser aproveitado, é muito gratificante. A gente agradece em poder ter a chance de oferecer alguma coisa desse tipo, inclusive essa área, eu fiz a doação para o hospital, porque um dia, às vezes, eu não vou estar aqui, mas eu acho que é uma coisa que não deve parar, então é um espaço que já pertence ao hospital. Independente deu estar presente ou não, é uma coisa que vai continuar, e é assim que eu desejo”, declarou Serrano.


No último dia 17 de agosto, o Hospital de Amor obteve uma grande conquista: a inauguração de sua Oficina Ortopédica. Além de beneficiar os pacientes da instituição, a concretização também representa a realização do sonho do Dr. Daniel Marconi – coordenador do departamento de Radioterapia e do projeto de reabilitação do HA, o Bella Vita.
Com o objetivo de confeccionar e reparar órteses e próteses para pacientes amputados em decorrência do câncer, o Hospital passa a ser o primeiro e único centro oncológico do país a ter um núcleo específico dedicado a esse trabalho. De acordo com dados da entidade, em média, o hospital conta com uma cirurgia de amputação por semana, devido a sequelas ocasionadas pelo câncer, e estima produzir ao menos uma prótese por dia. Além da confecção dos materiais ortopédicos, a fábrica irá otimizar recursos financeiros e tempo.
A produção e o reparo dessas peças serão destinados aos pacientes com déficit de locomoção e com restrições motoras e funcionais, e aos amputados. Outra novidade é que o local está habilitado para iniciar, em breve, a produção e manutenção de acessórios de locomoção como cadeiras de rodas, muletas, andadores, cadeiras para banho, entre outros, o que ampliará ainda mais o número de pacientes beneficiados pelo projeto.
Para o coordenador do departamento de Radioterapia e idealizador do projeto, Dr. Daniel Marconi, o objetivo é que o paciente deixe o hospital não só curado, mas também reabilitado. “Nosso grande diferencial está em facilitar a logística e a funcionalidade de implantação das próteses, uma vez que a oficina ortopédica está inserida no Hospital de Amor, onde os pacientes já estão internados ou circulam com frequência para a realização dos tratamentos”, afirmou.

Projeto Bella Vita
A oficina ortopédica é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pela doença e seu tratamento. Dentre outras atividades, os pacientes inseridos no projeto Bella Vita participam de sessões de equoterapia, um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar. Além disso, há a disponibilidade da terapia robótica, com a utilização de profissionais especializados e equipamentos de última geração. “Os tratamentos de combate ao câncer resultam, muitas vezes, em sequelas temporárias ou permanentes, e que acabam por limitar a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes, provocando grandes repercussões físicas e psicossociais. Por meio de um programa de reabilitação interdisciplinar, o Bella Vita proporciona um melhor retorno às atividades cotidianas, independência e reinserção no mercado de trabalho”, comentou o coordenador.
Foram investidos cerca de R$ 8 milhões, originários do PRONAS/PCD (Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência) para o desenvolvimento do Projeto Bella Vita. Já os recursos extras para a construção física da oficina ortopédica vieram da própria instituição. Este núcleo contará com uma equipe formada por um técnico protético com formação pela Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (ABOTEC), dois auxiliares técnicos em órteses e próteses, um fisiatra, um fisioterapeuta e um terapeuta ocupacional.

Sonho realizado
Após nascer com uma deficiência física no pé, Dr. Daniel Marconi se viu obrigado a utilizar uma prótese (o que o motivou a trabalhar com as pessoas carentes que são atendidas no Hospital de Amor). “Eu só soube na faculdade que poderia usar uma meia de silicone, que custa R$ 20,00, e não me causaria problemas com a prótese. Imagine as pessoas que não têm acesso a esse tipo de informação”, declarou.
Segundo ele, o hospital tem um indicador de preservação de membros de 71%, o que significa que os outros pacientes já chegam para tratamento sem perspectiva da cirurgia preservadora. O fornecimento de próteses e órteses por convênios médicos não é obrigatório. Assim, na grande maioria das vezes, o paciente fica desassistido. “Inaugurar a oficina ortopédica é um sonho meu que se realiza. A partir dessa minha realização, eu conseguirei devolver, parcialmente, o sonho dos pacientes de fazer uma faculdade, um esporte e seguir uma vida normal. Estou extremamente feliz!”, finalizou Marconi.
O presidente do Hospital de Amor, Henrique Prata, não só aprovou a iniciativa do médico como o comparou ao seu pai, Dr. Paulo Prata (fundador da instituição). “A minha primeira reação foi contestar o projeto do Dr. Daniel, mas, quando ele mostrou a importância disso para ele e, principalmente para os pacientes do hospital, eu vi um sentimento de coragem e amor nele. Aprovei e apoiei a ideia. Vi que ele “saiu da curva” como médico e senti uma admiração imensa pelo profissional que ele é. Para mim, é muito importante ver que outras pessoas têm a mesma luz que tinha meu pai. Todos nós podemos ser o Dr. Daniel!”, declarou Prata.
Cerimônia
A emocionante cerimônia de inauguração contou com a presença de diretores, equipe médica e colaboradores do Hospital de Amor, parceiros, familiares do médico rádio-oncologista, população barretense e veículos de comunicação. Após a celebração, os participantes conheceram a estrutura da nova unidade (que carinhosamente leva o nome da mãe do médico: Gricia Maria Grossi Marconi) e assistiram a apresentações de dança de pacientes amputados e de capoeira com Edson Dantas (também amputado).
