Já imaginou ter que andar sobre uma ponte instável rodeada por água e manter o equilíbrio e a concentração para não cair? Ou poder visitar uma cidade ou país que deseja conhecer e andar pelas ruas sem sair do seu local de origem? Escalar o Everest por meio de uma tela?
Essa é a evolução da gamificação, que teve início na década de 1940, quando os cientistas Alan Turing e Thomas T. Goldsmith Jr. começaram a imaginar uma forma de entretenimento eletrônico para os computadores da época, utilizados para cálculos científicos. Outro visionário, o físico William Higinbotham, criou em 1958 o primeiro jogo eletrônico interativo, chamado “Tennis for Two”, em que dois jogadores podiam controlar a trajetória da bola e competir entre si em um jogo de tênis simplificado.
Mas você deve estar se perguntando: “O que videogames e games digitais, que surgiram no século passado, têm a ver com saúde?” A resposta é simples: os videogames e suas evoluções tornaram-se mais do que produtos de entretenimento. Eles passaram a integrar terapias que auxiliam no tratamento de diversas doenças, como o câncer.
Com o avanço tecnológico, o surgimento da inteligência artificial, da realidade virtual e de outras inovações agregaram muito à saúde — especialmente na reabilitação de pacientes. “Se a gente parar para pensar, a reabilitação vem passando por grandes transformações, e a tecnologia tem contribuído significativamente para melhorar a qualidade do atendimento e a atuação do terapeuta. O interessante dessas novas tecnologias é que elas fornecem parâmetros objetivos ao profissional — algo que, na reabilitação, muitas vezes, é subjetivo. Por meio da gamificação, IA e realidade virtual, é possível mensurar os resultados e proporcionar uma terapia mais eficaz e interativa ao paciente”, explica o fisiatra e coordenador médico do Centro Especializado em Reabilitação do Hospital de Amor, em Barretos (SP), Dr. Henrique Buosi.
Do obstáculo com pedras no chão à bexiga projetada na parede…
AMADEO, ARMEO, C-MILL e NIRVANA são dispositivos utilizados na reabilitação de pacientes oncológicos e não oncológicos nas unidades de Reabilitação do Hospital de Amor. Cada aparelho tem uma função específica, mas todos têm algo em comum: a gamificação! Esses dispositivos utilizam a gameterapia na reabilitação dos pacientes.
Um dos dispositivos que faz sucesso entre os pacientes do HA é o C-MILL, uma ferramenta que fornece avaliação objetiva e detalhada do equilíbrio e da marcha dos pacientes. Equipado com placa de força, realidade aumentada e realidade virtual, ele torna o processo de reabilitação mais eficiente.
Durante a sessão, o paciente interage com um game indicado para sua fase de tratamento. A partir dessa interação, é possível analisar diversos parâmetros, como explica o fisioterapeuta e coordenador da equipe multiprofissional do Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP), Thiago Felício.
“O C-MILL é uma esteira interativa, cuja base é uma plataforma de força. Com ela, trabalhamos a marcha por meio de jogos que aparecem tanto na tela quanto na esteira. Cada passo do paciente é registrado, e, conforme ele supera os obstáculos do jogo, recebe feedbacks positivos ou negativos. O C-MILL permite trabalhar diversas áreas. No setor de fisioterapia, é usado para melhorar a marcha, o equilíbrio (estático e dinâmico), a descarga de peso nos membros — especialmente em casos em que os pacientes não conseguem distribuir o peso igualmente entre as pernas —, além de treinar a coordenação motora.”
Outro dispositivo bastante popular, especialmente entre as crianças, é o NIRVANA, que auxilia na reabilitação motora e cognitiva de pacientes que perderam funções em decorrência do tratamento oncológico, ou que foram diagnosticados com TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade), dislexia e deficiência intelectual.
Além disso, o NIRVANA proporciona uma experiência imersiva ao usuário, criando ambientes realistas que o ajudam a trabalhar coordenação motora, equilíbrio, destreza manual, amplitude de movimento, estímulo cognitivo e visão subnormal.
O NIRVANA é um dos recursos utilizados pelos terapeutas, que complementam a reabilitação com outras atividades lúdicas, explica Juliane Vilela Muniz, fonoaudióloga do Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP). “Utilizamos diversos materiais pedagógicos e robóticos para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Inicialmente, fazemos uso do NIRVANA, e, à medida que o paciente evolui, avançamos para a ‘casa de atividades da vida prática’, onde realizamos tarefas com recursos reais, como cozinhar ou lavar roupa, encerrando assim o ciclo até a alta do setor.”
Um mundo virtual por meio dos olhos
Uma experiência imersiva, interativa e tridimensional, que simula ambientes e obstáculos virtuais, melhora o humor, a disposição, mantém a capacidade física e reduz a ansiedade — tudo isso com o auxílio de óculos de realidade virtual. Essa é uma das terapias utilizadas no HA.
Pacientes que passam por transplante de medula óssea frequentemente enfrentam longos períodos de internação, tornando a reabilitação mais desafiadora. Levar leveza a esse momento é essencial, como explica Simara Cristina Pereira Silva, fisioterapeuta do setor de Transplante de Medula Óssea da unidade adulta do Hospital de Amor, em Barretos (SP).
“Quando o paciente apresenta baixa adesão à fisioterapia e à terapia ocupacional devida à internação prolongada, ou possui quadro de pancitopenia persistente (anemia e baixa de plaquetas), com contraindicação à reabilitação convencional, utilizamos os óculos de realidade virtual. O paciente é imerso em um ambiente virtual que associa dupla tarefa, promovendo uma reabilitação mais dinâmica e aliviando a rotina hospitalar.”
Há pouco mais de um ano, a equipe de fisioterapia e terapia ocupacional do TMO da unidade adulta do HA sentiu a necessidade de inovar o atendimento. Desde então, mais de 30 pacientes utilizaram os óculos de realidade virtual. Com a ferramenta, é possível analisar critérios como a escala de fadiga, permitindo que a equipe multidisciplinar ajuste as atividades e, se necessário, aumente o nível na próxima sessão com os óculos VR.
Realidade virtual no tratamento do câncer infantojuvenil
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa de novos casos de câncer infantojuvenil no Brasil, para cada ano do triênio 2023–2025, é de 7.930 casos. O Hospital de Amor Infantojuvenil diagnostica, aproximadamente, 300 novos casos por ano.
Oferecer tratamento humanizado e de qualidade é rotina no Hospital de Amor, principalmente porque é comum o aumento da ansiedade antes e durante procedimentos médicos — especialmente em crianças e adolescentes. Para proporcionar mais conforto a esses pacientes, o HA Infantojuvenil firmou uma parceria com o estúdio Goblin, sob a liderança do médico cirurgião pediátrico Dr. Wilson Oliveira Junior, para desenvolver o projeto “O Chamado do Herói”.
Segundo o médico, crianças com câncer, por passarem por inúmeros procedimentos invasivos que exigem anestesia, tendem a apresentar níveis de ansiedade elevados. Sabe-se que atividades lúdicas ajudam a criança a compreender os procedimentos a que será submetida, auxiliando-a no processamento de emoções e preocupações de forma mais acessível e menos assustadora.
“’O Chamado do Herói’ tem como objetivo transformar a criança na protagonista da própria aventura. Ao ser submetida a um procedimento desconfortável, ela é transportada para um mundo de fantasia 3D, por meio dos óculos VR. A união entre realidade virtual e elementos táteis proporciona uma experiência imersiva, ajudando a reduzir os níveis de estresse e ansiedade relacionados à doença e ao tratamento. Como consequência, também beneficia o círculo familiar mais próximo”, destaca o médico cirurgião do HA Infantojuvenil.
O Hospital de Amor recebeu do grupo ‘Feijão ajuda, seu coração salva’ , do município de Mirandópolis (SP), uma entrega de produtos alimentícios.
A instituição foi presenteada com 840 kg de feijão. Essa doação especial é de extrema importância para o HA.
Agradecemos a generosidade de todos os envolvidos e o carinho com o Hospital!
Você sabia que as bactérias nos protegem de algumas doenças graves, como o câncer, a obesidade e doenças autoimunes? Nós convivemos com bactérias desde quando nascemos. De maneira geral, elas são extremamente importantes para a saúde humana e estão presentes em todo o nosso corpo, mas existem outras que podem ser muito prejudiciais.
Maio é um mês importante para a higiene e o controle de infecções, isso porque no dia 5 de maio é celebrado o Dia Mundial da Higiene das Mãos, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância dessa prática como uma medida essencial de saúde pública. Já no dia 15 de maio, comemora-se o Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares, instituído pela Lei Federal nº 11.723/2008. O objetivo dessa data é conscientizar sobre a importância do controle das infecções para toda a sociedade.
De acordo com a Anvisa, “a higienização das mãos (HM) é reconhecida mundialmente como uma medida primária, mas muito importante no controle de infecções relacionadas à assistência à saúde. Por esse motivo, tem sido considerada como um dos pilares da prevenção de infecções nos serviços de saúde”.
Pensando na importância deste tema para a sociedade, o Hospital de Amor convidou o médico infectologista do HA, Dr. Paulo de Tarso Oliveira e Castro, para responder algumas dúvidas sobre a importância da higiene das mãos.
Porque convivemos com bactérias fora e dentro do hospital. Nosso corpo abriga bactérias que, na maioria das vezes, fazem bem à saúde.
Nós temos dois tipos de bactérias:
Para evitar a contaminação de ferimentos ou a proliferação de vírus e bactérias, é essencial manter a higienização das mãos. Por isso, é importante adotar bons hábitos, como: lavar as mãos antes de se alimentar; após usar o banheiro; ao tocar em secreções como urina, saliva, sangue, etc; ao manusear dinheiro em papel; ao ter contato com pessoas que estão resfriadas; entre outras ocasiões, como maçanetas e corrimões que várias pessoas tocam com as mãos contaminadas.
Contudo, a importância da higiene das mãos começa no dia a dia, para evitar possíveis infecções.
As bactérias presentes em ambientes hospitalares são diferentes das que encontramos fora. Dentro do hospital, muitas bactérias podem causar doenças e são frequentemente expostas a antibióticos, o que favorece o desenvolvimento de resistência, dificultando o tratamento.
Durante procedimentos como colocação de cateteres, coleta de sangue ou inserção de sondas, há risco de introdução dessas bactérias, o que pode causar o que conhecemos como infecções hospitalares. Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde façam a higienização das mãos corretamente e nos momentos adequados, evitando a transmissão de infecções relacionadas à assistência.
Os pacientes oncológicos, especialmente os que estão em tratamento com quimioterapia, têm o sistema imunológico comprometido. A medicação afeta tanto células malignas quanto as saudáveis, resultando em queda da imunidade.
Com isso, é comum que apresentem feridas na boca e no intestino, por onde as bactérias podem entrar na corrente sanguínea e causar infecções.
No Hospital de Amor, os pacientes de maior risco são os da hematologia, da UTI e os que passaram por transplante de medula óssea. Nessas áreas, ocorrem as infecções mais graves, exigindo cuidados redobrados.
Os profissionais de saúde têm contato direto com o paciente e, em todo lugar, dentro do hospital, há bactérias. Sempre que há contato físico ou manuseio de dispositivos (sondas e cateteres) médicos, pode haver contaminação. Por isso, é necessário higienizar corretamente as mãos.
De acordo com o Organização Mundial da Saúde, é necessário higienizar as mãos:
Hoje, nós temos definido pela Organização Mundial da Saúde cinco momentos importantes para fazermos a higiene das mãos. Em 90% das vezes, recomenda-se o uso de álcool em gel. Já água e sabão são indicados em cerca de 10% das situações, especialmente quando há sujeira visível nas mãos.
O álcool em gel é melhor do que a água e sabão porque, ele mata mais bactérias, e de forma mais rápida. Para fazer a higiene das mãos com álcool em gel, a profissional gasta em torno de 30 segundos, já com água e sabão, ele levará de dois a três minutos para fazer a limpeza de forma correta.
Além disso, o uso excessivo de água e sabão pode remover a camada protetora da pele, causando ressecamento, inflamações e pequenas lesões, que facilitam a entrada de bactérias.
Felizmente, aqui no Hospital de Amor, nós utilizamos mais o álcool em gel. No HA, o uso do álcool em gel é monitorado, assim como a quantidade de produto utilizado, garantindo a segurança de pacientes e profissionais. Também são feitas estimativas com base nos números de infecções hospitalares.
Sabemos que infecções hospitalares têm múltiplas causas, e a higienização das mãos é apenas uma das medidas. Por isso, é necessário seguir uma série de medidas protetivas para não colocar o paciente e o profissional em risco.
Contudo, um dos indicadores para medirmos o nível de higiene dentro do ambiente hospitalar, é pela transmissão de bactérias. Então, se identificamos uma determinada bactéria em um paciente e, depois de um tempo, identificamos em outro, e assim sucessivamente, é porque essas bactérias estão sendo transmitidas.
Quando os profissionais fazem a admissão no hospital, eles realizam uma integração e são treinados. Eles não fazem apenas um treinamento sobre a importância da higiene das mãos, mas também, de boas práticas para evitar as infecções, de uma maneira geral. Para reforçarmos ainda mais essa importância, é necessário que todos estejam engajados, pois não é fácil lembrar de todos os momentos adequados para higienização. Por isso, é importante que um profissional lembre ou alerte o outro.
Além disso, para que o profissional tenha condições de fazer a higienização das mãos, é muito importante que o estabelecimento forneça condições adequadas para ele. Então, é necessário um álcool em gel de boa qualidade e que esteja disponível facilmente; um sabonete de boa qualidade; uma pia próxima ao atendimento do paciente; um papel toalha que seja bom; e outros tipos de insumo que são importantes para o atendimento ao paciente.
Os pacientes, por estarem em situação de vulnerabilidade, muitas vezes sentem-se inseguros ao pedir que um profissional higienize as mãos.
Por isso, é importante envolvê-los, junto com os familiares, nesse cuidado. Para isso, são utilizadas as seguintes estratégias: cartazes que chamem a atenção; disponibilização do álcool em gel; e orientações antes das visitas.
Além disso, acompanhantes com sintomas de doenças transmissíveis são orientados a evitar a visita ao hospital, prevenindo riscos aos pacientes.
Na minha opinião, o principal aprendizado da pandemia de COVID-19 foi perceber que não estamos preparados para enfrentar outra situação dessa magnitude.
Atualmente, estamos enfrentando uma epidemia de influenza, a gripe. Estamos tendo caso de pacientes internados com gripe; casos de óbitos e, em outros casos, pacientes indo para ventilação mecânica; e quando vamos ver, esses pacientes não foram vacinados, apesar da campanha realizada pelo Ministério da Saúde. O objetivo era vacinar 90% da população em risco, que inclui os pacientes com câncer, talvez a gente não tenha vacinado 60%.
Infelizmente, a COVID-19 deixou pouco legado para as pessoas, em termos de prevenção, higienização e consciência sobre os riscos de transmissão. Os hospitais também não estão preparados, se tivermos outra pandemia, vai ser um caos novamente.
Então, infelizmente, não acredito que a pandemia da COVID-19 tenha deixado um legado duradouro e positivo nesse aspecto.
Na unidade Infantojuvenil do Hospital de Amor, a conscientização sobre a importância da higienização das mãos, com álcool em gel e sabão (nos momentos apropriados), aconteceu por meio de brincadeiras e dinâmicas. Influenciada pelo Aliança Amarte – projeto idealizado pelo Hospital de Amor junto ao St. Jude Children´s Research Hospital – a médica infectologista do HA Infantojuvenil, em Barretos (SP), Dra. Seila Prado, desenvolveu, junto à equipe multidisciplinar da instituição e ao Instituto Sociocultural do HA, ações lúdicas para trabalhar essa atividade com os pacientes e acompanhantes.
Envolver os pacientes e seus familiares no processo de educação é uma estratégia que vem ganhando reconhecimento nos últimos anos. De acordo com a Dra. Seila Prado, “ao convidarmos as crianças para participarem da campanha da higienização das mãos, esperamos que elas estimulem os profissionais de saúde a higienizarem cada vez mais as mãos, para que assim consigamos reduzir as taxas de infecção relacionadas à assistência à saúde”, relata ela.
Na ocasião, o professor da oficina de desenho do Instituto Sociocultural, Bruno Freire, foi convidado a desenvolver um livro sobre a higiene das mãos para os pacientes e acompanhantes. Intitulado Clube das Mãos Limpas, o livro traz desenhos para colorir, caça-palavras e outras brincadeiras educativas. Essa atividade foi viabilizada pela Lei Rouanet – PRONAC e desenvolvida pelo Ministério da Cultura e pelo Instituto Sociocultural do Hospital de Amor.
Para o professor de desenho, contribuir com esse projeto foi uma oportunidade incrível. “No começo, fiquei pensando como iria ser essa história e como eu iria criá-la, mas acho que o resultado ficou bem satisfatório. As crianças têm essa consciência de questionar, às vezes até o próprio médico, se ele está com as mãos limpas e, depois desse trabalho, comecei a levar essa informação para as crianças durante as aulas, que é algo muito importante mesmo”, destacou o professor de desenho.
Além disso, também foi desenvolvido um concurso de desenho com o tema “Higiene das Mãos”. Os participantes foram divididos em três categorias:
A escolha das crianças vencedoras foi feita por meio de votação dos colaboradores do HA. E, para deixar essa atividade ainda mais especial, os desenhos mais votados receberam presentes especiais como forma de reconhecimento e incentivo.
Assim, todos entendemos que a maneira mais importante para prevenirmos infecções hospitalares ou a transmissão de vírus é começando pela medida mais simples: higienizando as mãos.
Venezuela, Goiás e São Paulo — mais de três mil quilômetros de distância somados. Ashley García, Anna Cristina Nogueira e Vitória Vilela se encontraram em um único lugar, com um único objetivo: ter acesso a um tratamento médico de qualidade, digno e humanizado.
Do país mega diverso e da fauna variada (Venezuela), para o país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza (Brasil)…
Natural de Maturin (VE), Ashley Carolina Garcia tem 11 anos, mas está no Brasil desde os sete anos. Impossibilitada de fazer um transplante de medula óssea em seu país, Greimarys Garcia (29), sua mãe, procurou seus familiares no Brasil e, juntas, elas embarcaram atrás de um tratamento adequado e digno para Ashley.
Tudo começou quando, aos três anos, a mãe notou manchas roxas pelo corpo da filha. Com o passar dos anos, suas plaquetas começaram a cair. Ao procurar um hematologista, o médico afirmou que ela estava bem, já que não havia outros sintomas. Porém, em 2021, aos sete anos, os níveis de plaquetas caíram drasticamente, afetando a hemoglobina e os glóbulos brancos. Diante disso, foi solicitado um exame de medula óssea para investigar uma possível leucemia. O diagnóstico: mielodisplasia.
Ashley iniciou o tratamento, mas não obteve resposta. Após cada ciclo de três meses, ela recaía e seu estado de saúde se agravava.
A Venezuela é um país que não possui programas de saúde para a população, ou seja, todo processo é pago. Por isso, a mãe de Ashley começou a trabalhar duas vezes mais para comprar as medicações que a sua filha precisaria durante o tratamento, além das consultas médicas. Após diversas tentativas de tratamento – e algumas adversidades ao longo desses período – o médico aconselhou Greimarys a procurar ajuda em outro país, caso contrário, sua filha poderia falecer. Neste momento, Grei entrou em contato com os seus familiares de Roraima e pediu ajuda a eles.
Ao chegar no Brasil, Grei e Ashley foram até o posto de saúde de Boa Vista (RR) e, posteriormente, foram encaminhadas ao hospital infantil do município. Após três meses sem tratamento efetivo, Ashley foi internada para avaliar a resposta da medula a um novo protocolo, mas, infelizmente, também foi ineficaz. A médica responsável então confirmou a necessidade de transplante de medula óssea.
“Nessa consulta, a profissional solicitou novamente o exame aspirado da medula e uma biópsia. Com a confirmação da mielodisplasia, ela explicou que Roraima não tinha estrutura para o transplante. Então, fomos encaminhadas para Brasília, onde passamos quatro meses tentando um tipo de quimioterapia. Como os resultados não eram satisfatórios, perguntaram se Ashley tinha irmãos ou se o pai poderia vir ao Brasil para fazer o teste de compatibilidade. Como não havia essa possibilidade, fomos inscritas no banco de doadores”, relembra Grei.
Felizmente, encontraram um doador 100% compatível. Contudo, o procedimento não poderia ser feito em Brasília. Assim, mãe e filha foram encaminhadas à unidade infantojuvenil do Hospital de Amor, em Barretos (SP).
Ao chegar ao Hospital de Amor, Ashley realizou o transplante de medula óssea. No entanto, o cenário não melhorou imediatamente. Infelizmente, ela enfrentou diversas complicações e precisou ser internada várias vezes, chegando a pesar apenas 21 kg. Ashley teve problemas no fígado, no intestino, contraiu COVID-19 e outros vírus devido à baixa imunidade. Além disso, sofreu infecções e passou muito mal após o procedimento. Sua mãe relata que o processo foi extremamente difícil. “Ela vivia internada no hospital… Passou por muitas coisas. Depois do transplante, percebi que algo estava estranho. No início, achamos que era por causa da transfusão, mas ela dormia demais. Foi solicitada uma tomografia, que confirmou toxoplasmose na cabeça”, desabafa Grei.
E, mesmo em tempos difíceis, coisas maravilhosas podem acontecer. Durante o tratamento, Ashley conheceu Raílla Coelho, também paciente infantojuvenil do Hospital de Amor e que, assim como ela, precisou de um transplante de medula óssea e, logo, elas tornaram-se inseparáveis.
Essa amizade foi além das paredes do hospital. Juntas, participaram da 4ª edição do Concurso Rainha do Rodeio Pela Vida. “Ashley não esperava ganhar, e eu, como mãe, também não. Autorizei que ela participasse apenas para apoiar sua amiga, porque elas viveram momentos muito difíceis. Raílla quase faleceu e isso deixou a Ashley – e todos nós [familiares e amigos] – muito triste”, relembra Grei Garcia.
Durante os ensaios e no grande dia do evento, Ashley ensinou para todos que a acompanharam que o amor, a amizade e o cuidado fazem a diferença na vida das pessoas. Na noite do desfile, para acompanhar e dar suporte a Raílla, Ashley desfilou de mãos dadas com a amiga.
Hoje, Ashley segue o tratamento com imunossupressores, e sua previsão de alta é para agosto de 2025. Para ela, representar o Hospital de Amor na 5ª edição do Rodeio Pela Vida é motivo de orgulho e gratidão.
“Graças ao Hospital de Amor — e a Deus — minha filha está curada”, diz Grei, emocionada.
*O Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) foi criado em 1993, em São Paulo, para reunir informações de pessoas dispostas a doar medula óssea para quem precisa de transplante. Desde 1998, é coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Rio de Janeiro.
Com mais de 5,5 milhões de doadores cadastrados, o REDOME é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo e pertence ao Ministério da Saúde, sendo o maior banco com financiamento exclusivamente público. Anualmente são incluídos mais de 125 mil novos doadores no cadastro do REDOME.
Fonte: REDOME.
Da Venezuela ao local dos maiores produtores de soja do Brasil…
Natural de Rio Verde (GO), Anna Cristina Nogueira, de 14 anos, sempre foi uma menina alegre, carinhosa e muito apegada à mãe. Mas, aos 13 anos, sua vida mudou com o diagnóstico de câncer.
Tudo começou com dores no joelho e uma leve dificuldade para andar. Como fazia musculação na época, Anna acreditava que se tratava de uma dor muscular, causada pelos treinos. Com o tempo, as dores aumentaram e o joelho começou a inchar. A mãe a levou ao médico, que inicialmente diagnosticou como “dor do crescimento”.
Sem melhora, a família buscou uma consulta particular com um ortopedista. Após ouvir o relato, o médico solicitou um raio-X. O resultado o deixou preocupado, então, ele pediu uma tomografia para confirmação. Ao receber os exames, o profissional comunicou que ela estava com um tumor no joelho, e ofereceu duas opções de tratamento: Barretos (SP) ou Jales (SP).
Sem saber o que significa a palavra ‘tumor’, Anna fez um post no seu Instagram – para os amigos mais próximos – dizendo: “Estou com um tumor no joelho, o que é isso?”. Curiosa e preocupada, procurou a resposta no Google. Foi aí que a ficha caiu. O impacto da descoberta a deixou muito abalada.
Mesmo assim, não ficou sozinha. Contou com o apoio fundamental da melhor amiga, Gabriele de Oliveira, e da família. Ela relembra que a amiga foi um anjo na sua vida, “ela que me dá força para aguentar tudo isso, toda vez que eu volto para Rio Verde (GO), ela vai na minha casa”, relata, Anna.
Para a mãe – que não pôde estar na consulta porque estava trabalhando – a notícia também foi devastadora. “Quando minha mãe me falou que poderia ser osteossarcoma, eu estava trabalhando, dentro da indústria. Naquela hora, o chão se abriu. Entrei em desespero. Meu marido me viu chorando e veio correndo. Procurei no Google o que era, e foi um momento desesperador”, relembra a mãe da Anna, Kely Nogueira.
Kely ainda faz uma crítica sobre a forma como o câncer é retratado no cinema. “Nos filmes, quase nunca mostram finais felizes para quem tem câncer. Os relatos de cura são poucos. Quando recebi o diagnóstico, pensei: vou lutar com todas as minhas forças. Deus me deu minha filha, e Ele não vai levá-la agora”, desabafou ela.
Receber o diagnóstico de câncer é algo muito difícil, não só para o paciente, mas para toda a família. Explicar para uma criança os próximos passos dessa trajetória requer muita sabedoria, força e amor. Em outubro de 2024, Anna Cristina chegou à unidade infantojuvenil do Hospital de Amor, localizada em Barretos (SP).
Na primeira consulta, os profissionais do HA refizeram os exames e explicaram as possibilidades de tratamento. Também a alertaram que, se a resposta à quimioterapia não fosse satisfatória, a amputação poderia ser necessária. Após sete sessões de quimioterapia, veio a notícia mais temida: seria preciso amputar a perna. Ao relembrar desse momento, ela diz que foi um momento muito difícil, pois ela e sua mãe choraram muito ao assinar o documento de autorização. “Para uma menina de 13 anos, amputar a perna não é fácil. […] No começo, fiquei com raiva, mas também fiquei feliz, porque eu iria continuar viva. Foi difícil, mas hoje agradeço. Estou muito melhor sem a minha perna”, afirma Anna, com uma maturidade surpreendente.
Com o diagnostico oncológico, muitos aspectos de sua vida mudaram, entre eles, a sua profissão dos sonhos. Hoje, ela sonha em ser enfermeira para ajudar as pessoas que estão passando por momentos difíceis. “O Hospital de Amor faz jus ao nome, né? Lembro de uma postagem nas redes sociais que dizia: com amor tudo fica mais fácil. Com o amor da minha família, dos amigos e do HA, tudo ficou mais leve. Ter pessoas ao seu lado o tempo todo é muito acolhedor”, destacou a paciente.
Hoje, Anna já é uma inspiração para outras crianças e adolescentes que passam pela mesma situação. E, sem saber, já exerce o papel de ajudar o próximo com sua força e exemplo. Com sua participação no Concurso Rainha do Rodeio Pela Vida, ela provou que sonhos podem ser adaptados, mas não precisam ser deixados para trás.
Durante os ensaios, se divertiu, fez novas amizades, viveu experiências incríveis no salão de beleza e brilhou na passarela.
Junto de outras sete pacientes, Anna representou o Hospital de Amor com graça, leveza e coragem. Agora, carrega o título de Princesa do Amor no 5º Rodeio Pela Vida.
Dos maiores produtores de soja do Brasil para o interior paulista…
Natural de José Bonifácio (SP), Vitória de Souza, de 14 anos, começou o seu tratamento oncológico bem nova. Aos 8 meses de idade, ela apresentava febre constante — principalmente à noite — e não ganhava peso. Durante as trocas de fralda, sua mãe, Mércia Vilela, percebeu algo anormal na genitália da filha.
Preocupada, ela levou Vitória ao médico. Inicialmente, os profissionais garantiram que estava tudo dentro da normalidade. Mas, com o passar do tempo, o inchaço no local aumentou e uma anomalia se formou. Um novo exame foi solicitado, desta vez, uma ultrassonografia. O resultado foi: um tumor no colo do útero, em estágio avançado, que já atingia a bexiga.
No mesmo dia, Vitória foi encaminhada a unidade infantojuvenil do Hospital de Amor, localizada em Barretos (SP), onde foi atendida pela equipe infantojuvenil, sob os cuidados das médicas Dra. Erica Boldrini e Dra. Bruna, para dar início ao tratamento.
Foram dois anos de quimioterapia e radioterapia, marcados por muitas internações e reações intensas aos medicamentos. Ao receber alta, a sua mãe não esperava – e nem a Vitória –que iria retornar à instituição 12 anos depois.
Aos 14 anos, Vitória começou a fazer tratamento com hormônios. Logo em seguida, passou a sentir fortes dores na perna esquerda, que dificultavam sua locomoção. O diagnóstico confirmou o pior: o câncer havia voltado, desta vez, nos ossos.
“Saber que o meu câncer voltou depois de 12 anos foi muito difícil. Para mim, o meu cabelo e as minhas unhas são muito importantes. Eu sabia que meu cabelo cairia e minhas unhas ficariam fracas. Na primeira quimioterapia, fiquei internada por 12 dias seguidos e precisei cortar tudo de uma vez”, desabafou a pequena.
Atualmente, ela continua o tratamento no Hospital de Amor, acompanhada de perto pela equipe médica. Para Mércia, esta nova etapa tem sido ainda mais desafiadora: “Dessa vez está sendo mais doloroso. Agora ela está mais velha, é muito vaidosa… então está sendo complicado. Mas, graças a Deus, o tratamento está funcionando e ela está reagindo bem.”
Como forma de distração, Mércia autorizou a participação da filha na 4ª edição do Concurso Rainha Rodeio Pela Vida. Apesar da timidez e da falta de experiência na passarela, Vitória ficou em terceiro lugar e conquistou o título de Madrinha do Amor, tornando-se uma das representantes oficiais da instituição no 5º Rodeio Pela Vida.
Ao ser questionada sobre experiência no concurso Rainha Rodeio Pela Vida, ela comenta que foi muito legal. “Eu nunca tinha desfilado, e sou muito tímida, tenho vergonha de falar em público. Mas assim que pisei no palco, o medo passou. A energia das pessoas torcendo por nós foi muito forte. Foi muito legal. Estou muito feliz por representar o Hospital de Amor no 5º Rodeio Pela Vida”, disse Vitória.
Rodeio Pela Vida
O Hospital de Amor – referência em oncologia, que acolhe pacientes de todo o país – realizará, entre os dias 5 e 7 de junho, a 5ª edição do “Rodeio pela Vida”, na cidade de Barretos (SP). O evento, que acontece no Recinto Paulo de Lima Corrêa em prol do HA, contará com atrações musicais, rodeio em touro e cavalo (sela americana, bareback e cutiano), breakaway roping e Três Tambores.
Priorizando a qualidade do rodeio, a comissão organizadora firmou parceria com a ACR – Associação dos Campeões de Rodeio – para a seleção dos competidores do rodeio em touro, enquanto a ProHorse será a responsável pela organização do rodeio em cavalos. Nas provas cronometradas, a modalidade Três Tambores será em parceria com a ANTT – Associação Nacional dos Três Tambores.
Além das provas, o evento contará com o apoio de cantores parceiros da instituição. No primeiro dia, Murilo Huff fará o primeiro show da 5ª edição. Já no segundo dia, as apresentações ficarão por conta do grupo Traia Véia e da dupla Bruninho & Davi. Por fim, no último dia, para encerrar a festa com chave de ouro, Felipe Araújo finaliza as atrações musicais desta ação solidária. Acesse o site e compre seu ingresso.
No dia 4 de maio de 2025, o Hospital de Amor fez história mais uma vez. Com o objetivo de promover ações que visam o resgate da cultura tropeira, o HA – por meio do Rodeio Pela Vida – e o Instituto Sociocultural realizaram eventos que reuniram diversas pessoas com um único propósito: salvar vidas.
No último dia 4 de abril, o Instituto Sociocultural do Hospital de Amor, por meio do Ministério da Cultura, realizou, pela primeira vez no município de Barretos (SP), o “Desfile da Cultura Tropeira”.
Com o objetivo de resgatar as tradições do interior, homenagear aspectos da cultura tropeira, sertaneja e rural, e destacar a importância do campo para a construção da identidade regional, o ISHA trouxe para as ruas barretenses 10 carros alegóricos, que foram confeccionados pelo decorador Mauricio Valente.
As alegorias foram nomeadas da seguinte forma: Cultura Tropeira, Rainhas do Rodeio, Os Independentes (70 anos), Queima do Alho, Berranteiro, Agronegócio, Catira, Viola, Rodeio e Boi Soberano. Em cada carro, havia convidados especiais, que, além de serem parceiros do HA, também são grandes apoiadores da cultura local.
Para abrir o desfile, o evento também contou com a participação especial da Banda Marcial Municipal de Promissão, que percorreu as ruas da cidade realizando uma performance com coreografias belíssimas e participação de todos os seus músicos, além do apoio do Grupo de Escoteiros de Barretos, Chão Preto.
Antes da entrada dos carros alegóricos, a comissão de frente do desfile foi composta pelo presidente do Hospital de Amor, Henrique Prata, que carregava a bandeira do Brasil; pelo integrante da comissão do Rodeio Pela Vida, Renato Junqueira, que levou a bandeira do Estado de São Paulo; pelo prefeito do município, Odair Silva, que carregou a bandeira do município de Barretos; e pelo Dr. Sérgio Serrano – médico do HA – e Raimundo Neto – colaborador do departamento de equoterapia do HA – que carregaram a bandeira da instituição.
Coordenado pelo turismólogo e locutor Paulo Cesar Lopes, o desfile saiu do Recinto Paulo de Lima Corrêa, às 9h, e percorreu as ruas de Barretos (SP) até a Praça Francisco Barreto, onde foram montadas arquibancadas para o público, uma área exclusiva para pessoas com deficiência (PCD) e um palco para autoridades e convidados. Para falar sobre as informações de cada carro, foi convidado o carnavalesco e parceiro do HA, Patrício Augusto.
Para Paulo Lopes, conhecido carinhosamente como ‘Paulinho 1001’, o evento é uma oportunidade de conectar as novas gerações às raízes culturais da região. “A cultura rural é a base da nossa identidade no interior. Resgatar essa tradição, por meio do desfile, é fundamental para que nossos jovens conheçam e valorizem a história que nos trouxe até aqui. É um momento de celebração e aprendizado”, destacou ele.
Um dos objetivos do Instituto Sociocultural é preservar o legado cultural e afirmar seu compromisso perante a sociedade. Para a coordenadora do ISHA, Aline Dias, é muito importante trazer a nossa cultura. “É gratificante saber que o Instituto Sociocultural contribui com isso. Nosso papel é trazer cultura, não apenas para o Hospital de Amor, mas também para a sociedade”, relatou ela.
O evento, que foi realizado por meio do Ministério da Cultura, contou com a participação de convidados especiais. Além disso, teve distribuição de água, acessibilidade, guarda civil, intérprete de libras, banheiro químico, bombeiros, seguranças e ambulâncias à disposição do público.
No mesmo dia, 4 de maio, também foi realizada a 4ª Cavalgada Pela Vida – evento que faz parte da grade de atividades do Rodeio Pela Vida – em prol ao Hospital de Amor.
Para Osmar Marchi – integrante da comissão organizadora do Rodeio Pela Vida – este evento é o encontro de gerações. “Não podemos esquecer as nossas raízes e de onde tudo surgiu. Nós estamos resgatando tradições porque tudo o que temos hoje – antes de vir os maquinários – foi construído com pessoas montadas em cima de cavalos, burros ou de um carro de boi, então, a cavalgada traz isso. O Desfile da Cultura Tropeira também nos ajuda a relembrar das nossas origens, por meio da catira e das tradições que tínhamos fortemente em décadas passadas”, destaca ele.
A cavalgada, que também foi comandada pelo locutor Paulinho 1001, teve um percurso de aproximadamente 7km. Iniciada no Recinto Paulo de Lima Corrêa, ela percorreu os pontos turísticos do município, até chegar ao Centro de Eventos Dr. Paulo Prata, onde aconteceu a tradicional Queima do Alho.
Para deixar o evento ainda mais gostoso, 14 comitivas se reuniram no Centro de Eventos Dr. Paulo Prata para realizar a tradicional Queima do Alho. O evento, marcado pelas comidas típicas dos peões de boiadeiro, também contou com a apresentação da Banda Marcial Municipal de Promissão e do grupo Espora de Prata, que dançou catira. Além disso, o público presente pôde ouvir o tradicional toque do berrante e apreciar modas de viola.
Para Sérgio Ribeiro – integrante da comissão organizadora do Rodeio Pela Vida – a Queima do Alho é um marco para a sociedade. “O objetivo de realizarmos a Queima do Alho no lançamento do 5º Rodeio Pela Vida é resgatar as tradições sertanejas, que vêm perdendo espaço ao longo dos anos. Antigamente, os tropeiros iam buscar boi em diferentes estados do Brasil e, quando voltavam, precisavam se alimentar. Os carros-chefe dessas refeições eram: arroz carreteiro, feijão gordo e feijão tropeiro. Uma das tradições era levar um frango durante essas viagens e, como elas duravam muitos meses, o frango se tornava um galo, e os tropeiros acabavam se apegando ao animal. Por isso, nesta edição da Queima do Alho, vimos muitas comitivas com um galo, representando essa tradição”, relatou ele.
Ao ser questionado sobre as perspectivas para as próximas edições, ele afirmou que haverá muita festa e ainda mais tradição. “Para 2026, queremos trazer mais comitivas para este encontro, para continuarmos resgatando as tradições e, ao mesmo tempo, trocando experiências, preservando assim o legado da nossa história”, destacou Sérgio Ribeiro.
A 4ª Cavalgada pela Vida e a Queima do Alho marcaram, oficialmente, o lançamento da 5ª edição do Rodeio Pela Vida.
O Hospital de Amor – referência em oncologia, que acolhe pacientes de todo o país – realizará, entre os dias 5 e 7 de junho, a 5ª edição do “Rodeio pela Vida”, na cidade de Barretos (SP). O evento, que acontece no Recinto Paulo de Lima Corrêa em prol do HA, contará com atrações musicais, rodeio em touro e cavalo (sela americana, bareback e cutiano), breakaway roping e Três Tambores.
Priorizando a qualidade do rodeio, a comissão organizadora firmou parceria com a ACR – Associação dos Campeões de Rodeio – para a seleção dos competidores do rodeio em touro, enquanto a ProHorse será a responsável pela organização do rodeio em cavalos. Nas provas cronometradas, a modalidade Três Tambores será em parceria com a ANTT – Associação Nacional dos Três Tambores.
Além das provas, o evento contará com o apoio de cantores parceiros da instituição. No primeiro dia, Murilo Huff fará o primeiro show da 5ª edição. Já no segundo dia, as apresentações ficarão por conta do grupo Traia Véia e da dupla Bruninho & Davi. Por fim, no último dia, para encerrar a festa com chave de ouro, Felipe Araújo finaliza as atrações musicais desta ação solidária. Acesse o site e compre seu ingresso.
“Você não é todo mundo”, “Leva o guarda-chuva, vai chover”, “Se eu for aí e achar…”. Provavelmente, você já ouviu algumas dessas frases ditas por sua mãe, não é mesmo? Existe um ditado que diz que mãe é tudo igual, só muda o endereço. Mas uma coisa é indiscutível: o amor de mãe é um dos mais bonitos que existe.
Nesta semana especial em que celebramos o Dia das Mães, convidamos você a conhecer Maria Aparecida Rosini, de 67 anos — que já carrega o nome de uma das mães mais conhecidas e amadas do mundo. Para os cristãos, Maria é mãe do salvador da humanidade, Jesus. Talvez ela seja uma das representações mais lindas de como o amor de mãe enfrenta desafios, desenvolve coragem inimaginável, se anula por um filho e, mesmo na dor, jamais abandona.
Em 2005, aos 11 anos, Edleine Rosini, filha de Maria Aparecida, era uma menina como tantas outras. Gostava de brincar e dançava balé com muita alegria, até que um salto diferente denunciou que algo estava errado. “Senti muita dor na perna. Minha mãe logo percebeu e decidiu me levar ao médico em Porto Ferreira (SP). Fui encaminhada para São Carlos, também no interior paulista, onde conheci o médico que me encaminhou ao Hospital de Amor, em Barretos”, relembra Edleine, hoje com 32 anos.
O diagnóstico foi avassalador: um sarcoma de Ewing (um tipo raro e agressivo de câncer ósseo). A partir dali, a vida da menina e de toda a família mudaria para sempre.
“Eu recebi o diagnóstico de um tumor maligno. No outro dia, já passei com a psicóloga, a querida Tia Lu. Algo que vejo de maneira positiva é que minha mãe nunca me escondeu nada. Mas, no fundo, eu sabia que era grave”, conta a educadora física e instrutora de pilates. A consciência da gravidade vinha mais do olhar de quem a amava do que das palavras. “Via minha irmã chorar, minha mãe, minha tia, então eu sabia que o câncer era grave, mas acho que nunca encarei como algo impossível.”
O que mais a marcou naquele período foi o cuidado da mãe: “Ela sempre me vestia de rosa. Eu era a ‘Pantera Cor-de-Rosa’ da pediatria, pois carregava comigo a pelúcia do personagem para todos os lados, além de ser conhecida como a ‘bailarina’ do hospital”, conta ela com um sorriso.
Para Maria Aparecida, o início foi um choque: “O médico começou a falar palavras que eu nunca tinha ouvido. Quando ele disse ‘tumor maligno’, eu desmaiei na hora. Mas ele me falou: ‘Sua filha tem chance porque você correu atrás rápido’. Quando eu desmaiei de novo, ele disse: ‘Como eu vou te levantar do chão assim, mãe?’”. Hoje, Maria consegue rir da situação, mas imagine o desespero de uma mãe ouvindo que sua filha de apenas 11 anos estava com um câncer maligno. Não foi nada fácil.
A partir daquele momento, Maria decidiu colocar sua filha nas mãos de Deus. E foi nesse ato de fé que encontrou força para continuar. “Recebi uma ligação da Déborinha (primeira enfermeira da Pediatria do HA), que chamo de meu anjinho. Aquilo me fortaleceu”, conta. Quando a pequena paciente soube do diagnóstico, disse à médica: “Eu sei que é um tumor, mas não sei o que é”. A psicóloga então a levou para conversar em sua sala. Maria lembra: “Queria que aquele dia nunca tivesse existido. A médica disse que o tratamento seria longo e doloroso, cerca de um ano. Foi quando eu declarei: ‘Minha filha está nas mãos de Deus’. E a gente começou a batalha na segunda-feira.”
As primeiras sessões de quimioterapia foram duríssimas. “Ela vomitou muito. Lembro que me ajoelhei no chão e falei: ‘Deus, está começando o sofrimento da minha filha, mas oro pela cura dela’”, conta Maria. A cada passo, a mãe estava ali. Firme, mesmo quando chorava escondida. “Enfrentei tudo de cabeça erguida, chorava bem longe da Edleine, pois não queria que ela visse minhas lágrimas”, relata Maria com os olhos marejados. No fundo, é algo que toda mãe faz. Muitas vezes, seu amor nem é visto, apenas sentido. Mas sempre está ali.
Para Edleine, apesar da dor, havia leveza. A menina “coloria” os corredores do hospital com seu jeito divertido e sua pantera rosa de pelúcia, presente do pai. Tudo com muito rosa, pois se a vida trazia tempestade, o amor trazia cor.
Por trás do sorriso, havia momentos de risco real. “Na primeira parte da primeira sessão, passei muito mal. Tive uma parada respiratória”, relata Edleine. Sua mãe completa, com a voz embargada: “Vi minha filha morrendo na cama. Segurei a mão dela, me ajoelhei no chão do quarto e disse a Deus: ‘Pai, o que posso prometer para que o Senhor a salve e deixe comigo?’”.
Naquele instante, uma voluntária da AVCC (Associação Voluntária de Combate ao Câncer), toda vestida de rosa, entrou no quarto. “Quando a vi, fiz um voto com Deus: ‘Senhor, se minha filha for poupada, serei voluntária enquanto tiver forças’.” Edleine saiu daquela situação e se recuperou. “A partir dali, eu tinha uma nova missão”, diz Maria.
Ela cumpriu seu voto: começou a atuar como voluntária em 2005, na AVCC em Barretos. Hoje, aos 67 anos, Maria ainda percorre cerca de 400 km (ida e volta), duas vezes por semana, ajudando pacientes. Ela também cooperou na fundação da Casa de Apoio de Porto Ferreira em Barretos.
Depois de longas sessões de quimioterapia, Edleine estava curada. O pesadelo iniciado com aquele salto no balé havia terminado. O sofrimento foi vencido com lágrimas, fé e muito amor.
Em 2023, um novo diagnóstico: câncer do colo do útero, causado pelo HPV. Após dificuldades para iniciar o tratamento, a fé novamente interveio. A irmã de Edleine encontrou Henrique Prata, presidente do Hospital de Amor, e explicou a situação. Ele reconheceu a “bailarina” de rosa, e o tratamento começou.
Edleine deu início ao seu tratamento no Hospital de Amor, onde ela recebeu pela segunda vez na vida a notícia de que não havia mais câncer em seu corpo.
Hoje, casada com Kelvin Souza, de 33 anos — o mesmo que, quando criança, a visitava e orava por ela — Edleine compartilha sua história nas redes sociais e ajuda outras mulheres a se prevenirem.
Em fevereiro deste ano, ela começou a sentir fortes dores. Os exames mostraram linfonodos aumentados e um novo diagnóstico: câncer de peritônio.
“Quando soube que minha filha estava com câncer pela terceira vez, eu sumi. Chorei muito, mas falei para Deus: ‘Senhor, entrego minha filha em suas mãos pela segunda vez’”, diz Maria, com lágrimas nos olhos, beijando a cabeça da filha, agora careca pelo tratamento.
Edleine hoje realiza sessões de quimio e imunoterapia em Ribeirão Preto, acompanhada pelo Hospital de Amor.
Ao ser questionada sobre quem é Maria, Edleine sorri e responde: “Ela é meu orgulho. Nunca desanima. Mesmo com dificuldades, está sempre alegre. É meu porto seguro. É meu amor.”
Essa mãe e filha seguem enfrentando a vida com fé, amor e gratidão. “Tudo o que vivi me fez mais forte”, diz Edleine.
Feliz Dia das Mães a todas as Marias que estão sempre ao lado de seus filhos, mostrando que onde há o verdadeiro amor, o medo é lançado fora!
Receber o diagnóstico de câncer é um duro golpe para quase todos os pacientes oncológicos, pois, normalmente, a doença traz consigo desafios com o seu tratamento, como a necessidade de realizar cirurgia, quimioterapia, radioterapia e outros fatores de acordo com o procedimento necessário.
Inevitavelmente, a situação obriga o paciente, bem como a sua família, a pausar ou mudar muitos sonhos planejados. Ocorre que esta mudança pode trazer um turbilhão de sentimentos, que, se não observados e cuidados, podem acarretar o desenvolvimento de uma depressão.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é considerado o país da América Latina com maior prevalência de depressão e o quinto país mais depressivo do mundo. É fato que a pandemia de COVID-19 foi responsável por aumentar os casos de depressão e ansiedade em mais de 25% em todo o mundo.
Para abordar sobre este tema tão delicado, a coordenadora do departamento de psicologia do Hospital de Amor, em Barretos (SP), Jennifer Koller, respondeu algumas perguntas. Confira abaixo:
1) O que é depressão?
R.: A depressão é um transtorno de humor que pode variar em intensidade, sendo classificada como leve, moderada ou grave. Sua causa exata não é completamente conhecida, mas acredita-se que seja resultado de uma combinação de fatores. Aspectos genéticos e ambientais desempenham um papel importante no desenvolvimento da doença. A hereditariedade, em particular, tem grande influência, embora seja menos significativa em casos de depressão que se manifestam na terceira idade. Além disso, mudanças nos níveis de neurotransmissores e desequilíbrios hormonais também estão frequentemente associados à doença. Fatores psicossociais, como separações, desemprego ou situações de vulnerabilidade social, também podem contribuir para o surgimento da depressão.
2) Quais são os malefícios que ela pode causar às pessoas?
R.: A depressão pode ser extremamente incapacitante, prejudicando vários aspectos da vida de uma pessoa. Ela pode afetar negativamente tanto a saúde mental, física e social, além de reduzir a qualidade de vida. Em casos graves, a depressão pode levar ao suicídio.
3) Depressão pode causar câncer?
R.: Embora a depressão seja uma condição séria que afeta a saúde mental, não há evidências científicas que provem que ela cause câncer. O câncer se desenvolve devido às mutações celulares que permitem o crescimento descontrolado de tumores, um processo que não está relacionado diretamente à depressão. Assim, não existe nenhuma correlação evidenciada dessas duas doenças.
4) Como o câncer pode levar o paciente oncológico à depressão?
R.: O diagnóstico de câncer traz uma série de desafios, como o impacto psicológico do tratamento, as mudanças na qualidade de vida e o estigma da doença. Esses fatores podem, em algumas pessoas, desencadear ou agravar os sintomas da depressão. A prevalência de depressão em pacientes com câncer pode variar, dependendo do tipo e estágio da doença, além de condições de saúde preexistentes e do contexto social e cultural do paciente.
5) Qual é a prevalência da depressão em pacientes oncológicos?
R.: Ansiedade e depressão são transtornos mais recorrentes em pacientes com câncer. Por um lado, é importante destacar que nem todos os pacientes com câncer apresentam depressão, pois inferir isso de maneira generalizada pode reforçar estigmas que não contribuem para o enfrentamento funcional oncológico ou em saúde mental. Por outro lado, o risco de o paciente oncológico desenvolver esse transtorno é duas a quatro vezes maior em comparação com a população geral – a incidência é alta e por vezes subdiagnosticada. Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde realizem uma avaliação contínua da saúde mental durante o tratamento oncológico.
6) Quais são os sintomas da depressão?
R.: De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), a depressão é caracterizada por sintomas persistentes por, pelo menos, duas semanas. Pelo menos cinco dos seguintes sintomas devem estar presentes: tristeza profunda ou irritabilidade, perda de interesse ou prazer em atividades, alterações no apetite ou no sono, fadiga, sentimento de culpa ou inutilidade, dificuldade de concentração, pensamentos suicidas ou morte, além de nervosismo e ansiedade.
7) Como a família pode ajudar a identificar a doença?
R.: A família tem um papel essencial no cuidado de pessoas com depressão, tanto no diagnóstico quanto no tratamento. Deve-se atentar as mudanças no comportamento e/ou reações emocionais incomuns do indivíduo e persistentes. A família pode oferecer escuta, apoio sem julgamento e encorajar a busca por ajuda profissional. É importante evitar minimizar o sofrimento da pessoa e manter um diálogo aberto sobre seus sentimentos, além de participar do tratamento. Também é importante que o familiar ou cuidador se inclua nestes cuidados, se preciso, com suporte de um profissional.
8) Como a depressão pode piorar o tratamento oncológico?
R.: Estudos demonstram que a depressão pode prejudicar a adesão ao tratamento do câncer e levar a um pior prognóstico, especialmente se não tratada adequadamente com devido suporte profissional. O impacto da depressão não se limita aos aspectos emocionais, mas também afeta o bem-estar físico e social do paciente. Além disso, é importante distinguir a depressão de reações emocionais esperadas, como a fase de ajustamento e assimilação ao adoecimento, os ajustamentos de papéis familiares, o luto antecipatório, que podem ocorrer durante o tratamento.
9) Quais conselhos você daria para o paciente/familiar que identificar os sinais de início depressão?
R.: Oscilações de humor são consideradas normais na experiência humana, porém, quando percebemos a persistência dessas alterações e se estão causando prejuízos, tanto emocionais quanto comportamentais, devemos abordar o paciente a buscar ajuda profissional para uma avaliação completa. O Hospital de Amor tem portas abertas para o paciente ou familiar procurar a assistência do profissional da saúde mental.
10) Caso a doença não seja diagnosticada/tratada, quais os riscos os pacientes sofrem?
R.: Quando não tratada adequadamente, a depressão pode afetar negativamente a qualidade de vida do paciente, o que por si só justifica a identificação e o tratamento ativo desse transtorno em indivíduos com câncer. Se não avaliada e tratada corretamente, a depressão pode ter seus sintomas agravados, piorar a funcionalidade do paciente e trazer grande sofrimento, intensificar o isolamento social, causar prejuízos de memória ou cognição, podendo gerar dificuldades no enfrentamento da doença e até o risco de suicídio.
11) Normalmente, qual faixa etária/gênero mais sofrem com a doença?
R.: A depressão pode afetar pessoas de todas as idades, embora seja mais comum em indivíduos entre 20 e 40 anos. No entanto, também é observada uma maior prevalência entre os idosos. As mulheres têm risco maior de desenvolver a depressão, por possíveis fatores como maior exposição a estresses cotidianos, sobrecarga e taxas mais altas de disfunções hormonais.
12) Existe alguma dificuldade para realizar/aceitar o tratamento? Caso sim, quais?
R.: Muitas pessoas ainda apresentam resistência em procurar ajuda para problemas de saúde mental devido à falta de informações adequadas ou crenças equivocadas sobre doenças mentais. Por isso, é importante que os oncologistas incluam a triagem de depressão como parte da rotina de cuidados durante o tratamento de câncer.
13) Criança tem depressão?
R.: Sim, crianças e adolescentes também podem desenvolver depressão. Fatores genéticos e ambientais desempenham um papel importante nesse processo. Os sintomas podem ser confundidos com comportamentos típicos da infância, como malcriação ou agressividade, mas também podem se manifestar em sintomas físicos, como dores de cabeça ou fadiga, irritabilidade, perda de apetite, distúrbio do sono e queda no desempenho escolar.
14) Qual é a diferença da depressão da criança/adolescente/adulto e idoso? Existe? Quais são?
R.: Na infância e adolescência, os sintomas de depressão geralmente se manifestam em mudanças de comportamento. Nos adultos, a falta de prazer em atividades e a alteração do humor são mais experimentados na depressão. Já nos idosos, os sintomas físicos, como tontura, perda de apetite e problemas cognitivos, como dificuldades de memória e atenção, são frequentemente mais notáveis.
15) Como o Hospital de Amor apoia/trata o paciente que está com depressão?
R.: O Hospital de Amor oferece acompanhamento especializado em saúde mental, com uma equipe que inclui psicólogos e duas médicas psiquiatras que fazem assistência nas unidades Antenor Duarte Villela (unidade adulta), Hospital São Judas Tadeu (unidade de cuidados paliativos e atenção ao idoso) e Hospital Infantojuvenil (unidade que oferece tratamento para crianças e adolescentes), em Barretos (SP). O diagnóstico e tratamento da depressão fazem parte do cuidado integral ao paciente oncológico, e a equipe médica de referência deve estar preparada para realizar a avaliação adequada e encaminhar o paciente para o suporte necessário.
Caso você seja paciente ou acompanhante e esteja percebendo algum sinal relacionado à depressão, converse com o seu médico e busque ajuda profissional. Cuidar da saúde é fundamental durante a jornada do tratamento oncológico.
“Perder um membro não é perder seu valor, é apenas trocar uma parte do seu corpo por uma nova chance de continuar”, declara Gabriele Cecília dos Santos, 14 anos, paciente do Hospital de Amor Infantojuvenil.
Com esse depoimento, iniciamos este texto para falar sobre o mês de abril, considerado o “Mês da Conscientização da Amputação”, cujo objetivo é alertar a população sobre a prevenção e o tratamento da condição, além de promover a inclusão e o respeito às pessoas amputadas. Gabi, como é carinhosamente chamada, precisou amputar a perna esquerda após a descoberta de um osteossarcoma.
Aos 12 anos, enquanto jogava futebol na escola, Gabi machucou o joelho. Com o passar dos dias, o inchaço aumentava. Começou a investigar o problema em Araçatuba (SP), sua cidade natal, onde recebeu o diagnóstico de osteossarcoma. “Naquele momento em que descobri que estava com câncer, chorei e me senti muito angustiada. Mas, a partir do momento em que entendi que nada se resolveria chorando, criei forças para tudo que estava por vir”, conta Gabi.
Há um ano e meio, a jovem realiza tratamento no Hospital de Amor Infantojuvenil, em Barretos (SP), e passou por uma cirurgia de amputação transfemoral – acima do joelho – que preserva a musculatura e protege o osso, proporcionando melhor sustentação da prótese.
Os tumores mais associados à necessidade de amputação são os sarcomas ósseos, especialmente o osteossarcoma, como no caso de Gabi, e o sarcoma de Ewing, que estão entre os mais prevalentes em crianças e adolescentes, conforme explica o coordenador do Departamento de Ortopedia do HA e ortopedista oncológico, Dr. Silvio Sargentini.
“Sem dúvidas, os tumores musculoesqueléticos são responsáveis por grande parte das amputações em crianças e adolescentes. Porém, o trauma – como acidentes de trânsito, queimaduras, choques elétricos, entre outros – ainda é a principal causa geral de amputações nessa faixa etária no Brasil”, afirma o médico. “Eu sei que câncer e amputação parecem palavras que arrancam partes da gente — e às vezes, elas arrancam mesmo: corpo, rotina, certezas… tudo balança. Mas o que elas nunca vão tirar é quem você é de verdade: sua força, sua luz, sua vontade de viver. Antes de me falarem que eu teria que amputar, Deus me visitou em sonhos, pegou em minhas mãos, me levou a cada canto do hospital para me mostrar que eu podia confiar nele. Isso me fez sentir forte e confiante de que tudo daria certo”, relata Gabi.
Reabilitação
Após 14 dias de cirurgia, Gabi recebeu a liberação para realizar a reabilitação no Centro Especializado em Reabilitação do Hospital de Amor. Após uma avaliação médica, foi estabelecido o plano terapêutico, que incluiu a fisioterapia como explica a fisioterapeuta do HA Infantojuvenil, Deiseane Bonatelli.
“Quando a Gabi iniciou a reabilitação, fizemos uma avaliação e traçamos um plano terapêutico pré-protetização. O foco nessa etapa do tratamento foi ganho de força, preparação do coto com enfaixamento e treino de marcha com muletas. Gabi respondeu muito bem a essa parte da reabilitação e foi encaminhada para a protetização”, explica a fisioterapeuta do HA Infantojuvenil.
Uma nova rotina, um novo método de vida, Gabi precisou se adaptar a nova condição, e a reabilitação, que no começo parecia “sem sentido”, como ela mesmo disse durante a entrevista, teve um papel fundamental para que ela atingisse o seu objetivo final: a protetização. “A reabilitação, no começo parecia uma sequência de exercícios sem sentido, mas com o tempo eu percebi que cada gota de suor era uma motivação para eu poder continuar, e colocar a prótese pela primeira vez foi uma sensação completamente inesquecível. Todas as inseguranças que eu tive eu perdi naquele momento, mas com tudo isso foi bom perceber que com a perna de metal eu continuava 100% sendo eu”, conta Gabi.
Após a protetização veio uma nova etapa na reabilitação. Gabi passou a treinar a marcha com e sem apoio, treino de equilíbrio com a prótese e treino de escada, até conseguir andar sozinha, sem o auxílio de muleta.
Osteosarcoma
Quando falamos de câncer infantojuvenil, estamos falando de uma doença rara. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em média, são registrados 300 mil novos casos ao ano de câncer infantojuvenil ao redor do mundo, sendo que 90% destes vivem em países de baixa e média renda (PBMR).
Segundo o INCA, no Brasil, são diagnosticados cerca de 8 mil casos de câncer ao ano. Ou seja, durante todos os dias do ano, a cada hora, uma criança ou adolescente é diagnosticado. Parece alarmante, no entanto, a incidência do câncer de 0-19 anos corresponde a apenas 3% do total de casos de câncer.
O Hospital de Amor Infantojuvenil diagnostica cerca de, 300 novos casos ao ano, em crianças e adolescentes. Nos últimos cinco anos, o HA Infantojuvenil diagnosticou, aproximadamente, 104 casos de osteosarcoma em crianças e adolescentes. “O osteossarcoma é um tipo de câncer ósseo primário que se origina nas células ósseas chamadas osteoblastos. É um tumor maligno que pode se desenvolver em qualquer osso do corpo, mas é mais comum nos ossos longos, como o fêmur e a tíbia, e é uma doença que acomete predominantemente pacientes na segunda etapa da vida, ou seja, entre 10 e 20 anos de idade”, explica a oncologista pediátrica do HA Infantojuvenil, Dra. Erica Boldrini.
Os principais sintomas para esse tipo de tumor são:
– Dor óssea: dor persistente e intensa em um osso específico, que pode piorar à noite ou com atividade física;
– Inchaço: inchaço ou edema na área afetada, que pode ser acompanhado de vermelhidão e calor;
– Limitação de movimento: dificuldade em mover a articulação ou o membro afetado devido à dor ou ao inchaço e
– Fratura: fratura óssea sem causa aparente ou com trauma mínimo.
Se esses sintomas são comuns em adolescentes, é importante fazer um acompanhamento médico, como explica Dra. Erica. “Se um adolescente apresentar algum desses sintomas, é fundamental procurar avaliação médica para determinar a causa subjacente. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem melhorar significativamente as chances de cura e reduzir a morbidade associada ao osteossarcoma”, declara a oncologista pediátrica.
Os principais tratamentos para o osteosarcoma são a cirurgia, onde é realizada a remoção do tumor e do tecido ósseo afetado e quimioterapia, o uso de medicamentos para matar células cancerígenas. “A cirurgia de amputação é indicada quando não há possibilidade de manter o membro acometido pelo tumor ósseo após sua ressecção completa. Em outras palavras, quando preservar o membro significaria deixar para trás parte do tumor ou não atingir margens cirúrgicas seguras — o que comprometeria a chance de cura e diminuiria as taxas de sobrevida do paciente”, explica o médico ortopedista, Dr. Silvio Sargentini.
Como Gabi disse durante a entrevista, “o conselho que eu posso dar para quem está passando por esse processo de amputação é: não tenha medo de se reinventar, a amputação não é o fim”.
Oficina Ortopédica
O Hospital de Amor vai muito além do tratamento oncológico! A instituição foi pioneira em oferecer reabilitação física, mental, intelectual, auditiva e visual, promover qualidade de vida e autonomia para os pacientes.
Além das unidades de Reabilitação, em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO), o HA também conta com três unidades nessas localidades da Oficina Ortopédica, que é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pelo câncer e seu tratamento.
Em 2024, foram confeccionados e dispensados 3.861 dispositivos (órteses e próteses), somando os números nas três unidades: 1.616 dispensados pela unidade de Araguaína (TO), 1.765 dispositivos dispensados pela unidade de Barretos (SP) e 480 dispensados pela unidade de Porto Velho (RO).
As Oficinas Ortopédicas do HA, contam com vários diferenciais, principalmente com a utilização da tecnologia, como explica o coordenador das Oficinas Ortopédicas do HA, Alysson Alvim Campos. “Nós continuamos investindo muito em tecnologias que melhoram muito a manufatura da confecção das próteses. Podemos destacar o nosso robô, que por meio do sistema de digitalização do coto e usinagem robótica, a gente consegue uma maior velocidade na confecção da prótese, através de softwares, que fazem essa confecção, uma modelagem digital, em vez do técnico fazer no molde de gesso, ele faz com o computador, tornando o processo mais rápido e preciso”, explica Alysson.
Mas um fator que é o principal diferencial e que está enraizado no Hospital de Amor, é a humanização. “Eu, que venho de outras instituições, trabalhei em outros lugares, o que eu vejo nos profissionais do HA e das nossas Oficinas Ortopédicas, é diferente. Realmente, não dá para trabalhar nessa instituição se você não está alinhado com o propósito do HA. O que eu percebo com os profissionais, principalmente os das Oficinas Ortopédicas, que estão alinhados com o propósito de fazer essa assistência integral ao paciente. Eu vejo que a dedicação dos colaboradores no sentido de fazer um algo a mais para os pacientes, no que ele pode fazer a mais para contribuir com o paciente”, destaca Alysson.
Em julho de 2023, o Hospital de Amor deu início a um projeto promissor que tinha como ideia principal fazer uso da tecnologia para levar prevenção e diagnóstico precoce do câncer de pele – incluindo o melanoma – para o maior número de pessoas, de forma simples e rápida. Menos de dois anos após o seu início, o ‘Projeto Retrate’ apresenta resultados positivos: identificou cerca de 200 cânceres de pele, sendo 12 deles do tipo melanoma, que apesar de ser menos comum, merece atenção, pois é considerado um tipo mais grave da doença, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (que é disseminação do câncer para outros órgãos) e alto índice de mortalidade quando diagnosticado tardiamente.
Com fomento do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica – PRONON, implantado pelo Ministério da Saúde para incentivar ações e serviços desenvolvidos por entidades, associações e fundações privadas sem fins lucrativos no campo da oncologia, em sua primeira etapa, o projeto instalou, em Barretos (SP), uma cabine fotográfica de autoatendimento, que ficou disponível para a população em tempo integral, de forma 100% gratuita e em local de grande circulação. Além disponibilizar um aplicativo para dispositivos móveis, também de forma gratuita, que possibilita acesso de onde o paciente estiver, com mais privacidade.
Segundo a doutora em Oncologia e uma das pesquisadoras do ‘Projeto Retrate’, a iniciativa representa um avanço concreto para o SUS ao ampliar o acesso da população a consultas especializadas em dermatologia, com agilidade no diagnóstico e início rápido do tratamento. “Iniciativas como essa mostram como a tecnologia e a inovação podem ser aliadas para garantir atendimento de qualidade, especialmente para quem mais precisa. No câncer de pele, em especial para o melanoma, o tempo é decisivo, e oferecer esse cuidado de forma acessível e eficiente pode significar salvar vidas”, ressalta.
Segundo o Ministério da Saúde, em todo o Brasil foram registrados 28.354 atendimentos relacionados ao câncer de pele do tipo melanoma entre janeiro de 2023 e julho de 2024. O mesmo período registrou mais de 110 mil atendimentos relacionados ao câncer de pele não melanoma, o tipo mais comum de câncer no mundo.
A cabine
A cabine, atualmente instalada no North Shopping Barretos, é composta por diferentes experiências de usuário diferentes, que incluem também levar conhecimento e conscientização de forma autônoma para quem passa pelo local. O lado A tem como objetivo educar a população sobre câncer de pele, fatores de risco, prevenção e como identificá-lo por meio de atividades lúdicas e explicativas com vídeos lúdicos em linguagem de fácil compreensão. O lado B permite que as pessoas usem uma câmera UV para ver como protetor solar funciona e por que é importante, fornecendo amostra de filtro solar e gerando fotos de antes e depois do uso. Na frente, há uma estação com telas sensíveis ao toque e uma câmera de alta resolução onde as pessoas podem preencher um formulário de inscrição, assinar um termo de consentimento informado, responder algumas perguntas e enviar fotos das lesões de pele para serem avaliadas por teledermatologia no Hospital de Amor.
O ‘Projeto Retrate’ conquistou o Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica 2023, na categoria Tecnologias Diagnósticas. Este reconhecimento destaca a contribuição significativa do projeto para o diagnóstico precoce do câncer de pele.
Um trabalho que salva vidas!
Um dos beneficiados pelo projeto do HA, que une pesquisa, inovação e prevenção, é o pequeno Arthur Dourado, de 8 anos. Segundo sua mãe, Juçara Dourado, 44 anos, funcionária pública, de Colina (SP), em julho de 2024, quando ambos estavam realizando um passeio no shopping, em Barretos, ela viu uma oportunidade de sanar uma dúvida que ela estava, pois havia surgido uma pinta que crescia de maneira desproporcional em seu filho.
Juçara tirou uma foto da mancha e enviou via cabine. Após receber o conteúdo, a equipe responsável do Hospital convocou o garoto para exames detalhados, que apontaram o diagnóstico de câncer de pele tipo melanoma, que foi removido um mês depois. “O tratamento, a agilidade em todos os procedimentos me surpreenderam, foram muito rápidos e muito atenciosos com meu filho, e por esse motivo, graças a Deus meu filho está bem. A equipe do hospital que pegou o caso foi fantástica e só tenho a agradecer a Deus por estar no shopping no dia e hora certa, pois caso contrário as coisas não fluiriam tão bem”, conta Juçara.
Prevenção e acesso
A fim de ampliar sua cobertura, o ‘Retrate’ incluiu em suas atividades o oferecimento de capacitações para todos os profissionais de saúde da atenção básica de Barretos (SP), que lidam de forma rotineira com a população. Hoje, as 18 UBS de Barretos contam com profissionais capacitados e equipamentos para realização de exames dermatológicos e envio de fotos de lesões de pele suspeitas para a instituição.
O HA oferece, ainda, a capacitação para profissionais que atuam na área da estética e cuidado corporal do município, entre esteticistas, manicures, podólogos, cabelereiros e tatuadores. Até o momento, cerca de 145 profissionais já foram treinados.
Além dessas abordagens, estão inclusas no escopo a realização de campanhas de busca ativa direcionadas para populações de risco, como comunidades rurais e trabalhadores expostos ao sol da região.
O cirurgião oncológico do HA e pesquisador principal do projeto, Dr. Vinicius de Lima Vazquez, destaca que a importância primordial do projeto está na educação e no acesso. “Desenvolvemos uma estrutura de ação que nos permite educar a população sobre hábitos saudáveis em relação à exposição solar, além de ensinarmos sobre os sinais e sintomas do câncer de pele, em especial o melanoma. Tudo isso de forma leve e sem a necessidade de deslocamento até uma unidade de saúde especializada, em um primeiro momento”.
Recentemente, a cantora Preta Gil assustou seus fãs devido as suas internações causadas por causa do seu tratamento de câncer colorretal. O caso de Preta se assemelha a diversas pessoas abaixo de 50 anos que receberam o diagnóstico da doença, cada vez mais comum no mundo. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que entre 2023 e 2025, serão diagnosticados 45.630 novos casos de câncer colorretal.
Segundo a médica endoscopista do Hospital de Amor Lagarto, Dra. Kelly Menezio Giardina, “o câncer do intestino se refere às neoplasias (cânceres) que ocorrem no intestino grosso (o cólon) e o reto. A profissional explica que, inicialmente, câncer se refere a uma célula que tem um crescimento (e multiplicação) desordenada, e sem fatores de contenção. Dividindo-se rapidamente, estas células agrupam-se formando tumores, que invadem tecidos e órgãos vizinhos, até distantes da origem do tumor (metástases). Pode acontecer em qualquer órgão do corpo humano. É tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente (quando ainda não se espalhou para outros órgãos).
Câncer colorretal: um mal que vem crescendo
Dados da Globocan, de 2022, revelam que a Ásia (531 mil novos casos) foi o primeiro continente em estimativas de novos casos de câncer colorretal, seguido da Europa, a seguir América do Norte e, enfim, América Latina (96 mil novos casos). O Brasil foi responsável por 41.000 novos casos para o mesmo ano. A maioria dos casos de câncer são diagnosticados em fase avançada, quando o índice de cura é mais baixo. Em estados mais carentes, a doença é diagnosticada quando os sintomas são de obstrução de cólon ou por sintomas das metástases, ou seja, com a possibilidade de cura mais ainda reduzida.
Dra. Kelly reforça que é importante saber que, em estágios iniciais, a doença pode ser silenciosa e assintomática. Os primeiros sintomas, que já não são mais precoces, são alterações recorrentes no hábito intestinal, fraqueza e perda de peso sem causa aparente. Mudança no hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre), desconforto abdominal com gases ou cólicas, sangramento nas fezes, sangramento anal e sensação de que o intestino não se esvaziou após a evacuação, são importantes sinais de alerta.
Segundo a médica, este tipo de câncer é um dos principais tumores que existe realmente prevenção. “Prevenir é diagnosticar uma lesão que ainda não é câncer, e tratá-la (ressecar) antes que se desenvolva em câncer avançado. Isso significa fazer diagnóstico precoce”. Kelly reforça que o diagnóstico precoce é um dos maiores aliados, não só contra o câncer colorretal, mas contra muitas outras doenças.
Pessoas entre 45 e 75 anos (sem outros fatores de risco) devem realizar anualmente o exame de Pesquisa Imunológica de Sangue Oculto nas Fezes (FIT) e, a cada 10 anos, a colonoscopia. “Já quem tem histórico familiar de câncer colorretal ou polipose adenomatosa deve ser acompanhado em rastreamento sistemático, por colonoscopia,10 anos antes da idade na qual foi acometido o familiar”, diz a especialista.
Maus hábitos e a genética podem ser fatores de risco
De acordo com a especialista, a incidência do câncer colorretal está relacionada ao índice de desenvolvimento humano (IDH) mais alto como o de países da Europa, América do Norte, Nova Zelândia, onde é observado que o comportamento, como sedentarismo, obesidade, consumo regular de álcool, tabaco e baixo consumo de fibras, frutas, vegetais e carnes magras, aumentam o risco e exposição a fatores oncogênicos (fatores que desenvolvem o câncer). “No Brasil, temos diferentes índices (IDH) e quanto mais baixos, como da região Norte (Acre, Amapá, Roraima), essa doença cai para a quarta posição. Outros fatores de risco estão associados às condições genéticas ou hereditárias, como doença inflamatória intestinal crônica, histórico pessoal ou familiar de adenoma ou câncer colorretal, e ocupacionais, como exposição a radiações.
Uma doença que vem ganhando ‘holofotes’
“Estamos vendo um claro aumento do câncer colorretal em pessoas mais jovens. Assim como a ocidentalização dos hábitos alimentares e estilos de vida têm exposto homens e mulheres a fatores carcinogênicos (que desenvolvem câncer)”, explica a médica. Embora o câncer colorretal ainda seja mais comum em pessoas com 60 anos ou mais, o câncer é mais agressivo em pessoas mais jovens. Por isso, segundo Dra. Kelly, os protocolos americanos (e é uma tendência mundial) recomendam que exames de prevenção (colonoscopia) sejam realizados a partir dos 45 anos.
Hospital de Amor é pioneiro no rastreamento
Para Kelly, “Barretos é pioneiro em pesquisas sobre câncer e estudos realizados que mostram que a incidência e mortalidade em Barretos e no interior de São Paulo, está aumentando, em especial, câncer colorretal e de mama, bastante relacionados a estilo de vida (obesidade, tabagismo e sedentarismo).
Ela diz que os estudos do HA tentam apontar quais são só fatores mais próximos à nossa população, que seriam indicativos de riscos aumentados a desenvolver esse câncer, e como é possível identificar precocemente (rastrear), por meio de exames clínicos pouco invasivos (detecção de fatores encontrados nas fezes), indicando a necessidades desses pacientes de serem submetidos a exames mais invasivos, como a colonoscopia. “Dentre exames mais invasivos, o hospital oferece uma rede complexa e ampla deles, assim como de tratamento, tanto por meio de procedimentos minimamente invasivos como até de cirurgias robóticas, para tratar a doença já instalada”, finaliza Kelly.
Para o médico cirurgião e diretor científico do IRCAD América Latina, Dr. Luís Gustavo Romagnolo, quando uma pessoa famosa divulga o diagnóstico de câncer por meio das redes sociais, o fato é muito noticiado, o que contribui para divulgar mais sobre a importância da prevenção. “Interessante destacar que os principais motivos que nos levam a ter esse tipo de câncer, seriam hábitos alimentares errados”, reforçou.
Tratamento e uso da bolsa de colostomia
Segundo Romagnolo, o Hospital de Amor se destaca por oferecer todos os possíveis tratamentos para este tipo de câncer, desde radioterapia, quimioterapia e cirurgia. “No caso de radioterapia, é utilizado aparelhos que tratam especificamente o local da doença com planejamento específico; na quimioterapia, temos a possibilidade de várias linhas de tratamento, até imunoterapia. Já na cirurgia, desde tratamentos convencionais, mas na grande maioria (no caso, 85%), com técnicas minimamente invasivas, incluído a plataforma robótica com mais de 300 casos operados por ano. E com isso, temos uma recuperação mais rápida e retorno das atividades mais precoces dos pacientes.” diz o especialista.
No caso da necessidade de remoção de parte do intestino devido à doença, alguns pacientes precisam utilizar a bolsa de colostomia. Dr. Romagnolo explica que “a bolsa é uma parte do intestino – que pode ser o intestino grosso (colostomia) ou o intestino delgado (ileostomia) – que em alguns casos é necessária para realizar um desvio do trânsito intestinal e ela fica acoplada, ou melhor, fixada na pele do abdome. Assim, as fezes saem através dele e o paciente utiliza uma bolsa coletora colada. Como se fosse um cano que fica exposto e tem uma bolsa coletora colada para reservar o material”.
“Todo paciente que for realizar um procedimento que envolve o colón ou o reto deve ser orientado sobre a possibilidade de usar a bolsa de colostomia, entretanto, têm aqueles casos em que o paciente necessariamente precisa dessa indicação. Deve-se conversar muito com o cirurgião sobre a indicação precisa”, diz Dr. Luís, que esclarece que a bolsa pode ser utilizada em casos de urgências em que envolve lesão no intestino, como traumas, perfurações, infeções etc.
Romagnolo revela que há casos em que depois da confecção da bolsa não é mais possível realizar a junção do intestino, ou porque o paciente não tem condições clínicas de um novo procedimento – porque qualquer procedimento tem seus riscos – ou também pelo fato de não ter mais condições de junção devido ao fato de não existir mais aquele tecido de junção que foi retirado. “Nos casos em que tem que ser realizado a amputação do ânus, não é possível realizar a reconstrução, e nesses casos a bolsa é definitiva”, diz o médico cirurgião.
Cuidados com a bolsa
Os riscos de ter a bolsa são os de cuidados pós-operatórios, como a necessidade de realizar limpeza e manter a higiene, em casos de ileostomia, desidratação e dermatite na pele, segundo o Dr. Luís. “Nos casos dos benefícios, são aqueles em que o paciente necessita ter colocada a bolsa na obstrução intestinal e, nesses casos, a confecção da bolsa salva a vida do paciente. Os cuidados que os pacientes precisam ter são os básicos de higiene, limpeza e acoplamento da bolsa para evitar dermatite”, diz Dr. Luís, que explica que atualmente existem vários tipos de bolsa para cada tipo de abdome.
Segundo o Dr. Luís, existem muitas pesquisas e inovações sendo realizadas, desde novos medicamentos, como a imunoterapia, como também o uso das plataformas robóticas para o tratamento. “O Hospital de Amor está sempre em busca de novos tratamentos com o intuito de dar o melhor aos seus pacientes”, finaliza.
Já imaginou ter que andar sobre uma ponte instável rodeada por água e manter o equilíbrio e a concentração para não cair? Ou poder visitar uma cidade ou país que deseja conhecer e andar pelas ruas sem sair do seu local de origem? Escalar o Everest por meio de uma tela?
Essa é a evolução da gamificação, que teve início na década de 1940, quando os cientistas Alan Turing e Thomas T. Goldsmith Jr. começaram a imaginar uma forma de entretenimento eletrônico para os computadores da época, utilizados para cálculos científicos. Outro visionário, o físico William Higinbotham, criou em 1958 o primeiro jogo eletrônico interativo, chamado “Tennis for Two”, em que dois jogadores podiam controlar a trajetória da bola e competir entre si em um jogo de tênis simplificado.
Mas você deve estar se perguntando: “O que videogames e games digitais, que surgiram no século passado, têm a ver com saúde?” A resposta é simples: os videogames e suas evoluções tornaram-se mais do que produtos de entretenimento. Eles passaram a integrar terapias que auxiliam no tratamento de diversas doenças, como o câncer.
Com o avanço tecnológico, o surgimento da inteligência artificial, da realidade virtual e de outras inovações agregaram muito à saúde — especialmente na reabilitação de pacientes. “Se a gente parar para pensar, a reabilitação vem passando por grandes transformações, e a tecnologia tem contribuído significativamente para melhorar a qualidade do atendimento e a atuação do terapeuta. O interessante dessas novas tecnologias é que elas fornecem parâmetros objetivos ao profissional — algo que, na reabilitação, muitas vezes, é subjetivo. Por meio da gamificação, IA e realidade virtual, é possível mensurar os resultados e proporcionar uma terapia mais eficaz e interativa ao paciente”, explica o fisiatra e coordenador médico do Centro Especializado em Reabilitação do Hospital de Amor, em Barretos (SP), Dr. Henrique Buosi.
Do obstáculo com pedras no chão à bexiga projetada na parede…
AMADEO, ARMEO, C-MILL e NIRVANA são dispositivos utilizados na reabilitação de pacientes oncológicos e não oncológicos nas unidades de Reabilitação do Hospital de Amor. Cada aparelho tem uma função específica, mas todos têm algo em comum: a gamificação! Esses dispositivos utilizam a gameterapia na reabilitação dos pacientes.
Um dos dispositivos que faz sucesso entre os pacientes do HA é o C-MILL, uma ferramenta que fornece avaliação objetiva e detalhada do equilíbrio e da marcha dos pacientes. Equipado com placa de força, realidade aumentada e realidade virtual, ele torna o processo de reabilitação mais eficiente.
Durante a sessão, o paciente interage com um game indicado para sua fase de tratamento. A partir dessa interação, é possível analisar diversos parâmetros, como explica o fisioterapeuta e coordenador da equipe multiprofissional do Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP), Thiago Felício.
“O C-MILL é uma esteira interativa, cuja base é uma plataforma de força. Com ela, trabalhamos a marcha por meio de jogos que aparecem tanto na tela quanto na esteira. Cada passo do paciente é registrado, e, conforme ele supera os obstáculos do jogo, recebe feedbacks positivos ou negativos. O C-MILL permite trabalhar diversas áreas. No setor de fisioterapia, é usado para melhorar a marcha, o equilíbrio (estático e dinâmico), a descarga de peso nos membros — especialmente em casos em que os pacientes não conseguem distribuir o peso igualmente entre as pernas —, além de treinar a coordenação motora.”
Outro dispositivo bastante popular, especialmente entre as crianças, é o NIRVANA, que auxilia na reabilitação motora e cognitiva de pacientes que perderam funções em decorrência do tratamento oncológico, ou que foram diagnosticados com TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade), dislexia e deficiência intelectual.
Além disso, o NIRVANA proporciona uma experiência imersiva ao usuário, criando ambientes realistas que o ajudam a trabalhar coordenação motora, equilíbrio, destreza manual, amplitude de movimento, estímulo cognitivo e visão subnormal.
O NIRVANA é um dos recursos utilizados pelos terapeutas, que complementam a reabilitação com outras atividades lúdicas, explica Juliane Vilela Muniz, fonoaudióloga do Centro Especializado em Reabilitação do HA, em Barretos (SP). “Utilizamos diversos materiais pedagógicos e robóticos para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Inicialmente, fazemos uso do NIRVANA, e, à medida que o paciente evolui, avançamos para a ‘casa de atividades da vida prática’, onde realizamos tarefas com recursos reais, como cozinhar ou lavar roupa, encerrando assim o ciclo até a alta do setor.”
Um mundo virtual por meio dos olhos
Uma experiência imersiva, interativa e tridimensional, que simula ambientes e obstáculos virtuais, melhora o humor, a disposição, mantém a capacidade física e reduz a ansiedade — tudo isso com o auxílio de óculos de realidade virtual. Essa é uma das terapias utilizadas no HA.
Pacientes que passam por transplante de medula óssea frequentemente enfrentam longos períodos de internação, tornando a reabilitação mais desafiadora. Levar leveza a esse momento é essencial, como explica Simara Cristina Pereira Silva, fisioterapeuta do setor de Transplante de Medula Óssea da unidade adulta do Hospital de Amor, em Barretos (SP).
“Quando o paciente apresenta baixa adesão à fisioterapia e à terapia ocupacional devida à internação prolongada, ou possui quadro de pancitopenia persistente (anemia e baixa de plaquetas), com contraindicação à reabilitação convencional, utilizamos os óculos de realidade virtual. O paciente é imerso em um ambiente virtual que associa dupla tarefa, promovendo uma reabilitação mais dinâmica e aliviando a rotina hospitalar.”
Há pouco mais de um ano, a equipe de fisioterapia e terapia ocupacional do TMO da unidade adulta do HA sentiu a necessidade de inovar o atendimento. Desde então, mais de 30 pacientes utilizaram os óculos de realidade virtual. Com a ferramenta, é possível analisar critérios como a escala de fadiga, permitindo que a equipe multidisciplinar ajuste as atividades e, se necessário, aumente o nível na próxima sessão com os óculos VR.
Realidade virtual no tratamento do câncer infantojuvenil
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa de novos casos de câncer infantojuvenil no Brasil, para cada ano do triênio 2023–2025, é de 7.930 casos. O Hospital de Amor Infantojuvenil diagnostica, aproximadamente, 300 novos casos por ano.
Oferecer tratamento humanizado e de qualidade é rotina no Hospital de Amor, principalmente porque é comum o aumento da ansiedade antes e durante procedimentos médicos — especialmente em crianças e adolescentes. Para proporcionar mais conforto a esses pacientes, o HA Infantojuvenil firmou uma parceria com o estúdio Goblin, sob a liderança do médico cirurgião pediátrico Dr. Wilson Oliveira Junior, para desenvolver o projeto “O Chamado do Herói”.
Segundo o médico, crianças com câncer, por passarem por inúmeros procedimentos invasivos que exigem anestesia, tendem a apresentar níveis de ansiedade elevados. Sabe-se que atividades lúdicas ajudam a criança a compreender os procedimentos a que será submetida, auxiliando-a no processamento de emoções e preocupações de forma mais acessível e menos assustadora.
“’O Chamado do Herói’ tem como objetivo transformar a criança na protagonista da própria aventura. Ao ser submetida a um procedimento desconfortável, ela é transportada para um mundo de fantasia 3D, por meio dos óculos VR. A união entre realidade virtual e elementos táteis proporciona uma experiência imersiva, ajudando a reduzir os níveis de estresse e ansiedade relacionados à doença e ao tratamento. Como consequência, também beneficia o círculo familiar mais próximo”, destaca o médico cirurgião do HA Infantojuvenil.
O Hospital de Amor recebeu do grupo ‘Feijão ajuda, seu coração salva’ , do município de Mirandópolis (SP), uma entrega de produtos alimentícios.
A instituição foi presenteada com 840 kg de feijão. Essa doação especial é de extrema importância para o HA.
Agradecemos a generosidade de todos os envolvidos e o carinho com o Hospital!
Você sabia que as bactérias nos protegem de algumas doenças graves, como o câncer, a obesidade e doenças autoimunes? Nós convivemos com bactérias desde quando nascemos. De maneira geral, elas são extremamente importantes para a saúde humana e estão presentes em todo o nosso corpo, mas existem outras que podem ser muito prejudiciais.
Maio é um mês importante para a higiene e o controle de infecções, isso porque no dia 5 de maio é celebrado o Dia Mundial da Higiene das Mãos, que tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância dessa prática como uma medida essencial de saúde pública. Já no dia 15 de maio, comemora-se o Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares, instituído pela Lei Federal nº 11.723/2008. O objetivo dessa data é conscientizar sobre a importância do controle das infecções para toda a sociedade.
De acordo com a Anvisa, “a higienização das mãos (HM) é reconhecida mundialmente como uma medida primária, mas muito importante no controle de infecções relacionadas à assistência à saúde. Por esse motivo, tem sido considerada como um dos pilares da prevenção de infecções nos serviços de saúde”.
Pensando na importância deste tema para a sociedade, o Hospital de Amor convidou o médico infectologista do HA, Dr. Paulo de Tarso Oliveira e Castro, para responder algumas dúvidas sobre a importância da higiene das mãos.
Porque convivemos com bactérias fora e dentro do hospital. Nosso corpo abriga bactérias que, na maioria das vezes, fazem bem à saúde.
Nós temos dois tipos de bactérias:
Para evitar a contaminação de ferimentos ou a proliferação de vírus e bactérias, é essencial manter a higienização das mãos. Por isso, é importante adotar bons hábitos, como: lavar as mãos antes de se alimentar; após usar o banheiro; ao tocar em secreções como urina, saliva, sangue, etc; ao manusear dinheiro em papel; ao ter contato com pessoas que estão resfriadas; entre outras ocasiões, como maçanetas e corrimões que várias pessoas tocam com as mãos contaminadas.
Contudo, a importância da higiene das mãos começa no dia a dia, para evitar possíveis infecções.
As bactérias presentes em ambientes hospitalares são diferentes das que encontramos fora. Dentro do hospital, muitas bactérias podem causar doenças e são frequentemente expostas a antibióticos, o que favorece o desenvolvimento de resistência, dificultando o tratamento.
Durante procedimentos como colocação de cateteres, coleta de sangue ou inserção de sondas, há risco de introdução dessas bactérias, o que pode causar o que conhecemos como infecções hospitalares. Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde façam a higienização das mãos corretamente e nos momentos adequados, evitando a transmissão de infecções relacionadas à assistência.
Os pacientes oncológicos, especialmente os que estão em tratamento com quimioterapia, têm o sistema imunológico comprometido. A medicação afeta tanto células malignas quanto as saudáveis, resultando em queda da imunidade.
Com isso, é comum que apresentem feridas na boca e no intestino, por onde as bactérias podem entrar na corrente sanguínea e causar infecções.
No Hospital de Amor, os pacientes de maior risco são os da hematologia, da UTI e os que passaram por transplante de medula óssea. Nessas áreas, ocorrem as infecções mais graves, exigindo cuidados redobrados.
Os profissionais de saúde têm contato direto com o paciente e, em todo lugar, dentro do hospital, há bactérias. Sempre que há contato físico ou manuseio de dispositivos (sondas e cateteres) médicos, pode haver contaminação. Por isso, é necessário higienizar corretamente as mãos.
De acordo com o Organização Mundial da Saúde, é necessário higienizar as mãos:
Hoje, nós temos definido pela Organização Mundial da Saúde cinco momentos importantes para fazermos a higiene das mãos. Em 90% das vezes, recomenda-se o uso de álcool em gel. Já água e sabão são indicados em cerca de 10% das situações, especialmente quando há sujeira visível nas mãos.
O álcool em gel é melhor do que a água e sabão porque, ele mata mais bactérias, e de forma mais rápida. Para fazer a higiene das mãos com álcool em gel, a profissional gasta em torno de 30 segundos, já com água e sabão, ele levará de dois a três minutos para fazer a limpeza de forma correta.
Além disso, o uso excessivo de água e sabão pode remover a camada protetora da pele, causando ressecamento, inflamações e pequenas lesões, que facilitam a entrada de bactérias.
Felizmente, aqui no Hospital de Amor, nós utilizamos mais o álcool em gel. No HA, o uso do álcool em gel é monitorado, assim como a quantidade de produto utilizado, garantindo a segurança de pacientes e profissionais. Também são feitas estimativas com base nos números de infecções hospitalares.
Sabemos que infecções hospitalares têm múltiplas causas, e a higienização das mãos é apenas uma das medidas. Por isso, é necessário seguir uma série de medidas protetivas para não colocar o paciente e o profissional em risco.
Contudo, um dos indicadores para medirmos o nível de higiene dentro do ambiente hospitalar, é pela transmissão de bactérias. Então, se identificamos uma determinada bactéria em um paciente e, depois de um tempo, identificamos em outro, e assim sucessivamente, é porque essas bactérias estão sendo transmitidas.
Quando os profissionais fazem a admissão no hospital, eles realizam uma integração e são treinados. Eles não fazem apenas um treinamento sobre a importância da higiene das mãos, mas também, de boas práticas para evitar as infecções, de uma maneira geral. Para reforçarmos ainda mais essa importância, é necessário que todos estejam engajados, pois não é fácil lembrar de todos os momentos adequados para higienização. Por isso, é importante que um profissional lembre ou alerte o outro.
Além disso, para que o profissional tenha condições de fazer a higienização das mãos, é muito importante que o estabelecimento forneça condições adequadas para ele. Então, é necessário um álcool em gel de boa qualidade e que esteja disponível facilmente; um sabonete de boa qualidade; uma pia próxima ao atendimento do paciente; um papel toalha que seja bom; e outros tipos de insumo que são importantes para o atendimento ao paciente.
Os pacientes, por estarem em situação de vulnerabilidade, muitas vezes sentem-se inseguros ao pedir que um profissional higienize as mãos.
Por isso, é importante envolvê-los, junto com os familiares, nesse cuidado. Para isso, são utilizadas as seguintes estratégias: cartazes que chamem a atenção; disponibilização do álcool em gel; e orientações antes das visitas.
Além disso, acompanhantes com sintomas de doenças transmissíveis são orientados a evitar a visita ao hospital, prevenindo riscos aos pacientes.
Na minha opinião, o principal aprendizado da pandemia de COVID-19 foi perceber que não estamos preparados para enfrentar outra situação dessa magnitude.
Atualmente, estamos enfrentando uma epidemia de influenza, a gripe. Estamos tendo caso de pacientes internados com gripe; casos de óbitos e, em outros casos, pacientes indo para ventilação mecânica; e quando vamos ver, esses pacientes não foram vacinados, apesar da campanha realizada pelo Ministério da Saúde. O objetivo era vacinar 90% da população em risco, que inclui os pacientes com câncer, talvez a gente não tenha vacinado 60%.
Infelizmente, a COVID-19 deixou pouco legado para as pessoas, em termos de prevenção, higienização e consciência sobre os riscos de transmissão. Os hospitais também não estão preparados, se tivermos outra pandemia, vai ser um caos novamente.
Então, infelizmente, não acredito que a pandemia da COVID-19 tenha deixado um legado duradouro e positivo nesse aspecto.
Na unidade Infantojuvenil do Hospital de Amor, a conscientização sobre a importância da higienização das mãos, com álcool em gel e sabão (nos momentos apropriados), aconteceu por meio de brincadeiras e dinâmicas. Influenciada pelo Aliança Amarte – projeto idealizado pelo Hospital de Amor junto ao St. Jude Children´s Research Hospital – a médica infectologista do HA Infantojuvenil, em Barretos (SP), Dra. Seila Prado, desenvolveu, junto à equipe multidisciplinar da instituição e ao Instituto Sociocultural do HA, ações lúdicas para trabalhar essa atividade com os pacientes e acompanhantes.
Envolver os pacientes e seus familiares no processo de educação é uma estratégia que vem ganhando reconhecimento nos últimos anos. De acordo com a Dra. Seila Prado, “ao convidarmos as crianças para participarem da campanha da higienização das mãos, esperamos que elas estimulem os profissionais de saúde a higienizarem cada vez mais as mãos, para que assim consigamos reduzir as taxas de infecção relacionadas à assistência à saúde”, relata ela.
Na ocasião, o professor da oficina de desenho do Instituto Sociocultural, Bruno Freire, foi convidado a desenvolver um livro sobre a higiene das mãos para os pacientes e acompanhantes. Intitulado Clube das Mãos Limpas, o livro traz desenhos para colorir, caça-palavras e outras brincadeiras educativas. Essa atividade foi viabilizada pela Lei Rouanet – PRONAC e desenvolvida pelo Ministério da Cultura e pelo Instituto Sociocultural do Hospital de Amor.
Para o professor de desenho, contribuir com esse projeto foi uma oportunidade incrível. “No começo, fiquei pensando como iria ser essa história e como eu iria criá-la, mas acho que o resultado ficou bem satisfatório. As crianças têm essa consciência de questionar, às vezes até o próprio médico, se ele está com as mãos limpas e, depois desse trabalho, comecei a levar essa informação para as crianças durante as aulas, que é algo muito importante mesmo”, destacou o professor de desenho.
Além disso, também foi desenvolvido um concurso de desenho com o tema “Higiene das Mãos”. Os participantes foram divididos em três categorias:
A escolha das crianças vencedoras foi feita por meio de votação dos colaboradores do HA. E, para deixar essa atividade ainda mais especial, os desenhos mais votados receberam presentes especiais como forma de reconhecimento e incentivo.
Assim, todos entendemos que a maneira mais importante para prevenirmos infecções hospitalares ou a transmissão de vírus é começando pela medida mais simples: higienizando as mãos.
Venezuela, Goiás e São Paulo — mais de três mil quilômetros de distância somados. Ashley García, Anna Cristina Nogueira e Vitória Vilela se encontraram em um único lugar, com um único objetivo: ter acesso a um tratamento médico de qualidade, digno e humanizado.
Do país mega diverso e da fauna variada (Venezuela), para o país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza (Brasil)…
Natural de Maturin (VE), Ashley Carolina Garcia tem 11 anos, mas está no Brasil desde os sete anos. Impossibilitada de fazer um transplante de medula óssea em seu país, Greimarys Garcia (29), sua mãe, procurou seus familiares no Brasil e, juntas, elas embarcaram atrás de um tratamento adequado e digno para Ashley.
Tudo começou quando, aos três anos, a mãe notou manchas roxas pelo corpo da filha. Com o passar dos anos, suas plaquetas começaram a cair. Ao procurar um hematologista, o médico afirmou que ela estava bem, já que não havia outros sintomas. Porém, em 2021, aos sete anos, os níveis de plaquetas caíram drasticamente, afetando a hemoglobina e os glóbulos brancos. Diante disso, foi solicitado um exame de medula óssea para investigar uma possível leucemia. O diagnóstico: mielodisplasia.
Ashley iniciou o tratamento, mas não obteve resposta. Após cada ciclo de três meses, ela recaía e seu estado de saúde se agravava.
A Venezuela é um país que não possui programas de saúde para a população, ou seja, todo processo é pago. Por isso, a mãe de Ashley começou a trabalhar duas vezes mais para comprar as medicações que a sua filha precisaria durante o tratamento, além das consultas médicas. Após diversas tentativas de tratamento – e algumas adversidades ao longo desses período – o médico aconselhou Greimarys a procurar ajuda em outro país, caso contrário, sua filha poderia falecer. Neste momento, Grei entrou em contato com os seus familiares de Roraima e pediu ajuda a eles.
Ao chegar no Brasil, Grei e Ashley foram até o posto de saúde de Boa Vista (RR) e, posteriormente, foram encaminhadas ao hospital infantil do município. Após três meses sem tratamento efetivo, Ashley foi internada para avaliar a resposta da medula a um novo protocolo, mas, infelizmente, também foi ineficaz. A médica responsável então confirmou a necessidade de transplante de medula óssea.
“Nessa consulta, a profissional solicitou novamente o exame aspirado da medula e uma biópsia. Com a confirmação da mielodisplasia, ela explicou que Roraima não tinha estrutura para o transplante. Então, fomos encaminhadas para Brasília, onde passamos quatro meses tentando um tipo de quimioterapia. Como os resultados não eram satisfatórios, perguntaram se Ashley tinha irmãos ou se o pai poderia vir ao Brasil para fazer o teste de compatibilidade. Como não havia essa possibilidade, fomos inscritas no banco de doadores”, relembra Grei.
Felizmente, encontraram um doador 100% compatível. Contudo, o procedimento não poderia ser feito em Brasília. Assim, mãe e filha foram encaminhadas à unidade infantojuvenil do Hospital de Amor, em Barretos (SP).
Ao chegar ao Hospital de Amor, Ashley realizou o transplante de medula óssea. No entanto, o cenário não melhorou imediatamente. Infelizmente, ela enfrentou diversas complicações e precisou ser internada várias vezes, chegando a pesar apenas 21 kg. Ashley teve problemas no fígado, no intestino, contraiu COVID-19 e outros vírus devido à baixa imunidade. Além disso, sofreu infecções e passou muito mal após o procedimento. Sua mãe relata que o processo foi extremamente difícil. “Ela vivia internada no hospital… Passou por muitas coisas. Depois do transplante, percebi que algo estava estranho. No início, achamos que era por causa da transfusão, mas ela dormia demais. Foi solicitada uma tomografia, que confirmou toxoplasmose na cabeça”, desabafa Grei.
E, mesmo em tempos difíceis, coisas maravilhosas podem acontecer. Durante o tratamento, Ashley conheceu Raílla Coelho, também paciente infantojuvenil do Hospital de Amor e que, assim como ela, precisou de um transplante de medula óssea e, logo, elas tornaram-se inseparáveis.
Essa amizade foi além das paredes do hospital. Juntas, participaram da 4ª edição do Concurso Rainha do Rodeio Pela Vida. “Ashley não esperava ganhar, e eu, como mãe, também não. Autorizei que ela participasse apenas para apoiar sua amiga, porque elas viveram momentos muito difíceis. Raílla quase faleceu e isso deixou a Ashley – e todos nós [familiares e amigos] – muito triste”, relembra Grei Garcia.
Durante os ensaios e no grande dia do evento, Ashley ensinou para todos que a acompanharam que o amor, a amizade e o cuidado fazem a diferença na vida das pessoas. Na noite do desfile, para acompanhar e dar suporte a Raílla, Ashley desfilou de mãos dadas com a amiga.
Hoje, Ashley segue o tratamento com imunossupressores, e sua previsão de alta é para agosto de 2025. Para ela, representar o Hospital de Amor na 5ª edição do Rodeio Pela Vida é motivo de orgulho e gratidão.
“Graças ao Hospital de Amor — e a Deus — minha filha está curada”, diz Grei, emocionada.
*O Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME) foi criado em 1993, em São Paulo, para reunir informações de pessoas dispostas a doar medula óssea para quem precisa de transplante. Desde 1998, é coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), no Rio de Janeiro.
Com mais de 5,5 milhões de doadores cadastrados, o REDOME é o terceiro maior banco de doadores de medula óssea do mundo e pertence ao Ministério da Saúde, sendo o maior banco com financiamento exclusivamente público. Anualmente são incluídos mais de 125 mil novos doadores no cadastro do REDOME.
Fonte: REDOME.
Da Venezuela ao local dos maiores produtores de soja do Brasil…
Natural de Rio Verde (GO), Anna Cristina Nogueira, de 14 anos, sempre foi uma menina alegre, carinhosa e muito apegada à mãe. Mas, aos 13 anos, sua vida mudou com o diagnóstico de câncer.
Tudo começou com dores no joelho e uma leve dificuldade para andar. Como fazia musculação na época, Anna acreditava que se tratava de uma dor muscular, causada pelos treinos. Com o tempo, as dores aumentaram e o joelho começou a inchar. A mãe a levou ao médico, que inicialmente diagnosticou como “dor do crescimento”.
Sem melhora, a família buscou uma consulta particular com um ortopedista. Após ouvir o relato, o médico solicitou um raio-X. O resultado o deixou preocupado, então, ele pediu uma tomografia para confirmação. Ao receber os exames, o profissional comunicou que ela estava com um tumor no joelho, e ofereceu duas opções de tratamento: Barretos (SP) ou Jales (SP).
Sem saber o que significa a palavra ‘tumor’, Anna fez um post no seu Instagram – para os amigos mais próximos – dizendo: “Estou com um tumor no joelho, o que é isso?”. Curiosa e preocupada, procurou a resposta no Google. Foi aí que a ficha caiu. O impacto da descoberta a deixou muito abalada.
Mesmo assim, não ficou sozinha. Contou com o apoio fundamental da melhor amiga, Gabriele de Oliveira, e da família. Ela relembra que a amiga foi um anjo na sua vida, “ela que me dá força para aguentar tudo isso, toda vez que eu volto para Rio Verde (GO), ela vai na minha casa”, relata, Anna.
Para a mãe – que não pôde estar na consulta porque estava trabalhando – a notícia também foi devastadora. “Quando minha mãe me falou que poderia ser osteossarcoma, eu estava trabalhando, dentro da indústria. Naquela hora, o chão se abriu. Entrei em desespero. Meu marido me viu chorando e veio correndo. Procurei no Google o que era, e foi um momento desesperador”, relembra a mãe da Anna, Kely Nogueira.
Kely ainda faz uma crítica sobre a forma como o câncer é retratado no cinema. “Nos filmes, quase nunca mostram finais felizes para quem tem câncer. Os relatos de cura são poucos. Quando recebi o diagnóstico, pensei: vou lutar com todas as minhas forças. Deus me deu minha filha, e Ele não vai levá-la agora”, desabafou ela.
Receber o diagnóstico de câncer é algo muito difícil, não só para o paciente, mas para toda a família. Explicar para uma criança os próximos passos dessa trajetória requer muita sabedoria, força e amor. Em outubro de 2024, Anna Cristina chegou à unidade infantojuvenil do Hospital de Amor, localizada em Barretos (SP).
Na primeira consulta, os profissionais do HA refizeram os exames e explicaram as possibilidades de tratamento. Também a alertaram que, se a resposta à quimioterapia não fosse satisfatória, a amputação poderia ser necessária. Após sete sessões de quimioterapia, veio a notícia mais temida: seria preciso amputar a perna. Ao relembrar desse momento, ela diz que foi um momento muito difícil, pois ela e sua mãe choraram muito ao assinar o documento de autorização. “Para uma menina de 13 anos, amputar a perna não é fácil. […] No começo, fiquei com raiva, mas também fiquei feliz, porque eu iria continuar viva. Foi difícil, mas hoje agradeço. Estou muito melhor sem a minha perna”, afirma Anna, com uma maturidade surpreendente.
Com o diagnostico oncológico, muitos aspectos de sua vida mudaram, entre eles, a sua profissão dos sonhos. Hoje, ela sonha em ser enfermeira para ajudar as pessoas que estão passando por momentos difíceis. “O Hospital de Amor faz jus ao nome, né? Lembro de uma postagem nas redes sociais que dizia: com amor tudo fica mais fácil. Com o amor da minha família, dos amigos e do HA, tudo ficou mais leve. Ter pessoas ao seu lado o tempo todo é muito acolhedor”, destacou a paciente.
Hoje, Anna já é uma inspiração para outras crianças e adolescentes que passam pela mesma situação. E, sem saber, já exerce o papel de ajudar o próximo com sua força e exemplo. Com sua participação no Concurso Rainha do Rodeio Pela Vida, ela provou que sonhos podem ser adaptados, mas não precisam ser deixados para trás.
Durante os ensaios, se divertiu, fez novas amizades, viveu experiências incríveis no salão de beleza e brilhou na passarela.
Junto de outras sete pacientes, Anna representou o Hospital de Amor com graça, leveza e coragem. Agora, carrega o título de Princesa do Amor no 5º Rodeio Pela Vida.
Dos maiores produtores de soja do Brasil para o interior paulista…
Natural de José Bonifácio (SP), Vitória de Souza, de 14 anos, começou o seu tratamento oncológico bem nova. Aos 8 meses de idade, ela apresentava febre constante — principalmente à noite — e não ganhava peso. Durante as trocas de fralda, sua mãe, Mércia Vilela, percebeu algo anormal na genitália da filha.
Preocupada, ela levou Vitória ao médico. Inicialmente, os profissionais garantiram que estava tudo dentro da normalidade. Mas, com o passar do tempo, o inchaço no local aumentou e uma anomalia se formou. Um novo exame foi solicitado, desta vez, uma ultrassonografia. O resultado foi: um tumor no colo do útero, em estágio avançado, que já atingia a bexiga.
No mesmo dia, Vitória foi encaminhada a unidade infantojuvenil do Hospital de Amor, localizada em Barretos (SP), onde foi atendida pela equipe infantojuvenil, sob os cuidados das médicas Dra. Erica Boldrini e Dra. Bruna, para dar início ao tratamento.
Foram dois anos de quimioterapia e radioterapia, marcados por muitas internações e reações intensas aos medicamentos. Ao receber alta, a sua mãe não esperava – e nem a Vitória –que iria retornar à instituição 12 anos depois.
Aos 14 anos, Vitória começou a fazer tratamento com hormônios. Logo em seguida, passou a sentir fortes dores na perna esquerda, que dificultavam sua locomoção. O diagnóstico confirmou o pior: o câncer havia voltado, desta vez, nos ossos.
“Saber que o meu câncer voltou depois de 12 anos foi muito difícil. Para mim, o meu cabelo e as minhas unhas são muito importantes. Eu sabia que meu cabelo cairia e minhas unhas ficariam fracas. Na primeira quimioterapia, fiquei internada por 12 dias seguidos e precisei cortar tudo de uma vez”, desabafou a pequena.
Atualmente, ela continua o tratamento no Hospital de Amor, acompanhada de perto pela equipe médica. Para Mércia, esta nova etapa tem sido ainda mais desafiadora: “Dessa vez está sendo mais doloroso. Agora ela está mais velha, é muito vaidosa… então está sendo complicado. Mas, graças a Deus, o tratamento está funcionando e ela está reagindo bem.”
Como forma de distração, Mércia autorizou a participação da filha na 4ª edição do Concurso Rainha Rodeio Pela Vida. Apesar da timidez e da falta de experiência na passarela, Vitória ficou em terceiro lugar e conquistou o título de Madrinha do Amor, tornando-se uma das representantes oficiais da instituição no 5º Rodeio Pela Vida.
Ao ser questionada sobre experiência no concurso Rainha Rodeio Pela Vida, ela comenta que foi muito legal. “Eu nunca tinha desfilado, e sou muito tímida, tenho vergonha de falar em público. Mas assim que pisei no palco, o medo passou. A energia das pessoas torcendo por nós foi muito forte. Foi muito legal. Estou muito feliz por representar o Hospital de Amor no 5º Rodeio Pela Vida”, disse Vitória.
Rodeio Pela Vida
O Hospital de Amor – referência em oncologia, que acolhe pacientes de todo o país – realizará, entre os dias 5 e 7 de junho, a 5ª edição do “Rodeio pela Vida”, na cidade de Barretos (SP). O evento, que acontece no Recinto Paulo de Lima Corrêa em prol do HA, contará com atrações musicais, rodeio em touro e cavalo (sela americana, bareback e cutiano), breakaway roping e Três Tambores.
Priorizando a qualidade do rodeio, a comissão organizadora firmou parceria com a ACR – Associação dos Campeões de Rodeio – para a seleção dos competidores do rodeio em touro, enquanto a ProHorse será a responsável pela organização do rodeio em cavalos. Nas provas cronometradas, a modalidade Três Tambores será em parceria com a ANTT – Associação Nacional dos Três Tambores.
Além das provas, o evento contará com o apoio de cantores parceiros da instituição. No primeiro dia, Murilo Huff fará o primeiro show da 5ª edição. Já no segundo dia, as apresentações ficarão por conta do grupo Traia Véia e da dupla Bruninho & Davi. Por fim, no último dia, para encerrar a festa com chave de ouro, Felipe Araújo finaliza as atrações musicais desta ação solidária. Acesse o site e compre seu ingresso.
No dia 4 de maio de 2025, o Hospital de Amor fez história mais uma vez. Com o objetivo de promover ações que visam o resgate da cultura tropeira, o HA – por meio do Rodeio Pela Vida – e o Instituto Sociocultural realizaram eventos que reuniram diversas pessoas com um único propósito: salvar vidas.
No último dia 4 de abril, o Instituto Sociocultural do Hospital de Amor, por meio do Ministério da Cultura, realizou, pela primeira vez no município de Barretos (SP), o “Desfile da Cultura Tropeira”.
Com o objetivo de resgatar as tradições do interior, homenagear aspectos da cultura tropeira, sertaneja e rural, e destacar a importância do campo para a construção da identidade regional, o ISHA trouxe para as ruas barretenses 10 carros alegóricos, que foram confeccionados pelo decorador Mauricio Valente.
As alegorias foram nomeadas da seguinte forma: Cultura Tropeira, Rainhas do Rodeio, Os Independentes (70 anos), Queima do Alho, Berranteiro, Agronegócio, Catira, Viola, Rodeio e Boi Soberano. Em cada carro, havia convidados especiais, que, além de serem parceiros do HA, também são grandes apoiadores da cultura local.
Para abrir o desfile, o evento também contou com a participação especial da Banda Marcial Municipal de Promissão, que percorreu as ruas da cidade realizando uma performance com coreografias belíssimas e participação de todos os seus músicos, além do apoio do Grupo de Escoteiros de Barretos, Chão Preto.
Antes da entrada dos carros alegóricos, a comissão de frente do desfile foi composta pelo presidente do Hospital de Amor, Henrique Prata, que carregava a bandeira do Brasil; pelo integrante da comissão do Rodeio Pela Vida, Renato Junqueira, que levou a bandeira do Estado de São Paulo; pelo prefeito do município, Odair Silva, que carregou a bandeira do município de Barretos; e pelo Dr. Sérgio Serrano – médico do HA – e Raimundo Neto – colaborador do departamento de equoterapia do HA – que carregaram a bandeira da instituição.
Coordenado pelo turismólogo e locutor Paulo Cesar Lopes, o desfile saiu do Recinto Paulo de Lima Corrêa, às 9h, e percorreu as ruas de Barretos (SP) até a Praça Francisco Barreto, onde foram montadas arquibancadas para o público, uma área exclusiva para pessoas com deficiência (PCD) e um palco para autoridades e convidados. Para falar sobre as informações de cada carro, foi convidado o carnavalesco e parceiro do HA, Patrício Augusto.
Para Paulo Lopes, conhecido carinhosamente como ‘Paulinho 1001’, o evento é uma oportunidade de conectar as novas gerações às raízes culturais da região. “A cultura rural é a base da nossa identidade no interior. Resgatar essa tradição, por meio do desfile, é fundamental para que nossos jovens conheçam e valorizem a história que nos trouxe até aqui. É um momento de celebração e aprendizado”, destacou ele.
Um dos objetivos do Instituto Sociocultural é preservar o legado cultural e afirmar seu compromisso perante a sociedade. Para a coordenadora do ISHA, Aline Dias, é muito importante trazer a nossa cultura. “É gratificante saber que o Instituto Sociocultural contribui com isso. Nosso papel é trazer cultura, não apenas para o Hospital de Amor, mas também para a sociedade”, relatou ela.
O evento, que foi realizado por meio do Ministério da Cultura, contou com a participação de convidados especiais. Além disso, teve distribuição de água, acessibilidade, guarda civil, intérprete de libras, banheiro químico, bombeiros, seguranças e ambulâncias à disposição do público.
No mesmo dia, 4 de maio, também foi realizada a 4ª Cavalgada Pela Vida – evento que faz parte da grade de atividades do Rodeio Pela Vida – em prol ao Hospital de Amor.
Para Osmar Marchi – integrante da comissão organizadora do Rodeio Pela Vida – este evento é o encontro de gerações. “Não podemos esquecer as nossas raízes e de onde tudo surgiu. Nós estamos resgatando tradições porque tudo o que temos hoje – antes de vir os maquinários – foi construído com pessoas montadas em cima de cavalos, burros ou de um carro de boi, então, a cavalgada traz isso. O Desfile da Cultura Tropeira também nos ajuda a relembrar das nossas origens, por meio da catira e das tradições que tínhamos fortemente em décadas passadas”, destaca ele.
A cavalgada, que também foi comandada pelo locutor Paulinho 1001, teve um percurso de aproximadamente 7km. Iniciada no Recinto Paulo de Lima Corrêa, ela percorreu os pontos turísticos do município, até chegar ao Centro de Eventos Dr. Paulo Prata, onde aconteceu a tradicional Queima do Alho.
Para deixar o evento ainda mais gostoso, 14 comitivas se reuniram no Centro de Eventos Dr. Paulo Prata para realizar a tradicional Queima do Alho. O evento, marcado pelas comidas típicas dos peões de boiadeiro, também contou com a apresentação da Banda Marcial Municipal de Promissão e do grupo Espora de Prata, que dançou catira. Além disso, o público presente pôde ouvir o tradicional toque do berrante e apreciar modas de viola.
Para Sérgio Ribeiro – integrante da comissão organizadora do Rodeio Pela Vida – a Queima do Alho é um marco para a sociedade. “O objetivo de realizarmos a Queima do Alho no lançamento do 5º Rodeio Pela Vida é resgatar as tradições sertanejas, que vêm perdendo espaço ao longo dos anos. Antigamente, os tropeiros iam buscar boi em diferentes estados do Brasil e, quando voltavam, precisavam se alimentar. Os carros-chefe dessas refeições eram: arroz carreteiro, feijão gordo e feijão tropeiro. Uma das tradições era levar um frango durante essas viagens e, como elas duravam muitos meses, o frango se tornava um galo, e os tropeiros acabavam se apegando ao animal. Por isso, nesta edição da Queima do Alho, vimos muitas comitivas com um galo, representando essa tradição”, relatou ele.
Ao ser questionado sobre as perspectivas para as próximas edições, ele afirmou que haverá muita festa e ainda mais tradição. “Para 2026, queremos trazer mais comitivas para este encontro, para continuarmos resgatando as tradições e, ao mesmo tempo, trocando experiências, preservando assim o legado da nossa história”, destacou Sérgio Ribeiro.
A 4ª Cavalgada pela Vida e a Queima do Alho marcaram, oficialmente, o lançamento da 5ª edição do Rodeio Pela Vida.
O Hospital de Amor – referência em oncologia, que acolhe pacientes de todo o país – realizará, entre os dias 5 e 7 de junho, a 5ª edição do “Rodeio pela Vida”, na cidade de Barretos (SP). O evento, que acontece no Recinto Paulo de Lima Corrêa em prol do HA, contará com atrações musicais, rodeio em touro e cavalo (sela americana, bareback e cutiano), breakaway roping e Três Tambores.
Priorizando a qualidade do rodeio, a comissão organizadora firmou parceria com a ACR – Associação dos Campeões de Rodeio – para a seleção dos competidores do rodeio em touro, enquanto a ProHorse será a responsável pela organização do rodeio em cavalos. Nas provas cronometradas, a modalidade Três Tambores será em parceria com a ANTT – Associação Nacional dos Três Tambores.
Além das provas, o evento contará com o apoio de cantores parceiros da instituição. No primeiro dia, Murilo Huff fará o primeiro show da 5ª edição. Já no segundo dia, as apresentações ficarão por conta do grupo Traia Véia e da dupla Bruninho & Davi. Por fim, no último dia, para encerrar a festa com chave de ouro, Felipe Araújo finaliza as atrações musicais desta ação solidária. Acesse o site e compre seu ingresso.
“Você não é todo mundo”, “Leva o guarda-chuva, vai chover”, “Se eu for aí e achar…”. Provavelmente, você já ouviu algumas dessas frases ditas por sua mãe, não é mesmo? Existe um ditado que diz que mãe é tudo igual, só muda o endereço. Mas uma coisa é indiscutível: o amor de mãe é um dos mais bonitos que existe.
Nesta semana especial em que celebramos o Dia das Mães, convidamos você a conhecer Maria Aparecida Rosini, de 67 anos — que já carrega o nome de uma das mães mais conhecidas e amadas do mundo. Para os cristãos, Maria é mãe do salvador da humanidade, Jesus. Talvez ela seja uma das representações mais lindas de como o amor de mãe enfrenta desafios, desenvolve coragem inimaginável, se anula por um filho e, mesmo na dor, jamais abandona.
Em 2005, aos 11 anos, Edleine Rosini, filha de Maria Aparecida, era uma menina como tantas outras. Gostava de brincar e dançava balé com muita alegria, até que um salto diferente denunciou que algo estava errado. “Senti muita dor na perna. Minha mãe logo percebeu e decidiu me levar ao médico em Porto Ferreira (SP). Fui encaminhada para São Carlos, também no interior paulista, onde conheci o médico que me encaminhou ao Hospital de Amor, em Barretos”, relembra Edleine, hoje com 32 anos.
O diagnóstico foi avassalador: um sarcoma de Ewing (um tipo raro e agressivo de câncer ósseo). A partir dali, a vida da menina e de toda a família mudaria para sempre.
“Eu recebi o diagnóstico de um tumor maligno. No outro dia, já passei com a psicóloga, a querida Tia Lu. Algo que vejo de maneira positiva é que minha mãe nunca me escondeu nada. Mas, no fundo, eu sabia que era grave”, conta a educadora física e instrutora de pilates. A consciência da gravidade vinha mais do olhar de quem a amava do que das palavras. “Via minha irmã chorar, minha mãe, minha tia, então eu sabia que o câncer era grave, mas acho que nunca encarei como algo impossível.”
O que mais a marcou naquele período foi o cuidado da mãe: “Ela sempre me vestia de rosa. Eu era a ‘Pantera Cor-de-Rosa’ da pediatria, pois carregava comigo a pelúcia do personagem para todos os lados, além de ser conhecida como a ‘bailarina’ do hospital”, conta ela com um sorriso.
Para Maria Aparecida, o início foi um choque: “O médico começou a falar palavras que eu nunca tinha ouvido. Quando ele disse ‘tumor maligno’, eu desmaiei na hora. Mas ele me falou: ‘Sua filha tem chance porque você correu atrás rápido’. Quando eu desmaiei de novo, ele disse: ‘Como eu vou te levantar do chão assim, mãe?’”. Hoje, Maria consegue rir da situação, mas imagine o desespero de uma mãe ouvindo que sua filha de apenas 11 anos estava com um câncer maligno. Não foi nada fácil.
A partir daquele momento, Maria decidiu colocar sua filha nas mãos de Deus. E foi nesse ato de fé que encontrou força para continuar. “Recebi uma ligação da Déborinha (primeira enfermeira da Pediatria do HA), que chamo de meu anjinho. Aquilo me fortaleceu”, conta. Quando a pequena paciente soube do diagnóstico, disse à médica: “Eu sei que é um tumor, mas não sei o que é”. A psicóloga então a levou para conversar em sua sala. Maria lembra: “Queria que aquele dia nunca tivesse existido. A médica disse que o tratamento seria longo e doloroso, cerca de um ano. Foi quando eu declarei: ‘Minha filha está nas mãos de Deus’. E a gente começou a batalha na segunda-feira.”
As primeiras sessões de quimioterapia foram duríssimas. “Ela vomitou muito. Lembro que me ajoelhei no chão e falei: ‘Deus, está começando o sofrimento da minha filha, mas oro pela cura dela’”, conta Maria. A cada passo, a mãe estava ali. Firme, mesmo quando chorava escondida. “Enfrentei tudo de cabeça erguida, chorava bem longe da Edleine, pois não queria que ela visse minhas lágrimas”, relata Maria com os olhos marejados. No fundo, é algo que toda mãe faz. Muitas vezes, seu amor nem é visto, apenas sentido. Mas sempre está ali.
Para Edleine, apesar da dor, havia leveza. A menina “coloria” os corredores do hospital com seu jeito divertido e sua pantera rosa de pelúcia, presente do pai. Tudo com muito rosa, pois se a vida trazia tempestade, o amor trazia cor.
Por trás do sorriso, havia momentos de risco real. “Na primeira parte da primeira sessão, passei muito mal. Tive uma parada respiratória”, relata Edleine. Sua mãe completa, com a voz embargada: “Vi minha filha morrendo na cama. Segurei a mão dela, me ajoelhei no chão do quarto e disse a Deus: ‘Pai, o que posso prometer para que o Senhor a salve e deixe comigo?’”.
Naquele instante, uma voluntária da AVCC (Associação Voluntária de Combate ao Câncer), toda vestida de rosa, entrou no quarto. “Quando a vi, fiz um voto com Deus: ‘Senhor, se minha filha for poupada, serei voluntária enquanto tiver forças’.” Edleine saiu daquela situação e se recuperou. “A partir dali, eu tinha uma nova missão”, diz Maria.
Ela cumpriu seu voto: começou a atuar como voluntária em 2005, na AVCC em Barretos. Hoje, aos 67 anos, Maria ainda percorre cerca de 400 km (ida e volta), duas vezes por semana, ajudando pacientes. Ela também cooperou na fundação da Casa de Apoio de Porto Ferreira em Barretos.
Depois de longas sessões de quimioterapia, Edleine estava curada. O pesadelo iniciado com aquele salto no balé havia terminado. O sofrimento foi vencido com lágrimas, fé e muito amor.
Em 2023, um novo diagnóstico: câncer do colo do útero, causado pelo HPV. Após dificuldades para iniciar o tratamento, a fé novamente interveio. A irmã de Edleine encontrou Henrique Prata, presidente do Hospital de Amor, e explicou a situação. Ele reconheceu a “bailarina” de rosa, e o tratamento começou.
Edleine deu início ao seu tratamento no Hospital de Amor, onde ela recebeu pela segunda vez na vida a notícia de que não havia mais câncer em seu corpo.
Hoje, casada com Kelvin Souza, de 33 anos — o mesmo que, quando criança, a visitava e orava por ela — Edleine compartilha sua história nas redes sociais e ajuda outras mulheres a se prevenirem.
Em fevereiro deste ano, ela começou a sentir fortes dores. Os exames mostraram linfonodos aumentados e um novo diagnóstico: câncer de peritônio.
“Quando soube que minha filha estava com câncer pela terceira vez, eu sumi. Chorei muito, mas falei para Deus: ‘Senhor, entrego minha filha em suas mãos pela segunda vez’”, diz Maria, com lágrimas nos olhos, beijando a cabeça da filha, agora careca pelo tratamento.
Edleine hoje realiza sessões de quimio e imunoterapia em Ribeirão Preto, acompanhada pelo Hospital de Amor.
Ao ser questionada sobre quem é Maria, Edleine sorri e responde: “Ela é meu orgulho. Nunca desanima. Mesmo com dificuldades, está sempre alegre. É meu porto seguro. É meu amor.”
Essa mãe e filha seguem enfrentando a vida com fé, amor e gratidão. “Tudo o que vivi me fez mais forte”, diz Edleine.
Feliz Dia das Mães a todas as Marias que estão sempre ao lado de seus filhos, mostrando que onde há o verdadeiro amor, o medo é lançado fora!
Receber o diagnóstico de câncer é um duro golpe para quase todos os pacientes oncológicos, pois, normalmente, a doença traz consigo desafios com o seu tratamento, como a necessidade de realizar cirurgia, quimioterapia, radioterapia e outros fatores de acordo com o procedimento necessário.
Inevitavelmente, a situação obriga o paciente, bem como a sua família, a pausar ou mudar muitos sonhos planejados. Ocorre que esta mudança pode trazer um turbilhão de sentimentos, que, se não observados e cuidados, podem acarretar o desenvolvimento de uma depressão.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é considerado o país da América Latina com maior prevalência de depressão e o quinto país mais depressivo do mundo. É fato que a pandemia de COVID-19 foi responsável por aumentar os casos de depressão e ansiedade em mais de 25% em todo o mundo.
Para abordar sobre este tema tão delicado, a coordenadora do departamento de psicologia do Hospital de Amor, em Barretos (SP), Jennifer Koller, respondeu algumas perguntas. Confira abaixo:
1) O que é depressão?
R.: A depressão é um transtorno de humor que pode variar em intensidade, sendo classificada como leve, moderada ou grave. Sua causa exata não é completamente conhecida, mas acredita-se que seja resultado de uma combinação de fatores. Aspectos genéticos e ambientais desempenham um papel importante no desenvolvimento da doença. A hereditariedade, em particular, tem grande influência, embora seja menos significativa em casos de depressão que se manifestam na terceira idade. Além disso, mudanças nos níveis de neurotransmissores e desequilíbrios hormonais também estão frequentemente associados à doença. Fatores psicossociais, como separações, desemprego ou situações de vulnerabilidade social, também podem contribuir para o surgimento da depressão.
2) Quais são os malefícios que ela pode causar às pessoas?
R.: A depressão pode ser extremamente incapacitante, prejudicando vários aspectos da vida de uma pessoa. Ela pode afetar negativamente tanto a saúde mental, física e social, além de reduzir a qualidade de vida. Em casos graves, a depressão pode levar ao suicídio.
3) Depressão pode causar câncer?
R.: Embora a depressão seja uma condição séria que afeta a saúde mental, não há evidências científicas que provem que ela cause câncer. O câncer se desenvolve devido às mutações celulares que permitem o crescimento descontrolado de tumores, um processo que não está relacionado diretamente à depressão. Assim, não existe nenhuma correlação evidenciada dessas duas doenças.
4) Como o câncer pode levar o paciente oncológico à depressão?
R.: O diagnóstico de câncer traz uma série de desafios, como o impacto psicológico do tratamento, as mudanças na qualidade de vida e o estigma da doença. Esses fatores podem, em algumas pessoas, desencadear ou agravar os sintomas da depressão. A prevalência de depressão em pacientes com câncer pode variar, dependendo do tipo e estágio da doença, além de condições de saúde preexistentes e do contexto social e cultural do paciente.
5) Qual é a prevalência da depressão em pacientes oncológicos?
R.: Ansiedade e depressão são transtornos mais recorrentes em pacientes com câncer. Por um lado, é importante destacar que nem todos os pacientes com câncer apresentam depressão, pois inferir isso de maneira generalizada pode reforçar estigmas que não contribuem para o enfrentamento funcional oncológico ou em saúde mental. Por outro lado, o risco de o paciente oncológico desenvolver esse transtorno é duas a quatro vezes maior em comparação com a população geral – a incidência é alta e por vezes subdiagnosticada. Por isso, é fundamental que os profissionais de saúde realizem uma avaliação contínua da saúde mental durante o tratamento oncológico.
6) Quais são os sintomas da depressão?
R.: De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), a depressão é caracterizada por sintomas persistentes por, pelo menos, duas semanas. Pelo menos cinco dos seguintes sintomas devem estar presentes: tristeza profunda ou irritabilidade, perda de interesse ou prazer em atividades, alterações no apetite ou no sono, fadiga, sentimento de culpa ou inutilidade, dificuldade de concentração, pensamentos suicidas ou morte, além de nervosismo e ansiedade.
7) Como a família pode ajudar a identificar a doença?
R.: A família tem um papel essencial no cuidado de pessoas com depressão, tanto no diagnóstico quanto no tratamento. Deve-se atentar as mudanças no comportamento e/ou reações emocionais incomuns do indivíduo e persistentes. A família pode oferecer escuta, apoio sem julgamento e encorajar a busca por ajuda profissional. É importante evitar minimizar o sofrimento da pessoa e manter um diálogo aberto sobre seus sentimentos, além de participar do tratamento. Também é importante que o familiar ou cuidador se inclua nestes cuidados, se preciso, com suporte de um profissional.
8) Como a depressão pode piorar o tratamento oncológico?
R.: Estudos demonstram que a depressão pode prejudicar a adesão ao tratamento do câncer e levar a um pior prognóstico, especialmente se não tratada adequadamente com devido suporte profissional. O impacto da depressão não se limita aos aspectos emocionais, mas também afeta o bem-estar físico e social do paciente. Além disso, é importante distinguir a depressão de reações emocionais esperadas, como a fase de ajustamento e assimilação ao adoecimento, os ajustamentos de papéis familiares, o luto antecipatório, que podem ocorrer durante o tratamento.
9) Quais conselhos você daria para o paciente/familiar que identificar os sinais de início depressão?
R.: Oscilações de humor são consideradas normais na experiência humana, porém, quando percebemos a persistência dessas alterações e se estão causando prejuízos, tanto emocionais quanto comportamentais, devemos abordar o paciente a buscar ajuda profissional para uma avaliação completa. O Hospital de Amor tem portas abertas para o paciente ou familiar procurar a assistência do profissional da saúde mental.
10) Caso a doença não seja diagnosticada/tratada, quais os riscos os pacientes sofrem?
R.: Quando não tratada adequadamente, a depressão pode afetar negativamente a qualidade de vida do paciente, o que por si só justifica a identificação e o tratamento ativo desse transtorno em indivíduos com câncer. Se não avaliada e tratada corretamente, a depressão pode ter seus sintomas agravados, piorar a funcionalidade do paciente e trazer grande sofrimento, intensificar o isolamento social, causar prejuízos de memória ou cognição, podendo gerar dificuldades no enfrentamento da doença e até o risco de suicídio.
11) Normalmente, qual faixa etária/gênero mais sofrem com a doença?
R.: A depressão pode afetar pessoas de todas as idades, embora seja mais comum em indivíduos entre 20 e 40 anos. No entanto, também é observada uma maior prevalência entre os idosos. As mulheres têm risco maior de desenvolver a depressão, por possíveis fatores como maior exposição a estresses cotidianos, sobrecarga e taxas mais altas de disfunções hormonais.
12) Existe alguma dificuldade para realizar/aceitar o tratamento? Caso sim, quais?
R.: Muitas pessoas ainda apresentam resistência em procurar ajuda para problemas de saúde mental devido à falta de informações adequadas ou crenças equivocadas sobre doenças mentais. Por isso, é importante que os oncologistas incluam a triagem de depressão como parte da rotina de cuidados durante o tratamento de câncer.
13) Criança tem depressão?
R.: Sim, crianças e adolescentes também podem desenvolver depressão. Fatores genéticos e ambientais desempenham um papel importante nesse processo. Os sintomas podem ser confundidos com comportamentos típicos da infância, como malcriação ou agressividade, mas também podem se manifestar em sintomas físicos, como dores de cabeça ou fadiga, irritabilidade, perda de apetite, distúrbio do sono e queda no desempenho escolar.
14) Qual é a diferença da depressão da criança/adolescente/adulto e idoso? Existe? Quais são?
R.: Na infância e adolescência, os sintomas de depressão geralmente se manifestam em mudanças de comportamento. Nos adultos, a falta de prazer em atividades e a alteração do humor são mais experimentados na depressão. Já nos idosos, os sintomas físicos, como tontura, perda de apetite e problemas cognitivos, como dificuldades de memória e atenção, são frequentemente mais notáveis.
15) Como o Hospital de Amor apoia/trata o paciente que está com depressão?
R.: O Hospital de Amor oferece acompanhamento especializado em saúde mental, com uma equipe que inclui psicólogos e duas médicas psiquiatras que fazem assistência nas unidades Antenor Duarte Villela (unidade adulta), Hospital São Judas Tadeu (unidade de cuidados paliativos e atenção ao idoso) e Hospital Infantojuvenil (unidade que oferece tratamento para crianças e adolescentes), em Barretos (SP). O diagnóstico e tratamento da depressão fazem parte do cuidado integral ao paciente oncológico, e a equipe médica de referência deve estar preparada para realizar a avaliação adequada e encaminhar o paciente para o suporte necessário.
Caso você seja paciente ou acompanhante e esteja percebendo algum sinal relacionado à depressão, converse com o seu médico e busque ajuda profissional. Cuidar da saúde é fundamental durante a jornada do tratamento oncológico.
“Perder um membro não é perder seu valor, é apenas trocar uma parte do seu corpo por uma nova chance de continuar”, declara Gabriele Cecília dos Santos, 14 anos, paciente do Hospital de Amor Infantojuvenil.
Com esse depoimento, iniciamos este texto para falar sobre o mês de abril, considerado o “Mês da Conscientização da Amputação”, cujo objetivo é alertar a população sobre a prevenção e o tratamento da condição, além de promover a inclusão e o respeito às pessoas amputadas. Gabi, como é carinhosamente chamada, precisou amputar a perna esquerda após a descoberta de um osteossarcoma.
Aos 12 anos, enquanto jogava futebol na escola, Gabi machucou o joelho. Com o passar dos dias, o inchaço aumentava. Começou a investigar o problema em Araçatuba (SP), sua cidade natal, onde recebeu o diagnóstico de osteossarcoma. “Naquele momento em que descobri que estava com câncer, chorei e me senti muito angustiada. Mas, a partir do momento em que entendi que nada se resolveria chorando, criei forças para tudo que estava por vir”, conta Gabi.
Há um ano e meio, a jovem realiza tratamento no Hospital de Amor Infantojuvenil, em Barretos (SP), e passou por uma cirurgia de amputação transfemoral – acima do joelho – que preserva a musculatura e protege o osso, proporcionando melhor sustentação da prótese.
Os tumores mais associados à necessidade de amputação são os sarcomas ósseos, especialmente o osteossarcoma, como no caso de Gabi, e o sarcoma de Ewing, que estão entre os mais prevalentes em crianças e adolescentes, conforme explica o coordenador do Departamento de Ortopedia do HA e ortopedista oncológico, Dr. Silvio Sargentini.
“Sem dúvidas, os tumores musculoesqueléticos são responsáveis por grande parte das amputações em crianças e adolescentes. Porém, o trauma – como acidentes de trânsito, queimaduras, choques elétricos, entre outros – ainda é a principal causa geral de amputações nessa faixa etária no Brasil”, afirma o médico. “Eu sei que câncer e amputação parecem palavras que arrancam partes da gente — e às vezes, elas arrancam mesmo: corpo, rotina, certezas… tudo balança. Mas o que elas nunca vão tirar é quem você é de verdade: sua força, sua luz, sua vontade de viver. Antes de me falarem que eu teria que amputar, Deus me visitou em sonhos, pegou em minhas mãos, me levou a cada canto do hospital para me mostrar que eu podia confiar nele. Isso me fez sentir forte e confiante de que tudo daria certo”, relata Gabi.
Reabilitação
Após 14 dias de cirurgia, Gabi recebeu a liberação para realizar a reabilitação no Centro Especializado em Reabilitação do Hospital de Amor. Após uma avaliação médica, foi estabelecido o plano terapêutico, que incluiu a fisioterapia como explica a fisioterapeuta do HA Infantojuvenil, Deiseane Bonatelli.
“Quando a Gabi iniciou a reabilitação, fizemos uma avaliação e traçamos um plano terapêutico pré-protetização. O foco nessa etapa do tratamento foi ganho de força, preparação do coto com enfaixamento e treino de marcha com muletas. Gabi respondeu muito bem a essa parte da reabilitação e foi encaminhada para a protetização”, explica a fisioterapeuta do HA Infantojuvenil.
Uma nova rotina, um novo método de vida, Gabi precisou se adaptar a nova condição, e a reabilitação, que no começo parecia “sem sentido”, como ela mesmo disse durante a entrevista, teve um papel fundamental para que ela atingisse o seu objetivo final: a protetização. “A reabilitação, no começo parecia uma sequência de exercícios sem sentido, mas com o tempo eu percebi que cada gota de suor era uma motivação para eu poder continuar, e colocar a prótese pela primeira vez foi uma sensação completamente inesquecível. Todas as inseguranças que eu tive eu perdi naquele momento, mas com tudo isso foi bom perceber que com a perna de metal eu continuava 100% sendo eu”, conta Gabi.
Após a protetização veio uma nova etapa na reabilitação. Gabi passou a treinar a marcha com e sem apoio, treino de equilíbrio com a prótese e treino de escada, até conseguir andar sozinha, sem o auxílio de muleta.
Osteosarcoma
Quando falamos de câncer infantojuvenil, estamos falando de uma doença rara. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em média, são registrados 300 mil novos casos ao ano de câncer infantojuvenil ao redor do mundo, sendo que 90% destes vivem em países de baixa e média renda (PBMR).
Segundo o INCA, no Brasil, são diagnosticados cerca de 8 mil casos de câncer ao ano. Ou seja, durante todos os dias do ano, a cada hora, uma criança ou adolescente é diagnosticado. Parece alarmante, no entanto, a incidência do câncer de 0-19 anos corresponde a apenas 3% do total de casos de câncer.
O Hospital de Amor Infantojuvenil diagnostica cerca de, 300 novos casos ao ano, em crianças e adolescentes. Nos últimos cinco anos, o HA Infantojuvenil diagnosticou, aproximadamente, 104 casos de osteosarcoma em crianças e adolescentes. “O osteossarcoma é um tipo de câncer ósseo primário que se origina nas células ósseas chamadas osteoblastos. É um tumor maligno que pode se desenvolver em qualquer osso do corpo, mas é mais comum nos ossos longos, como o fêmur e a tíbia, e é uma doença que acomete predominantemente pacientes na segunda etapa da vida, ou seja, entre 10 e 20 anos de idade”, explica a oncologista pediátrica do HA Infantojuvenil, Dra. Erica Boldrini.
Os principais sintomas para esse tipo de tumor são:
– Dor óssea: dor persistente e intensa em um osso específico, que pode piorar à noite ou com atividade física;
– Inchaço: inchaço ou edema na área afetada, que pode ser acompanhado de vermelhidão e calor;
– Limitação de movimento: dificuldade em mover a articulação ou o membro afetado devido à dor ou ao inchaço e
– Fratura: fratura óssea sem causa aparente ou com trauma mínimo.
Se esses sintomas são comuns em adolescentes, é importante fazer um acompanhamento médico, como explica Dra. Erica. “Se um adolescente apresentar algum desses sintomas, é fundamental procurar avaliação médica para determinar a causa subjacente. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem melhorar significativamente as chances de cura e reduzir a morbidade associada ao osteossarcoma”, declara a oncologista pediátrica.
Os principais tratamentos para o osteosarcoma são a cirurgia, onde é realizada a remoção do tumor e do tecido ósseo afetado e quimioterapia, o uso de medicamentos para matar células cancerígenas. “A cirurgia de amputação é indicada quando não há possibilidade de manter o membro acometido pelo tumor ósseo após sua ressecção completa. Em outras palavras, quando preservar o membro significaria deixar para trás parte do tumor ou não atingir margens cirúrgicas seguras — o que comprometeria a chance de cura e diminuiria as taxas de sobrevida do paciente”, explica o médico ortopedista, Dr. Silvio Sargentini.
Como Gabi disse durante a entrevista, “o conselho que eu posso dar para quem está passando por esse processo de amputação é: não tenha medo de se reinventar, a amputação não é o fim”.
Oficina Ortopédica
O Hospital de Amor vai muito além do tratamento oncológico! A instituição foi pioneira em oferecer reabilitação física, mental, intelectual, auditiva e visual, promover qualidade de vida e autonomia para os pacientes.
Além das unidades de Reabilitação, em Araguaína (TO), Barretos (SP) e Porto Velho (RO), o HA também conta com três unidades nessas localidades da Oficina Ortopédica, que é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pelo câncer e seu tratamento.
Em 2024, foram confeccionados e dispensados 3.861 dispositivos (órteses e próteses), somando os números nas três unidades: 1.616 dispensados pela unidade de Araguaína (TO), 1.765 dispositivos dispensados pela unidade de Barretos (SP) e 480 dispensados pela unidade de Porto Velho (RO).
As Oficinas Ortopédicas do HA, contam com vários diferenciais, principalmente com a utilização da tecnologia, como explica o coordenador das Oficinas Ortopédicas do HA, Alysson Alvim Campos. “Nós continuamos investindo muito em tecnologias que melhoram muito a manufatura da confecção das próteses. Podemos destacar o nosso robô, que por meio do sistema de digitalização do coto e usinagem robótica, a gente consegue uma maior velocidade na confecção da prótese, através de softwares, que fazem essa confecção, uma modelagem digital, em vez do técnico fazer no molde de gesso, ele faz com o computador, tornando o processo mais rápido e preciso”, explica Alysson.
Mas um fator que é o principal diferencial e que está enraizado no Hospital de Amor, é a humanização. “Eu, que venho de outras instituições, trabalhei em outros lugares, o que eu vejo nos profissionais do HA e das nossas Oficinas Ortopédicas, é diferente. Realmente, não dá para trabalhar nessa instituição se você não está alinhado com o propósito do HA. O que eu percebo com os profissionais, principalmente os das Oficinas Ortopédicas, que estão alinhados com o propósito de fazer essa assistência integral ao paciente. Eu vejo que a dedicação dos colaboradores no sentido de fazer um algo a mais para os pacientes, no que ele pode fazer a mais para contribuir com o paciente”, destaca Alysson.
Em julho de 2023, o Hospital de Amor deu início a um projeto promissor que tinha como ideia principal fazer uso da tecnologia para levar prevenção e diagnóstico precoce do câncer de pele – incluindo o melanoma – para o maior número de pessoas, de forma simples e rápida. Menos de dois anos após o seu início, o ‘Projeto Retrate’ apresenta resultados positivos: identificou cerca de 200 cânceres de pele, sendo 12 deles do tipo melanoma, que apesar de ser menos comum, merece atenção, pois é considerado um tipo mais grave da doença, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (que é disseminação do câncer para outros órgãos) e alto índice de mortalidade quando diagnosticado tardiamente.
Com fomento do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica – PRONON, implantado pelo Ministério da Saúde para incentivar ações e serviços desenvolvidos por entidades, associações e fundações privadas sem fins lucrativos no campo da oncologia, em sua primeira etapa, o projeto instalou, em Barretos (SP), uma cabine fotográfica de autoatendimento, que ficou disponível para a população em tempo integral, de forma 100% gratuita e em local de grande circulação. Além disponibilizar um aplicativo para dispositivos móveis, também de forma gratuita, que possibilita acesso de onde o paciente estiver, com mais privacidade.
Segundo a doutora em Oncologia e uma das pesquisadoras do ‘Projeto Retrate’, a iniciativa representa um avanço concreto para o SUS ao ampliar o acesso da população a consultas especializadas em dermatologia, com agilidade no diagnóstico e início rápido do tratamento. “Iniciativas como essa mostram como a tecnologia e a inovação podem ser aliadas para garantir atendimento de qualidade, especialmente para quem mais precisa. No câncer de pele, em especial para o melanoma, o tempo é decisivo, e oferecer esse cuidado de forma acessível e eficiente pode significar salvar vidas”, ressalta.
Segundo o Ministério da Saúde, em todo o Brasil foram registrados 28.354 atendimentos relacionados ao câncer de pele do tipo melanoma entre janeiro de 2023 e julho de 2024. O mesmo período registrou mais de 110 mil atendimentos relacionados ao câncer de pele não melanoma, o tipo mais comum de câncer no mundo.
A cabine
A cabine, atualmente instalada no North Shopping Barretos, é composta por diferentes experiências de usuário diferentes, que incluem também levar conhecimento e conscientização de forma autônoma para quem passa pelo local. O lado A tem como objetivo educar a população sobre câncer de pele, fatores de risco, prevenção e como identificá-lo por meio de atividades lúdicas e explicativas com vídeos lúdicos em linguagem de fácil compreensão. O lado B permite que as pessoas usem uma câmera UV para ver como protetor solar funciona e por que é importante, fornecendo amostra de filtro solar e gerando fotos de antes e depois do uso. Na frente, há uma estação com telas sensíveis ao toque e uma câmera de alta resolução onde as pessoas podem preencher um formulário de inscrição, assinar um termo de consentimento informado, responder algumas perguntas e enviar fotos das lesões de pele para serem avaliadas por teledermatologia no Hospital de Amor.
O ‘Projeto Retrate’ conquistou o Prêmio Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica 2023, na categoria Tecnologias Diagnósticas. Este reconhecimento destaca a contribuição significativa do projeto para o diagnóstico precoce do câncer de pele.
Um trabalho que salva vidas!
Um dos beneficiados pelo projeto do HA, que une pesquisa, inovação e prevenção, é o pequeno Arthur Dourado, de 8 anos. Segundo sua mãe, Juçara Dourado, 44 anos, funcionária pública, de Colina (SP), em julho de 2024, quando ambos estavam realizando um passeio no shopping, em Barretos, ela viu uma oportunidade de sanar uma dúvida que ela estava, pois havia surgido uma pinta que crescia de maneira desproporcional em seu filho.
Juçara tirou uma foto da mancha e enviou via cabine. Após receber o conteúdo, a equipe responsável do Hospital convocou o garoto para exames detalhados, que apontaram o diagnóstico de câncer de pele tipo melanoma, que foi removido um mês depois. “O tratamento, a agilidade em todos os procedimentos me surpreenderam, foram muito rápidos e muito atenciosos com meu filho, e por esse motivo, graças a Deus meu filho está bem. A equipe do hospital que pegou o caso foi fantástica e só tenho a agradecer a Deus por estar no shopping no dia e hora certa, pois caso contrário as coisas não fluiriam tão bem”, conta Juçara.
Prevenção e acesso
A fim de ampliar sua cobertura, o ‘Retrate’ incluiu em suas atividades o oferecimento de capacitações para todos os profissionais de saúde da atenção básica de Barretos (SP), que lidam de forma rotineira com a população. Hoje, as 18 UBS de Barretos contam com profissionais capacitados e equipamentos para realização de exames dermatológicos e envio de fotos de lesões de pele suspeitas para a instituição.
O HA oferece, ainda, a capacitação para profissionais que atuam na área da estética e cuidado corporal do município, entre esteticistas, manicures, podólogos, cabelereiros e tatuadores. Até o momento, cerca de 145 profissionais já foram treinados.
Além dessas abordagens, estão inclusas no escopo a realização de campanhas de busca ativa direcionadas para populações de risco, como comunidades rurais e trabalhadores expostos ao sol da região.
O cirurgião oncológico do HA e pesquisador principal do projeto, Dr. Vinicius de Lima Vazquez, destaca que a importância primordial do projeto está na educação e no acesso. “Desenvolvemos uma estrutura de ação que nos permite educar a população sobre hábitos saudáveis em relação à exposição solar, além de ensinarmos sobre os sinais e sintomas do câncer de pele, em especial o melanoma. Tudo isso de forma leve e sem a necessidade de deslocamento até uma unidade de saúde especializada, em um primeiro momento”.
Recentemente, a cantora Preta Gil assustou seus fãs devido as suas internações causadas por causa do seu tratamento de câncer colorretal. O caso de Preta se assemelha a diversas pessoas abaixo de 50 anos que receberam o diagnóstico da doença, cada vez mais comum no mundo. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que entre 2023 e 2025, serão diagnosticados 45.630 novos casos de câncer colorretal.
Segundo a médica endoscopista do Hospital de Amor Lagarto, Dra. Kelly Menezio Giardina, “o câncer do intestino se refere às neoplasias (cânceres) que ocorrem no intestino grosso (o cólon) e o reto. A profissional explica que, inicialmente, câncer se refere a uma célula que tem um crescimento (e multiplicação) desordenada, e sem fatores de contenção. Dividindo-se rapidamente, estas células agrupam-se formando tumores, que invadem tecidos e órgãos vizinhos, até distantes da origem do tumor (metástases). Pode acontecer em qualquer órgão do corpo humano. É tratável e, na maioria dos casos, curável, ao ser detectado precocemente (quando ainda não se espalhou para outros órgãos).
Câncer colorretal: um mal que vem crescendo
Dados da Globocan, de 2022, revelam que a Ásia (531 mil novos casos) foi o primeiro continente em estimativas de novos casos de câncer colorretal, seguido da Europa, a seguir América do Norte e, enfim, América Latina (96 mil novos casos). O Brasil foi responsável por 41.000 novos casos para o mesmo ano. A maioria dos casos de câncer são diagnosticados em fase avançada, quando o índice de cura é mais baixo. Em estados mais carentes, a doença é diagnosticada quando os sintomas são de obstrução de cólon ou por sintomas das metástases, ou seja, com a possibilidade de cura mais ainda reduzida.
Dra. Kelly reforça que é importante saber que, em estágios iniciais, a doença pode ser silenciosa e assintomática. Os primeiros sintomas, que já não são mais precoces, são alterações recorrentes no hábito intestinal, fraqueza e perda de peso sem causa aparente. Mudança no hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre), desconforto abdominal com gases ou cólicas, sangramento nas fezes, sangramento anal e sensação de que o intestino não se esvaziou após a evacuação, são importantes sinais de alerta.
Segundo a médica, este tipo de câncer é um dos principais tumores que existe realmente prevenção. “Prevenir é diagnosticar uma lesão que ainda não é câncer, e tratá-la (ressecar) antes que se desenvolva em câncer avançado. Isso significa fazer diagnóstico precoce”. Kelly reforça que o diagnóstico precoce é um dos maiores aliados, não só contra o câncer colorretal, mas contra muitas outras doenças.
Pessoas entre 45 e 75 anos (sem outros fatores de risco) devem realizar anualmente o exame de Pesquisa Imunológica de Sangue Oculto nas Fezes (FIT) e, a cada 10 anos, a colonoscopia. “Já quem tem histórico familiar de câncer colorretal ou polipose adenomatosa deve ser acompanhado em rastreamento sistemático, por colonoscopia,10 anos antes da idade na qual foi acometido o familiar”, diz a especialista.
Maus hábitos e a genética podem ser fatores de risco
De acordo com a especialista, a incidência do câncer colorretal está relacionada ao índice de desenvolvimento humano (IDH) mais alto como o de países da Europa, América do Norte, Nova Zelândia, onde é observado que o comportamento, como sedentarismo, obesidade, consumo regular de álcool, tabaco e baixo consumo de fibras, frutas, vegetais e carnes magras, aumentam o risco e exposição a fatores oncogênicos (fatores que desenvolvem o câncer). “No Brasil, temos diferentes índices (IDH) e quanto mais baixos, como da região Norte (Acre, Amapá, Roraima), essa doença cai para a quarta posição. Outros fatores de risco estão associados às condições genéticas ou hereditárias, como doença inflamatória intestinal crônica, histórico pessoal ou familiar de adenoma ou câncer colorretal, e ocupacionais, como exposição a radiações.
Uma doença que vem ganhando ‘holofotes’
“Estamos vendo um claro aumento do câncer colorretal em pessoas mais jovens. Assim como a ocidentalização dos hábitos alimentares e estilos de vida têm exposto homens e mulheres a fatores carcinogênicos (que desenvolvem câncer)”, explica a médica. Embora o câncer colorretal ainda seja mais comum em pessoas com 60 anos ou mais, o câncer é mais agressivo em pessoas mais jovens. Por isso, segundo Dra. Kelly, os protocolos americanos (e é uma tendência mundial) recomendam que exames de prevenção (colonoscopia) sejam realizados a partir dos 45 anos.
Hospital de Amor é pioneiro no rastreamento
Para Kelly, “Barretos é pioneiro em pesquisas sobre câncer e estudos realizados que mostram que a incidência e mortalidade em Barretos e no interior de São Paulo, está aumentando, em especial, câncer colorretal e de mama, bastante relacionados a estilo de vida (obesidade, tabagismo e sedentarismo).
Ela diz que os estudos do HA tentam apontar quais são só fatores mais próximos à nossa população, que seriam indicativos de riscos aumentados a desenvolver esse câncer, e como é possível identificar precocemente (rastrear), por meio de exames clínicos pouco invasivos (detecção de fatores encontrados nas fezes), indicando a necessidades desses pacientes de serem submetidos a exames mais invasivos, como a colonoscopia. “Dentre exames mais invasivos, o hospital oferece uma rede complexa e ampla deles, assim como de tratamento, tanto por meio de procedimentos minimamente invasivos como até de cirurgias robóticas, para tratar a doença já instalada”, finaliza Kelly.
Para o médico cirurgião e diretor científico do IRCAD América Latina, Dr. Luís Gustavo Romagnolo, quando uma pessoa famosa divulga o diagnóstico de câncer por meio das redes sociais, o fato é muito noticiado, o que contribui para divulgar mais sobre a importância da prevenção. “Interessante destacar que os principais motivos que nos levam a ter esse tipo de câncer, seriam hábitos alimentares errados”, reforçou.
Tratamento e uso da bolsa de colostomia
Segundo Romagnolo, o Hospital de Amor se destaca por oferecer todos os possíveis tratamentos para este tipo de câncer, desde radioterapia, quimioterapia e cirurgia. “No caso de radioterapia, é utilizado aparelhos que tratam especificamente o local da doença com planejamento específico; na quimioterapia, temos a possibilidade de várias linhas de tratamento, até imunoterapia. Já na cirurgia, desde tratamentos convencionais, mas na grande maioria (no caso, 85%), com técnicas minimamente invasivas, incluído a plataforma robótica com mais de 300 casos operados por ano. E com isso, temos uma recuperação mais rápida e retorno das atividades mais precoces dos pacientes.” diz o especialista.
No caso da necessidade de remoção de parte do intestino devido à doença, alguns pacientes precisam utilizar a bolsa de colostomia. Dr. Romagnolo explica que “a bolsa é uma parte do intestino – que pode ser o intestino grosso (colostomia) ou o intestino delgado (ileostomia) – que em alguns casos é necessária para realizar um desvio do trânsito intestinal e ela fica acoplada, ou melhor, fixada na pele do abdome. Assim, as fezes saem através dele e o paciente utiliza uma bolsa coletora colada. Como se fosse um cano que fica exposto e tem uma bolsa coletora colada para reservar o material”.
“Todo paciente que for realizar um procedimento que envolve o colón ou o reto deve ser orientado sobre a possibilidade de usar a bolsa de colostomia, entretanto, têm aqueles casos em que o paciente necessariamente precisa dessa indicação. Deve-se conversar muito com o cirurgião sobre a indicação precisa”, diz Dr. Luís, que esclarece que a bolsa pode ser utilizada em casos de urgências em que envolve lesão no intestino, como traumas, perfurações, infeções etc.
Romagnolo revela que há casos em que depois da confecção da bolsa não é mais possível realizar a junção do intestino, ou porque o paciente não tem condições clínicas de um novo procedimento – porque qualquer procedimento tem seus riscos – ou também pelo fato de não ter mais condições de junção devido ao fato de não existir mais aquele tecido de junção que foi retirado. “Nos casos em que tem que ser realizado a amputação do ânus, não é possível realizar a reconstrução, e nesses casos a bolsa é definitiva”, diz o médico cirurgião.
Cuidados com a bolsa
Os riscos de ter a bolsa são os de cuidados pós-operatórios, como a necessidade de realizar limpeza e manter a higiene, em casos de ileostomia, desidratação e dermatite na pele, segundo o Dr. Luís. “Nos casos dos benefícios, são aqueles em que o paciente necessita ter colocada a bolsa na obstrução intestinal e, nesses casos, a confecção da bolsa salva a vida do paciente. Os cuidados que os pacientes precisam ter são os básicos de higiene, limpeza e acoplamento da bolsa para evitar dermatite”, diz Dr. Luís, que explica que atualmente existem vários tipos de bolsa para cada tipo de abdome.
Segundo o Dr. Luís, existem muitas pesquisas e inovações sendo realizadas, desde novos medicamentos, como a imunoterapia, como também o uso das plataformas robóticas para o tratamento. “O Hospital de Amor está sempre em busca de novos tratamentos com o intuito de dar o melhor aos seus pacientes”, finaliza.