Em 2020, o Brasil registrou 6.650 novos casos de câncer de ovário, o que representa 3% das neoplasias detectadas em mulheres no país. Mas, segundo estimativas do INCA (Instituto Nacional do Câncer), no triênio que contempla o período de 2023 a 2025, o número previsto já é superior, ultrapassando os 7 mil novos casos por ano. Ainda segundo a instituição, a região com maior incidência é a Sudeste.
A doença ocupa o sétimo lugar no ranking nacional de mortalidade entre as brasileiras, isso porque o câncer de ovário ainda é frequentemente diagnosticado em estágios avançados, diminuindo as possibilidades de tratamentos com fins curativos e a taxa de sobrevida. No mundo, dados mostram que apenas 45% das mulheres diagnosticadas possuem uma taxa de sobrevida de cinco anos, uma taxa que é de 89% nos casos de mulheres com câncer de mama.
Por isso, o cirurgião oncológico do Hospital de Amor, Dr. Carlos Andrade, ressalta a importância da observação de alguns sinais e sintomas da doença. “Os sintomas do câncer de ovário em estádios iniciais são muito fracos e podem facilmente serem confundidos com uma má digestão, dor muscular ou sintomas urinários. É importante alertar que mulheres com sintomas urinários ou intestinais que persistem por mais de uma semana, e que não tenham nenhum diagnóstico que justifique, devem ser investigadas para câncer de ovário. Pode ser uma sensação de empachamento, uma constipação, um aumento do volume abdominal ou um aumento da frequência urinária”.
Fatores de risco
Segundo a World Ovarian Cancer Coalition, uma organização global sem fins lucrativos focada não apenas na conscientização, mas no avanço de pesquisas e novos tratamentos da doença, ainda não há um teste simples ou exame de rotina preciso para o diagnóstico precoce, mas alguns fatores de risco devem ser levados em consideração no acompanhamento clínico padrão.
Idade: a maioria dos casos de câncer de ovário ocorre em mulheres com mais de 55 anos, pois a doença também está relacionada ao grau de atividade hormonal feminina. Mas alguns tipos de câncer de ovário podem aparecer em mulheres jovens;
Genética: mulheres portadoras de mutações genéticas nos genes BRCA1 ou BRCA2 (genes que ajudam a reparar os danos nas células), também relacionadas ao surgimento do câncer de mama, estão mais propensas ao desenvolvimento da doença. As portadoras de mutações no primeiro gene apresentam 45% de possibilidade de desenvolver esse tipo de câncer durante a vida, enquanto mutações no segundo gene oferecem risco de 25%.
Histórico familiar: dados mostram que as mulheres com maior o risco de desenvolverem câncer de ovário são as que possuem dois ou mais parentes que tiveram câncer de ovário, da mama, do cólon ou do útero, independente da ascendência de origem materna ou paterna. Cerca de 15% dos casos de câncer de ovário têm antecedentes familiares.
Outros fatores: por ser uma doença ligada à atividade hormonal, especialistas destacam que o risco de desenvolvimento do câncer de ovário é maior nas mulheres que não tiveram filhos, que nunca tomaram a pílula anticoncepcional, que iniciaram o período menstrual muito cedo ou cuja menopausa começou mais tarde do que a média e em mulheres que já tiveram endometriose.
Prevenção
– Conheça seu corpo: esteja atenta a qualquer mudança incomum;
– Consultas médicas regulares: realize exames ginecológicos regularmente;
– Histórico familiar: se houver casos de câncer de ovário na família, informe seu médico;
– Uso de anticoncepcionais: alguns estudos sugerem que o uso prolongado de anticoncepcionais pode reduzir o risco, porém, o uso do anticoncepcional também pode ser um fator de risco para o surgimento do câncer de mama. Assim, é de extrema importância a consulta com o médico especialista para avaliação e indicação caso a caso.
Diagnóstico
A ecografia pélvica transvaginal e transabdominal são exames que permitem o diagnóstico e a avaliação em casos suspeitos de tumores nos ovários, mas o acompanhamento clínico é imprescindível para resultados positivos quando o assunto é diagnóstico precoce! Atualmente, a medição do marcador tumoral sanguíneo CA 125 também tem sido uma ferramenta importante, visto que cerca de 80% das mulheres com câncer de ovário possuem esse marcador elevado.
Tratamento
Em casos aonde há suspeita de tumor de ovário, a cirurgia exploratória é recomendada para avaliação e definição de estadiamento da doença, podendo acontecer apenas a remoção do tumor ou ainda a necessidade da retirada do útero e dos ovários. A depender do estágio, tratamentos adjuvantes de quimioterapia, radioterapia e terapia-alvo podem ser utilizados.
Lembre-se sempre de consultar seu médico e seguir as orientações para um diagnóstico precoce e tratamento adequado. A prevenção e a conscientização são essenciais na luta contra o câncer de ovário.
Tratamento humanizado associado à tecnologia! Atualmente, o Hospital de Amor conta com três unidades especializadas em Reabilitação: em Barretos (SP), Araguaína (TO) e Porto Velho (RO), com equipamentos altamente tecnológicos, que auxiliam pacientes oncológicos e não oncológicos na recuperação das funções motoras, auditivas, intelectuais e visuais.
Imagina um videogame com uma tela grande, projetada na parede da sua casa, onde você consegue movimentar coisas apenas com um toque? Essa tecnologia é chamada de realidade virtual, que está presente no NIRVANA, equipamento utilizado nos atendimentos de pacientes dos Centros de Reabilitação do Hospital de Amor, em Barretos e em Araguaína.
Trata-se de um dispositivo que auxilia na reabilitação motora e cognitiva de pacientes que tiveram suas funções perdidas (causadas, em grande maioria, pelo próprio tratamento oncológico) ou diagnosticados com TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), dislexia e deficiência intelectual. Além disso, o NIRVANA proporciona ao usuário uma experiência imersiva, por meio do seu sistema, criando um ambiente realista de acordo com o que ele vive, possibilitando trabalhar coordenação motora, equilíbrio, destreza manual, amplitude de movimento, estimulação cognitiva e baixa visão.
Uma das principais funções do equipamento é a estimulação neurossensorial, como destaca a educadora intelectual e psicopedagoga do Centro de Reabilitação do HA, Maria Laura de Barros Pedro. “Após uma avaliação do paciente, é realizado um estudo e traçado um plano de tratamento, onde já iniciamos a reabilitação com o NIRVANA. Todos os nossos pacientes, sejam eles oncológicos ou não, passam pelo dispositivo, pois além de acelerar o processo de recuperação e desenvolvimento, é possível trabalhar estimulação, comunicação e cognição através dos exercícios”, explica Maria Laura.
Os exercícios são todos adaptados, o que possibilita atender pacientes de diferentes faixas etárias, condições físicas, motoras e intelectuais. “Durante o processo de reabilitação, aproximadamente 30 pacientes passam por dia no NIRVANA e nós conseguimos adaptar os exercícios em tempo real, aproximando ao máximo da realidade em que o paciente está inserido, seja em sua casa, escola e trabalho. Conforme sua evolução, o próprio sistema vai ajustando os níveis de dificuldade”, destaca a psicopedagoga.
A reabilitação com o NIRVANA, associado a outras estratégias de tratamento, faz com que o paciente seja proativo na realização das tarefas, se tornando cada vez mais independente.
Parceria com Alok
O equipamento está sendo utilizado na reabilitação de pacientes do HA desde 2022, e foi adquirido por meio de uma doação realizada pelo Instituto Alok. O artista doou o cachê de um show realizado durante a Festa do Peão de Americana.
No dia 24 de agosto de 2022, em uma visita ao Hospital de Amor Barretos, o DJ conheceu de perto o dispositivo. Na ocasião, o presidente do HA, Henrique Prata, recebeu o artista e o homenageou com uma placa em seu nome. Em 2023, Alok repetiu o gesto de amor e solidariedade, e doou novamente seu cachê para a instituição, dessa vez o do show realizado durante a Festa do Peão de Barretos.
Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde emitido no início da semana, o Brasil ultrapassou os 700 mil casos possíveis de dengue apenas em 2024, uma alta superior a 300% em comparação ao mesmo período de 2023. Os dados mostram, ainda, que o número supera o total de casos registrados nos anos de 2017, 2018 e 2021.
São informações que acendem um importante alerta, principalmente, para pacientes em tratamento oncológico.
O médico infectologista do Hospital de Amor, Dr. José Carlos Ignácio Jr., explica que a dengue, a zika ou a chikungunya, doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, assim como qualquer outra infecção, atrapalham o tratamento oncológico porque podem atrasar, adiar ou interromper temporariamente a quimioterapia e/ou a radioterapia. Além disso, o paciente com câncer tem um risco maior de ter dengue grave. “Esse risco é maior nos pacientes com câncer acima de 60 anos, que também apresentam comorbidades como diabetes, hipertensão arterial, cardiopatia, doença renal ou pulmonar crônica”, destaca.
Para alguns tipos de câncer, o quadro também pode exigir cuidados extras. Pacientes adultos com leucemia, linfoma, mieloma e tumor de fígado apresentam maior risco de complicações hemorrágicas pela dengue e, assim, um maior risco de evoluir com dengue grave, necessidade de internação e maior risco de óbito. Já entre as crianças, as leucemias e os linfomas são de maior risco para dengue grave, assim como o tratamento de alguns tumores sólidos que são tratados com altas doses de quimioterapia.
O infectologista do HA frisa que, caso um paciente oncológico apresente sintomas típicos da infecção por dengue, é importante procurar imediatamente o centro de referência no qual o tratamento está sendo realizado, para avaliação médica e laboratorial, com seguimento para que se evite o agravamento da doença.
Vacina
Recentemente o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS), colocando o Brasil como pioneiro em todo o mundo a disponibilizar o imunizante no sistema público de saúde. A vacina, conhecida como Qdenga, que possui indicação para prevenção da doença causada por qualquer sorotipo do vírus e foi aprovada pela Anvisa para a faixa etária de 4 anos a 60 anos de idade, não será utilizada em larga escala em um primeiro momento, já que o laboratório fabricante afirmou ter uma capacidade restrita para o fornecimento de doses. Por isso, a vacinação ainda será focada em público e regiões prioritárias, conforme definição do órgão.
Apesar de ser um grande e importante avanço para esse problema de saúde pública, o Dr. José Ignácio explica que essa vacina é composta por vírus vivo atenuado, sendo assim, ela possui contraindicação de ser administrada em pacientes com imunidade comprometida, que é o caso dos pacientes em tratamento oncológico em uso de quimioterapia e/ou radioterapia. “A contraindicação vai até 6 meses após o término da quimioterapia e/ou radioterapia. Dessa forma, orienta-se que os pacientes oncológicos consultem seu médico para avaliar se podem receber a vacina contra dengue, quando ela estiver disponível”.
Prevenção
Para prevenção da dengue, além das medidas já conhecidas para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, eliminando água armazenada que pode se tornar um possível criadouro, como em vasos de plantas, lagões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas, o uso de repelente é um importante aliado.
Os repelentes com icaridina são recomendados por comprovação de eficácia e proteção, havendo diversas marcas disponíveis no mercado. Porém, caso não sejam tolerados, também podem ser aqueles à base de DEET, IR3535 e óleo de citronela. Segundo os especialistas, os repelentes caseiros não devem ser utilizados.
Algumas regras para a aplicação correta do repelente:
• Cuidado para não passar o repelente na região dos olhos, mucosas e áreas com feridas;
• O repelente spray deve ser aplicado sobre a roupa e não na pele que será coberta. Exemplo: se for colocar uma calça, vista essa peça de roupa e somente depois aplique o repelente sobre a calça. Nas áreas que não serão cobertas pelas roupas, basta aplicar o repelente sobre a pele descoberta;
• Raramente o uso de repelente causa alergia, mas pode acontecer. Caso apresente prurido (coceira) e urticária (placas vermelhas pelo corpo), suspenda o uso do repelente e fale com o seu médico.
Além do uso do repelente outras medidas podem auxiliar:
• Roupas: sempre usar camisas/blusas de mangas longas, calças longas, dar preferência para cores claras;
• Se possível colocar telas nas portas e janelas;
• Sempre permitir a entrada na casa do pessoal do controle de vetores, a fim de avaliar a existência de possíveis criadouros e orientações de prevenção.
Você sabia que agentes infecciosos como bactérias e vírus podem causar câncer? Segundo o médico coordenador do departamento de Cabeça e Pescoço e Pesquisador do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, de 15 a 17% de todos os tumores malignos possuem relação com esses agentes, incluindo o câncer de colo uterino, predominantemente ocasionado pelo papiloma vírus humano (HPV), com incidência de mais de 17 mil novos casos por ano apenas no Brasil.
O médico conta que já ficou também evidenciada cientificamente uma relação entre o HPV e o câncer de orofaringe ou garganta. “Um estudo desenvolvido no HA, em Barretos (SP), mostrou que cerca de 20% dos pacientes com câncer de garganta tiveram sua doença associada com a infecção crônica pelo HPV. Em outros países, como os Estados Unidos, o HPV chega a ser responsável por 90% dos tumores de garganta. Além do câncer de colo do útero e da garganta, existem outros diretamente relacionados ao HPV, como o de ânus, pênis, vagina e vulva e todos de transmissão sexual”, explica Gama.
Mas o especialista revela que a infecção pelo HPV não é a única vilã, existem evidências que também comprovam que o câncer de estômago está associado com a infecção pela bactéria conhecida como Helicobacter pilory; assim como o vírus HIV (da AIDS) pode ser fator de risco para alguns tipos de câncer do sistema linfático, como o linfoma; enquanto o vírus de Epstein-Barr (EBV) pode ter relação com o carcinoma nasofaríngeo indiferenciado, o câncer gástrico e o linfoma.
Como pacientes oncológicos devem prevenir infecções
Segundo o infectologista, para o tratamento do câncer o paciente pode precisar de cirurgia que, muitas vezes, são cirurgias de grande porte, quimioterapia ou radioterapia. “A depender do tipo de câncer, estes três tipos de tratamento podem ser associados. Tanto a quimioterapia como a radioterapia diminuem as defesas do paciente e isso coloca o paciente em risco de adquirir infecções”, explica Tarso.
Para os pacientes que irão iniciar o tratamento oncológico, uma das principais medidas para prevenção de infecção é a atualização da carteira de vacinação conforme a faixa etária/idade. Pelo Programa Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde, as seguintes vacinas são recomendadas para os pacientes que irão fazer quimioterapia e/ou radioterapia: difteria acelular, coqueluche, tétano, Haemophilus influenza b (conjugada), hepatite B, poliomielite (inativada), sarampo, caxumba, rubéola, zoster, febre amarela, influenza, COVID-19, meningite C, HPV, pneumocócica (VPC13 e VPC23). Todas elas estão disponíveis pelo SUS, entretanto vacinas com vírus vivos ou atenuadas (febre amarela, zoster, sarampo, caxumba, rubéola, pólio oral) são contraindicadas para pacientes em quimioterapia e/ou radioterapia.
“Ressalto que essa contraindicação vai até 6 meses após o término da quimioterapia e/ou radioterapia. Infelizmente, devido a urgência do tratamento oncológico, o paciente não tem tempo de atualizar sua carteira de vacinação antes do início da quimioterapia e/ou da radioterapia”, enfatiza o Dr. Paulo, que reforça também a necessidade de os familiares estarem com as seguintes vacinas em dia: influenza (gripe), sarampo, rubéola, caxumba e COVID-19.
Cuidados que o paciente oncológico deve ter
É importante que os pacientes que estão em tratamento oncológico evitem contato com pessoas que estejam com infecções transmissíveis, como gripe, resfriado, COVID-19, pneumonia e indivíduos com diarreia, por exemplo. Além disso, os pacientes também devem evitar lugares aglomerados e com pouca ventilação. “Se não for possível evitar tais lugares, eles deverão fazer uso de máscara cobrindo a boca e o nariz enquanto permanecerem nesses locais. Outra medida importante é em relação à alimentação (cuidados alimentares para pacientes oncológicos). Deve-se ter cuidado especial no preparo dos alimentos, como higienizar adequadamente as verduras e legumes, e dar preferência para aqueles que sejam cozidos. As frutas também devem ser higienizadas antes de serem ingeridas e deve-se dar preferência para as que sejam descascadas para serem ingeridas”, detalha o especialista.
Preparação correta
De acordo com o médico, as verduras, frutas e legumes além de serem lavadas em água corrente, também poderão ser submetidas à desinfecção com água sanitária. “Para fazer a solução na proporção correta, use 8ml (uma colher de sopa cheia) de água sanitária para cada litro de água potável. Frutas, legumes e verduras podem ficar de molho na solução de água potável e água sanitária por cerca de 15 minutos. No caso das folhosas, este tempo pode ser reduzido para 10 minutos. Após a imersão, enxaguar bem o alimento em água filtrada ou água corrente tratada com cloro”, explica.
O infectologista também reforça que as carnes (aves, carne bovina e peixes) e os ovos devem estar bem cozidos, ou seja, evitar o consumo de carnes ou ovos malpassados. “Uma outra regra básica e fácil para evitar a contaminação dos alimentos após o preparo, é consumir os pratos quentes antes que eles esfriem e os gelados antes que eles esquentem. Quando são preparadas para servir mais de uma refeição, deve-se refrigerar em geladeira quando ainda não estiverem totalmente frios, ou seja, eles devem ir para geladeira com a temperatura um pouco menor do que chamamos de morno (nem quente e nem completamente frio)”.
Também existem outras recomendações importantes, como não ingerir água que não seja clorada, como água de mina, fontes, cisternas, etc. Além da higiene das mãos, que é uma importante medida de prevenção de infecções, devendo ser realizada antes de se alimentar, antes de preparar os alimentos, após o uso do banheiro, após tocar superfícies que muitas pessoas tocam, com por exemplo maçanetas de banheiro público/coletivo, antes de colocar a mão na boca, nos olhos ou nas narinas.
Dengue, Zika e Chikungunya
Sabe aquele famoso: beber socialmente? Pois bem, quando o assunto é câncer até essa prática pode ser perigosa! Isso porque o álcool é, comprovadamente, um fator de risco para o desenvolvimento de diversos tipos da doença. De acordo com a Sociedade Americana de Oncologia Clínica, a recomendação é evitar-se completamente a ingestão de bebida alcoólica. E engana-se quem pensa que é por conta do ‘tipo de bebida’, mas sim pela quantidade consumida.
O oncologista clínico do Hospital de Amor, Dr. Gustavo Sanches Faria Pinto, explica que as pessoas que escolhem ingerir álcool devem limitar o consumo a não mais do que: um drinque por dia para mulheres (não gestantes) e dois drinques por dia para homens. “Um drinque padrão de álcool é definido como uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de destilado com 40% de álcool (por exemplo: vodka, whisky, gin, rum etc.). Transformando isso em gramas de álcool, gira em torno de 14 gramas! Ou seja: uma lata de cerveja comum no Brasil, a 4,5% de álcool, tem 12,5 gramas de álcool; uma dose de whisky, a 40% de álcool, tem 14 gramas de álcool. Isso quer dizer que consumir álcool acima de 14 g/dia, torna-se preocupante”, afirma.
Mas afinal, a bebida alcoólica traz algum tipo de benefício para o corpo? O HA fez uma entrevista exclusiva com o oncologista clínico para entender melhor o assunto e alertar todas as pessoas sobre a relação entre álcool e câncer. Confira e cuide da sua saúde!
– A bebida alcoólica é considerada um fator de risco para o desenvolvimento de câncer?
R.: Com certeza! O consumo de álcool é uma causa estabelecida de vários tipos de câncer (pelo menos sete), sendo o uso excessivo de álcool associado ao maior risco.
– Quais são os principais tipos de câncer associados ao consumo?
R.: Câncer de mama, vários tipos de câncer do trato gastrointestinal (esôfago, gástrico, colorretal, pâncreas, fígado e trato biliar) e cânceres de cabeça e pescoço (cavidade oral, orofaringe e laringe).
– Com que frequência o consumo de bebida alcoólica pode ser preocupante?
R.: Se estivermos falando de prevenção contra o câncer, o ideal é não beber álcool! De acordo com dados da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, consumir acima de 14 gramas de álcool por dia, é preocupante!
– Algum tipo de bebida alcoólica é pior? Neste caso, o teor alcoólico influencia?
R.: Não é o ‘tipo de bebida’, mas sim a quantidade ingerida de álcool. Na prática, uma lata de cerveja comum no Brasil a 4,5% de álcool, tem aproximadamente 12,5 gramas de álcool. Enquanto isso, uma dose de whisky a 40% de álcool tem 14 gramas de álcool.
– Existe algum benefício que o álcool traz para o corpo?
R.: Benefícios não! As diretrizes dietéticas Americanas de 2020 a 2025 aconselham não mais do que dois drinques por dia para homens e um drinque por dia para mulheres (não gestantes). Já outras diretrizes e especialistas desafiam essa visão de que exista alguma dose segura e recomendam evitar-se completamente o álcool.
– Paciente oncológico pode consumir álcool, mesmo que moderadamente?
R.: Não! Mesmo entre consumidores leves e moderados, alguns estudos indicam uma tendência para um aumento do risco de câncer, independente de outros fatores. Além disso, pacientes que estão em tratamento oncológico devem compartilhar todas as medicações, hábitos e vícios com seu médico, para que não haja fatores de confusão e as decisões sejam compartilhadas.
– Cirrose causada pelo excesso de álcool pode se desenvolver para um câncer?
R.: Com certeza! Cirrose de qualquer causa aumenta o risco de câncer de fígado. E esse risco varia de acordo com a idade, o sexo do paciente, a causa da cirrose e o grau de comprometimento hepático.
– Existe diferença entre o consumo de álcool de bebidas caseiras (o licor, por exemplo) e de bebidas industriais para o desenvolvimento de câncer?
R.: Não. O que importa, de fato, é o teor alcoólico, que deve ser inferior a 14 gramas por dia.
– Podemos afirmar que o álcool potencializa o surgimento e desenvolvimento de câncer?
R.: Sim! Estima-se que o consumo de álcool é responsável por, aproximadamente, 6% de todos os casos de câncer e 6% das mortes resultantes de câncer globalmente. Isso significa que quanto maior a ingestão, maior o risco. Além disso, existe também uma associação com o tabagismo: para algumas malignidades que estão ligadas tanto ao tabagismo quanto ao consumo de álcool, interações sinérgicas foram estabelecidas entre essas duas causas de câncer.
– O Hospital de Amor oferece algum tipo de apoio para o paciente oncológico que consome álcool?
R.: O HA possui uma equipe de psicologia ampla e experiente, que atua em todos os departamentos da instituição. O consumo de álcool pode ser um problema para a aderência e tolerância ao tratamento oncológico, portanto, se um paciente precisar de ajuda para abandonar o uso do álcool, nós temos os psicólogos ao nosso lado e, principalmente, ao lado dos pacientes nesse sentido.
– Nessa época de Carnaval, qual o seu recado para os foliões em relação ao consumo de álcool?
R.: Se for beber, beba com moderação, saiba os seus limites e, principalmente, não dirija. Divirta-se com responsabilidade! Aproveite o carnaval e mantenha-se hidratado. Vá de Uber/Táxi ou escolha alguém da turma para não beber. Priorize sua segurança e a do próximo. Celebre o carnaval com alegria, mas sempre com consciência!
Doar medula óssea é um gesto de solidariedade que pode ajudar pacientes que têm o transplante como a única chance de cura. E você sabia que, em função das características genéticas do sistema HLA (Human Leucocyte Antigen: que significa Antígeno Leucocitário Humano), esta chance é de 30% entre irmãos e muito menor quando buscamos doadores não-aparentados?
Por este motivo, existem os Registros de Doadores Voluntários em diferentes países, totalizando mais de 38 milhões de doadores no mundo. Dentre eles está o REDOME – terceiro maior registro, responsável pela manutenção das informações de todos os doadores voluntários de medula óssea cadastrados no Brasil e pela identificação de possíveis doadores. Atualmente, ele tem suas atividades coordenadas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e representa, para os pacientes brasileiros, a maior chance de encontrar um doador não-aparentado.
Mas afinal, como se tornar um doador voluntário de medula óssea? Entenda o assunto e saiba como você pode salvar vidas!
O que é medula óssea?
A medula óssea é um tecido gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecido popularmente por “tutano”. Nela, são produzidos os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. O transplante de medula óssea é recomendado a pacientes com doenças que afetam as células do sangue, como as leucemias, por exemplo, e também para os casos de anemia aplástica, linfomas, entre outras.
O transplante é a substituição da medula óssea doente por uma saudável. Com isso, o organismo do paciente transplantado passa a produzir novas células da medula óssea e do sangue.
Quem pode doar?
Para se tornar um doador de medula óssea é necessário:
– Ter entre 18 e 35 anos de idade;
– Estar em bom estado de saúde;
– Não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue (como infecção pelo HIV ou hepatite);
– Não apresentar história de doença neoplásica (câncer), hematológica ou autoimune (como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide).
Se você estiver dentro de todos esses requisitos, basta fazer um cadastro no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).
Como funciona o cadastramento?
Para fazer o cadastro, o doador deve apresentar um documento original de identidade e preencher um formulário com suas informações pessoais. Além disso, será necessária a coleta de uma amostra de sangue (5 ml) para testes de tipificação HLA – fundamental para a compatibilidade do transplante e para identificar suas características
genéticas. Estes dados serão incluídos no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).
A partir disso, todas as informações genéticas do doador e dos pacientes são cruzadas. Uma vez identificado um potencial doador compatível, ele é contatado e convidado a realizar novos testes de compatibilidade e uma avaliação clínica e laboratorial. Confirmada a compatibilidade com o paciente e o bom estado-de-saúde do doador, a doação é agendada. Este processo costuma levar 60 dias e não é necessária nenhuma mudança de hábitos de vida, de trabalho ou de alimentação.
Como é feita a doação?
A coleta das células-tronco hematopoéticas é realizada em centros de transplante ou hemocentros públicos ou privados de todo o país autorizados pelo Ministério da Saúde. Existem duas formas de doar (por punção ou aférese) e a decisão do procedimento mais adequado é feita pelo médico.
1) No primeiro caso, o doador é anestesiado em centro cirúrgico e requer internação de 24 horas. Uma porção da medula é retirada do interior dos ossos da bacia por meio de punções com agulhas, com duração de cerca de 90 minutos. O doador retorna às suas atividades habituais uma semana após a doação.
2) No segundo procedimento, chamado aférese, o doador toma um medicamento por cinco dias, que faz com que as células da medula óssea circulem na corrente sanguínea. Estas células são retiradas diretamente pelas veias do braço do doador, com uso da máquina de aférese, com duração de cerca de 3 a 4 horas.
• Nos dois casos, a medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias.
Como fica o paciente pós transplante?
Depois de um tratamento que destrói sua própria medula óssea com quimioterapia e/ou radioterapia, o paciente receberá a nova medula por meio de uma transfusão. Em três semanas, a medula transplantada já estará produzindo células novas.
Onde é possível fazer o cadastro para ser um doador voluntário de medula?
O cadastro de doadores voluntários no REDOME é realizado nos hemocentros de todo o país, portanto, procure o mais próximo de você para obter mais informações. Em Barretos (SP), vá até o Hemonúcleo do Hospital de Amor e nos ajude nessa missão!
• Vale lembrar que: o cadastro permanecerá ativo no REDOME até a pessoa completar 60 anos de idade, ou seja, ela poderá ser selecionada para um paciente ao longo de toda a sua vida. Por este motivo, é muito importante que o doador mantenha seus dados pessoais atualizados – o que pode ser feito por meio do site do próprio REDOME.
Informações:
Em caso de dúvidas, entre em contato com o hemonúcleo do HA pelo telefone: (17) 3321-6600 (ramal: 6941 ou 6753).
Com a sua ajuda podemos aumentar as chances de encontrar doadores compatíveis com nossos pacientes. Seja o herói de alguém! Cadastre-se e seja doador de medula óssea!
Passar pelo processo de uma amputação não é fácil. Em alguns casos, pacientes oncológicos precisam realizar a remoção de algum membro, o que pode acarretar possíveis consequências. Mas seria algo psicológico? Teria alguma explicação neurocientífica?
A síndrome do membro fantasma, também conhecida como ‘dor fantasma’, é uma sensação de dor, formigamento ou queimação, percebida em uma parte do corpo que foi amputada ou não funciona mais, ocorrendo em até 80% dos pacientes submetidos a amputações. É como se a parte do corpo ainda estivesse presente, mesmo que tenha sido removida ou danificada.
De acordo com o médico ortopedista e coordenador do departamento de Oncologia Ortopédica do Hospital de Amor, Dr. Sylvio Cesar Sargentini, a dor fantasma é real e pode ser muito intensa, afetando a qualidade de vida do paciente. O especialista explica que a causa exata não é completamente compreendida, mas é frequentemente atribuída a uma combinação de fatores, incluindo alterações neurológicas e a maneira como o cérebro ainda interpreta sinais de dor da área amputada:
• Alterações na atividade cerebral: após a amputação, o cérebro pode continuar a enviar sinais para o membro que não existe mais. Esses sinais podem ser interpretados como dor.
• Danos aos nervos: a amputação pode causar danos aos nervos, o que pode levar a dor.
Segundo o Dr. Sargentini, a duração da dor fantasma varia de pessoa para pessoa. Algumas pessoas experimentam dor fantasma por um curto período, enquanto outras podem vivenciá-la por um longo tempo, até mesmo por anos. O médico explica que para aliviar a dor fantasma, o paciente pode fazer o uso medicação, fisioterapia, estimulação nervosa ou outras terapias. Às vezes, simples técnicas de distração também podem ajudar a aliviar a sensação de dor, tais como:
• Medicamentos: os analgésicos, antidepressivos e anticonvulsivantes podem ser usados para aliviar a dor fantasma.
• Terapia: a terapia cognitivo-comportamental pode ajudar o paciente a aprender a lidar com a dor fantasma.
• Estimuladores: os estimuladores cerebrais profundos podem ser usados para interromper os sinais de dor que são enviados ao cérebro.
Uma sensação real
É comum muitas pessoas pensarem que a dor em um membro inexistente é algo puramente psicológica, no entanto, o médico afirma que a sensação fantasma é uma sensação de que o membro amputado ainda existe. “A pessoa pode sentir o membro doendo, coçando, formigando ou até mesmo se movendo. Ela é mais comum e costuma ocorrer em todos os pacientes amputados, assim como a dor residual do membro amputado, que ocorre devido a própria intervenção cirúrgica que ocorreu (cicatrização, corte, etc.)”, ressalta o ortopedista.
Quando questionado se a dor afeta mais homens ou mulheres, o especialista do HA explica que esta síndrome não parece estar ligada ao gênero e pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres. “E sua prevalência depende da condição médica subjacente que causou a amputação ou perda da função da parte do corpo”, revela Sylvio.
A dor não para os sonhos
O paciente do HA Infantojuvenil, Ian Barbosa, que precisou passar pelo processo de amputação após ser diagnosticado com um tumor ósseo (osteossarcoma), revela que sentiu a síndrome da dor fantasma. “Quando eu recebi a notícia da amputação, eu fiquei triste pois eu jogava futebol, mas poder viver falou mais alto e fiquei tranquilo em conseguir ter uma nova chance e uma nova vida. Após a amputação, eu comecei a sentir a dor fantasma. Eu sentia uma sensação estranha, pois eu não saiba onde eu iria coçar, se era nas canelas, nos pés, não conseguia contrair as pernas, enfim. Foi estranho conviver com isso”, diz Ian, que sonha em se tornar um atleta paraolímpico e representar o Brasil algum dia.
O jovem de Manaus (AM), revela ter feito uso de remédios para ajudá-lo com a dor. “Parar de sentir essa dor foi uma das melhores coisas que aconteceu comigo. Atualmente, eu não tenho muita sensibilidade e consigo viver tranquilamente. Posso dizer que estou bem acostumado com a prótese e consigo fazer todas as minhas atividades, sem limitações. Então sim, eu consigo viver de modo tranquilo”, finaliza o paciente, que faz reabilitação e treina na academia do Hospital de Amor, focando no seu grande sonho: ganhar uma medalha Paralímpica.
Certa vez, o conhecido medalhista olímpico brasileiro, Lars Grael, que sobreviveu a um grave acidente no mar (após uma lancha pilotada por um homem alcoolizado invadir a área de uma regata e colidir com o barco do atleta), teve sua perna direita amputada em 1998, e relatou: “Sinto a perna perdida 24 horas por dia, quase sempre como manifestação de dor, que varia de tipo e intensidade, se estou estressado é pior”. Mesmo após ter o sonho de sua carreira interrompida, Lars criou um projeto de incentivo para desenvolver novos velejadores – esporte que a cada ano ganha mais espaço nos corações dos brasileiros, principalmente pelo pioneirismo e garra dele; o que demonstra que é possível seguir a vida mesmo com a presença da dor.
Ambos os exemplos são a prova de que a perseverança e o sonhos são os maiores incentivadores para ajudar a vencer os desafios que o destino apresenta durante a jornada da vida.
Um estudo inédito realizado por pesquisadores do Hospital de Amor, que teve o apoio da FAPESP e foi recém-publicado na revista científica Clinical Breast Cancer, mostrou que, mais do que a cor da pele, a ancestralidade é indicadora de risco para câncer de mama e que mulheres de ascendência africana têm mais chances de desenvolver tumores do tipo triplo-negativo, que são de difícil tratamento. Apesar de a ancestralidade já ser conhecida como um fator para prever o tipo de câncer mais provável em certa população, a pesquisa destacou que, em países miscigenados como o Brasil, apenas a cor da pele não é suficiente para determinar esse fator de risco.
Essa é a primeira desse tipo, nos distintos subtipos moleculares, com base em marcadores genéticos de ancestralidade especialmente selecionados para a população geral brasileira e foi possível graças à pluralidade das pacientes atendidas pela instituição. Os pesquisadores explicam que esse tipo de análise é importante para definir se a frequência desses subtipos de tumores se associa com a ancestralidade genética das pacientes.
De acordo com o Dr. René Aloisio da Costa Vieira, pesquisador do HA e um dos coordenadores do estudo, “os resultados apontam para a necessidade de realizar exames anuais em populações de ascendência africana, predominante no Norte e Nordeste do país. Além dos fatores socioeconômicos, que podem influenciar o prognóstico da doença nessa população, observamos uma maior proporção de ancestralidade africana em mulheres com o subtipo molecular triplo-negativo, que é sabidamente mais agressivo, multiplica-se mais rápido e tem menos opções de tratamento”.
O trabalho contou com a participação de mais de mil pacientes com câncer de mama de diversas regiões brasileiras, com uma predominância maior de mulheres do Sudeste (72%), seguido por 7,3% da região Norte, 1,8% do Nordeste e 0,9% do Sul. Em consonância com o padrão de autodeclaração de cor ou raça do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maioria se declarava branca (77,9%), seguidas de pardas (17,4%) e negras (4,1%). Amarelas (asiáticas) e indígenas somaram 0,5%.
A partir dos resultados obtidos, observou-se que a ancestralidade avaliada geneticamente foi fator associado com a classificação molecular do câncer. “Isso mostra como a cor da pele não é determinante para o tipo de tumor, mas, sim, a ancestralidade”, comenta o Dr. Rui Manuel Reis, Diretor Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) e coordenador do Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular (CPOM) do Hospital de Amor.
Os pesquisadores pretendem, agora, ampliar e investir em novas frentes do estudo para descobrir, por exemplo, melhores formas de tratamento e prevenção, que possam, sobretudo, serem aplicadas ao Sistema Único de Saúde por meio de políticas públicas estruturadas.
Leia o artigo “Genetic Ancestry of 1127 Brazilian Breast Cancer Patients and Its Correlation With Molecular Subtype and Geographic Region” na íntegra.
*Texto colaborativo: André Julião – Agência FAPESP
Outubro ainda nem chegou, mas as ações em celebração ao ‘Outubro Rosa’ – campanha mundialmente conhecida sobre a conscientização da importância do diagnóstico precoce do câncer de mama – já se iniciaram no Hospital de Amor. Sempre consciente de que a maior arma no combate à doença é a prevenção, a instituição desenvolve projetos (durante todo o ano, mas especialmente neste período) que visam oferecer informações, orientações, além de excelência e humanização na realização de exames preventivos gratuitos à população. Uma dessas iniciativas é o “Talento Rosa”!
Promovida pelo Núcleo de Educação em Câncer (NEC) do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do HA, a capacitação, que é destinada aos professores representantes das Escolas de Educação Infantil, Fundamental e Médio de Barretos (SP) e região, tem o intuito de motivar crianças e adolescentes em ambientes escolares, de forma lúdica (artística), a refletirem sobre o câncer e suas formas de prevenção, por meio da produção desenhos e poesias, além de conscientizar as mulheres do convívio destes alunos sobre a importância do diagnóstico precoce da doença.
Em parceria com as Secretarias Municipais de Educação, Diretorias de Ensino e Rede de Ensino Privado de Barretos e Região, o evento – que neste ano aconteceu no último dia 26 de setembro, na Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos Dr. Paulo Prata (FASCIB), reuniu 170 profissionais, dentre eles o Dirigente de Ensino da D.E. da Regional de Barretos (SP), Bruno Henrique Bertin, e a Dirigente Regional de Ensino de São José do Rio Preto (SP), Luana da Silva Garcia.
“Com essa mobilização, nós buscamos unir todo o ambiente e a comunidade escolar, para que esses alunos possam se envolver com o Outubro Rosa e levar para suas mulheres de convívio, a importância da prevenção do câncer de mama, pois a prevenção salva vidas!”, afirmou a coordenadora do projeto, Rosa Cunha.
Para a mastologista do HA, Dra. Talita Mendes, começar a educação em saúde dentro das escolas – principalmente em relação a prevenção do câncer de mama (o tumor mais incidente em mulheres de todas as regiões do Brasil, exceto os pele não melanoma) – é fundamental. “Nada melhor do que começar esse trabalho, informando, orientando e conscientizando aqueles que educam”, declarou.
O evento
Durante o evento, os participantes puderam ouvir palestras sobre os temas:
• Câncer de Mama no Brasil e no Mundo – com os mastologistas do HA, Dr. Idam de Olivera Jr. e Dra. Talita Mendes; com a gerente administrativa da atenção primária e unidade de pronto atendimento (UPA) do HA, Marcela de Oliveira Santos; e com a gerente do Instituto de Prevenção do HA, Paula Carvalho Ribeiro.
• Os impactos da participação das escolas na Prevenção do Câncer de Mama – com a coordenadora de projetos do NEC do HA, Rosa Cunha; com a supervisora geral do Centro de Formação dos Profissionais de Educação (CEFORPE) de Barretos (SP), Ana Carolina Policarpo; com a supervisora de ensino da Secretaria Municipal de Educação de Olímpia (SP), Iracema Bassetto; e com a coordenadora de gestão pedagógica geral da Escola Estadual Professor Aymoré do Brasil, Paula Silva.
Para encerrar a ação com chave de ouro, um ‘show’ repleto de ânimo, incentivo e alegria com Leila Navarro. Com o tema: Motivação além do rosa: engajando equipes e promovendo conscientização, a palestrante motivacional (autora de mais de 15 livros, que integra o ranking dos 20 mais notáveis palestrantes brasileiros, segundo a revista VEJA em 2020), falou sobre amor-próprio, autoestima, autocuidado, qualidade de vida, empatia e o principal: sobre prevenção.
“Prevenção é empatia… empatia consigo mesma. Por isso, se você tem seios, cuide, sinta, respeite eles. Nosso corpo é nosso lar e ter consciência disso é o que nos salva! Cuidamos tanto da parte de fora, precisamos cuidar da parte de dentro também”, finalizou Leila.
Ao som da música ‘Soul de Verão’, de Sandra de Sá, Leila cantou, dançou e encantou todos os participantes do “Talento Rosa”.
O projeto
De acordo com a coordenadora do projeto, Rosa Cunha, a ação inicia-se pela capacitação dos profissionais da educação, abordando a prevenção do câncer de mama e as orientações sobre como essa temática deve ser desenvolvida em sala de aula. Após a produção dos desenhos e poesias, os estudantes são conduzidos pelo professor em uma roda de conversa a eleger um que melhor representa a reflexão realizada pela classe. “Uma cópia de cada trabalho selecionado é enviada para o Hospital de Amor e sugere-se que os originais, se possível, sejam expostos nas escolas ou unidades de saúde de suas respectivas cidades, de forma presencial ou on-line. Fotos dos ambientes escolares decorados também são enviadas ao HA e expostas na exposição digital da instituição”, completou Rosa.
No último ano, o ‘Talento Rosa’ capacitou 127 escolas, 1.337 professores e 22.106 estudantes, com 34.200 produções artísticas. Para mais informações sobre o ‘Talento Rosa’, acesse: ha.com.vc/talentorosa.
Prevenção
Há mais de 30 anos, o Hospital de Amor ultrapassa fronteiras e barreiras percorrendo o país para levar saúde de qualidade, gratuitamente, à população das localidades mais distantes e necessitadas. São dezenas de unidades fixas e móveis espalhadas pelo Brasil, desenvolvendo um trabalho completo em rastreamento, diagnóstico e tratamento, e o mais importante: salvando milhares de vidas!
População: 11.524 habitantes – Atendimentos em 2021: 1.589
O 24º encontro ‘Direito de Viver’ do município de Pirangi (SP), sob a coordenação do José Antônio dos Santos, teve gados e prendas. O evento arrecadou R$280.011,82.
O Hospital de Amor agradece todos os organizadores, apoiadores, voluntários e população da cidade e região. Muito obrigado!
Em 2020, o Brasil registrou 6.650 novos casos de câncer de ovário, o que representa 3% das neoplasias detectadas em mulheres no país. Mas, segundo estimativas do INCA (Instituto Nacional do Câncer), no triênio que contempla o período de 2023 a 2025, o número previsto já é superior, ultrapassando os 7 mil novos casos por ano. Ainda segundo a instituição, a região com maior incidência é a Sudeste.
A doença ocupa o sétimo lugar no ranking nacional de mortalidade entre as brasileiras, isso porque o câncer de ovário ainda é frequentemente diagnosticado em estágios avançados, diminuindo as possibilidades de tratamentos com fins curativos e a taxa de sobrevida. No mundo, dados mostram que apenas 45% das mulheres diagnosticadas possuem uma taxa de sobrevida de cinco anos, uma taxa que é de 89% nos casos de mulheres com câncer de mama.
Por isso, o cirurgião oncológico do Hospital de Amor, Dr. Carlos Andrade, ressalta a importância da observação de alguns sinais e sintomas da doença. “Os sintomas do câncer de ovário em estádios iniciais são muito fracos e podem facilmente serem confundidos com uma má digestão, dor muscular ou sintomas urinários. É importante alertar que mulheres com sintomas urinários ou intestinais que persistem por mais de uma semana, e que não tenham nenhum diagnóstico que justifique, devem ser investigadas para câncer de ovário. Pode ser uma sensação de empachamento, uma constipação, um aumento do volume abdominal ou um aumento da frequência urinária”.
Fatores de risco
Segundo a World Ovarian Cancer Coalition, uma organização global sem fins lucrativos focada não apenas na conscientização, mas no avanço de pesquisas e novos tratamentos da doença, ainda não há um teste simples ou exame de rotina preciso para o diagnóstico precoce, mas alguns fatores de risco devem ser levados em consideração no acompanhamento clínico padrão.
Idade: a maioria dos casos de câncer de ovário ocorre em mulheres com mais de 55 anos, pois a doença também está relacionada ao grau de atividade hormonal feminina. Mas alguns tipos de câncer de ovário podem aparecer em mulheres jovens;
Genética: mulheres portadoras de mutações genéticas nos genes BRCA1 ou BRCA2 (genes que ajudam a reparar os danos nas células), também relacionadas ao surgimento do câncer de mama, estão mais propensas ao desenvolvimento da doença. As portadoras de mutações no primeiro gene apresentam 45% de possibilidade de desenvolver esse tipo de câncer durante a vida, enquanto mutações no segundo gene oferecem risco de 25%.
Histórico familiar: dados mostram que as mulheres com maior o risco de desenvolverem câncer de ovário são as que possuem dois ou mais parentes que tiveram câncer de ovário, da mama, do cólon ou do útero, independente da ascendência de origem materna ou paterna. Cerca de 15% dos casos de câncer de ovário têm antecedentes familiares.
Outros fatores: por ser uma doença ligada à atividade hormonal, especialistas destacam que o risco de desenvolvimento do câncer de ovário é maior nas mulheres que não tiveram filhos, que nunca tomaram a pílula anticoncepcional, que iniciaram o período menstrual muito cedo ou cuja menopausa começou mais tarde do que a média e em mulheres que já tiveram endometriose.
Prevenção
– Conheça seu corpo: esteja atenta a qualquer mudança incomum;
– Consultas médicas regulares: realize exames ginecológicos regularmente;
– Histórico familiar: se houver casos de câncer de ovário na família, informe seu médico;
– Uso de anticoncepcionais: alguns estudos sugerem que o uso prolongado de anticoncepcionais pode reduzir o risco, porém, o uso do anticoncepcional também pode ser um fator de risco para o surgimento do câncer de mama. Assim, é de extrema importância a consulta com o médico especialista para avaliação e indicação caso a caso.
Diagnóstico
A ecografia pélvica transvaginal e transabdominal são exames que permitem o diagnóstico e a avaliação em casos suspeitos de tumores nos ovários, mas o acompanhamento clínico é imprescindível para resultados positivos quando o assunto é diagnóstico precoce! Atualmente, a medição do marcador tumoral sanguíneo CA 125 também tem sido uma ferramenta importante, visto que cerca de 80% das mulheres com câncer de ovário possuem esse marcador elevado.
Tratamento
Em casos aonde há suspeita de tumor de ovário, a cirurgia exploratória é recomendada para avaliação e definição de estadiamento da doença, podendo acontecer apenas a remoção do tumor ou ainda a necessidade da retirada do útero e dos ovários. A depender do estágio, tratamentos adjuvantes de quimioterapia, radioterapia e terapia-alvo podem ser utilizados.
Lembre-se sempre de consultar seu médico e seguir as orientações para um diagnóstico precoce e tratamento adequado. A prevenção e a conscientização são essenciais na luta contra o câncer de ovário.
Tratamento humanizado associado à tecnologia! Atualmente, o Hospital de Amor conta com três unidades especializadas em Reabilitação: em Barretos (SP), Araguaína (TO) e Porto Velho (RO), com equipamentos altamente tecnológicos, que auxiliam pacientes oncológicos e não oncológicos na recuperação das funções motoras, auditivas, intelectuais e visuais.
Imagina um videogame com uma tela grande, projetada na parede da sua casa, onde você consegue movimentar coisas apenas com um toque? Essa tecnologia é chamada de realidade virtual, que está presente no NIRVANA, equipamento utilizado nos atendimentos de pacientes dos Centros de Reabilitação do Hospital de Amor, em Barretos e em Araguaína.
Trata-se de um dispositivo que auxilia na reabilitação motora e cognitiva de pacientes que tiveram suas funções perdidas (causadas, em grande maioria, pelo próprio tratamento oncológico) ou diagnosticados com TEA (Transtorno do Espectro Autista), TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade), dislexia e deficiência intelectual. Além disso, o NIRVANA proporciona ao usuário uma experiência imersiva, por meio do seu sistema, criando um ambiente realista de acordo com o que ele vive, possibilitando trabalhar coordenação motora, equilíbrio, destreza manual, amplitude de movimento, estimulação cognitiva e baixa visão.
Uma das principais funções do equipamento é a estimulação neurossensorial, como destaca a educadora intelectual e psicopedagoga do Centro de Reabilitação do HA, Maria Laura de Barros Pedro. “Após uma avaliação do paciente, é realizado um estudo e traçado um plano de tratamento, onde já iniciamos a reabilitação com o NIRVANA. Todos os nossos pacientes, sejam eles oncológicos ou não, passam pelo dispositivo, pois além de acelerar o processo de recuperação e desenvolvimento, é possível trabalhar estimulação, comunicação e cognição através dos exercícios”, explica Maria Laura.
Os exercícios são todos adaptados, o que possibilita atender pacientes de diferentes faixas etárias, condições físicas, motoras e intelectuais. “Durante o processo de reabilitação, aproximadamente 30 pacientes passam por dia no NIRVANA e nós conseguimos adaptar os exercícios em tempo real, aproximando ao máximo da realidade em que o paciente está inserido, seja em sua casa, escola e trabalho. Conforme sua evolução, o próprio sistema vai ajustando os níveis de dificuldade”, destaca a psicopedagoga.
A reabilitação com o NIRVANA, associado a outras estratégias de tratamento, faz com que o paciente seja proativo na realização das tarefas, se tornando cada vez mais independente.
Parceria com Alok
O equipamento está sendo utilizado na reabilitação de pacientes do HA desde 2022, e foi adquirido por meio de uma doação realizada pelo Instituto Alok. O artista doou o cachê de um show realizado durante a Festa do Peão de Americana.
No dia 24 de agosto de 2022, em uma visita ao Hospital de Amor Barretos, o DJ conheceu de perto o dispositivo. Na ocasião, o presidente do HA, Henrique Prata, recebeu o artista e o homenageou com uma placa em seu nome. Em 2023, Alok repetiu o gesto de amor e solidariedade, e doou novamente seu cachê para a instituição, dessa vez o do show realizado durante a Festa do Peão de Barretos.
Segundo o boletim epidemiológico do Ministério da Saúde emitido no início da semana, o Brasil ultrapassou os 700 mil casos possíveis de dengue apenas em 2024, uma alta superior a 300% em comparação ao mesmo período de 2023. Os dados mostram, ainda, que o número supera o total de casos registrados nos anos de 2017, 2018 e 2021.
São informações que acendem um importante alerta, principalmente, para pacientes em tratamento oncológico.
O médico infectologista do Hospital de Amor, Dr. José Carlos Ignácio Jr., explica que a dengue, a zika ou a chikungunya, doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, assim como qualquer outra infecção, atrapalham o tratamento oncológico porque podem atrasar, adiar ou interromper temporariamente a quimioterapia e/ou a radioterapia. Além disso, o paciente com câncer tem um risco maior de ter dengue grave. “Esse risco é maior nos pacientes com câncer acima de 60 anos, que também apresentam comorbidades como diabetes, hipertensão arterial, cardiopatia, doença renal ou pulmonar crônica”, destaca.
Para alguns tipos de câncer, o quadro também pode exigir cuidados extras. Pacientes adultos com leucemia, linfoma, mieloma e tumor de fígado apresentam maior risco de complicações hemorrágicas pela dengue e, assim, um maior risco de evoluir com dengue grave, necessidade de internação e maior risco de óbito. Já entre as crianças, as leucemias e os linfomas são de maior risco para dengue grave, assim como o tratamento de alguns tumores sólidos que são tratados com altas doses de quimioterapia.
O infectologista do HA frisa que, caso um paciente oncológico apresente sintomas típicos da infecção por dengue, é importante procurar imediatamente o centro de referência no qual o tratamento está sendo realizado, para avaliação médica e laboratorial, com seguimento para que se evite o agravamento da doença.
Vacina
Recentemente o Ministério da Saúde incorporou a vacina contra dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS), colocando o Brasil como pioneiro em todo o mundo a disponibilizar o imunizante no sistema público de saúde. A vacina, conhecida como Qdenga, que possui indicação para prevenção da doença causada por qualquer sorotipo do vírus e foi aprovada pela Anvisa para a faixa etária de 4 anos a 60 anos de idade, não será utilizada em larga escala em um primeiro momento, já que o laboratório fabricante afirmou ter uma capacidade restrita para o fornecimento de doses. Por isso, a vacinação ainda será focada em público e regiões prioritárias, conforme definição do órgão.
Apesar de ser um grande e importante avanço para esse problema de saúde pública, o Dr. José Ignácio explica que essa vacina é composta por vírus vivo atenuado, sendo assim, ela possui contraindicação de ser administrada em pacientes com imunidade comprometida, que é o caso dos pacientes em tratamento oncológico em uso de quimioterapia e/ou radioterapia. “A contraindicação vai até 6 meses após o término da quimioterapia e/ou radioterapia. Dessa forma, orienta-se que os pacientes oncológicos consultem seu médico para avaliar se podem receber a vacina contra dengue, quando ela estiver disponível”.
Prevenção
Para prevenção da dengue, além das medidas já conhecidas para evitar a proliferação do mosquito Aedes aegypti, eliminando água armazenada que pode se tornar um possível criadouro, como em vasos de plantas, lagões de água, pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção e até mesmo em recipientes pequenos, como tampas de garrafas, o uso de repelente é um importante aliado.
Os repelentes com icaridina são recomendados por comprovação de eficácia e proteção, havendo diversas marcas disponíveis no mercado. Porém, caso não sejam tolerados, também podem ser aqueles à base de DEET, IR3535 e óleo de citronela. Segundo os especialistas, os repelentes caseiros não devem ser utilizados.
Algumas regras para a aplicação correta do repelente:
• Cuidado para não passar o repelente na região dos olhos, mucosas e áreas com feridas;
• O repelente spray deve ser aplicado sobre a roupa e não na pele que será coberta. Exemplo: se for colocar uma calça, vista essa peça de roupa e somente depois aplique o repelente sobre a calça. Nas áreas que não serão cobertas pelas roupas, basta aplicar o repelente sobre a pele descoberta;
• Raramente o uso de repelente causa alergia, mas pode acontecer. Caso apresente prurido (coceira) e urticária (placas vermelhas pelo corpo), suspenda o uso do repelente e fale com o seu médico.
Além do uso do repelente outras medidas podem auxiliar:
• Roupas: sempre usar camisas/blusas de mangas longas, calças longas, dar preferência para cores claras;
• Se possível colocar telas nas portas e janelas;
• Sempre permitir a entrada na casa do pessoal do controle de vetores, a fim de avaliar a existência de possíveis criadouros e orientações de prevenção.
Você sabia que agentes infecciosos como bactérias e vírus podem causar câncer? Segundo o médico coordenador do departamento de Cabeça e Pescoço e Pesquisador do Hospital de Amor, Dr. Ricardo Gama, de 15 a 17% de todos os tumores malignos possuem relação com esses agentes, incluindo o câncer de colo uterino, predominantemente ocasionado pelo papiloma vírus humano (HPV), com incidência de mais de 17 mil novos casos por ano apenas no Brasil.
O médico conta que já ficou também evidenciada cientificamente uma relação entre o HPV e o câncer de orofaringe ou garganta. “Um estudo desenvolvido no HA, em Barretos (SP), mostrou que cerca de 20% dos pacientes com câncer de garganta tiveram sua doença associada com a infecção crônica pelo HPV. Em outros países, como os Estados Unidos, o HPV chega a ser responsável por 90% dos tumores de garganta. Além do câncer de colo do útero e da garganta, existem outros diretamente relacionados ao HPV, como o de ânus, pênis, vagina e vulva e todos de transmissão sexual”, explica Gama.
Mas o especialista revela que a infecção pelo HPV não é a única vilã, existem evidências que também comprovam que o câncer de estômago está associado com a infecção pela bactéria conhecida como Helicobacter pilory; assim como o vírus HIV (da AIDS) pode ser fator de risco para alguns tipos de câncer do sistema linfático, como o linfoma; enquanto o vírus de Epstein-Barr (EBV) pode ter relação com o carcinoma nasofaríngeo indiferenciado, o câncer gástrico e o linfoma.
Como pacientes oncológicos devem prevenir infecções
Segundo o infectologista, para o tratamento do câncer o paciente pode precisar de cirurgia que, muitas vezes, são cirurgias de grande porte, quimioterapia ou radioterapia. “A depender do tipo de câncer, estes três tipos de tratamento podem ser associados. Tanto a quimioterapia como a radioterapia diminuem as defesas do paciente e isso coloca o paciente em risco de adquirir infecções”, explica Tarso.
Para os pacientes que irão iniciar o tratamento oncológico, uma das principais medidas para prevenção de infecção é a atualização da carteira de vacinação conforme a faixa etária/idade. Pelo Programa Nacional de Imunização, do Ministério da Saúde, as seguintes vacinas são recomendadas para os pacientes que irão fazer quimioterapia e/ou radioterapia: difteria acelular, coqueluche, tétano, Haemophilus influenza b (conjugada), hepatite B, poliomielite (inativada), sarampo, caxumba, rubéola, zoster, febre amarela, influenza, COVID-19, meningite C, HPV, pneumocócica (VPC13 e VPC23). Todas elas estão disponíveis pelo SUS, entretanto vacinas com vírus vivos ou atenuadas (febre amarela, zoster, sarampo, caxumba, rubéola, pólio oral) são contraindicadas para pacientes em quimioterapia e/ou radioterapia.
“Ressalto que essa contraindicação vai até 6 meses após o término da quimioterapia e/ou radioterapia. Infelizmente, devido a urgência do tratamento oncológico, o paciente não tem tempo de atualizar sua carteira de vacinação antes do início da quimioterapia e/ou da radioterapia”, enfatiza o Dr. Paulo, que reforça também a necessidade de os familiares estarem com as seguintes vacinas em dia: influenza (gripe), sarampo, rubéola, caxumba e COVID-19.
Cuidados que o paciente oncológico deve ter
É importante que os pacientes que estão em tratamento oncológico evitem contato com pessoas que estejam com infecções transmissíveis, como gripe, resfriado, COVID-19, pneumonia e indivíduos com diarreia, por exemplo. Além disso, os pacientes também devem evitar lugares aglomerados e com pouca ventilação. “Se não for possível evitar tais lugares, eles deverão fazer uso de máscara cobrindo a boca e o nariz enquanto permanecerem nesses locais. Outra medida importante é em relação à alimentação (cuidados alimentares para pacientes oncológicos). Deve-se ter cuidado especial no preparo dos alimentos, como higienizar adequadamente as verduras e legumes, e dar preferência para aqueles que sejam cozidos. As frutas também devem ser higienizadas antes de serem ingeridas e deve-se dar preferência para as que sejam descascadas para serem ingeridas”, detalha o especialista.
Preparação correta
De acordo com o médico, as verduras, frutas e legumes além de serem lavadas em água corrente, também poderão ser submetidas à desinfecção com água sanitária. “Para fazer a solução na proporção correta, use 8ml (uma colher de sopa cheia) de água sanitária para cada litro de água potável. Frutas, legumes e verduras podem ficar de molho na solução de água potável e água sanitária por cerca de 15 minutos. No caso das folhosas, este tempo pode ser reduzido para 10 minutos. Após a imersão, enxaguar bem o alimento em água filtrada ou água corrente tratada com cloro”, explica.
O infectologista também reforça que as carnes (aves, carne bovina e peixes) e os ovos devem estar bem cozidos, ou seja, evitar o consumo de carnes ou ovos malpassados. “Uma outra regra básica e fácil para evitar a contaminação dos alimentos após o preparo, é consumir os pratos quentes antes que eles esfriem e os gelados antes que eles esquentem. Quando são preparadas para servir mais de uma refeição, deve-se refrigerar em geladeira quando ainda não estiverem totalmente frios, ou seja, eles devem ir para geladeira com a temperatura um pouco menor do que chamamos de morno (nem quente e nem completamente frio)”.
Também existem outras recomendações importantes, como não ingerir água que não seja clorada, como água de mina, fontes, cisternas, etc. Além da higiene das mãos, que é uma importante medida de prevenção de infecções, devendo ser realizada antes de se alimentar, antes de preparar os alimentos, após o uso do banheiro, após tocar superfícies que muitas pessoas tocam, com por exemplo maçanetas de banheiro público/coletivo, antes de colocar a mão na boca, nos olhos ou nas narinas.
Dengue, Zika e Chikungunya
Sabe aquele famoso: beber socialmente? Pois bem, quando o assunto é câncer até essa prática pode ser perigosa! Isso porque o álcool é, comprovadamente, um fator de risco para o desenvolvimento de diversos tipos da doença. De acordo com a Sociedade Americana de Oncologia Clínica, a recomendação é evitar-se completamente a ingestão de bebida alcoólica. E engana-se quem pensa que é por conta do ‘tipo de bebida’, mas sim pela quantidade consumida.
O oncologista clínico do Hospital de Amor, Dr. Gustavo Sanches Faria Pinto, explica que as pessoas que escolhem ingerir álcool devem limitar o consumo a não mais do que: um drinque por dia para mulheres (não gestantes) e dois drinques por dia para homens. “Um drinque padrão de álcool é definido como uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de destilado com 40% de álcool (por exemplo: vodka, whisky, gin, rum etc.). Transformando isso em gramas de álcool, gira em torno de 14 gramas! Ou seja: uma lata de cerveja comum no Brasil, a 4,5% de álcool, tem 12,5 gramas de álcool; uma dose de whisky, a 40% de álcool, tem 14 gramas de álcool. Isso quer dizer que consumir álcool acima de 14 g/dia, torna-se preocupante”, afirma.
Mas afinal, a bebida alcoólica traz algum tipo de benefício para o corpo? O HA fez uma entrevista exclusiva com o oncologista clínico para entender melhor o assunto e alertar todas as pessoas sobre a relação entre álcool e câncer. Confira e cuide da sua saúde!
– A bebida alcoólica é considerada um fator de risco para o desenvolvimento de câncer?
R.: Com certeza! O consumo de álcool é uma causa estabelecida de vários tipos de câncer (pelo menos sete), sendo o uso excessivo de álcool associado ao maior risco.
– Quais são os principais tipos de câncer associados ao consumo?
R.: Câncer de mama, vários tipos de câncer do trato gastrointestinal (esôfago, gástrico, colorretal, pâncreas, fígado e trato biliar) e cânceres de cabeça e pescoço (cavidade oral, orofaringe e laringe).
– Com que frequência o consumo de bebida alcoólica pode ser preocupante?
R.: Se estivermos falando de prevenção contra o câncer, o ideal é não beber álcool! De acordo com dados da Sociedade Americana de Oncologia Clínica, consumir acima de 14 gramas de álcool por dia, é preocupante!
– Algum tipo de bebida alcoólica é pior? Neste caso, o teor alcoólico influencia?
R.: Não é o ‘tipo de bebida’, mas sim a quantidade ingerida de álcool. Na prática, uma lata de cerveja comum no Brasil a 4,5% de álcool, tem aproximadamente 12,5 gramas de álcool. Enquanto isso, uma dose de whisky a 40% de álcool tem 14 gramas de álcool.
– Existe algum benefício que o álcool traz para o corpo?
R.: Benefícios não! As diretrizes dietéticas Americanas de 2020 a 2025 aconselham não mais do que dois drinques por dia para homens e um drinque por dia para mulheres (não gestantes). Já outras diretrizes e especialistas desafiam essa visão de que exista alguma dose segura e recomendam evitar-se completamente o álcool.
– Paciente oncológico pode consumir álcool, mesmo que moderadamente?
R.: Não! Mesmo entre consumidores leves e moderados, alguns estudos indicam uma tendência para um aumento do risco de câncer, independente de outros fatores. Além disso, pacientes que estão em tratamento oncológico devem compartilhar todas as medicações, hábitos e vícios com seu médico, para que não haja fatores de confusão e as decisões sejam compartilhadas.
– Cirrose causada pelo excesso de álcool pode se desenvolver para um câncer?
R.: Com certeza! Cirrose de qualquer causa aumenta o risco de câncer de fígado. E esse risco varia de acordo com a idade, o sexo do paciente, a causa da cirrose e o grau de comprometimento hepático.
– Existe diferença entre o consumo de álcool de bebidas caseiras (o licor, por exemplo) e de bebidas industriais para o desenvolvimento de câncer?
R.: Não. O que importa, de fato, é o teor alcoólico, que deve ser inferior a 14 gramas por dia.
– Podemos afirmar que o álcool potencializa o surgimento e desenvolvimento de câncer?
R.: Sim! Estima-se que o consumo de álcool é responsável por, aproximadamente, 6% de todos os casos de câncer e 6% das mortes resultantes de câncer globalmente. Isso significa que quanto maior a ingestão, maior o risco. Além disso, existe também uma associação com o tabagismo: para algumas malignidades que estão ligadas tanto ao tabagismo quanto ao consumo de álcool, interações sinérgicas foram estabelecidas entre essas duas causas de câncer.
– O Hospital de Amor oferece algum tipo de apoio para o paciente oncológico que consome álcool?
R.: O HA possui uma equipe de psicologia ampla e experiente, que atua em todos os departamentos da instituição. O consumo de álcool pode ser um problema para a aderência e tolerância ao tratamento oncológico, portanto, se um paciente precisar de ajuda para abandonar o uso do álcool, nós temos os psicólogos ao nosso lado e, principalmente, ao lado dos pacientes nesse sentido.
– Nessa época de Carnaval, qual o seu recado para os foliões em relação ao consumo de álcool?
R.: Se for beber, beba com moderação, saiba os seus limites e, principalmente, não dirija. Divirta-se com responsabilidade! Aproveite o carnaval e mantenha-se hidratado. Vá de Uber/Táxi ou escolha alguém da turma para não beber. Priorize sua segurança e a do próximo. Celebre o carnaval com alegria, mas sempre com consciência!
Doar medula óssea é um gesto de solidariedade que pode ajudar pacientes que têm o transplante como a única chance de cura. E você sabia que, em função das características genéticas do sistema HLA (Human Leucocyte Antigen: que significa Antígeno Leucocitário Humano), esta chance é de 30% entre irmãos e muito menor quando buscamos doadores não-aparentados?
Por este motivo, existem os Registros de Doadores Voluntários em diferentes países, totalizando mais de 38 milhões de doadores no mundo. Dentre eles está o REDOME – terceiro maior registro, responsável pela manutenção das informações de todos os doadores voluntários de medula óssea cadastrados no Brasil e pela identificação de possíveis doadores. Atualmente, ele tem suas atividades coordenadas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e representa, para os pacientes brasileiros, a maior chance de encontrar um doador não-aparentado.
Mas afinal, como se tornar um doador voluntário de medula óssea? Entenda o assunto e saiba como você pode salvar vidas!
O que é medula óssea?
A medula óssea é um tecido gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecido popularmente por “tutano”. Nela, são produzidos os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. O transplante de medula óssea é recomendado a pacientes com doenças que afetam as células do sangue, como as leucemias, por exemplo, e também para os casos de anemia aplástica, linfomas, entre outras.
O transplante é a substituição da medula óssea doente por uma saudável. Com isso, o organismo do paciente transplantado passa a produzir novas células da medula óssea e do sangue.
Quem pode doar?
Para se tornar um doador de medula óssea é necessário:
– Ter entre 18 e 35 anos de idade;
– Estar em bom estado de saúde;
– Não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue (como infecção pelo HIV ou hepatite);
– Não apresentar história de doença neoplásica (câncer), hematológica ou autoimune (como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide).
Se você estiver dentro de todos esses requisitos, basta fazer um cadastro no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).
Como funciona o cadastramento?
Para fazer o cadastro, o doador deve apresentar um documento original de identidade e preencher um formulário com suas informações pessoais. Além disso, será necessária a coleta de uma amostra de sangue (5 ml) para testes de tipificação HLA – fundamental para a compatibilidade do transplante e para identificar suas características
genéticas. Estes dados serão incluídos no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).
A partir disso, todas as informações genéticas do doador e dos pacientes são cruzadas. Uma vez identificado um potencial doador compatível, ele é contatado e convidado a realizar novos testes de compatibilidade e uma avaliação clínica e laboratorial. Confirmada a compatibilidade com o paciente e o bom estado-de-saúde do doador, a doação é agendada. Este processo costuma levar 60 dias e não é necessária nenhuma mudança de hábitos de vida, de trabalho ou de alimentação.
Como é feita a doação?
A coleta das células-tronco hematopoéticas é realizada em centros de transplante ou hemocentros públicos ou privados de todo o país autorizados pelo Ministério da Saúde. Existem duas formas de doar (por punção ou aférese) e a decisão do procedimento mais adequado é feita pelo médico.
1) No primeiro caso, o doador é anestesiado em centro cirúrgico e requer internação de 24 horas. Uma porção da medula é retirada do interior dos ossos da bacia por meio de punções com agulhas, com duração de cerca de 90 minutos. O doador retorna às suas atividades habituais uma semana após a doação.
2) No segundo procedimento, chamado aférese, o doador toma um medicamento por cinco dias, que faz com que as células da medula óssea circulem na corrente sanguínea. Estas células são retiradas diretamente pelas veias do braço do doador, com uso da máquina de aférese, com duração de cerca de 3 a 4 horas.
• Nos dois casos, a medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias.
Como fica o paciente pós transplante?
Depois de um tratamento que destrói sua própria medula óssea com quimioterapia e/ou radioterapia, o paciente receberá a nova medula por meio de uma transfusão. Em três semanas, a medula transplantada já estará produzindo células novas.
Onde é possível fazer o cadastro para ser um doador voluntário de medula?
O cadastro de doadores voluntários no REDOME é realizado nos hemocentros de todo o país, portanto, procure o mais próximo de você para obter mais informações. Em Barretos (SP), vá até o Hemonúcleo do Hospital de Amor e nos ajude nessa missão!
• Vale lembrar que: o cadastro permanecerá ativo no REDOME até a pessoa completar 60 anos de idade, ou seja, ela poderá ser selecionada para um paciente ao longo de toda a sua vida. Por este motivo, é muito importante que o doador mantenha seus dados pessoais atualizados – o que pode ser feito por meio do site do próprio REDOME.
Informações:
Em caso de dúvidas, entre em contato com o hemonúcleo do HA pelo telefone: (17) 3321-6600 (ramal: 6941 ou 6753).
Com a sua ajuda podemos aumentar as chances de encontrar doadores compatíveis com nossos pacientes. Seja o herói de alguém! Cadastre-se e seja doador de medula óssea!
Passar pelo processo de uma amputação não é fácil. Em alguns casos, pacientes oncológicos precisam realizar a remoção de algum membro, o que pode acarretar possíveis consequências. Mas seria algo psicológico? Teria alguma explicação neurocientífica?
A síndrome do membro fantasma, também conhecida como ‘dor fantasma’, é uma sensação de dor, formigamento ou queimação, percebida em uma parte do corpo que foi amputada ou não funciona mais, ocorrendo em até 80% dos pacientes submetidos a amputações. É como se a parte do corpo ainda estivesse presente, mesmo que tenha sido removida ou danificada.
De acordo com o médico ortopedista e coordenador do departamento de Oncologia Ortopédica do Hospital de Amor, Dr. Sylvio Cesar Sargentini, a dor fantasma é real e pode ser muito intensa, afetando a qualidade de vida do paciente. O especialista explica que a causa exata não é completamente compreendida, mas é frequentemente atribuída a uma combinação de fatores, incluindo alterações neurológicas e a maneira como o cérebro ainda interpreta sinais de dor da área amputada:
• Alterações na atividade cerebral: após a amputação, o cérebro pode continuar a enviar sinais para o membro que não existe mais. Esses sinais podem ser interpretados como dor.
• Danos aos nervos: a amputação pode causar danos aos nervos, o que pode levar a dor.
Segundo o Dr. Sargentini, a duração da dor fantasma varia de pessoa para pessoa. Algumas pessoas experimentam dor fantasma por um curto período, enquanto outras podem vivenciá-la por um longo tempo, até mesmo por anos. O médico explica que para aliviar a dor fantasma, o paciente pode fazer o uso medicação, fisioterapia, estimulação nervosa ou outras terapias. Às vezes, simples técnicas de distração também podem ajudar a aliviar a sensação de dor, tais como:
• Medicamentos: os analgésicos, antidepressivos e anticonvulsivantes podem ser usados para aliviar a dor fantasma.
• Terapia: a terapia cognitivo-comportamental pode ajudar o paciente a aprender a lidar com a dor fantasma.
• Estimuladores: os estimuladores cerebrais profundos podem ser usados para interromper os sinais de dor que são enviados ao cérebro.
Uma sensação real
É comum muitas pessoas pensarem que a dor em um membro inexistente é algo puramente psicológica, no entanto, o médico afirma que a sensação fantasma é uma sensação de que o membro amputado ainda existe. “A pessoa pode sentir o membro doendo, coçando, formigando ou até mesmo se movendo. Ela é mais comum e costuma ocorrer em todos os pacientes amputados, assim como a dor residual do membro amputado, que ocorre devido a própria intervenção cirúrgica que ocorreu (cicatrização, corte, etc.)”, ressalta o ortopedista.
Quando questionado se a dor afeta mais homens ou mulheres, o especialista do HA explica que esta síndrome não parece estar ligada ao gênero e pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres. “E sua prevalência depende da condição médica subjacente que causou a amputação ou perda da função da parte do corpo”, revela Sylvio.
A dor não para os sonhos
O paciente do HA Infantojuvenil, Ian Barbosa, que precisou passar pelo processo de amputação após ser diagnosticado com um tumor ósseo (osteossarcoma), revela que sentiu a síndrome da dor fantasma. “Quando eu recebi a notícia da amputação, eu fiquei triste pois eu jogava futebol, mas poder viver falou mais alto e fiquei tranquilo em conseguir ter uma nova chance e uma nova vida. Após a amputação, eu comecei a sentir a dor fantasma. Eu sentia uma sensação estranha, pois eu não saiba onde eu iria coçar, se era nas canelas, nos pés, não conseguia contrair as pernas, enfim. Foi estranho conviver com isso”, diz Ian, que sonha em se tornar um atleta paraolímpico e representar o Brasil algum dia.
O jovem de Manaus (AM), revela ter feito uso de remédios para ajudá-lo com a dor. “Parar de sentir essa dor foi uma das melhores coisas que aconteceu comigo. Atualmente, eu não tenho muita sensibilidade e consigo viver tranquilamente. Posso dizer que estou bem acostumado com a prótese e consigo fazer todas as minhas atividades, sem limitações. Então sim, eu consigo viver de modo tranquilo”, finaliza o paciente, que faz reabilitação e treina na academia do Hospital de Amor, focando no seu grande sonho: ganhar uma medalha Paralímpica.
Certa vez, o conhecido medalhista olímpico brasileiro, Lars Grael, que sobreviveu a um grave acidente no mar (após uma lancha pilotada por um homem alcoolizado invadir a área de uma regata e colidir com o barco do atleta), teve sua perna direita amputada em 1998, e relatou: “Sinto a perna perdida 24 horas por dia, quase sempre como manifestação de dor, que varia de tipo e intensidade, se estou estressado é pior”. Mesmo após ter o sonho de sua carreira interrompida, Lars criou um projeto de incentivo para desenvolver novos velejadores – esporte que a cada ano ganha mais espaço nos corações dos brasileiros, principalmente pelo pioneirismo e garra dele; o que demonstra que é possível seguir a vida mesmo com a presença da dor.
Ambos os exemplos são a prova de que a perseverança e o sonhos são os maiores incentivadores para ajudar a vencer os desafios que o destino apresenta durante a jornada da vida.
Um estudo inédito realizado por pesquisadores do Hospital de Amor, que teve o apoio da FAPESP e foi recém-publicado na revista científica Clinical Breast Cancer, mostrou que, mais do que a cor da pele, a ancestralidade é indicadora de risco para câncer de mama e que mulheres de ascendência africana têm mais chances de desenvolver tumores do tipo triplo-negativo, que são de difícil tratamento. Apesar de a ancestralidade já ser conhecida como um fator para prever o tipo de câncer mais provável em certa população, a pesquisa destacou que, em países miscigenados como o Brasil, apenas a cor da pele não é suficiente para determinar esse fator de risco.
Essa é a primeira desse tipo, nos distintos subtipos moleculares, com base em marcadores genéticos de ancestralidade especialmente selecionados para a população geral brasileira e foi possível graças à pluralidade das pacientes atendidas pela instituição. Os pesquisadores explicam que esse tipo de análise é importante para definir se a frequência desses subtipos de tumores se associa com a ancestralidade genética das pacientes.
De acordo com o Dr. René Aloisio da Costa Vieira, pesquisador do HA e um dos coordenadores do estudo, “os resultados apontam para a necessidade de realizar exames anuais em populações de ascendência africana, predominante no Norte e Nordeste do país. Além dos fatores socioeconômicos, que podem influenciar o prognóstico da doença nessa população, observamos uma maior proporção de ancestralidade africana em mulheres com o subtipo molecular triplo-negativo, que é sabidamente mais agressivo, multiplica-se mais rápido e tem menos opções de tratamento”.
O trabalho contou com a participação de mais de mil pacientes com câncer de mama de diversas regiões brasileiras, com uma predominância maior de mulheres do Sudeste (72%), seguido por 7,3% da região Norte, 1,8% do Nordeste e 0,9% do Sul. Em consonância com o padrão de autodeclaração de cor ou raça do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a maioria se declarava branca (77,9%), seguidas de pardas (17,4%) e negras (4,1%). Amarelas (asiáticas) e indígenas somaram 0,5%.
A partir dos resultados obtidos, observou-se que a ancestralidade avaliada geneticamente foi fator associado com a classificação molecular do câncer. “Isso mostra como a cor da pele não é determinante para o tipo de tumor, mas, sim, a ancestralidade”, comenta o Dr. Rui Manuel Reis, Diretor Científico do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) e coordenador do Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular (CPOM) do Hospital de Amor.
Os pesquisadores pretendem, agora, ampliar e investir em novas frentes do estudo para descobrir, por exemplo, melhores formas de tratamento e prevenção, que possam, sobretudo, serem aplicadas ao Sistema Único de Saúde por meio de políticas públicas estruturadas.
Leia o artigo “Genetic Ancestry of 1127 Brazilian Breast Cancer Patients and Its Correlation With Molecular Subtype and Geographic Region” na íntegra.
*Texto colaborativo: André Julião – Agência FAPESP
Outubro ainda nem chegou, mas as ações em celebração ao ‘Outubro Rosa’ – campanha mundialmente conhecida sobre a conscientização da importância do diagnóstico precoce do câncer de mama – já se iniciaram no Hospital de Amor. Sempre consciente de que a maior arma no combate à doença é a prevenção, a instituição desenvolve projetos (durante todo o ano, mas especialmente neste período) que visam oferecer informações, orientações, além de excelência e humanização na realização de exames preventivos gratuitos à população. Uma dessas iniciativas é o “Talento Rosa”!
Promovida pelo Núcleo de Educação em Câncer (NEC) do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do HA, a capacitação, que é destinada aos professores representantes das Escolas de Educação Infantil, Fundamental e Médio de Barretos (SP) e região, tem o intuito de motivar crianças e adolescentes em ambientes escolares, de forma lúdica (artística), a refletirem sobre o câncer e suas formas de prevenção, por meio da produção desenhos e poesias, além de conscientizar as mulheres do convívio destes alunos sobre a importância do diagnóstico precoce da doença.
Em parceria com as Secretarias Municipais de Educação, Diretorias de Ensino e Rede de Ensino Privado de Barretos e Região, o evento – que neste ano aconteceu no último dia 26 de setembro, na Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos Dr. Paulo Prata (FASCIB), reuniu 170 profissionais, dentre eles o Dirigente de Ensino da D.E. da Regional de Barretos (SP), Bruno Henrique Bertin, e a Dirigente Regional de Ensino de São José do Rio Preto (SP), Luana da Silva Garcia.
“Com essa mobilização, nós buscamos unir todo o ambiente e a comunidade escolar, para que esses alunos possam se envolver com o Outubro Rosa e levar para suas mulheres de convívio, a importância da prevenção do câncer de mama, pois a prevenção salva vidas!”, afirmou a coordenadora do projeto, Rosa Cunha.
Para a mastologista do HA, Dra. Talita Mendes, começar a educação em saúde dentro das escolas – principalmente em relação a prevenção do câncer de mama (o tumor mais incidente em mulheres de todas as regiões do Brasil, exceto os pele não melanoma) – é fundamental. “Nada melhor do que começar esse trabalho, informando, orientando e conscientizando aqueles que educam”, declarou.
O evento
Durante o evento, os participantes puderam ouvir palestras sobre os temas:
• Câncer de Mama no Brasil e no Mundo – com os mastologistas do HA, Dr. Idam de Olivera Jr. e Dra. Talita Mendes; com a gerente administrativa da atenção primária e unidade de pronto atendimento (UPA) do HA, Marcela de Oliveira Santos; e com a gerente do Instituto de Prevenção do HA, Paula Carvalho Ribeiro.
• Os impactos da participação das escolas na Prevenção do Câncer de Mama – com a coordenadora de projetos do NEC do HA, Rosa Cunha; com a supervisora geral do Centro de Formação dos Profissionais de Educação (CEFORPE) de Barretos (SP), Ana Carolina Policarpo; com a supervisora de ensino da Secretaria Municipal de Educação de Olímpia (SP), Iracema Bassetto; e com a coordenadora de gestão pedagógica geral da Escola Estadual Professor Aymoré do Brasil, Paula Silva.
Para encerrar a ação com chave de ouro, um ‘show’ repleto de ânimo, incentivo e alegria com Leila Navarro. Com o tema: Motivação além do rosa: engajando equipes e promovendo conscientização, a palestrante motivacional (autora de mais de 15 livros, que integra o ranking dos 20 mais notáveis palestrantes brasileiros, segundo a revista VEJA em 2020), falou sobre amor-próprio, autoestima, autocuidado, qualidade de vida, empatia e o principal: sobre prevenção.
“Prevenção é empatia… empatia consigo mesma. Por isso, se você tem seios, cuide, sinta, respeite eles. Nosso corpo é nosso lar e ter consciência disso é o que nos salva! Cuidamos tanto da parte de fora, precisamos cuidar da parte de dentro também”, finalizou Leila.
Ao som da música ‘Soul de Verão’, de Sandra de Sá, Leila cantou, dançou e encantou todos os participantes do “Talento Rosa”.
O projeto
De acordo com a coordenadora do projeto, Rosa Cunha, a ação inicia-se pela capacitação dos profissionais da educação, abordando a prevenção do câncer de mama e as orientações sobre como essa temática deve ser desenvolvida em sala de aula. Após a produção dos desenhos e poesias, os estudantes são conduzidos pelo professor em uma roda de conversa a eleger um que melhor representa a reflexão realizada pela classe. “Uma cópia de cada trabalho selecionado é enviada para o Hospital de Amor e sugere-se que os originais, se possível, sejam expostos nas escolas ou unidades de saúde de suas respectivas cidades, de forma presencial ou on-line. Fotos dos ambientes escolares decorados também são enviadas ao HA e expostas na exposição digital da instituição”, completou Rosa.
No último ano, o ‘Talento Rosa’ capacitou 127 escolas, 1.337 professores e 22.106 estudantes, com 34.200 produções artísticas. Para mais informações sobre o ‘Talento Rosa’, acesse: ha.com.vc/talentorosa.
Prevenção
Há mais de 30 anos, o Hospital de Amor ultrapassa fronteiras e barreiras percorrendo o país para levar saúde de qualidade, gratuitamente, à população das localidades mais distantes e necessitadas. São dezenas de unidades fixas e móveis espalhadas pelo Brasil, desenvolvendo um trabalho completo em rastreamento, diagnóstico e tratamento, e o mais importante: salvando milhares de vidas!
População: 11.524 habitantes – Atendimentos em 2021: 1.589
O 24º encontro ‘Direito de Viver’ do município de Pirangi (SP), sob a coordenação do José Antônio dos Santos, teve gados e prendas. O evento arrecadou R$280.011,82.
O Hospital de Amor agradece todos os organizadores, apoiadores, voluntários e população da cidade e região. Muito obrigado!