A Diretoria Regional de Saúde de Barretos (DRS-V) é a única do Estado de São Paulo em que o diagnóstico do câncer bucal em estadiamento inicial ultrapassa o feito em estadiamento avançado. Isso é o que mostra um boletim da Fundação Oncocentro de São Paulo – FOSP, publicado neste semestre e que analisou os dados do Registro Hospitalar de Câncer do Estado de São Paulo – RHC/SP no período de 2000 a 2020.
O câncer de boca, também conhecido como câncer de lábio e cavidade oral, é um tumor maligno que pode afetar os lábios e/ou as estruturas da boca, como gengivas, bochechas, palato (céu da boca), língua e o assoalho da boca (região embaixo da língua). Por ano, são previstos 15.100 novos casos da doença no Brasil, de acordo com a estimativa para o triênio 2023-2025 do Instituto Nacional de Câncer (INCA), sendo 10.900 em homens e 4.200 em mulheres.
Apesar de ter ido de 5º para 8º lugar entre os tipos de câncer mais prevalentes no país, quando comparado a estimativa anterior, a doença ainda preocupa pela alta taxa de diagnóstico tardio, que reduz consideravelmente as chances de cura, além de tornar necessário a intervenção com tratamentos mais complexos e de alto custo.
Pensando nisso, há 10 anos o Hospital de Amor conta com um programa ativo de rastreamento de câncer de boca, com foco na população de alto risco. Implantado incialmente em toda DRS-V, regional que compreende 18 municípios, incluindo Barretos (SP), cidade que abriga a sede da instituição. O programa possui uma taxa 56,3% de diagnóstico em estadiamento precoce, taxa que é de apenas 26,9% no âmbito nacional de acordo com o INCA e 34,6% no Estado de São Paulo, de acordo com a FOSP.
Só em 2023, o programa foi responsável pela realização de mais de 21 mil exames bucais, onde 806 biópsias foram necessárias, resultando em 223 diagnósticos. De acordo com o coordenador do departamento de odontologia do HA, Dr. Fábio Luiz Coracin, o sucesso desse modelo é composto por diversos fatores, entre eles a parceria e integração sólida entre as atenções primárias, secundárias e terciárias de saúde; e a busca ativa voltada para população de alto risco, que possui resistência ao rastreamento espontâneo.
É importante ressaltar também que a taxa de sobrevida global do câncer de boca possui relação direta com estadiamento clínico do diagnóstico. Ainda de acordo com o boletim da FOSP, a taxa de sobrevida em 5 anos dos pacientes diagnosticados em estádios iniciais é de 57%, enquanto os de pacientes diagnosticados já com a doença avançada é de apenas 21%.
Os dados mostram que o Programa de Rastreamento do Câncer de Boca do Hospital de Amor, responsável por colocar a cidade de Barretos e toda a região como uma exceção em comparação às outras Diretorias Regionais de Saúde, pode servir de exemplo para estratégias mais amplas de prevenção e assistência que unam as estruturas de atenção primária e secundária, sobretudo na saúde pública.
Cada vez mais a pesquisa translacional vem se tornando fundamental no mundo, por ser uma área da ciência que gera conexão entre a pesquisa biomédica básica, a inovação em saúde e a sua aplicabilidade, tendo como principal objetivo criar ou complementar protocolos e produtos já como vacinas e fármacos, em benefício da população.
A expansão dessa área é visível na oncologia e muito do sucesso disso se deve à presença de biobancos espalhados pelo mundo, como é o caso do Biobanco do Hospital de Amor, inaugurado em 2006, em Barretos (SP), e considerado atualmente como um dos maiores da América Latina.
De modo simples, um biobanco se caracteriza pelo armazenamento de amostras biológicas de forma organizada, para uso em pesquisa científica. Dando início ao processo de ampliação dessa estrutura na instituição, a equipe do HA recebeu em sua sede um treinamento ministrado pelas pesquisadoras e gerentes operacionais de processos do biobanco IARC-França (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer), Dra. Elodie Caboux e Dra. Stephanie Villar.
Intercâmbio do conhecimento
Networking, troca de experiências e expansão de conhecimento, foram alguns dos objetivos do treinamento, além de gerar uma integração entre pesquisadores de países diferentes, como comentou a pesquisadora e coordenadora do Biobanco do HA, Dra. Márcia M. C. Marques Silveira.
“Este intercâmbio representa uma iniciativa única no Brasil, que possibilita a realização de capacitações e treinamentos dos profissionais que atuam no biobanco do HA como patologistas, biólogos moleculares e pesquisadores. Por meio da visita in loco de pesquisadoras que coordenam a Rede Internacional de Biobancos BCNet, liderado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) e sob supervisão da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, explicou Dra. Márcia.
Durante o treinamento foram abordados diferentes tópicos, como a parceria do HA com o IARC-França. “Nós estamos aqui para representar a rede IARC de Biobancos e falar sobre a parceira com o Hospital de Amor, em relação ao projeto do PRONON que é ‘tocado’ pelo time do biobanco do HA”, afirmou a gerente operacional de processos, do biobanco IARC-França, Dra. Elodie Caboux.
Esse intercâmbio faz parte de diversas atividades que serão desenvolvidas em um projeto, recentemente financiado pelo Ministério da Saúde – PRONON (Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica), que visa a implementação da Rede de Biobancos do Hospital de Amor em outras unidades da instituição, localizadas em regiões remotas, normalmente fora do cenário científico nacional e com baixa representatividade de pacientes no contexto oncológico brasileiro.
“É muito importante para nós o trabalho entre as duas instituições, pois este networking entre nós contribui para diminuir as possíveis dificuldades e promove maior visibilidade para o trabalho. Com essa parceria, podemos ser capazes de aumentar a riqueza de dados de pacientes, tornado o projeto no mesmo nível em todos os lugares”, contou gerente operacional de processos, do biobanco IARC-França, Dra. Stephanie Villar.
Para a pós-doutoranda e fellow do HA, Ana Julia Freitas, essa troca de experiências entre as duas entidades foi fundamental para ter o conhecimento de como são realizados os processos de pesquisas científicas em outro país. “O treinamento foi fundamental, uma vez que a gente conseguiu esse networking com pesquisadores de um biobanco que é referência no mundo, e isso fez com que aprimorasse nossos conhecimentos e, as perspectivas de como funciona tanto a parte de biossegurança, a parte de pesquisa fora do país”, destacou.
Rede Biobanco do HA
O Hospital de Amor inaugurou seu biobanco em 2006, em Barretos (SP), para estocar material biológico de pacientes oncológicos e não-oncológicos, com a finalidade de pesquisa, e está, cada vez mais, expandido e caminhando para se tornar uma rede robusta.
O biobanco do HA é um dos maiores da América Latina, possuindo mais de 365 mil amostras de materiais biológicos, e está integrado à Rede Internacional de Biobancos BCNet (Biobank and Cohort Building Network), liderado pela Agência Internacional de Pesquisa no Câncer (IARC) e sob supervisão da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A Rede de Biobancos do HA já começou a ser formatada e está presente nas unidades de Barretos (SP) e Jales (SP), e em implementação no HA Amazônia, em Porto Velho (RO).
Essa expansão é fundamental para que mais pesquisas sejam desenvolvidas de forma mais assertiva, visando o tratamento de câncer, uma vez que a estimativa até 2025 é de mais de 700 mil novos casos ao ano no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
“Concebemos que este desta forma será possível expandir as atividades desenvolvidas no Biobanco em Barretos em outras unidades do Hospital de Amor, permitindo o melhor conhecimento das diferentes etnias, sendo um representativo importante das áreas geográficas do país. Esta é uma iniciativa pioneira nestas regiões e tem por objetivo aumentar a capacidade do desenvolvimento da pesquisa translacional oncológica, contribuindo ainda mais para o avanço científico na área em um contexto nacional e internacional”, finalizou a pesquisadora e coordenadora do Biobanco do HA, Dra. Márcia M. C. Marques Silveira.
“Quando eu tive o diagnóstico foi muito triste, porque eu nunca pensei que teria câncer de mama tão jovem”. Renata Lima (empresária), foi diagnosticada com câncer de mama aos 35 anos, após perceber uma fissura no mamilo direito.
“O sintoma que eu percebi foi que meu mamilo abriu uma ‘rachadurinha’. Eu achava que fosse alergia de algum amaciante de roupas. Eu fui em uma médica, ela falou que poderia ser uma mastite e me passou uma pomada e com o tempo cicatrizou. Após três meses, abriu novamente essa ‘rachadurinha’ e eu procurei uma outra ginecologista, e fazendo o exame físico, ela apalpou minha mama e com muito custo, ela encontrou um nódulo”, comentou.
Renata começou a investigar e foi diagnosticada com câncer de mama, Her2+, que é quando apresenta níveis elevados da proteína (Her2), localizada na membrana das células mamárias, promovendo o crescimento das células cancerosas. Natural de Barretos (SP), Renata iniciou o tratamento no Hospital de Amor há um pouco mais de um ano, e atualmente, além de realizar as consultas de manutenção, faz acompanhamento no departamento de Oncogenética do HA.
Câncer de início precoce
A formação do câncer no organismo de um indivíduo pode estar associada a diferentes fatores. A idade sempre foi um dos principais. Pessoas com mais de 50 anos estão há mais tempo sobre exposições ambientais que podem gerar mutações em suas células e causar o surgimento da doença. Porém, um levantamento publicado em 2023, na revista científica BMJ Oncology, vem preocupando especialistas.
Segundo o estudo, casos globais de câncer em pessoas com menos de 50 anos, aumentaram 79% nos últimos 30 anos. Outro fator preocupante, é o aumento da mortalidade pela doença, cerca de 27%, mais de 1 milhão de pessoas jovens morrendo devido ao câncer no mundo.
A conclusão do estudo foi que casos de cânceres no mundo aumentaram de 1,82 milhões em 1990, para 3,26 milhões em 2019, sendo o tumor de mama de maior incidência, seguido pelos tumores de intestino, próstata e esôfago.
Há aproximadamente três anos, Pedro L. Miguel Esposito (auxiliar de almoxarifado), de 23 anos, é paciente do HA. Pedro foi diagnosticado com câncer de intestino e o primeiro sintoma que ele sentiu foi dor na região do abdômen. “Meus primeiros sintomas foram dor, o intestino já não estava funcionando tão bem e apareceu tipo um abcesso na barriga, perto ao umbigo. Eu passei em um gastroenterologista que me pediu uma colonoscopia, e foi onde que deu o diagnóstico”, explicou Pedro.
Após diagnóstico, Pedro passou por uma cirurgia em sua cidade, São José do Rio Pardo (SP), e após dois meses de cirurgia, foi encaminhado para o HA. “Quando eu descobri o tumor no intestino e que eu tirei, eu não sabia que a situação estava tão delicada. Quando fui encaminhado ao Hospital de Amor, eu vi que eu estava com um carcinoma peritoneal, eu fiquei um pouco apavorado”, comentou Pedro sobre o seu diagnóstico.
Há mais de um ano, Pedro finalizou as quimioterapias, e passou a realizar acompanhamento nas consultas e por meio de exames de imagem.
Fatores responsáveis pelo aumento do câncer de início precoce
Mas como explicar a incidência da doença em pessoas com menos de 50 anos?
Para o médico oncologista clínico do Hospital de Amor, Dr. Gustavo Sanches, esse aumento está associado a diversos fatores. “Atribuo o aumento da incidência de câncer em indivíduos com menos de 50 anos a diversos fatores, pois não há somente uma causa. Mudanças na dieta, estilo de vida e fatores ambientais, desde a virada do século XX, vem resultando no aumento das taxas de obesidade, sedentarismo, dietas ocidentalizadas e poluição do meio ambiente podem ter afetado a incidência de câncer de início precoce. Além disso, álcool e tabaco podem também contribuir”, explicou o médico.
Como prevenir o câncer?
Alimentação saudável, prática de exercícios físicos, evitar bebida alcoólica, não se expor ao sol sem proteção solar e não fumar são algumas práticas que contribuem para a prevenção do câncer. Além disso, algumas medidas clínicas, como a vacina do HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano), são ações de prevenção contra o câncer, como explica Dr. Gustavo Sanches.
“Medidas clínicas como a vacinação contra o HPV, hepatite B e realizar o tratamento da hepatite B e C (para os portadores), além da prevenção secundária, que é a tentativa de detectar a doença em um estágio inicial em indivíduos assintomáticos. No Brasil, há diretrizes e recomendações do Ministério da Saúde de rastreamento para alguns tipos de cânceres, como por exemplo: câncer de mama, câncer de intestino e câncer de colo de útero”, destacou o oncologista clínico.
Câncer de mama
O risco de desenvolver câncer de mama, também está associado a idade, sendo maior a partir dos 50 anos, porém os índices aumentaram em mulheres com menos de 50 anos, como publicado na revista científica BMJ Oncology.
No Brasil, não se tem um dado específico sobre a incidência de câncer de mama em mulheres com menos de 50 anos, o que se tem, são dados gerais da doença. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa para o país, até 2025, é de 704 mil casos novos de câncer, sendo o de pele não melanoma o mais incidente, com 220 mil casos novos (31,3%), seguido pelo câncer de mama, com 74 mil (10,5%).
Para o médico mastologista do HA, Dr. Idam de Oliveira Junior, a primeira medida para controle do câncer de mama é a “conscientização da população sobre esse importante e crescente problema de saúde pública, bem como as suas medidas preventivas”. Além disso, o médico mastologista destaca as medidas preventivas como primárias e secundárias.
“A prevenção primária, por meio de hábitos de vida saudáveis, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), pode reduzir em até 30% as chances de se desenvolver a doença. Como prevenção secundária, o exame de mamografia consiste na melhor metodologia de diagnóstico precoce, capaz de detectar na fase assintomática, de forma a reduzir substancialmente a mortalidade causada pelo diagnóstico tardio. Neste sentido, o Hospital de Amor recomenda que o exame anualmente para mulheres entre 40 e 49 anos, e a cada dois anos para aquelas na faixa etária de 50 a 69 anos de idade”, explicou Dr. Idam.
Além da prevenção, em termos de tratamento, o HA apresentou significativos avanços nos últimos anos. “Nos últimos anos apresentamos significativos avanços tecnológicos nessas áreas, como a diversidade de formas para a reconstrução mamária, a melhoria nos equipamentos de radioterapia que tornaram o tratamento mais efetivo, com menores doses de radiação e menor frequência das aplicações e as novas drogas para o tratamento sistêmico – como a imunoterapia para o câncer de mama triplo negativo, os inibidores de ciclina para o tratamento dos tumores luminais (com receptores de hormônios) e as terapias-alvo para os tumores HER2+”, concluiu o especialista.
Fã de futebol, da Seleção Brasileira e do camisa 9, Richarlison, cujo autógrafo está tatuado na pele! Mateus Afonso Máximo, mineiro de Montes Claros (MG), teve a oportunidade de conhecer um dos seus ídolos do esporte, quando Richarlison visitou o Hospital de Amor, em junho de 2023. Na ocasião, Richarlison fez seu autógrafo no braço de Mateus que, sem pensar duas vezes, foi em um estúdio de tatuagem no mesmo dia, deixando o momento eternizado para sempre na sua memória e na sua pele!
Mateus é paciente do HA, desde 2019, e um dos momentos mais marcantes nesses quase seis anos em Barretos (SP), sem dúvidas foi esse, onde ele pode conhecer de perto um dos seus ídolos. “Essa tatuagem significa muita coisa, eu sempre tive um sonho de ser jogador de futebol, mas infelizmente não deu certo, então essa tatuagem significa muito para mim, significa algo realizado, de poder ter conhecido o Richarlison”, declara Mateus.
Infelizmente, o sonho de ser jogador de futebol foi adiado. Em 2019, com 14 anos, Mateus precisou se mudar para Barretos, para iniciar o tratamento de um osteossarcoma no Hospital de Amor, que foi descoberto após uma lesão do tornozelo esquerdo, durante uma partida de futebol. “Com 14 anos, eu gostava muito de jogar bola, sempre fui ativo, andava de bicicleta e fazia todo tipo de esporte. Aí, um dia eu estava jogando bola e machuquei o pé, o tornozelo esquerdo. A gente não sabia o que era, achava que era um lance de bola mesmo”, conta Mateus.
Mas, com o passar do tempo, o tornozelo continuo com um inchaço. Após retornar de uma viagem à Belo Horizonte, a mãe de Mateus o levou ao médico para ser examinado. “Eu voltei para a minha cidade, fiz um raio x e no exame deu que tinha alguma coisa lá, mas o médico não sabia o que era. Aí, ele encaminhou a gente para um especialista na área para saber. O especialista falou que poderia ser algumas coisas pelo exame de imagem como uma inflamação, alguma coisinha básica ou até mesmo um câncer, um tumor, né? E aí assim, com a fé que a gente tem em Deus, a gente colocou que poderia ser alguma coisa básica”, comentou Mateus.
Mateus foi submetido a uma biópsia e infelizmente o resultado foi positivo para um osteossarcoma na fíbula. Em Montes Claros (MG) não havia especialista para realizar a cirurgia do Mateus, foi onde ele conseguiu encaminhamento para o HA.
Osteossarcoma
O osteossarcoma é um tumor ósseo que acomete, principalmente, ossos longos como fêmur, tíbia e região proximal do úmero (osso do braço). Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o osteossarcoma é a neoplasia óssea mais prevalente na população infantojuvenil, correspondendo de 3% a 5% de todas as neoplasias nesta faixa etária.
O tumor apresenta um pico de maior incidência em adolescentes (entre 10 e 19 anos), como comenta a médica oncologista pediátrica do HA Infantojuvenil, Dra. Erica Boldrini. “Apesar de raro, o osteossarcoma é o tipo de câncer ósseo mais comum, ocorrendo principalmente na adolescência, em jovens entre 10 e 19 anos. Esse tumor atinge principalmente os ossos longos, especialmente na região do joelho, e os sintomas variam de um jovem para o outro, mas geralmente, os primeiros sintomas são dor e inchaço, como no caso do Mateus”, explica a médica.
As formas de tratamento do osteossarcoma incluem a quimioterapia e cirurgia. O objetivo da quimioterapia é diminuir o tamanho do tumor e não deixar evoluir para metástase, e a cirurgia tem como principal função a ressecção.
Em alguns casos, é possível preservar o membro e utilizar uma endoprótese (prótese não convencional, utilizada para substituição de grandes ressecções articulares oncológicas). Em casos mais avançados, é realizado a amputação do membro. “Mateus passou por duas cirurgias, onde a primeira foi realizada a ressecção do osso atingido, a fíbula, sem necessidade de substituição (endoprótese), mas infelizmente, a doenças recidivou e foi necessário fazer a amputação, levando a perda de uma parte do membro inferior esquerdo”, explica Dra. Erica Boldrini.
“Na primeira cirurgia, eu não precisei amputar a perna, só fiz para conservar, aí conservei, curei, passei um ano curado, um ano e meio mais ou menos. Depois o tumor voltou um pouco mais para cima, foi onde eu precisei amputar, isso em 2022”, comenta Mateus.
Reabilitação
Após a cirurgia de amputação, Mateus realizou o tratamento de reabilitação no Centro de Reabilitação do HA. Passou por seções de fisioterapia, preparando o coto para receber a prótese. Mateus conta que no começo da reabilitação foi um processo difícil, mas que conseguiu desenvolver bem. “Assim, no começo é um processo meio difícil, não vou negar que foi difícil. Antes dessa prótese que eu estou hoje, eu peguei outras três, e os encaixes não deram certo. A tíbia estava um pouco grande ainda, e doía demais. Depois de um tempo na reabilitação, consegui colocar a prótese e andar”, explica o paciente.
Em 2023, Mateus pegou a prótese que utiliza hoje, e o sentimento foi de alívio, como ele comenta. “Quando eu peguei a prótese, foi um sentimento de alívio, antes eu não podia ser independente, tinha muita coisa que eu queria fazer e meus pais precisavam me ajudar, não podia sair sozinho, sempre precisava alguém para me acompanhar.
Então quando consegui usar a prótese, foi um momento bom, de alívio, pois eu estava precisando dessa liberdade.”
Mateus teve alta das sessões de fisioterapia e atualmente realiza a reabilitação na academia do HA, para fortalecer, ganhar massa muscular, funcionalidade e equilíbrio, como explica o profissional de educação física do HA, Daniel Gottardo de Souza. “O Mateus chegou aqui para ganhar força, funcionalidade e equilíbrio. Primeiro a gente restabeleceu os parâmetros de força e, combinado a isso, a gente começou a entrar com exercícios de estabilização e equilíbrio com a prótese. Agora nesse bloco de reabilitação, além de trabalhar a força e o equilíbrio, estamos trabalhando a funcionalidade também, para ele ter uma independência com a prótese, para fazer as atividades de vida diária e aumentar a qualidade de vida dele”, destaca Souza.
Oficina Ortopédica
A Oficina Ortopédica é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pelo câncer e seu tratamento.
O Hospital de Amor conta com três unidades da Oficina Ortopédica: em Barretos (SP), Araguaína (TO) e Porto Velho (RO), e confecciona órteses e prótese para pacientes oncológicos e não oncológicos. Em média, durante o mês, o HA confecciona nas três unidades da Oficina Ortopédica 30 próteses e 90 órteses. “A Oficina Ortopédica é parte integrante do processo de reabilitação e exerce uma função primordial durante todo esse processo. Nas unidades são fabricadas soluções, como órteses e próteses, que auxiliam no dia a dia de cada paciente, fazendo com que a reabilitação seja feita de modo otimizado e personalizado para cada um”, destaca o diretor de reabilitação do HA, Daniel Marconi.
Em 2020, o Brasil registrou 6.650 novos casos de câncer de ovário, o que representa 3% das neoplasias detectadas em mulheres no país. Mas, segundo estimativas do INCA (Instituto Nacional do Câncer), no triênio que contempla o período de 2023 a 2025, o número previsto já é superior, ultrapassando os 7 mil novos casos por ano. Ainda segundo a instituição, a região com maior incidência é a Sudeste.
A doença ocupa o sétimo lugar no ranking nacional de mortalidade entre as brasileiras, isso porque o câncer de ovário ainda é frequentemente diagnosticado em estágios avançados, diminuindo as possibilidades de tratamentos com fins curativos e a taxa de sobrevida. No mundo, dados mostram que apenas 45% das mulheres diagnosticadas possuem uma taxa de sobrevida de cinco anos, uma taxa que é de 89% nos casos de mulheres com câncer de mama.
Por isso, o cirurgião oncológico do Hospital de Amor, Dr. Carlos Andrade, ressalta a importância da observação de alguns sinais e sintomas da doença. “Os sintomas do câncer de ovário em estádios iniciais são muito fracos e podem facilmente serem confundidos com uma má digestão, dor muscular ou sintomas urinários. É importante alertar que mulheres com sintomas urinários ou intestinais que persistem por mais de uma semana, e que não tenham nenhum diagnóstico que justifique, devem ser investigadas para câncer de ovário. Pode ser uma sensação de empachamento, uma constipação, um aumento do volume abdominal ou um aumento da frequência urinária”.
Fatores de risco
Segundo a World Ovarian Cancer Coalition, uma organização global sem fins lucrativos focada não apenas na conscientização, mas no avanço de pesquisas e novos tratamentos da doença, ainda não há um teste simples ou exame de rotina preciso para o diagnóstico precoce, mas alguns fatores de risco devem ser levados em consideração no acompanhamento clínico padrão.
Idade: a maioria dos casos de câncer de ovário ocorre em mulheres com mais de 55 anos, pois a doença também está relacionada ao grau de atividade hormonal feminina. Mas alguns tipos de câncer de ovário podem aparecer em mulheres jovens;
Genética: mulheres portadoras de mutações genéticas nos genes BRCA1 ou BRCA2 (genes que ajudam a reparar os danos nas células), também relacionadas ao surgimento do câncer de mama, estão mais propensas ao desenvolvimento da doença. As portadoras de mutações no primeiro gene apresentam 45% de possibilidade de desenvolver esse tipo de câncer durante a vida, enquanto mutações no segundo gene oferecem risco de 25%.
Histórico familiar: dados mostram que as mulheres com maior o risco de desenvolverem câncer de ovário são as que possuem dois ou mais parentes que tiveram câncer de ovário, da mama, do cólon ou do útero, independente da ascendência de origem materna ou paterna. Cerca de 15% dos casos de câncer de ovário têm antecedentes familiares.
Outros fatores: por ser uma doença ligada à atividade hormonal, especialistas destacam que o risco de desenvolvimento do câncer de ovário é maior nas mulheres que não tiveram filhos, que nunca tomaram a pílula anticoncepcional, que iniciaram o período menstrual muito cedo ou cuja menopausa começou mais tarde do que a média e em mulheres que já tiveram endometriose.
Prevenção
– Conheça seu corpo: esteja atenta a qualquer mudança incomum;
– Consultas médicas regulares: realize exames ginecológicos regularmente;
– Histórico familiar: se houver casos de câncer de ovário na família, informe seu médico;
– Uso de anticoncepcionais: alguns estudos sugerem que o uso prolongado de anticoncepcionais pode reduzir o risco, porém, o uso do anticoncepcional também pode ser um fator de risco para o surgimento do câncer de mama. Assim, é de extrema importância a consulta com o médico especialista para avaliação e indicação caso a caso.
Diagnóstico
A ecografia pélvica transvaginal e transabdominal são exames que permitem o diagnóstico e a avaliação em casos suspeitos de tumores nos ovários, mas o acompanhamento clínico é imprescindível para resultados positivos quando o assunto é diagnóstico precoce! Atualmente, a medição do marcador tumoral sanguíneo CA 125 também tem sido uma ferramenta importante, visto que cerca de 80% das mulheres com câncer de ovário possuem esse marcador elevado.
Tratamento
Em casos aonde há suspeita de tumor de ovário, a cirurgia exploratória é recomendada para avaliação e definição de estadiamento da doença, podendo acontecer apenas a remoção do tumor ou ainda a necessidade da retirada do útero e dos ovários. A depender do estágio, tratamentos adjuvantes de quimioterapia, radioterapia e terapia-alvo podem ser utilizados.
Lembre-se sempre de consultar seu médico e seguir as orientações para um diagnóstico precoce e tratamento adequado. A prevenção e a conscientização são essenciais na luta contra o câncer de ovário.
O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é um tumor maligno que surge na região inferior do útero (ou seja, no colo do órgão), e está quase sempre relacionado à infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV). É considerado o terceiro tipo mais frequente entre população feminina do país, com estimativa, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), de 17 mil novas ocorrências em 2023 – atrás apenas do câncer de mama e do câncer de cólon e reto.
Os números impressionam! Mas, outro fator chama ainda mais atenção: segundo o INCA, os novos casos e as mortes por este tipo de câncer ocorrem de maneira desigual entre as regiões do Brasil. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero ocupa a 2ª posição nas regiões Norte e Nordeste e a 5ª entre os cânceres mais incidentes em mulheres na região Sudeste do país. Outra informação preocupante trazida pela instituição é que, observando a série histórica das taxas de mortalidade do Brasil e regiões, a região Norte é a que traz as maiores taxas de mortalidade pela doença.
Esses dados mostram que, no cenário brasileiro, a falta de rastreamento para o diagnóstico precoce e a dificuldade de acesso a saúde básica de qualidade, são os principais motivos da diferença de números entre as regiões e refletem um grande problema de saúde pública. É aí que o Hospital de Amor se destaca! Em 1994, o HA deu início ao trabalho de busca ativa para a prevenção do câncer do colo uterino na periferia de Barretos (SP) e, posteriormente, em cidades que compõe a Diretoria Regional de Saúde V (DRS V). Um projeto pioneiro que, 30 anos depois, colocaria a região como líder em detecção precoce da doença em todo o Estado de São Paulo.
De acordo com um levantamento da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP), 72% do diagnóstico do câncer do colo do útero da DRS V acontece no estadiamento in situ. “Isso significa que de cada 10 mulheres com biópsias alteradas, sete serão tratadas com procedimentos simples dentro do próprio ambulatório, o que reduz quase a zero o risco de desenvolver o câncer do colo do útero nas próximas décadas de vida. Os dados mostram que estratégias de prevenção, com a ampliação na cobertura dos testes de rastreio (Papanicolaou), a priorização da faixa etária exposta a maior risco e o seguimento contínuo dos casos suspeitos com tratamento adequado dos positivos, resultaram em maiores taxas de detecção precoce”, destaca o coordenador médico do programa de rastreamento populacional de câncer ginecológico do Hospital de Amor, Dr. Júlio César Possati Resende.
O relatório disponibilizado pela FOSP provém de uma avaliação do período entre 2000 e 2019, e evidencia a eficiência das ações estruturadas do Hospital, que acontecem em parceria com a própria Diretoria da Regional de Saúde e as secretarias municipais de saúde dos 18 municípios (Altair, Barretos, Bebedouro, Cajobi, Colina, Colômbia, Guaíra, Guaraci, Jaborandi, Monte Azul Paulista, Olímpia, Severínia, Taiaçu, Taiúva, Taquaral, Terra Roxa, Viradouro, Vista Alegre do Alto) que a compõe.
Com a premissa de que ‘Prevenção é o ano todo e em todos os lugares do Brasil’, o HA pretende expandir essa realidade para outras localidades. A instituição conta, atualmente, com mais de 25 unidades fixas de prevenção e mais de 50 unidades móveis para levar atendimento humanizado e de alta qualidade a quem mais precisa, sobretudo nas regiões mais remotas do país. “Baseado no exemplo e resultados do programa de prevenção instituído na região de Barretos, o Hospital de Amor tem ampliado sua atuação nos últimos 10 anos para outras regiões. Apenas em 2023, foram realizados 213.525 exames de Papanicolaou, 15.452 exames diagnósticos de colposcopia e 963 pequenas cirurgias (exérese da zona de transformação do colo do útero) para tratamento de lesões precursoras de câncer”, afirma o coordenador.
Prevenção é o melhor remédio
Os especialistas ressaltam que, dentre todos os tipos de câncer, o do colo do útero é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura, isso porque é quase sempre causado pela infecção genital persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV (chamados de tipos oncogênicos), um vírus sexualmente transmissível, muito frequente na população e de contágio facilmente evitável com o uso de preservativos. Na maioria das vezes a infecção não causa doença, mas em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir ao longo dos anos para o câncer.
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza, desde 2014, vacinas contra o HPV gratuitamente, para pessoas de 9 a 14 anos, de ambos os sexos. A vacina é uma importante medida de prevenção, mas não é eficaz contra infecções ou lesões por HPV já existentes, por isso o uso de preservativos durante relações sexuais e o exame preventivo Papanicolaou é imprescindível na detecção precoce da doença e muitas vezes até na fase pré-câncer.
Pesquisa
Desde 2010, o Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital de Amor conta com um grupo de pesquisa em HPV, que tem como objetivo realizar estudos sobre a avaliação dos mecanismos de infecção e persistência do HPV e sua relação com a transformação maligna, além do potencial de métodos do rastreamento de lesões relacionadas a essas infeções.
O grupo vem contribuindo de forma relevante para avanços científicos importantes e inovadores no campo do vírus HPV e suas repercussões, apresentando também colaborações internacionais de grande impacto. Acesse e conheça mais: iep.hospitaldeamor.com.br
Compartilhando experiência
O Hospital de Amor realiza no início de fevereiro, em Barretos (SP), o 16º Encontro de Gestores do Programa de Prevenção ao Câncer do Colo Uterino, que a instituição mantém em parceria com 90 municípios dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
No encontro anual, serão debatidos os processos, fluxos e estratégias com prefeitos, secretários de saúde e profissionais de saúde, ressaltando a importância da parceria com a atenção primária e secundária. Durante o evento haverá o detalhamento do programa, com amostragem e discussão de indicadores.
Nesta semana, diversos portais de notícias divulgaram que o ex-técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira (de 80 anos), foi diagnosticado com Linfoma de Hodking – tipo de câncer que se origina no sistema linfático e apresenta alto índice de cura. Segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o treinador foi diagnosticado há quatro meses, está fazendo quimioterapia e evoluindo positivamente no tratamento.
A doença, que tem incidência de três casos por 100 mil habitantes no Brasil, também já acometeu outros famosos. Em setembro de 2021, o comentarista esportivo Caio Ribeiro anunciou nas redes sociais que estava com este tipo de tumor. “A boa notícia é que ele tem 95% de (chance de) cura e meu corpo está respondendo muito bem ao tratamento”, declarou.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre os anos de 2010 e 2019 foram registrados 48.839 óbitos por linfomas, com média de 4.884 mortes por ano. Entretanto, a incidência de novos casos permaneceu estável nas últimas cinco décadas e a mortalidade reduzida em mais de 60% desde o início dos anos 1970, graças aos avanços nos tratamentos da doença. Atualmente, a maioria dos pacientes com Linfoma de Hodgkin pode ser curados com os procedimentos disponíveis.
O Hospital de Amor conversou com a médica e coordenadora do departamento de hematologia da instituição, Dra. Isabela Assis de Siqueira, e preparou uma matéria especial sobre o tema, esclarecendo as principais dúvidas sobre a doença, suas formas de prevenção, e sinais e sintomas.
Confira, informe-se e cuide da sua saúde!
– O que é Linfoma de Hodgkin?
R.: Linfoma ou doença de Hodgkin é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático – conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios) e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem essas células por meio do corpo. Trata-se de uma doença que acomete mais comumente adultos jovens, entre 15 e 35 anos, porém há um segundo pico de incidência entre 75 e 80 anos. No Brasil, de acordo com dados do INCA, a estimativa de novos casos é de 3.080, sendo 1.500 homens e 1.580 mulheres.
– O que causa Linfoma?
R.: O linfoma se desenvolve quando ocorre uma desregulação na proliferação das células de defesa, os linfócitos. O motivo que desencadeia essa modificação ainda é desconhecido. Sabe-se que há maior risco de se desenvolver o Linfoma de Hodgkin:
– Pessoas imunocomprometidas (infecção pelo HIV e uso de drogas imunossupressoras, por exemplo).
– Membros de famílias nas quais uma ou mais pessoas tiveram diagnóstico da doença.
– Infecção por vírus ‘Epstein-Baar’.
– Exposição à agrotóxicos e solventes.
– Quais são os principais sinais e sintomas desse tipo de tumor?
R.: Os sintomas relacionados ao Linfoma de Hodgkin podem variar dependendo de sua localização. Em geral, se caracteriza por percepção de aumento progressivo de nódulos (ínguas) indolores em regiões cervical, axilar e/ou virilha; febre vespertina diária; perda de peso; sudorese noturna; se localizada em região torácica, pode apresentar falta de ar, tosse ou dor torácica. Coceira generalizada e dor em linfonodos imediatamente após a ingestão de bebida alcoólica também podem ocorrer.
– Como detectar o Linfoma de Hodgkin?
R.: O diagnóstico do Linfoma de Hodgkin é feito com a realização da biópsia por retirada de algum gânglio para análise anatomopatológica e estudo imunohistoquímico. Exames de imagem, como Tomografias ou PET CT, são importantes para o estadiamento, ou seja, sabermos quais os locais do corpo estão comprometidos pela doença. Além disso, exames de sangue, como hemograma, função hepática e renal, são necessários para avaliação inicial e seguimento.
Patologicamente, o Linfoma de Hodgkin é dividido em
• Linfoma de Hodgkin clássico – que compreende 95% dos casos, que por sua vez é subdividida em: Esclerose Nodular (60 a 80%), Celularidade Mista (20 a 30%), Rico em linfócitos e Depleção linfocitária.
• Linfoma de Hodgkin com predomínio linfocítico nodal – que responde por 5% dos casos e, além de ser patologicamente diferente, o curso clínico é mais indolente (sem dor) e o tratamento diferente dos demais subtipos.
– Como ocorre a prevenção do Linfoma de Hodgkin?
R.: Ainda não há indicação de exames de rastreamento para linfomas, porém, reduzir a exposição à fatores de risco podem diminuir as chances de desenvolvimento da doença.
Atualmente, a difusão da informação sobre sinais e sintomas é a principal medida para o diagnóstico em estágios mais precoces da doença, o que possibilita melhores resultados no tratamento.
– Quais são os tipos de tratamento para este tipo de linfoma? E quais são os índices de cura?
R.: Nos últimos 40 anos, um importante progresso foi obtido no tratamento do linfoma de Hodgkin. Aproximadamente 70-80% dos pacientes são curados, atualmente, com os esquemas quimioterápicos disponíveis. E, mesmo nos pacientes com doença em estágio avançado, a cura pode ser obtida em mais de 50% dos casos.
O tratamento adequado para a doença vai depender do subtipo do Linfoma de Hodgkin e do seu estadiamento, podendo compreender quimioterapia e/ou radioterapia.
– O padrão ouro para tratamento do Linfoma de Hodgkin clássico, em âmbito SUS, é a quimioterapia ABVD (adriamicina, bleomicina, vimblastina e dacarbazina). A duração do tratamento e a associação de radioterapia vai depender do estadiamento da doença.
– Já para os pacientes com Linfoma de Hodgkin recaídos ou refratários ao tratamento inicial, o indicado é o tratamento com quimioterapia de resgate e transplante de medula óssea (TMO) autólogo.
– Atualmente, temos ainda a imunoterapia para tratamento de Linfoma de Hodgkin refratário/recidivado.
– No Hospital de Amor existe algum protocolo específico de tratamento ou alguma pesquisa na área?
R.: No Hospital de Amor, em Barretos (SP), além de tratamento via SUS com ABVD e radioterapia em primeira linha, quimioterapia de resgate e transplante autólogo de medula óssea para casos refratários/recidivados, há também uma Unidade de Pesquisa Clínica com protocolos de pesquisa que oferecem aos pacientes do HA e de outras instituições a possibilidade de acesso às novas linhas de tratamento. Atualmente, existem dois protocolos de pesquisa em andamento, com diferentes medicações para pacientes com doença refratária/recidivada.
Consulte seu médico regulamente e esteja em dia com sua saúde!
Em 2004, o cofundador da Apple, Steve Jobs, foi diagnosticado com câncer de pâncreas. Oito anos depois, com o tumor em estado metastático (ou seja, espalhado por outros órgãos) e algumas complicações, ele faleceu. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a doença representa 2% do total de casos diagnosticados no país e 4% das mortes. Isso porque possui difícil detecção e por ter comportamento agressivo, o que limita as opções de tratamento.
No Brasil – sem contar os tumores de pele não melanoma – o câncer de pâncreas ocupa a 14ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes, sendo considerado por especialistas como uma das formas mais letais de tumor maligno (ele costuma matar 95% dos pacientes em cinco anos). Em números absolutos, o INCA calcula que em 2020 essa doença matou 5.882 homens e 6.011 mulheres, tornando-se o sétimo tumor mais mortal para eles e o quinto para elas.
Diversas personalidades foram vítimas do câncer de pâncreas (ainda pouco divulgado), entre elas o ator americano Patrick Swayze, o tenor italiano Luciano Pavarotti e o ator brasileiro Raul Cortez. Afinal: quem nunca teve um parente ou amigo próximo com câncer de pâncreas?
O Hospital de Amor conversou com coordenador do departamento de cirurgia digestiva alta da instituição, Dr. Fernando Ernesto Cruz Felippe, e preparou uma matéria especial sobre o tema, esclarecendo as principais dúvidas sobre a doença, suas formas de prevenção, e sinais e sintomas.
Doar medula óssea é um gesto de solidariedade que pode ajudar pacientes que têm o transplante como a única chance de cura. E você sabia que, em função das características genéticas do sistema HLA (Human Leucocyte Antigen: que significa Antígeno Leucocitário Humano), esta chance é de 30% entre irmãos e muito menor quando buscamos doadores não-aparentados?
Por este motivo, existem os Registros de Doadores Voluntários em diferentes países, totalizando mais de 38 milhões de doadores no mundo. Dentre eles está o REDOME – terceiro maior registro, responsável pela manutenção das informações de todos os doadores voluntários de medula óssea cadastrados no Brasil e pela identificação de possíveis doadores. Atualmente, ele tem suas atividades coordenadas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e representa, para os pacientes brasileiros, a maior chance de encontrar um doador não-aparentado.
Mas afinal, como se tornar um doador voluntário de medula óssea? Entenda o assunto e saiba como você pode salvar vidas!
O que é medula óssea?
A medula óssea é um tecido gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecido popularmente por “tutano”. Nela, são produzidos os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. O transplante de medula óssea é recomendado a pacientes com doenças que afetam as células do sangue, como as leucemias, por exemplo, e também para os casos de anemia aplástica, linfomas, entre outras.
O transplante é a substituição da medula óssea doente por uma saudável. Com isso, o organismo do paciente transplantado passa a produzir novas células da medula óssea e do sangue.
Quem pode doar?
Para se tornar um doador de medula óssea é necessário:
– Ter entre 18 e 35 anos de idade;
– Estar em bom estado de saúde;
– Não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue (como infecção pelo HIV ou hepatite);
– Não apresentar história de doença neoplásica (câncer), hematológica ou autoimune (como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide).
Se você estiver dentro de todos esses requisitos, basta fazer um cadastro no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).
Como funciona o cadastramento?
Para fazer o cadastro, o doador deve apresentar um documento original de identidade e preencher um formulário com suas informações pessoais. Além disso, será necessária a coleta de uma amostra de sangue (5 ml) para testes de tipificação HLA – fundamental para a compatibilidade do transplante e para identificar suas características
genéticas. Estes dados serão incluídos no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).
A partir disso, todas as informações genéticas do doador e dos pacientes são cruzadas. Uma vez identificado um potencial doador compatível, ele é contatado e convidado a realizar novos testes de compatibilidade e uma avaliação clínica e laboratorial. Confirmada a compatibilidade com o paciente e o bom estado-de-saúde do doador, a doação é agendada. Este processo costuma levar 60 dias e não é necessária nenhuma mudança de hábitos de vida, de trabalho ou de alimentação.
Como é feita a doação?
A coleta das células-tronco hematopoéticas é realizada em centros de transplante ou hemocentros públicos ou privados de todo o país autorizados pelo Ministério da Saúde. Existem duas formas de doar (por punção ou aférese) e a decisão do procedimento mais adequado é feita pelo médico.
1) No primeiro caso, o doador é anestesiado em centro cirúrgico e requer internação de 24 horas. Uma porção da medula é retirada do interior dos ossos da bacia por meio de punções com agulhas, com duração de cerca de 90 minutos. O doador retorna às suas atividades habituais uma semana após a doação.
2) No segundo procedimento, chamado aférese, o doador toma um medicamento por cinco dias, que faz com que as células da medula óssea circulem na corrente sanguínea. Estas células são retiradas diretamente pelas veias do braço do doador, com uso da máquina de aférese, com duração de cerca de 3 a 4 horas.
• Nos dois casos, a medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias.
Como fica o paciente pós transplante?
Depois de um tratamento que destrói sua própria medula óssea com quimioterapia e/ou radioterapia, o paciente receberá a nova medula por meio de uma transfusão. Em três semanas, a medula transplantada já estará produzindo células novas.
Onde é possível fazer o cadastro para ser um doador voluntário de medula?
O cadastro de doadores voluntários no REDOME é realizado nos hemocentros de todo o país, portanto, procure o mais próximo de você para obter mais informações. Em Barretos (SP), vá até o Hemonúcleo do Hospital de Amor e nos ajude nessa missão!
• Vale lembrar que: o cadastro permanecerá ativo no REDOME até a pessoa completar 60 anos de idade, ou seja, ela poderá ser selecionada para um paciente ao longo de toda a sua vida. Por este motivo, é muito importante que o doador mantenha seus dados pessoais atualizados – o que pode ser feito por meio do site do próprio REDOME.
Informações:
Em caso de dúvidas, entre em contato com o hemonúcleo do HA pelo telefone: (17) 3321-6600 (ramal: 6941 ou 6753).
Com a sua ajuda podemos aumentar as chances de encontrar doadores compatíveis com nossos pacientes. Seja o herói de alguém! Cadastre-se e seja doador de medula óssea!
Março Marinho, Julho Verde, Outubro Rosa, Novembro Azul e, agora: “Dezembro Laranja”. Sempre consciente de que a prevenção salva vidas, o Hospital de Amor começa o último mês do ano com o ‘pé direito’, celebrando e apoiando mais esta importante campanha, que visa conscientizar a população sobre o diagnóstico precoce do câncer de pele.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pele é o mais frequente no Brasil, em homens e mulheres, com taxas altíssimas em mulheres das regiões Sul e Sudeste. Só em 2022, foram mais de 66 mil novos casos.
Com dados alarmantes e números crescentes, o Hospital de Amor (referência em tratamento oncológico gratuito de excelência) conta com o maior serviço de prevenção de câncer do país, responsável por levar saúde de qualidade à população de todos os estados.
Neste “Dezembro Laranja”, o HA conversou com a dermatologista da instituição, Dra. Vanessa D´Andretta Tanaka, e preparou uma matéria especial sobre o tema, esclarecendo as principais dúvidas sobre a doença, suas formas de prevenção, e sinais e sintomas.
Confira, se informe e esteja em dia com seus exames. Lembre-se: prevenção é o ano todo!
– O que é a campanha ‘Dezembro Laranja’ e qual é a importância dela?
R.: O ‘Dezembro Laranja’ é a campanha de prevenção e detecção precoce do câncer de pele. A pele é o maior órgão do corpo humano e está exposto são raios ultravioletas. Esse dano vai se acumulando ao longo da nossa vida e pode levar ao aparecimento do câncer de pele. Esses raios ultravioletas são mais fortes no verão e é uma época do ano que mais pessoas têm queimadura solar – o que também pode levar ao aparecimento do câncer de pele. Por isso essa campanha inicia no começo do verão: para conscientizar todas as pessoas a se protegerem do sol usando protetor solar todos os dias, no mínimo fator 30, lembrar de repassa-lo a cada 3 horas, evitar de ficar no sol das 9 às 15h, usar chapéu, boné, roupas com protetor UV, camisas de manga comprida e óculos escuro.
– O que é câncer de pele?
R.: Na nossa pele temos células, que podem sofrer transformações e que podem levar a formação do câncer. Existem alguns fatores que aumentam as chances do aparecimento da doença, como:
– quem já teve câncer de pele tem uma chance maior de ter outro câncer de pele;
– quem tem um parente que teve um câncer de pele;
– pessoas que trabalham expostas ao sol;
– pessoas que já tiveram, pelo menos, uma queimadura solar;
– pessoas de pele que queima fácil quando fica no sol;
– pessoas de cabelo claro e olho claro;
– pessoas com mais de 50 pintas.
– Qual é a incidência da doença?
R.: 34% dos cânceres. Ou seja, é o câncer mais frequente no Brasil em homens e em mulheres.
– Quais são os sinais e sintomas do câncer de pele?
R.: Existem dois tipos principais de câncer de pele: os carcinomas e os melanomas.
No carcinoma, os sintomas são:
– machucado que não cicatriza, sangra com facilidade;
– bolinha rosa na pele de aspecto brilhante, que não some e sangra fácil;
– bolinha rosa que a superfície é áspera com casca seca, que sangra quando a casca vai e não melhora, não cicatriza;
No melanoma, os sintomas são:
– pinta ou mancha marrom ou preta;
– pinta com duas ou três cores, como marrom escuro/marrom claro e preto;
– pinta com crescimento rápido;
– pinta com mudança de formato ou cor;
– lesão assimétrica (bordas e cores em formatos diferentes, de um lado e do outro).
– Quais sãos os tipos de câncer de pele?
R.: Câncer de pele melanoma (mais grave, pois tem mais chance de dar metástase) e câncer de pele não melanoma.
– Quais são os tipos mais graves da doença?
R.: Existem dois tipos de câncer de pele (melanoma e não melanoma). O mais grave é o melanoma, pois ele tem grande chance de se espalhar e dar metástase.
– Quais são os índices de cura?
R.: Se o câncer de pele for diagnosticado com lesão pequena, inicialmente, a chance de cura é de 100%. Se o melanoma é diagnosticado já em estágio avançado, a chance de cura é baixa, cerca de 22%.
– Como ocorre a prevenção?
R.: Usar protetor solar todos os dias, no mínimo fator 30, e lembrar de repassar o protetor a cada 3 horas. Lembre-se: o fator de proteção de quem tem pele mais sensível ao sol, ou quem trabalha exposto ao sol, deve ser 50 ou maior.
Evitar ficar no sol das 9 às 15hs.
Usar chapéu, boné, roupas com protetor UV, camisas de manga comprida e óculos escuro.
Evitar queimadura solar.
– Qual é a importância de ações de prevenção do câncer de pele?
R.: O câncer de pele aparece, geralmente, após os 50 anos de idade, porém ele tem relação com o sol da nossa vida toda. Por isso, precisamos nos conscientizar e nos proteger desde novos, por toda a nossa vida. O câncer de pele está aumentado ano a ano. Precisamos nos prevenir e as campanhas são grandes fontes de informação para isso!
Consulte seu médico regulamente e esteja em dia com sua saúde! Para saber mais, acesse: hospitaldeamor.com.br/dezembrolaranja.
A Diretoria Regional de Saúde de Barretos (DRS-V) é a única do Estado de São Paulo em que o diagnóstico do câncer bucal em estadiamento inicial ultrapassa o feito em estadiamento avançado. Isso é o que mostra um boletim da Fundação Oncocentro de São Paulo – FOSP, publicado neste semestre e que analisou os dados do Registro Hospitalar de Câncer do Estado de São Paulo – RHC/SP no período de 2000 a 2020.
O câncer de boca, também conhecido como câncer de lábio e cavidade oral, é um tumor maligno que pode afetar os lábios e/ou as estruturas da boca, como gengivas, bochechas, palato (céu da boca), língua e o assoalho da boca (região embaixo da língua). Por ano, são previstos 15.100 novos casos da doença no Brasil, de acordo com a estimativa para o triênio 2023-2025 do Instituto Nacional de Câncer (INCA), sendo 10.900 em homens e 4.200 em mulheres.
Apesar de ter ido de 5º para 8º lugar entre os tipos de câncer mais prevalentes no país, quando comparado a estimativa anterior, a doença ainda preocupa pela alta taxa de diagnóstico tardio, que reduz consideravelmente as chances de cura, além de tornar necessário a intervenção com tratamentos mais complexos e de alto custo.
Pensando nisso, há 10 anos o Hospital de Amor conta com um programa ativo de rastreamento de câncer de boca, com foco na população de alto risco. Implantado incialmente em toda DRS-V, regional que compreende 18 municípios, incluindo Barretos (SP), cidade que abriga a sede da instituição. O programa possui uma taxa 56,3% de diagnóstico em estadiamento precoce, taxa que é de apenas 26,9% no âmbito nacional de acordo com o INCA e 34,6% no Estado de São Paulo, de acordo com a FOSP.
Só em 2023, o programa foi responsável pela realização de mais de 21 mil exames bucais, onde 806 biópsias foram necessárias, resultando em 223 diagnósticos. De acordo com o coordenador do departamento de odontologia do HA, Dr. Fábio Luiz Coracin, o sucesso desse modelo é composto por diversos fatores, entre eles a parceria e integração sólida entre as atenções primárias, secundárias e terciárias de saúde; e a busca ativa voltada para população de alto risco, que possui resistência ao rastreamento espontâneo.
É importante ressaltar também que a taxa de sobrevida global do câncer de boca possui relação direta com estadiamento clínico do diagnóstico. Ainda de acordo com o boletim da FOSP, a taxa de sobrevida em 5 anos dos pacientes diagnosticados em estádios iniciais é de 57%, enquanto os de pacientes diagnosticados já com a doença avançada é de apenas 21%.
Os dados mostram que o Programa de Rastreamento do Câncer de Boca do Hospital de Amor, responsável por colocar a cidade de Barretos e toda a região como uma exceção em comparação às outras Diretorias Regionais de Saúde, pode servir de exemplo para estratégias mais amplas de prevenção e assistência que unam as estruturas de atenção primária e secundária, sobretudo na saúde pública.
Cada vez mais a pesquisa translacional vem se tornando fundamental no mundo, por ser uma área da ciência que gera conexão entre a pesquisa biomédica básica, a inovação em saúde e a sua aplicabilidade, tendo como principal objetivo criar ou complementar protocolos e produtos já como vacinas e fármacos, em benefício da população.
A expansão dessa área é visível na oncologia e muito do sucesso disso se deve à presença de biobancos espalhados pelo mundo, como é o caso do Biobanco do Hospital de Amor, inaugurado em 2006, em Barretos (SP), e considerado atualmente como um dos maiores da América Latina.
De modo simples, um biobanco se caracteriza pelo armazenamento de amostras biológicas de forma organizada, para uso em pesquisa científica. Dando início ao processo de ampliação dessa estrutura na instituição, a equipe do HA recebeu em sua sede um treinamento ministrado pelas pesquisadoras e gerentes operacionais de processos do biobanco IARC-França (Agência Internacional de Pesquisa em Câncer), Dra. Elodie Caboux e Dra. Stephanie Villar.
Intercâmbio do conhecimento
Networking, troca de experiências e expansão de conhecimento, foram alguns dos objetivos do treinamento, além de gerar uma integração entre pesquisadores de países diferentes, como comentou a pesquisadora e coordenadora do Biobanco do HA, Dra. Márcia M. C. Marques Silveira.
“Este intercâmbio representa uma iniciativa única no Brasil, que possibilita a realização de capacitações e treinamentos dos profissionais que atuam no biobanco do HA como patologistas, biólogos moleculares e pesquisadores. Por meio da visita in loco de pesquisadoras que coordenam a Rede Internacional de Biobancos BCNet, liderado pela Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) e sob supervisão da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, explicou Dra. Márcia.
Durante o treinamento foram abordados diferentes tópicos, como a parceria do HA com o IARC-França. “Nós estamos aqui para representar a rede IARC de Biobancos e falar sobre a parceira com o Hospital de Amor, em relação ao projeto do PRONON que é ‘tocado’ pelo time do biobanco do HA”, afirmou a gerente operacional de processos, do biobanco IARC-França, Dra. Elodie Caboux.
Esse intercâmbio faz parte de diversas atividades que serão desenvolvidas em um projeto, recentemente financiado pelo Ministério da Saúde – PRONON (Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica), que visa a implementação da Rede de Biobancos do Hospital de Amor em outras unidades da instituição, localizadas em regiões remotas, normalmente fora do cenário científico nacional e com baixa representatividade de pacientes no contexto oncológico brasileiro.
“É muito importante para nós o trabalho entre as duas instituições, pois este networking entre nós contribui para diminuir as possíveis dificuldades e promove maior visibilidade para o trabalho. Com essa parceria, podemos ser capazes de aumentar a riqueza de dados de pacientes, tornado o projeto no mesmo nível em todos os lugares”, contou gerente operacional de processos, do biobanco IARC-França, Dra. Stephanie Villar.
Para a pós-doutoranda e fellow do HA, Ana Julia Freitas, essa troca de experiências entre as duas entidades foi fundamental para ter o conhecimento de como são realizados os processos de pesquisas científicas em outro país. “O treinamento foi fundamental, uma vez que a gente conseguiu esse networking com pesquisadores de um biobanco que é referência no mundo, e isso fez com que aprimorasse nossos conhecimentos e, as perspectivas de como funciona tanto a parte de biossegurança, a parte de pesquisa fora do país”, destacou.
Rede Biobanco do HA
O Hospital de Amor inaugurou seu biobanco em 2006, em Barretos (SP), para estocar material biológico de pacientes oncológicos e não-oncológicos, com a finalidade de pesquisa, e está, cada vez mais, expandido e caminhando para se tornar uma rede robusta.
O biobanco do HA é um dos maiores da América Latina, possuindo mais de 365 mil amostras de materiais biológicos, e está integrado à Rede Internacional de Biobancos BCNet (Biobank and Cohort Building Network), liderado pela Agência Internacional de Pesquisa no Câncer (IARC) e sob supervisão da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A Rede de Biobancos do HA já começou a ser formatada e está presente nas unidades de Barretos (SP) e Jales (SP), e em implementação no HA Amazônia, em Porto Velho (RO).
Essa expansão é fundamental para que mais pesquisas sejam desenvolvidas de forma mais assertiva, visando o tratamento de câncer, uma vez que a estimativa até 2025 é de mais de 700 mil novos casos ao ano no Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA).
“Concebemos que este desta forma será possível expandir as atividades desenvolvidas no Biobanco em Barretos em outras unidades do Hospital de Amor, permitindo o melhor conhecimento das diferentes etnias, sendo um representativo importante das áreas geográficas do país. Esta é uma iniciativa pioneira nestas regiões e tem por objetivo aumentar a capacidade do desenvolvimento da pesquisa translacional oncológica, contribuindo ainda mais para o avanço científico na área em um contexto nacional e internacional”, finalizou a pesquisadora e coordenadora do Biobanco do HA, Dra. Márcia M. C. Marques Silveira.
“Quando eu tive o diagnóstico foi muito triste, porque eu nunca pensei que teria câncer de mama tão jovem”. Renata Lima (empresária), foi diagnosticada com câncer de mama aos 35 anos, após perceber uma fissura no mamilo direito.
“O sintoma que eu percebi foi que meu mamilo abriu uma ‘rachadurinha’. Eu achava que fosse alergia de algum amaciante de roupas. Eu fui em uma médica, ela falou que poderia ser uma mastite e me passou uma pomada e com o tempo cicatrizou. Após três meses, abriu novamente essa ‘rachadurinha’ e eu procurei uma outra ginecologista, e fazendo o exame físico, ela apalpou minha mama e com muito custo, ela encontrou um nódulo”, comentou.
Renata começou a investigar e foi diagnosticada com câncer de mama, Her2+, que é quando apresenta níveis elevados da proteína (Her2), localizada na membrana das células mamárias, promovendo o crescimento das células cancerosas. Natural de Barretos (SP), Renata iniciou o tratamento no Hospital de Amor há um pouco mais de um ano, e atualmente, além de realizar as consultas de manutenção, faz acompanhamento no departamento de Oncogenética do HA.
Câncer de início precoce
A formação do câncer no organismo de um indivíduo pode estar associada a diferentes fatores. A idade sempre foi um dos principais. Pessoas com mais de 50 anos estão há mais tempo sobre exposições ambientais que podem gerar mutações em suas células e causar o surgimento da doença. Porém, um levantamento publicado em 2023, na revista científica BMJ Oncology, vem preocupando especialistas.
Segundo o estudo, casos globais de câncer em pessoas com menos de 50 anos, aumentaram 79% nos últimos 30 anos. Outro fator preocupante, é o aumento da mortalidade pela doença, cerca de 27%, mais de 1 milhão de pessoas jovens morrendo devido ao câncer no mundo.
A conclusão do estudo foi que casos de cânceres no mundo aumentaram de 1,82 milhões em 1990, para 3,26 milhões em 2019, sendo o tumor de mama de maior incidência, seguido pelos tumores de intestino, próstata e esôfago.
Há aproximadamente três anos, Pedro L. Miguel Esposito (auxiliar de almoxarifado), de 23 anos, é paciente do HA. Pedro foi diagnosticado com câncer de intestino e o primeiro sintoma que ele sentiu foi dor na região do abdômen. “Meus primeiros sintomas foram dor, o intestino já não estava funcionando tão bem e apareceu tipo um abcesso na barriga, perto ao umbigo. Eu passei em um gastroenterologista que me pediu uma colonoscopia, e foi onde que deu o diagnóstico”, explicou Pedro.
Após diagnóstico, Pedro passou por uma cirurgia em sua cidade, São José do Rio Pardo (SP), e após dois meses de cirurgia, foi encaminhado para o HA. “Quando eu descobri o tumor no intestino e que eu tirei, eu não sabia que a situação estava tão delicada. Quando fui encaminhado ao Hospital de Amor, eu vi que eu estava com um carcinoma peritoneal, eu fiquei um pouco apavorado”, comentou Pedro sobre o seu diagnóstico.
Há mais de um ano, Pedro finalizou as quimioterapias, e passou a realizar acompanhamento nas consultas e por meio de exames de imagem.
Fatores responsáveis pelo aumento do câncer de início precoce
Mas como explicar a incidência da doença em pessoas com menos de 50 anos?
Para o médico oncologista clínico do Hospital de Amor, Dr. Gustavo Sanches, esse aumento está associado a diversos fatores. “Atribuo o aumento da incidência de câncer em indivíduos com menos de 50 anos a diversos fatores, pois não há somente uma causa. Mudanças na dieta, estilo de vida e fatores ambientais, desde a virada do século XX, vem resultando no aumento das taxas de obesidade, sedentarismo, dietas ocidentalizadas e poluição do meio ambiente podem ter afetado a incidência de câncer de início precoce. Além disso, álcool e tabaco podem também contribuir”, explicou o médico.
Como prevenir o câncer?
Alimentação saudável, prática de exercícios físicos, evitar bebida alcoólica, não se expor ao sol sem proteção solar e não fumar são algumas práticas que contribuem para a prevenção do câncer. Além disso, algumas medidas clínicas, como a vacina do HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano), são ações de prevenção contra o câncer, como explica Dr. Gustavo Sanches.
“Medidas clínicas como a vacinação contra o HPV, hepatite B e realizar o tratamento da hepatite B e C (para os portadores), além da prevenção secundária, que é a tentativa de detectar a doença em um estágio inicial em indivíduos assintomáticos. No Brasil, há diretrizes e recomendações do Ministério da Saúde de rastreamento para alguns tipos de cânceres, como por exemplo: câncer de mama, câncer de intestino e câncer de colo de útero”, destacou o oncologista clínico.
Câncer de mama
O risco de desenvolver câncer de mama, também está associado a idade, sendo maior a partir dos 50 anos, porém os índices aumentaram em mulheres com menos de 50 anos, como publicado na revista científica BMJ Oncology.
No Brasil, não se tem um dado específico sobre a incidência de câncer de mama em mulheres com menos de 50 anos, o que se tem, são dados gerais da doença. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a estimativa para o país, até 2025, é de 704 mil casos novos de câncer, sendo o de pele não melanoma o mais incidente, com 220 mil casos novos (31,3%), seguido pelo câncer de mama, com 74 mil (10,5%).
Para o médico mastologista do HA, Dr. Idam de Oliveira Junior, a primeira medida para controle do câncer de mama é a “conscientização da população sobre esse importante e crescente problema de saúde pública, bem como as suas medidas preventivas”. Além disso, o médico mastologista destaca as medidas preventivas como primárias e secundárias.
“A prevenção primária, por meio de hábitos de vida saudáveis, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), pode reduzir em até 30% as chances de se desenvolver a doença. Como prevenção secundária, o exame de mamografia consiste na melhor metodologia de diagnóstico precoce, capaz de detectar na fase assintomática, de forma a reduzir substancialmente a mortalidade causada pelo diagnóstico tardio. Neste sentido, o Hospital de Amor recomenda que o exame anualmente para mulheres entre 40 e 49 anos, e a cada dois anos para aquelas na faixa etária de 50 a 69 anos de idade”, explicou Dr. Idam.
Além da prevenção, em termos de tratamento, o HA apresentou significativos avanços nos últimos anos. “Nos últimos anos apresentamos significativos avanços tecnológicos nessas áreas, como a diversidade de formas para a reconstrução mamária, a melhoria nos equipamentos de radioterapia que tornaram o tratamento mais efetivo, com menores doses de radiação e menor frequência das aplicações e as novas drogas para o tratamento sistêmico – como a imunoterapia para o câncer de mama triplo negativo, os inibidores de ciclina para o tratamento dos tumores luminais (com receptores de hormônios) e as terapias-alvo para os tumores HER2+”, concluiu o especialista.
Fã de futebol, da Seleção Brasileira e do camisa 9, Richarlison, cujo autógrafo está tatuado na pele! Mateus Afonso Máximo, mineiro de Montes Claros (MG), teve a oportunidade de conhecer um dos seus ídolos do esporte, quando Richarlison visitou o Hospital de Amor, em junho de 2023. Na ocasião, Richarlison fez seu autógrafo no braço de Mateus que, sem pensar duas vezes, foi em um estúdio de tatuagem no mesmo dia, deixando o momento eternizado para sempre na sua memória e na sua pele!
Mateus é paciente do HA, desde 2019, e um dos momentos mais marcantes nesses quase seis anos em Barretos (SP), sem dúvidas foi esse, onde ele pode conhecer de perto um dos seus ídolos. “Essa tatuagem significa muita coisa, eu sempre tive um sonho de ser jogador de futebol, mas infelizmente não deu certo, então essa tatuagem significa muito para mim, significa algo realizado, de poder ter conhecido o Richarlison”, declara Mateus.
Infelizmente, o sonho de ser jogador de futebol foi adiado. Em 2019, com 14 anos, Mateus precisou se mudar para Barretos, para iniciar o tratamento de um osteossarcoma no Hospital de Amor, que foi descoberto após uma lesão do tornozelo esquerdo, durante uma partida de futebol. “Com 14 anos, eu gostava muito de jogar bola, sempre fui ativo, andava de bicicleta e fazia todo tipo de esporte. Aí, um dia eu estava jogando bola e machuquei o pé, o tornozelo esquerdo. A gente não sabia o que era, achava que era um lance de bola mesmo”, conta Mateus.
Mas, com o passar do tempo, o tornozelo continuo com um inchaço. Após retornar de uma viagem à Belo Horizonte, a mãe de Mateus o levou ao médico para ser examinado. “Eu voltei para a minha cidade, fiz um raio x e no exame deu que tinha alguma coisa lá, mas o médico não sabia o que era. Aí, ele encaminhou a gente para um especialista na área para saber. O especialista falou que poderia ser algumas coisas pelo exame de imagem como uma inflamação, alguma coisinha básica ou até mesmo um câncer, um tumor, né? E aí assim, com a fé que a gente tem em Deus, a gente colocou que poderia ser alguma coisa básica”, comentou Mateus.
Mateus foi submetido a uma biópsia e infelizmente o resultado foi positivo para um osteossarcoma na fíbula. Em Montes Claros (MG) não havia especialista para realizar a cirurgia do Mateus, foi onde ele conseguiu encaminhamento para o HA.
Osteossarcoma
O osteossarcoma é um tumor ósseo que acomete, principalmente, ossos longos como fêmur, tíbia e região proximal do úmero (osso do braço). Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o osteossarcoma é a neoplasia óssea mais prevalente na população infantojuvenil, correspondendo de 3% a 5% de todas as neoplasias nesta faixa etária.
O tumor apresenta um pico de maior incidência em adolescentes (entre 10 e 19 anos), como comenta a médica oncologista pediátrica do HA Infantojuvenil, Dra. Erica Boldrini. “Apesar de raro, o osteossarcoma é o tipo de câncer ósseo mais comum, ocorrendo principalmente na adolescência, em jovens entre 10 e 19 anos. Esse tumor atinge principalmente os ossos longos, especialmente na região do joelho, e os sintomas variam de um jovem para o outro, mas geralmente, os primeiros sintomas são dor e inchaço, como no caso do Mateus”, explica a médica.
As formas de tratamento do osteossarcoma incluem a quimioterapia e cirurgia. O objetivo da quimioterapia é diminuir o tamanho do tumor e não deixar evoluir para metástase, e a cirurgia tem como principal função a ressecção.
Em alguns casos, é possível preservar o membro e utilizar uma endoprótese (prótese não convencional, utilizada para substituição de grandes ressecções articulares oncológicas). Em casos mais avançados, é realizado a amputação do membro. “Mateus passou por duas cirurgias, onde a primeira foi realizada a ressecção do osso atingido, a fíbula, sem necessidade de substituição (endoprótese), mas infelizmente, a doenças recidivou e foi necessário fazer a amputação, levando a perda de uma parte do membro inferior esquerdo”, explica Dra. Erica Boldrini.
“Na primeira cirurgia, eu não precisei amputar a perna, só fiz para conservar, aí conservei, curei, passei um ano curado, um ano e meio mais ou menos. Depois o tumor voltou um pouco mais para cima, foi onde eu precisei amputar, isso em 2022”, comenta Mateus.
Reabilitação
Após a cirurgia de amputação, Mateus realizou o tratamento de reabilitação no Centro de Reabilitação do HA. Passou por seções de fisioterapia, preparando o coto para receber a prótese. Mateus conta que no começo da reabilitação foi um processo difícil, mas que conseguiu desenvolver bem. “Assim, no começo é um processo meio difícil, não vou negar que foi difícil. Antes dessa prótese que eu estou hoje, eu peguei outras três, e os encaixes não deram certo. A tíbia estava um pouco grande ainda, e doía demais. Depois de um tempo na reabilitação, consegui colocar a prótese e andar”, explica o paciente.
Em 2023, Mateus pegou a prótese que utiliza hoje, e o sentimento foi de alívio, como ele comenta. “Quando eu peguei a prótese, foi um sentimento de alívio, antes eu não podia ser independente, tinha muita coisa que eu queria fazer e meus pais precisavam me ajudar, não podia sair sozinho, sempre precisava alguém para me acompanhar.
Então quando consegui usar a prótese, foi um momento bom, de alívio, pois eu estava precisando dessa liberdade.”
Mateus teve alta das sessões de fisioterapia e atualmente realiza a reabilitação na academia do HA, para fortalecer, ganhar massa muscular, funcionalidade e equilíbrio, como explica o profissional de educação física do HA, Daniel Gottardo de Souza. “O Mateus chegou aqui para ganhar força, funcionalidade e equilíbrio. Primeiro a gente restabeleceu os parâmetros de força e, combinado a isso, a gente começou a entrar com exercícios de estabilização e equilíbrio com a prótese. Agora nesse bloco de reabilitação, além de trabalhar a força e o equilíbrio, estamos trabalhando a funcionalidade também, para ele ter uma independência com a prótese, para fazer as atividades de vida diária e aumentar a qualidade de vida dele”, destaca Souza.
Oficina Ortopédica
A Oficina Ortopédica é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pelo câncer e seu tratamento.
O Hospital de Amor conta com três unidades da Oficina Ortopédica: em Barretos (SP), Araguaína (TO) e Porto Velho (RO), e confecciona órteses e prótese para pacientes oncológicos e não oncológicos. Em média, durante o mês, o HA confecciona nas três unidades da Oficina Ortopédica 30 próteses e 90 órteses. “A Oficina Ortopédica é parte integrante do processo de reabilitação e exerce uma função primordial durante todo esse processo. Nas unidades são fabricadas soluções, como órteses e próteses, que auxiliam no dia a dia de cada paciente, fazendo com que a reabilitação seja feita de modo otimizado e personalizado para cada um”, destaca o diretor de reabilitação do HA, Daniel Marconi.
Em 2020, o Brasil registrou 6.650 novos casos de câncer de ovário, o que representa 3% das neoplasias detectadas em mulheres no país. Mas, segundo estimativas do INCA (Instituto Nacional do Câncer), no triênio que contempla o período de 2023 a 2025, o número previsto já é superior, ultrapassando os 7 mil novos casos por ano. Ainda segundo a instituição, a região com maior incidência é a Sudeste.
A doença ocupa o sétimo lugar no ranking nacional de mortalidade entre as brasileiras, isso porque o câncer de ovário ainda é frequentemente diagnosticado em estágios avançados, diminuindo as possibilidades de tratamentos com fins curativos e a taxa de sobrevida. No mundo, dados mostram que apenas 45% das mulheres diagnosticadas possuem uma taxa de sobrevida de cinco anos, uma taxa que é de 89% nos casos de mulheres com câncer de mama.
Por isso, o cirurgião oncológico do Hospital de Amor, Dr. Carlos Andrade, ressalta a importância da observação de alguns sinais e sintomas da doença. “Os sintomas do câncer de ovário em estádios iniciais são muito fracos e podem facilmente serem confundidos com uma má digestão, dor muscular ou sintomas urinários. É importante alertar que mulheres com sintomas urinários ou intestinais que persistem por mais de uma semana, e que não tenham nenhum diagnóstico que justifique, devem ser investigadas para câncer de ovário. Pode ser uma sensação de empachamento, uma constipação, um aumento do volume abdominal ou um aumento da frequência urinária”.
Fatores de risco
Segundo a World Ovarian Cancer Coalition, uma organização global sem fins lucrativos focada não apenas na conscientização, mas no avanço de pesquisas e novos tratamentos da doença, ainda não há um teste simples ou exame de rotina preciso para o diagnóstico precoce, mas alguns fatores de risco devem ser levados em consideração no acompanhamento clínico padrão.
Idade: a maioria dos casos de câncer de ovário ocorre em mulheres com mais de 55 anos, pois a doença também está relacionada ao grau de atividade hormonal feminina. Mas alguns tipos de câncer de ovário podem aparecer em mulheres jovens;
Genética: mulheres portadoras de mutações genéticas nos genes BRCA1 ou BRCA2 (genes que ajudam a reparar os danos nas células), também relacionadas ao surgimento do câncer de mama, estão mais propensas ao desenvolvimento da doença. As portadoras de mutações no primeiro gene apresentam 45% de possibilidade de desenvolver esse tipo de câncer durante a vida, enquanto mutações no segundo gene oferecem risco de 25%.
Histórico familiar: dados mostram que as mulheres com maior o risco de desenvolverem câncer de ovário são as que possuem dois ou mais parentes que tiveram câncer de ovário, da mama, do cólon ou do útero, independente da ascendência de origem materna ou paterna. Cerca de 15% dos casos de câncer de ovário têm antecedentes familiares.
Outros fatores: por ser uma doença ligada à atividade hormonal, especialistas destacam que o risco de desenvolvimento do câncer de ovário é maior nas mulheres que não tiveram filhos, que nunca tomaram a pílula anticoncepcional, que iniciaram o período menstrual muito cedo ou cuja menopausa começou mais tarde do que a média e em mulheres que já tiveram endometriose.
Prevenção
– Conheça seu corpo: esteja atenta a qualquer mudança incomum;
– Consultas médicas regulares: realize exames ginecológicos regularmente;
– Histórico familiar: se houver casos de câncer de ovário na família, informe seu médico;
– Uso de anticoncepcionais: alguns estudos sugerem que o uso prolongado de anticoncepcionais pode reduzir o risco, porém, o uso do anticoncepcional também pode ser um fator de risco para o surgimento do câncer de mama. Assim, é de extrema importância a consulta com o médico especialista para avaliação e indicação caso a caso.
Diagnóstico
A ecografia pélvica transvaginal e transabdominal são exames que permitem o diagnóstico e a avaliação em casos suspeitos de tumores nos ovários, mas o acompanhamento clínico é imprescindível para resultados positivos quando o assunto é diagnóstico precoce! Atualmente, a medição do marcador tumoral sanguíneo CA 125 também tem sido uma ferramenta importante, visto que cerca de 80% das mulheres com câncer de ovário possuem esse marcador elevado.
Tratamento
Em casos aonde há suspeita de tumor de ovário, a cirurgia exploratória é recomendada para avaliação e definição de estadiamento da doença, podendo acontecer apenas a remoção do tumor ou ainda a necessidade da retirada do útero e dos ovários. A depender do estágio, tratamentos adjuvantes de quimioterapia, radioterapia e terapia-alvo podem ser utilizados.
Lembre-se sempre de consultar seu médico e seguir as orientações para um diagnóstico precoce e tratamento adequado. A prevenção e a conscientização são essenciais na luta contra o câncer de ovário.
O câncer do colo do útero, também chamado de câncer cervical, é um tumor maligno que surge na região inferior do útero (ou seja, no colo do órgão), e está quase sempre relacionado à infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV). É considerado o terceiro tipo mais frequente entre população feminina do país, com estimativa, de acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), de 17 mil novas ocorrências em 2023 – atrás apenas do câncer de mama e do câncer de cólon e reto.
Os números impressionam! Mas, outro fator chama ainda mais atenção: segundo o INCA, os novos casos e as mortes por este tipo de câncer ocorrem de maneira desigual entre as regiões do Brasil. Sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero ocupa a 2ª posição nas regiões Norte e Nordeste e a 5ª entre os cânceres mais incidentes em mulheres na região Sudeste do país. Outra informação preocupante trazida pela instituição é que, observando a série histórica das taxas de mortalidade do Brasil e regiões, a região Norte é a que traz as maiores taxas de mortalidade pela doença.
Esses dados mostram que, no cenário brasileiro, a falta de rastreamento para o diagnóstico precoce e a dificuldade de acesso a saúde básica de qualidade, são os principais motivos da diferença de números entre as regiões e refletem um grande problema de saúde pública. É aí que o Hospital de Amor se destaca! Em 1994, o HA deu início ao trabalho de busca ativa para a prevenção do câncer do colo uterino na periferia de Barretos (SP) e, posteriormente, em cidades que compõe a Diretoria Regional de Saúde V (DRS V). Um projeto pioneiro que, 30 anos depois, colocaria a região como líder em detecção precoce da doença em todo o Estado de São Paulo.
De acordo com um levantamento da Fundação Oncocentro de São Paulo (FOSP), 72% do diagnóstico do câncer do colo do útero da DRS V acontece no estadiamento in situ. “Isso significa que de cada 10 mulheres com biópsias alteradas, sete serão tratadas com procedimentos simples dentro do próprio ambulatório, o que reduz quase a zero o risco de desenvolver o câncer do colo do útero nas próximas décadas de vida. Os dados mostram que estratégias de prevenção, com a ampliação na cobertura dos testes de rastreio (Papanicolaou), a priorização da faixa etária exposta a maior risco e o seguimento contínuo dos casos suspeitos com tratamento adequado dos positivos, resultaram em maiores taxas de detecção precoce”, destaca o coordenador médico do programa de rastreamento populacional de câncer ginecológico do Hospital de Amor, Dr. Júlio César Possati Resende.
O relatório disponibilizado pela FOSP provém de uma avaliação do período entre 2000 e 2019, e evidencia a eficiência das ações estruturadas do Hospital, que acontecem em parceria com a própria Diretoria da Regional de Saúde e as secretarias municipais de saúde dos 18 municípios (Altair, Barretos, Bebedouro, Cajobi, Colina, Colômbia, Guaíra, Guaraci, Jaborandi, Monte Azul Paulista, Olímpia, Severínia, Taiaçu, Taiúva, Taquaral, Terra Roxa, Viradouro, Vista Alegre do Alto) que a compõe.
Com a premissa de que ‘Prevenção é o ano todo e em todos os lugares do Brasil’, o HA pretende expandir essa realidade para outras localidades. A instituição conta, atualmente, com mais de 25 unidades fixas de prevenção e mais de 50 unidades móveis para levar atendimento humanizado e de alta qualidade a quem mais precisa, sobretudo nas regiões mais remotas do país. “Baseado no exemplo e resultados do programa de prevenção instituído na região de Barretos, o Hospital de Amor tem ampliado sua atuação nos últimos 10 anos para outras regiões. Apenas em 2023, foram realizados 213.525 exames de Papanicolaou, 15.452 exames diagnósticos de colposcopia e 963 pequenas cirurgias (exérese da zona de transformação do colo do útero) para tratamento de lesões precursoras de câncer”, afirma o coordenador.
Prevenção é o melhor remédio
Os especialistas ressaltam que, dentre todos os tipos de câncer, o do colo do útero é o que apresenta um dos mais altos potenciais de prevenção e cura, isso porque é quase sempre causado pela infecção genital persistente por alguns tipos do Papilomavírus Humano – HPV (chamados de tipos oncogênicos), um vírus sexualmente transmissível, muito frequente na população e de contágio facilmente evitável com o uso de preservativos. Na maioria das vezes a infecção não causa doença, mas em alguns casos, ocorrem alterações celulares que podem evoluir ao longo dos anos para o câncer.
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza, desde 2014, vacinas contra o HPV gratuitamente, para pessoas de 9 a 14 anos, de ambos os sexos. A vacina é uma importante medida de prevenção, mas não é eficaz contra infecções ou lesões por HPV já existentes, por isso o uso de preservativos durante relações sexuais e o exame preventivo Papanicolaou é imprescindível na detecção precoce da doença e muitas vezes até na fase pré-câncer.
Pesquisa
Desde 2010, o Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital de Amor conta com um grupo de pesquisa em HPV, que tem como objetivo realizar estudos sobre a avaliação dos mecanismos de infecção e persistência do HPV e sua relação com a transformação maligna, além do potencial de métodos do rastreamento de lesões relacionadas a essas infeções.
O grupo vem contribuindo de forma relevante para avanços científicos importantes e inovadores no campo do vírus HPV e suas repercussões, apresentando também colaborações internacionais de grande impacto. Acesse e conheça mais: iep.hospitaldeamor.com.br
Compartilhando experiência
O Hospital de Amor realiza no início de fevereiro, em Barretos (SP), o 16º Encontro de Gestores do Programa de Prevenção ao Câncer do Colo Uterino, que a instituição mantém em parceria com 90 municípios dos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.
No encontro anual, serão debatidos os processos, fluxos e estratégias com prefeitos, secretários de saúde e profissionais de saúde, ressaltando a importância da parceria com a atenção primária e secundária. Durante o evento haverá o detalhamento do programa, com amostragem e discussão de indicadores.
Nesta semana, diversos portais de notícias divulgaram que o ex-técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira (de 80 anos), foi diagnosticado com Linfoma de Hodking – tipo de câncer que se origina no sistema linfático e apresenta alto índice de cura. Segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o treinador foi diagnosticado há quatro meses, está fazendo quimioterapia e evoluindo positivamente no tratamento.
A doença, que tem incidência de três casos por 100 mil habitantes no Brasil, também já acometeu outros famosos. Em setembro de 2021, o comentarista esportivo Caio Ribeiro anunciou nas redes sociais que estava com este tipo de tumor. “A boa notícia é que ele tem 95% de (chance de) cura e meu corpo está respondendo muito bem ao tratamento”, declarou.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre os anos de 2010 e 2019 foram registrados 48.839 óbitos por linfomas, com média de 4.884 mortes por ano. Entretanto, a incidência de novos casos permaneceu estável nas últimas cinco décadas e a mortalidade reduzida em mais de 60% desde o início dos anos 1970, graças aos avanços nos tratamentos da doença. Atualmente, a maioria dos pacientes com Linfoma de Hodgkin pode ser curados com os procedimentos disponíveis.
O Hospital de Amor conversou com a médica e coordenadora do departamento de hematologia da instituição, Dra. Isabela Assis de Siqueira, e preparou uma matéria especial sobre o tema, esclarecendo as principais dúvidas sobre a doença, suas formas de prevenção, e sinais e sintomas.
Confira, informe-se e cuide da sua saúde!
– O que é Linfoma de Hodgkin?
R.: Linfoma ou doença de Hodgkin é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático – conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios) e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem essas células por meio do corpo. Trata-se de uma doença que acomete mais comumente adultos jovens, entre 15 e 35 anos, porém há um segundo pico de incidência entre 75 e 80 anos. No Brasil, de acordo com dados do INCA, a estimativa de novos casos é de 3.080, sendo 1.500 homens e 1.580 mulheres.
– O que causa Linfoma?
R.: O linfoma se desenvolve quando ocorre uma desregulação na proliferação das células de defesa, os linfócitos. O motivo que desencadeia essa modificação ainda é desconhecido. Sabe-se que há maior risco de se desenvolver o Linfoma de Hodgkin:
– Pessoas imunocomprometidas (infecção pelo HIV e uso de drogas imunossupressoras, por exemplo).
– Membros de famílias nas quais uma ou mais pessoas tiveram diagnóstico da doença.
– Infecção por vírus ‘Epstein-Baar’.
– Exposição à agrotóxicos e solventes.
– Quais são os principais sinais e sintomas desse tipo de tumor?
R.: Os sintomas relacionados ao Linfoma de Hodgkin podem variar dependendo de sua localização. Em geral, se caracteriza por percepção de aumento progressivo de nódulos (ínguas) indolores em regiões cervical, axilar e/ou virilha; febre vespertina diária; perda de peso; sudorese noturna; se localizada em região torácica, pode apresentar falta de ar, tosse ou dor torácica. Coceira generalizada e dor em linfonodos imediatamente após a ingestão de bebida alcoólica também podem ocorrer.
– Como detectar o Linfoma de Hodgkin?
R.: O diagnóstico do Linfoma de Hodgkin é feito com a realização da biópsia por retirada de algum gânglio para análise anatomopatológica e estudo imunohistoquímico. Exames de imagem, como Tomografias ou PET CT, são importantes para o estadiamento, ou seja, sabermos quais os locais do corpo estão comprometidos pela doença. Além disso, exames de sangue, como hemograma, função hepática e renal, são necessários para avaliação inicial e seguimento.
Patologicamente, o Linfoma de Hodgkin é dividido em
• Linfoma de Hodgkin clássico – que compreende 95% dos casos, que por sua vez é subdividida em: Esclerose Nodular (60 a 80%), Celularidade Mista (20 a 30%), Rico em linfócitos e Depleção linfocitária.
• Linfoma de Hodgkin com predomínio linfocítico nodal – que responde por 5% dos casos e, além de ser patologicamente diferente, o curso clínico é mais indolente (sem dor) e o tratamento diferente dos demais subtipos.
– Como ocorre a prevenção do Linfoma de Hodgkin?
R.: Ainda não há indicação de exames de rastreamento para linfomas, porém, reduzir a exposição à fatores de risco podem diminuir as chances de desenvolvimento da doença.
Atualmente, a difusão da informação sobre sinais e sintomas é a principal medida para o diagnóstico em estágios mais precoces da doença, o que possibilita melhores resultados no tratamento.
– Quais são os tipos de tratamento para este tipo de linfoma? E quais são os índices de cura?
R.: Nos últimos 40 anos, um importante progresso foi obtido no tratamento do linfoma de Hodgkin. Aproximadamente 70-80% dos pacientes são curados, atualmente, com os esquemas quimioterápicos disponíveis. E, mesmo nos pacientes com doença em estágio avançado, a cura pode ser obtida em mais de 50% dos casos.
O tratamento adequado para a doença vai depender do subtipo do Linfoma de Hodgkin e do seu estadiamento, podendo compreender quimioterapia e/ou radioterapia.
– O padrão ouro para tratamento do Linfoma de Hodgkin clássico, em âmbito SUS, é a quimioterapia ABVD (adriamicina, bleomicina, vimblastina e dacarbazina). A duração do tratamento e a associação de radioterapia vai depender do estadiamento da doença.
– Já para os pacientes com Linfoma de Hodgkin recaídos ou refratários ao tratamento inicial, o indicado é o tratamento com quimioterapia de resgate e transplante de medula óssea (TMO) autólogo.
– Atualmente, temos ainda a imunoterapia para tratamento de Linfoma de Hodgkin refratário/recidivado.
– No Hospital de Amor existe algum protocolo específico de tratamento ou alguma pesquisa na área?
R.: No Hospital de Amor, em Barretos (SP), além de tratamento via SUS com ABVD e radioterapia em primeira linha, quimioterapia de resgate e transplante autólogo de medula óssea para casos refratários/recidivados, há também uma Unidade de Pesquisa Clínica com protocolos de pesquisa que oferecem aos pacientes do HA e de outras instituições a possibilidade de acesso às novas linhas de tratamento. Atualmente, existem dois protocolos de pesquisa em andamento, com diferentes medicações para pacientes com doença refratária/recidivada.
Consulte seu médico regulamente e esteja em dia com sua saúde!
Em 2004, o cofundador da Apple, Steve Jobs, foi diagnosticado com câncer de pâncreas. Oito anos depois, com o tumor em estado metastático (ou seja, espalhado por outros órgãos) e algumas complicações, ele faleceu. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), a doença representa 2% do total de casos diagnosticados no país e 4% das mortes. Isso porque possui difícil detecção e por ter comportamento agressivo, o que limita as opções de tratamento.
No Brasil – sem contar os tumores de pele não melanoma – o câncer de pâncreas ocupa a 14ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes, sendo considerado por especialistas como uma das formas mais letais de tumor maligno (ele costuma matar 95% dos pacientes em cinco anos). Em números absolutos, o INCA calcula que em 2020 essa doença matou 5.882 homens e 6.011 mulheres, tornando-se o sétimo tumor mais mortal para eles e o quinto para elas.
Diversas personalidades foram vítimas do câncer de pâncreas (ainda pouco divulgado), entre elas o ator americano Patrick Swayze, o tenor italiano Luciano Pavarotti e o ator brasileiro Raul Cortez. Afinal: quem nunca teve um parente ou amigo próximo com câncer de pâncreas?
O Hospital de Amor conversou com coordenador do departamento de cirurgia digestiva alta da instituição, Dr. Fernando Ernesto Cruz Felippe, e preparou uma matéria especial sobre o tema, esclarecendo as principais dúvidas sobre a doença, suas formas de prevenção, e sinais e sintomas.
Doar medula óssea é um gesto de solidariedade que pode ajudar pacientes que têm o transplante como a única chance de cura. E você sabia que, em função das características genéticas do sistema HLA (Human Leucocyte Antigen: que significa Antígeno Leucocitário Humano), esta chance é de 30% entre irmãos e muito menor quando buscamos doadores não-aparentados?
Por este motivo, existem os Registros de Doadores Voluntários em diferentes países, totalizando mais de 38 milhões de doadores no mundo. Dentre eles está o REDOME – terceiro maior registro, responsável pela manutenção das informações de todos os doadores voluntários de medula óssea cadastrados no Brasil e pela identificação de possíveis doadores. Atualmente, ele tem suas atividades coordenadas pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA) e representa, para os pacientes brasileiros, a maior chance de encontrar um doador não-aparentado.
Mas afinal, como se tornar um doador voluntário de medula óssea? Entenda o assunto e saiba como você pode salvar vidas!
O que é medula óssea?
A medula óssea é um tecido gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecido popularmente por “tutano”. Nela, são produzidos os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. O transplante de medula óssea é recomendado a pacientes com doenças que afetam as células do sangue, como as leucemias, por exemplo, e também para os casos de anemia aplástica, linfomas, entre outras.
O transplante é a substituição da medula óssea doente por uma saudável. Com isso, o organismo do paciente transplantado passa a produzir novas células da medula óssea e do sangue.
Quem pode doar?
Para se tornar um doador de medula óssea é necessário:
– Ter entre 18 e 35 anos de idade;
– Estar em bom estado de saúde;
– Não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue (como infecção pelo HIV ou hepatite);
– Não apresentar história de doença neoplásica (câncer), hematológica ou autoimune (como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide).
Se você estiver dentro de todos esses requisitos, basta fazer um cadastro no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).
Como funciona o cadastramento?
Para fazer o cadastro, o doador deve apresentar um documento original de identidade e preencher um formulário com suas informações pessoais. Além disso, será necessária a coleta de uma amostra de sangue (5 ml) para testes de tipificação HLA – fundamental para a compatibilidade do transplante e para identificar suas características
genéticas. Estes dados serão incluídos no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME).
A partir disso, todas as informações genéticas do doador e dos pacientes são cruzadas. Uma vez identificado um potencial doador compatível, ele é contatado e convidado a realizar novos testes de compatibilidade e uma avaliação clínica e laboratorial. Confirmada a compatibilidade com o paciente e o bom estado-de-saúde do doador, a doação é agendada. Este processo costuma levar 60 dias e não é necessária nenhuma mudança de hábitos de vida, de trabalho ou de alimentação.
Como é feita a doação?
A coleta das células-tronco hematopoéticas é realizada em centros de transplante ou hemocentros públicos ou privados de todo o país autorizados pelo Ministério da Saúde. Existem duas formas de doar (por punção ou aférese) e a decisão do procedimento mais adequado é feita pelo médico.
1) No primeiro caso, o doador é anestesiado em centro cirúrgico e requer internação de 24 horas. Uma porção da medula é retirada do interior dos ossos da bacia por meio de punções com agulhas, com duração de cerca de 90 minutos. O doador retorna às suas atividades habituais uma semana após a doação.
2) No segundo procedimento, chamado aférese, o doador toma um medicamento por cinco dias, que faz com que as células da medula óssea circulem na corrente sanguínea. Estas células são retiradas diretamente pelas veias do braço do doador, com uso da máquina de aférese, com duração de cerca de 3 a 4 horas.
• Nos dois casos, a medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias.
Como fica o paciente pós transplante?
Depois de um tratamento que destrói sua própria medula óssea com quimioterapia e/ou radioterapia, o paciente receberá a nova medula por meio de uma transfusão. Em três semanas, a medula transplantada já estará produzindo células novas.
Onde é possível fazer o cadastro para ser um doador voluntário de medula?
O cadastro de doadores voluntários no REDOME é realizado nos hemocentros de todo o país, portanto, procure o mais próximo de você para obter mais informações. Em Barretos (SP), vá até o Hemonúcleo do Hospital de Amor e nos ajude nessa missão!
• Vale lembrar que: o cadastro permanecerá ativo no REDOME até a pessoa completar 60 anos de idade, ou seja, ela poderá ser selecionada para um paciente ao longo de toda a sua vida. Por este motivo, é muito importante que o doador mantenha seus dados pessoais atualizados – o que pode ser feito por meio do site do próprio REDOME.
Informações:
Em caso de dúvidas, entre em contato com o hemonúcleo do HA pelo telefone: (17) 3321-6600 (ramal: 6941 ou 6753).
Com a sua ajuda podemos aumentar as chances de encontrar doadores compatíveis com nossos pacientes. Seja o herói de alguém! Cadastre-se e seja doador de medula óssea!
Março Marinho, Julho Verde, Outubro Rosa, Novembro Azul e, agora: “Dezembro Laranja”. Sempre consciente de que a prevenção salva vidas, o Hospital de Amor começa o último mês do ano com o ‘pé direito’, celebrando e apoiando mais esta importante campanha, que visa conscientizar a população sobre o diagnóstico precoce do câncer de pele.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de pele é o mais frequente no Brasil, em homens e mulheres, com taxas altíssimas em mulheres das regiões Sul e Sudeste. Só em 2022, foram mais de 66 mil novos casos.
Com dados alarmantes e números crescentes, o Hospital de Amor (referência em tratamento oncológico gratuito de excelência) conta com o maior serviço de prevenção de câncer do país, responsável por levar saúde de qualidade à população de todos os estados.
Neste “Dezembro Laranja”, o HA conversou com a dermatologista da instituição, Dra. Vanessa D´Andretta Tanaka, e preparou uma matéria especial sobre o tema, esclarecendo as principais dúvidas sobre a doença, suas formas de prevenção, e sinais e sintomas.
Confira, se informe e esteja em dia com seus exames. Lembre-se: prevenção é o ano todo!
– O que é a campanha ‘Dezembro Laranja’ e qual é a importância dela?
R.: O ‘Dezembro Laranja’ é a campanha de prevenção e detecção precoce do câncer de pele. A pele é o maior órgão do corpo humano e está exposto são raios ultravioletas. Esse dano vai se acumulando ao longo da nossa vida e pode levar ao aparecimento do câncer de pele. Esses raios ultravioletas são mais fortes no verão e é uma época do ano que mais pessoas têm queimadura solar – o que também pode levar ao aparecimento do câncer de pele. Por isso essa campanha inicia no começo do verão: para conscientizar todas as pessoas a se protegerem do sol usando protetor solar todos os dias, no mínimo fator 30, lembrar de repassa-lo a cada 3 horas, evitar de ficar no sol das 9 às 15h, usar chapéu, boné, roupas com protetor UV, camisas de manga comprida e óculos escuro.
– O que é câncer de pele?
R.: Na nossa pele temos células, que podem sofrer transformações e que podem levar a formação do câncer. Existem alguns fatores que aumentam as chances do aparecimento da doença, como:
– quem já teve câncer de pele tem uma chance maior de ter outro câncer de pele;
– quem tem um parente que teve um câncer de pele;
– pessoas que trabalham expostas ao sol;
– pessoas que já tiveram, pelo menos, uma queimadura solar;
– pessoas de pele que queima fácil quando fica no sol;
– pessoas de cabelo claro e olho claro;
– pessoas com mais de 50 pintas.
– Qual é a incidência da doença?
R.: 34% dos cânceres. Ou seja, é o câncer mais frequente no Brasil em homens e em mulheres.
– Quais são os sinais e sintomas do câncer de pele?
R.: Existem dois tipos principais de câncer de pele: os carcinomas e os melanomas.
No carcinoma, os sintomas são:
– machucado que não cicatriza, sangra com facilidade;
– bolinha rosa na pele de aspecto brilhante, que não some e sangra fácil;
– bolinha rosa que a superfície é áspera com casca seca, que sangra quando a casca vai e não melhora, não cicatriza;
No melanoma, os sintomas são:
– pinta ou mancha marrom ou preta;
– pinta com duas ou três cores, como marrom escuro/marrom claro e preto;
– pinta com crescimento rápido;
– pinta com mudança de formato ou cor;
– lesão assimétrica (bordas e cores em formatos diferentes, de um lado e do outro).
– Quais sãos os tipos de câncer de pele?
R.: Câncer de pele melanoma (mais grave, pois tem mais chance de dar metástase) e câncer de pele não melanoma.
– Quais são os tipos mais graves da doença?
R.: Existem dois tipos de câncer de pele (melanoma e não melanoma). O mais grave é o melanoma, pois ele tem grande chance de se espalhar e dar metástase.
– Quais são os índices de cura?
R.: Se o câncer de pele for diagnosticado com lesão pequena, inicialmente, a chance de cura é de 100%. Se o melanoma é diagnosticado já em estágio avançado, a chance de cura é baixa, cerca de 22%.
– Como ocorre a prevenção?
R.: Usar protetor solar todos os dias, no mínimo fator 30, e lembrar de repassar o protetor a cada 3 horas. Lembre-se: o fator de proteção de quem tem pele mais sensível ao sol, ou quem trabalha exposto ao sol, deve ser 50 ou maior.
Evitar ficar no sol das 9 às 15hs.
Usar chapéu, boné, roupas com protetor UV, camisas de manga comprida e óculos escuro.
Evitar queimadura solar.
– Qual é a importância de ações de prevenção do câncer de pele?
R.: O câncer de pele aparece, geralmente, após os 50 anos de idade, porém ele tem relação com o sol da nossa vida toda. Por isso, precisamos nos conscientizar e nos proteger desde novos, por toda a nossa vida. O câncer de pele está aumentado ano a ano. Precisamos nos prevenir e as campanhas são grandes fontes de informação para isso!
Consulte seu médico regulamente e esteja em dia com sua saúde! Para saber mais, acesse: hospitaldeamor.com.br/dezembrolaranja.