Nesta semana, diversos portais de notícias divulgaram que o ex-técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira (de 80 anos), foi diagnosticado com Linfoma de Hodking – tipo de câncer que se origina no sistema linfático e apresenta alto índice de cura. Segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o treinador foi diagnosticado há quatro meses, está fazendo quimioterapia e evoluindo positivamente no tratamento.
A doença, que tem incidência de três casos por 100 mil habitantes no Brasil, também já acometeu outros famosos. Em setembro de 2021, o comentarista esportivo Caio Ribeiro anunciou nas redes sociais que estava com este tipo de tumor. “A boa notícia é que ele tem 95% de (chance de) cura e meu corpo está respondendo muito bem ao tratamento”, declarou.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre os anos de 2010 e 2019 foram registrados 48.839 óbitos por linfomas, com média de 4.884 mortes por ano. Entretanto, a incidência de novos casos permaneceu estável nas últimas cinco décadas e a mortalidade reduzida em mais de 60% desde o início dos anos 1970, graças aos avanços nos tratamentos da doença. Atualmente, a maioria dos pacientes com Linfoma de Hodgkin pode ser curados com os procedimentos disponíveis.
O Hospital de Amor conversou com a médica e coordenadora do departamento de hematologia da instituição, Dra. Isabela Assis de Siqueira, e preparou uma matéria especial sobre o tema, esclarecendo as principais dúvidas sobre a doença, suas formas de prevenção, e sinais e sintomas.
Confira, informe-se e cuide da sua saúde!
– O que é Linfoma de Hodgkin?
R.: Linfoma ou doença de Hodgkin é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático – conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios) e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem essas células por meio do corpo. Trata-se de uma doença que acomete mais comumente adultos jovens, entre 15 e 35 anos, porém há um segundo pico de incidência entre 75 e 80 anos. No Brasil, de acordo com dados do INCA, a estimativa de novos casos é de 3.080, sendo 1.500 homens e 1.580 mulheres.
– O que causa Linfoma?
R.: O linfoma se desenvolve quando ocorre uma desregulação na proliferação das células de defesa, os linfócitos. O motivo que desencadeia essa modificação ainda é desconhecido. Sabe-se que há maior risco de se desenvolver o Linfoma de Hodgkin:
– Pessoas imunocomprometidas (infecção pelo HIV e uso de drogas imunossupressoras, por exemplo).
– Membros de famílias nas quais uma ou mais pessoas tiveram diagnóstico da doença.
– Infecção por vírus ‘Epstein-Baar’.
– Exposição à agrotóxicos e solventes.
– Quais são os principais sinais e sintomas desse tipo de tumor?
R.: Os sintomas relacionados ao Linfoma de Hodgkin podem variar dependendo de sua localização. Em geral, se caracteriza por percepção de aumento progressivo de nódulos (ínguas) indolores em regiões cervical, axilar e/ou virilha; febre vespertina diária; perda de peso; sudorese noturna; se localizada em região torácica, pode apresentar falta de ar, tosse ou dor torácica. Coceira generalizada e dor em linfonodos imediatamente após a ingestão de bebida alcoólica também podem ocorrer.
– Como detectar o Linfoma de Hodgkin?
R.: O diagnóstico do Linfoma de Hodgkin é feito com a realização da biópsia por retirada de algum gânglio para análise anatomopatológica e estudo imunohistoquímico. Exames de imagem, como Tomografias ou PET CT, são importantes para o estadiamento, ou seja, sabermos quais os locais do corpo estão comprometidos pela doença. Além disso, exames de sangue, como hemograma, função hepática e renal, são necessários para avaliação inicial e seguimento.
Patologicamente, o Linfoma de Hodgkin é dividido em
• Linfoma de Hodgkin clássico – que compreende 95% dos casos, que por sua vez é subdividida em: Esclerose Nodular (60 a 80%), Celularidade Mista (20 a 30%), Rico em linfócitos e Depleção linfocitária.
• Linfoma de Hodgkin com predomínio linfocítico nodal – que responde por 5% dos casos e, além de ser patologicamente diferente, o curso clínico é mais indolente (sem dor) e o tratamento diferente dos demais subtipos.
– Como ocorre a prevenção do Linfoma de Hodgkin?
R.: Ainda não há indicação de exames de rastreamento para linfomas, porém, reduzir a exposição à fatores de risco podem diminuir as chances de desenvolvimento da doença.
Atualmente, a difusão da informação sobre sinais e sintomas é a principal medida para o diagnóstico em estágios mais precoces da doença, o que possibilita melhores resultados no tratamento.
– Quais são os tipos de tratamento para este tipo de linfoma? E quais são os índices de cura?
R.: Nos últimos 40 anos, um importante progresso foi obtido no tratamento do linfoma de Hodgkin. Aproximadamente 70-80% dos pacientes são curados, atualmente, com os esquemas quimioterápicos disponíveis. E, mesmo nos pacientes com doença em estágio avançado, a cura pode ser obtida em mais de 50% dos casos.
O tratamento adequado para a doença vai depender do subtipo do Linfoma de Hodgkin e do seu estadiamento, podendo compreender quimioterapia e/ou radioterapia.
– O padrão ouro para tratamento do Linfoma de Hodgkin clássico, em âmbito SUS, é a quimioterapia ABVD (adriamicina, bleomicina, vimblastina e dacarbazina). A duração do tratamento e a associação de radioterapia vai depender do estadiamento da doença.
– Já para os pacientes com Linfoma de Hodgkin recaídos ou refratários ao tratamento inicial, o indicado é o tratamento com quimioterapia de resgate e transplante de medula óssea (TMO) autólogo.
– Atualmente, temos ainda a imunoterapia para tratamento de Linfoma de Hodgkin refratário/recidivado.
– No Hospital de Amor existe algum protocolo específico de tratamento ou alguma pesquisa na área?
R.: No Hospital de Amor, em Barretos (SP), além de tratamento via SUS com ABVD e radioterapia em primeira linha, quimioterapia de resgate e transplante autólogo de medula óssea para casos refratários/recidivados, há também uma Unidade de Pesquisa Clínica com protocolos de pesquisa que oferecem aos pacientes do HA e de outras instituições a possibilidade de acesso às novas linhas de tratamento. Atualmente, existem dois protocolos de pesquisa em andamento, com diferentes medicações para pacientes com doença refratária/recidivada.
Consulte seu médico regulamente e esteja em dia com sua saúde!
Você sabia que, no Brasil, o câncer de estômago é o quarto tipo mais frequente entre os homens e o sexto entre as mulheres? E que sua estimativa de novos casos, de acordo com o levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), é de 21.290, sendo 13.540 em homens e 7.750 em mulheres? Mas afinal, qual a função do estômago e sua importância para o corpo humano?
O estômago é um órgão em forma de “J”, situado na parte superior do abdômen. Faz parte do sistema digestivo, cuja responsabilidade é processar os alimentos ingeridos, extraindo deles nutrientes (vitaminas, minerais, carboidratos, gorduras, proteínas e água). Os alimentos são conduzidos da garganta para o estômago, através de um tubo oco e muscular, chamado esôfago. Após deixar o estômago, os alimentos parcialmente digeridos passam para o intestino delgado e depois para o intestino grosso (cólon).
A parede do estômago é constituída por três camadas de tecido: a camada mucosa (que fica em contato com os alimentos), a camada muscular (camada média), e a camada serosa (externa, a que reveste o estômago).
E o que é o câncer do estômago?
O câncer de estômago (ou câncer gástrico) é o crescimento de células anormais no órgão desse sistema digestivo e pode ocorrer em qualquer local de sua extensão. Grande parte desse tipo de tumor ocorre na camada mucosa, surgindo na forma de pequenas lesões irregulares, com ulcerações (rompimento do tecido) – características de cânceres ou tumores malignos. Conforme a evolução da doença, essas células cancerígenas vão gradualmente substituindo o tecido normal do órgão, migrando para outras partes, podendo até chegar a outros lugares do organismo.
Com o pico de incidência em pessoas do sexo masculino de idade mais avançada (cerca de 65% dos pacientes diagnosticados com idade superior a 50 anos), o câncer de estômago se apresenta como o terceiro mais frequente entre homens e o quinto entre as mulheres. Dados do INCA revelam que o número de mortes por esse tipo de tumor chega a 14.314, sendo 9.207 em homens e 5.107 em mulheres.
Tipos de câncer de estômago
Os tumores de estômago se apresentam em três diferentes tipos: o adenocarcinoma – responsável por 95% dos tumores; o linfoma – diagnosticado em 3% dos casos; e o leiomiossarcoma – com início em tecidos que dão origem aos músculos e aos ossos.
Adenocarcinoma – é um tipo de câncer que possui características secretórias, se originando em tecidos glandulares.
Linfoma – é um tipo de câncer que tem origem nos linfonodos (gânglios) por todo o corpo, principalmente no timo, baço, amídalas, medula óssea e tecidos linfáticos no intestino. Assim como outros tipos de linfomas, eles são divididos em subtipos entre Linfoma de Hodgkin e Linfoma Não Hodgkin.
O linfoma do estômago apresenta uma incidência baixa (3%), podendo ser dividido em dois tipos:
– Linfoma Gástrico MALT: um tipo de linfoma associado à mucosa constituída por células pequenas e com baixo grau de malignidade.
– Linfoma de células grandes: com alto grau de malignidade, porém, com uma incidência muito rara (quando comparado ao primeiro).
Leiomiossarcoma – é um dos tumores benignos da musculatura lisa do estômago, geralmente também localizado em qualquer outro órgão. Sua incidência é baixa.
• Pólipos Gástricos
É o nome dado a um crescimento anormal de um tecido proveniente de uma membrana mucosa. Desenvolve-se nas cavidades de uma mucosa, podendo ter diferentes constituições e formatos. No estômago, os pólipos podem ser divididos em Adenoma e Pólipos Hiperplásicos.
– Adenoma: consiste em nódulos de epitélio displásico. Ocorrem quase que exclusivamente no antro (porção inicial do estômago), fazendo parte da Síndrome de Gardner (um transtorno genético que ocasiona a presença de múltiplos pólipos) ou gastrite crônica atrófica (condição em que as células da mucosa do estômago são diminuídas, prejudicando a produção do ácido gástrico responsável pela digestão dos alimentos).
A maioria dos carcinomas associados ao adenoma gástrico são maiores que 2 cm de diâmetro. Acredita-se que são necessários 10 a 15 anos para um adenoma se transformar em carcinoma.
– Pólipos Hiperplásicos: são os mais comuns pólipos do estômago (50 a 90% dos pólipos gástricos) e dois terços deles ocorrem no antro (porção inicial do estômago). A anormalidade básica é a hiperplasia (aumento excessivo do número de células) e eles se desenvolvem na mucosa gástrica atrófica. Pode haver associação com o Helicobacter pylori (também conhecido como ‘H. Pylori’). O tratamento é a remoção endoscópica ou cirúrgica.
• Tumores carcinoides
Representam 3% de todos os tumores carcinoides gastrointestinais. Existem três subtipos desse tumor no estômago:
– Carcinoide associado com gastrite atrófica crônica do tipo A com ou sem anemia perniciosa.
A gastrite do tipo A é causada por anticorpos contra as células parietais e o fator intrínseco, agindo na mucosa fúndica, causa atrofia glandular acloridria e eventualmente anemia perniciosa.
– Carcinoide associado com a síndrome de Zollinger-Ellison.
A síndrome de Zollinger-Ellison é o nome dado ao distúrbio causado por níveis excessivos do hormônio gastrina. A presença excessiva deste hormônio, por sua vez, faz o estômago produzir ácido clorídrico em excesso.
Esse distúrbio pode gerar um tipo de tumor que representa 8,6% dos tumores carcinoides gástricos e ocorrem quase que exclusivamente em pacientes com síndrome MEN-1 (Neoplasia Endócrina Múltipla). A hipergastrinemia está associada ao gastrinoma no pâncreas. O tratamento consiste em remover o gastrinoma ou a gastrectomia total.
– Tumor carcinoide de forma esporádica.
Não associados ao excesso de gastrina, esse tipo corresponde a 25% dos tumores carcinoides gástricos e têm um prognóstico pior que os tumores carcinoides associados à gastrite atrófica crônica e a síndrome de Zollinger-Ellinson. Como os tumores geralmente são grandes e a doença mais avançada, o tratamento necessita de cirurgia associada a radio e quimioterapia.
Sintomas do câncer de estômago
Estes sintomas podem caracterizar o câncer gástrico, mas outras condições ou doenças também podem causar os mesmos sintomas.
– Dor epigástrica (região central do abdômen – “boca do estômago”);
– Sensação de “estômago cheio” após as refeições e perda do apetite durante as refeições;
– Emagrecimento;
– Vômitos;
– Vômitos com sangue;
– Azia intensa;
– Diarreia;
– Constipação;
– Fadiga e Fraqueza;
– Fezes com sangue ou muito escurecidas (tipo borra de café);
– Dificuldade para se alimentar.
Deve-se tomar cuidado, pois esses sintomas muitas vezes não são percebidos pelos pacientes e só se tornam evidentes quando o tumor atinge um tamanho suficiente para diminuir o espaço de passagem do alimento.
Existem sintomas comuns em estágios avançados, como o emagrecimento intenso (caquexia) e pele e olhos amarelados pelo acúmulo do material metabólico de bilirrubina (icterícia). O paciente com câncer de estômago em estágios avançados também pode sentir dor quando o estômago é palpado.
Se você notar a persistência de qualquer desses sintomas, é necessário procurar um médico especialista na área gástrica, como um gastroenterologista.
Prevenção de câncer de estômago
Por ser um órgão que recebe diretamente os alimentos, a dieta é um fator essencial para a prevenção do câncer de estômago. O consumo excessivo de certos tipos de alimentos, suas conservações e a ausência de alguns deles, podem colaborar com a formação de um tumor.
Abaixo, relacionamos quais são essas condutas alimentares:
– Evitar a ingestão excessiva de nitritos e nitratos: os nitritos e nitratos podem ser encontrados em carnes e peixes em que se utiliza o método secagem para sua preservação – utilizado, por exemplo, em alimentos defumados. O nitrito, ao ser recebido no estômago, transforma-se em nitrosaminas, substâncias altamente cancerígenas.
– Evitar o consumo excessivo de alimentos enlatados, defumados, corantes ou alimentos conservados em sal.
– Evitar o consumo de alimentos guardados fora da geladeira ou mal conservados.
– Evitar o consumo de água com poços com altas concentrações de nitrato.
– Evitar uma alimentação carente das vitaminas A e C.
– Consumir carnes e peixes regularmente.
– Consumir frutas e verduras frescas, contendo ácido ascórbico e beta caroteno.
Esses elementos são benéficos por evitar que os nitritos se transformem em nitrosaminas.
Fatores de risco de câncer de estômago
Os fatores de risco para câncer gástrico incluem:
– Infecção do estômago por Helicobacter pylori (H. pylori), que são bactérias que vivem no estômago humano, responsáveis por alguns tipos de gastrite, úlcera e cancros. Seu formato permite atravessar com facilidade a camada de muco protetora do epitélio gástrico.
– Gastrite crônica (inflamação do estômago).
– Realização de cirurgia para úlcera.
– Anemia perniciosa: distúrbio que pode ocasionar facilitação ou dificuldade de absorção da vitamina B12 pelas células gástricas parietais (responsáveis pela liberação de ácido hidroclorídrico).
– Metaplasia intestinal: uma condição na qual o revestimento normal do estômago passa a ser do tipo de células que revestem o intestino.
– Polipose adenomatosa familiar (PAF): condição hereditária que gera inúmeros pólipos no intestino grosso.
– Pólipos gástricos.
– Tabagismo.
– Tabagismo associado ao consumo de álcool.
– Ter uma mãe, pai, irmã ou irmão que teve câncer de estômago.
Diagnóstico de câncer de estômago
O diagnóstico para esse tipo de câncer pode ser feito através de alguns exames:
– Exames de sangue (bioquímica): um procedimento em que uma amostra de sangue é coletada para medir a quantidade de certas substâncias liberadas no sangue, órgãos e tecidos do organismo. Uma quantidade alterada (superior ou inferior à normal) de uma substância pode ser um sinal de doença no órgão ou tecido que a produz. Nesse procedimento, o hemograma completo (um procedimento em que uma amostra do sangue é extraída e analisada) procura verificar:
– O número de glóbulos vermelhos (hemácias, que carregam o oxigênio), os glóbulos brancos (células de defesa) e plaquetas (responsáveis por ajudar a conter sangramentos).
– A quantidade de hemoglobina (proteína que transporta oxigênio) nas células vermelhas do sangue.
– Endoscopia: um procedimento para examinar o interior do esôfago, estômago e duodeno (primeira parte do intestino delgado), para verificar a ocorrência de áreas anormais. Um endoscópio (um tubo fino e iluminado) é passado através da boca e da garganta para o esôfago.
– Sangue oculto nas fezes: um teste para verificar a presença de sangue oculto nas fezes, que só pode ser visto com a ajuda de um microscópio. Pequenas amostras de fezes são colocadas em placas especiais e é feita a sua análise no laboratório.
– EED: é uma série de raios-x do esôfago e do estômago. O paciente bebe um líquido (contraste) que contém uma substância (bário) que os raios-X não conseguem atravessar, fazendo, desse modo, que seja possível enxergar melhor os órgãos a serem analisados. Este procedimento também pode ser chamado de seriografia gastrointestinal superior (seriografia do esôfago, estômago e duodeno) quando estes três órgãos são analisados.
– Biópsia: é a remoção de amostras de células ou tecidos para possibilitar a análise através de um microscópio, por um médico patologista, para verificar se há sinais de câncer ou algum outro tipo de doença. A biópsia geralmente é feita durante a endoscopia. Às vezes, uma biópsia pode mostrar alterações no estômago que não são câncer, mas que podem levar ao câncer.
– TC (Tomografia Computadorizada): é o exame no qual é feita uma série de imagens detalhadas de áreas no interior do corpo, tomadas de ângulos diferentes. As imagens são feitas por um computador ligado a uma máquina de raios-X. Um contraste pode ser injetado em uma veia, ingerido, ou ainda injetado através do reto para ajudar os órgãos ou tecidos a aparecem mais claramente.
Estadiamento do câncer de estômago
Alguns exames e procedimentos podem ser utilizados no processo de estadiamento da doença, entretanto, nem todos são necessários a todos os pacientes.
– Exames de β-hCG (Beta-gonadotrofina coriônica humana), CA-125 e CEA (Antígeno carcinoembrionário): são exames que medem os níveis de β-hCG, CA-125 e CEA no sangue. Essas substâncias são liberadas na corrente sanguínea, tanto por células sadias, quanto por células cancerígenas. Quando encontradas em quantidades mais elevadas do que normal, esses elementos podem representar um sinal de câncer gástrico ou outras doenças.
– Radiografia de tórax: é um raio X dos órgãos e ossos dentro do peito. Um raio-x é um tipo de raio de energia que pode atravessar o corpo e realizar um retrato de áreas dentro do corpo.
– Ultrassonografia endoscópica: é um procedimento em que um endoscópio é inserido no corpo, geralmente através da boca. Um endoscópio é um instrumento fino, de forma tubular, com uma luz e uma lente para a visão. A sonda na ponta do endoscópio é usada para produzir ondas sonoras de alta energia (ultrassom) e fazer ecos. Os ecos formam imagens dos tecidos do corpo possibilitando a avaliação do médico. Este procedimento também é chamado de endossonografia.
– TC (Tomografia Computadorizada): é o exame no qual são feitas uma série de imagens detalhadas de áreas no interior do corpo, tomadas de ângulos diferentes. As imagens são feitas por um computador ligado a uma máquina de raios-X. Um contraste pode ser injetado em uma veia, ingerido, ou ainda injetado através do reto para ajudar os órgãos ou tecidos a aparecem mais claramente.
– Laparoscopia: é um procedimento cirúrgico para olhar os órgãos dentro do abdômen para checar sinais de doença. Pequenas incisões (cortes) são feitas na parede do abdômen e um laparoscópio (um tubo fino e iluminado) é inserido em uma das incisões. Outros instrumentos podem ser inseridos através das incisões para realizar procedimentos, como a remoção de amostras de tecidos para pesquisas. Pode também, em alguns casos, realizar-se parte da cirurgia para tratamento por esse método.
– PET Scan (Tomografia por emissão de pósitrons scan): é um exame que combina a tomografia computadorizada e uma espécie de cintilografia. É utilizada uma substância radioativa (fluordesoxiglicose – FDG), que é injetada por uma veia e é mais absorvida por células tumorais, fazendo com que o câncer possa ser diagnosticado ou analisado com grande precisão.
Tratamento do câncer de estômago
Três tipos de tratamento são utilizados para o câncer de estomago. São eles:
– Cirurgia: é o tratamento mais comum para todos os estágios do câncer de estômago. Os seguintes tipos de cirurgia podem ser utilizados:
• Gastrectomia subtotal: remoção de parte do estômago que contém o câncer, linfonodos próximos, tecidos ou órgãos que possam estar acometidos pelo tumor.
• Gastrectomia total: remoção de todo o estômago, os linfonodos próximos, parte do esôfago, duodeno e outros tecidos próximos ao tumor. O baço pode ser removido. O esôfago é ligado ao intestino delgado para que o paciente possa continuar a comer e engolir. Se o tumor está obstruindo o estômago, mas o câncer não pode ser completamente removido por cirurgia, pode se realizar a colocação de uma prótese (um tubo fino e expansível), realizado através de endoscopia, a fim de manter uma passagem para o alimento.
– Radioterapia: a radioterapia é um tratamento contra o câncer que utiliza tipos de radiação para matar células cancerígenas ou impedi-las de crescer. Existem dois tipos de radioterapia: a terapia de radiação externa – a mais comum, que utiliza uma máquina para enviar radiação para o câncer; e a terapia de radiação interna (braquiterapia) – na qual a substância radioativa é colocada diretamente em contato com o tecido tumoral.
– Quimioterapia: um tratamento de câncer que usa medicamentos (remédios) para parar o crescimento das células cancerosas, matá-las ou impedi-las de se dividir. Quando a quimioterapia é tomada via oral ou injetada numa veia ou músculo, os remédios entram na corrente sanguínea e podem atingir as células cancerosas por todo o corpo (quimioterapia sistêmica). Quando a quimioterapia é colocada diretamente na coluna vertebral, um órgão ou uma cavidade do corpo, como o abdômen, as drogas afetam principalmente as células do câncer nessas áreas (quimioterapia regional). A forma como a quimioterapia é dada depende do tipo e estágio do câncer a ser tratado.
Nesta semana, diversos portais de notícias divulgaram que o ex-técnico da seleção brasileira, Carlos Alberto Parreira (de 80 anos), foi diagnosticado com Linfoma de Hodking – tipo de câncer que se origina no sistema linfático e apresenta alto índice de cura. Segundo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o treinador foi diagnosticado há quatro meses, está fazendo quimioterapia e evoluindo positivamente no tratamento.
A doença, que tem incidência de três casos por 100 mil habitantes no Brasil, também já acometeu outros famosos. Em setembro de 2021, o comentarista esportivo Caio Ribeiro anunciou nas redes sociais que estava com este tipo de tumor. “A boa notícia é que ele tem 95% de (chance de) cura e meu corpo está respondendo muito bem ao tratamento”, declarou.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), entre os anos de 2010 e 2019 foram registrados 48.839 óbitos por linfomas, com média de 4.884 mortes por ano. Entretanto, a incidência de novos casos permaneceu estável nas últimas cinco décadas e a mortalidade reduzida em mais de 60% desde o início dos anos 1970, graças aos avanços nos tratamentos da doença. Atualmente, a maioria dos pacientes com Linfoma de Hodgkin pode ser curados com os procedimentos disponíveis.
O Hospital de Amor conversou com a médica e coordenadora do departamento de hematologia da instituição, Dra. Isabela Assis de Siqueira, e preparou uma matéria especial sobre o tema, esclarecendo as principais dúvidas sobre a doença, suas formas de prevenção, e sinais e sintomas.
Confira, informe-se e cuide da sua saúde!
– O que é Linfoma de Hodgkin?
R.: Linfoma ou doença de Hodgkin é um tipo de câncer que se origina no sistema linfático – conjunto composto por órgãos (linfonodos ou gânglios) e tecidos que produzem as células responsáveis pela imunidade e vasos que conduzem essas células por meio do corpo. Trata-se de uma doença que acomete mais comumente adultos jovens, entre 15 e 35 anos, porém há um segundo pico de incidência entre 75 e 80 anos. No Brasil, de acordo com dados do INCA, a estimativa de novos casos é de 3.080, sendo 1.500 homens e 1.580 mulheres.
– O que causa Linfoma?
R.: O linfoma se desenvolve quando ocorre uma desregulação na proliferação das células de defesa, os linfócitos. O motivo que desencadeia essa modificação ainda é desconhecido. Sabe-se que há maior risco de se desenvolver o Linfoma de Hodgkin:
– Pessoas imunocomprometidas (infecção pelo HIV e uso de drogas imunossupressoras, por exemplo).
– Membros de famílias nas quais uma ou mais pessoas tiveram diagnóstico da doença.
– Infecção por vírus ‘Epstein-Baar’.
– Exposição à agrotóxicos e solventes.
– Quais são os principais sinais e sintomas desse tipo de tumor?
R.: Os sintomas relacionados ao Linfoma de Hodgkin podem variar dependendo de sua localização. Em geral, se caracteriza por percepção de aumento progressivo de nódulos (ínguas) indolores em regiões cervical, axilar e/ou virilha; febre vespertina diária; perda de peso; sudorese noturna; se localizada em região torácica, pode apresentar falta de ar, tosse ou dor torácica. Coceira generalizada e dor em linfonodos imediatamente após a ingestão de bebida alcoólica também podem ocorrer.
– Como detectar o Linfoma de Hodgkin?
R.: O diagnóstico do Linfoma de Hodgkin é feito com a realização da biópsia por retirada de algum gânglio para análise anatomopatológica e estudo imunohistoquímico. Exames de imagem, como Tomografias ou PET CT, são importantes para o estadiamento, ou seja, sabermos quais os locais do corpo estão comprometidos pela doença. Além disso, exames de sangue, como hemograma, função hepática e renal, são necessários para avaliação inicial e seguimento.
Patologicamente, o Linfoma de Hodgkin é dividido em
• Linfoma de Hodgkin clássico – que compreende 95% dos casos, que por sua vez é subdividida em: Esclerose Nodular (60 a 80%), Celularidade Mista (20 a 30%), Rico em linfócitos e Depleção linfocitária.
• Linfoma de Hodgkin com predomínio linfocítico nodal – que responde por 5% dos casos e, além de ser patologicamente diferente, o curso clínico é mais indolente (sem dor) e o tratamento diferente dos demais subtipos.
– Como ocorre a prevenção do Linfoma de Hodgkin?
R.: Ainda não há indicação de exames de rastreamento para linfomas, porém, reduzir a exposição à fatores de risco podem diminuir as chances de desenvolvimento da doença.
Atualmente, a difusão da informação sobre sinais e sintomas é a principal medida para o diagnóstico em estágios mais precoces da doença, o que possibilita melhores resultados no tratamento.
– Quais são os tipos de tratamento para este tipo de linfoma? E quais são os índices de cura?
R.: Nos últimos 40 anos, um importante progresso foi obtido no tratamento do linfoma de Hodgkin. Aproximadamente 70-80% dos pacientes são curados, atualmente, com os esquemas quimioterápicos disponíveis. E, mesmo nos pacientes com doença em estágio avançado, a cura pode ser obtida em mais de 50% dos casos.
O tratamento adequado para a doença vai depender do subtipo do Linfoma de Hodgkin e do seu estadiamento, podendo compreender quimioterapia e/ou radioterapia.
– O padrão ouro para tratamento do Linfoma de Hodgkin clássico, em âmbito SUS, é a quimioterapia ABVD (adriamicina, bleomicina, vimblastina e dacarbazina). A duração do tratamento e a associação de radioterapia vai depender do estadiamento da doença.
– Já para os pacientes com Linfoma de Hodgkin recaídos ou refratários ao tratamento inicial, o indicado é o tratamento com quimioterapia de resgate e transplante de medula óssea (TMO) autólogo.
– Atualmente, temos ainda a imunoterapia para tratamento de Linfoma de Hodgkin refratário/recidivado.
– No Hospital de Amor existe algum protocolo específico de tratamento ou alguma pesquisa na área?
R.: No Hospital de Amor, em Barretos (SP), além de tratamento via SUS com ABVD e radioterapia em primeira linha, quimioterapia de resgate e transplante autólogo de medula óssea para casos refratários/recidivados, há também uma Unidade de Pesquisa Clínica com protocolos de pesquisa que oferecem aos pacientes do HA e de outras instituições a possibilidade de acesso às novas linhas de tratamento. Atualmente, existem dois protocolos de pesquisa em andamento, com diferentes medicações para pacientes com doença refratária/recidivada.
Consulte seu médico regulamente e esteja em dia com sua saúde!
Você sabia que, no Brasil, o câncer de estômago é o quarto tipo mais frequente entre os homens e o sexto entre as mulheres? E que sua estimativa de novos casos, de acordo com o levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), é de 21.290, sendo 13.540 em homens e 7.750 em mulheres? Mas afinal, qual a função do estômago e sua importância para o corpo humano?
O estômago é um órgão em forma de “J”, situado na parte superior do abdômen. Faz parte do sistema digestivo, cuja responsabilidade é processar os alimentos ingeridos, extraindo deles nutrientes (vitaminas, minerais, carboidratos, gorduras, proteínas e água). Os alimentos são conduzidos da garganta para o estômago, através de um tubo oco e muscular, chamado esôfago. Após deixar o estômago, os alimentos parcialmente digeridos passam para o intestino delgado e depois para o intestino grosso (cólon).
A parede do estômago é constituída por três camadas de tecido: a camada mucosa (que fica em contato com os alimentos), a camada muscular (camada média), e a camada serosa (externa, a que reveste o estômago).
E o que é o câncer do estômago?
O câncer de estômago (ou câncer gástrico) é o crescimento de células anormais no órgão desse sistema digestivo e pode ocorrer em qualquer local de sua extensão. Grande parte desse tipo de tumor ocorre na camada mucosa, surgindo na forma de pequenas lesões irregulares, com ulcerações (rompimento do tecido) – características de cânceres ou tumores malignos. Conforme a evolução da doença, essas células cancerígenas vão gradualmente substituindo o tecido normal do órgão, migrando para outras partes, podendo até chegar a outros lugares do organismo.
Com o pico de incidência em pessoas do sexo masculino de idade mais avançada (cerca de 65% dos pacientes diagnosticados com idade superior a 50 anos), o câncer de estômago se apresenta como o terceiro mais frequente entre homens e o quinto entre as mulheres. Dados do INCA revelam que o número de mortes por esse tipo de tumor chega a 14.314, sendo 9.207 em homens e 5.107 em mulheres.
Tipos de câncer de estômago
Os tumores de estômago se apresentam em três diferentes tipos: o adenocarcinoma – responsável por 95% dos tumores; o linfoma – diagnosticado em 3% dos casos; e o leiomiossarcoma – com início em tecidos que dão origem aos músculos e aos ossos.
Adenocarcinoma – é um tipo de câncer que possui características secretórias, se originando em tecidos glandulares.
Linfoma – é um tipo de câncer que tem origem nos linfonodos (gânglios) por todo o corpo, principalmente no timo, baço, amídalas, medula óssea e tecidos linfáticos no intestino. Assim como outros tipos de linfomas, eles são divididos em subtipos entre Linfoma de Hodgkin e Linfoma Não Hodgkin.
O linfoma do estômago apresenta uma incidência baixa (3%), podendo ser dividido em dois tipos:
– Linfoma Gástrico MALT: um tipo de linfoma associado à mucosa constituída por células pequenas e com baixo grau de malignidade.
– Linfoma de células grandes: com alto grau de malignidade, porém, com uma incidência muito rara (quando comparado ao primeiro).
Leiomiossarcoma – é um dos tumores benignos da musculatura lisa do estômago, geralmente também localizado em qualquer outro órgão. Sua incidência é baixa.
• Pólipos Gástricos
É o nome dado a um crescimento anormal de um tecido proveniente de uma membrana mucosa. Desenvolve-se nas cavidades de uma mucosa, podendo ter diferentes constituições e formatos. No estômago, os pólipos podem ser divididos em Adenoma e Pólipos Hiperplásicos.
– Adenoma: consiste em nódulos de epitélio displásico. Ocorrem quase que exclusivamente no antro (porção inicial do estômago), fazendo parte da Síndrome de Gardner (um transtorno genético que ocasiona a presença de múltiplos pólipos) ou gastrite crônica atrófica (condição em que as células da mucosa do estômago são diminuídas, prejudicando a produção do ácido gástrico responsável pela digestão dos alimentos).
A maioria dos carcinomas associados ao adenoma gástrico são maiores que 2 cm de diâmetro. Acredita-se que são necessários 10 a 15 anos para um adenoma se transformar em carcinoma.
– Pólipos Hiperplásicos: são os mais comuns pólipos do estômago (50 a 90% dos pólipos gástricos) e dois terços deles ocorrem no antro (porção inicial do estômago). A anormalidade básica é a hiperplasia (aumento excessivo do número de células) e eles se desenvolvem na mucosa gástrica atrófica. Pode haver associação com o Helicobacter pylori (também conhecido como ‘H. Pylori’). O tratamento é a remoção endoscópica ou cirúrgica.
• Tumores carcinoides
Representam 3% de todos os tumores carcinoides gastrointestinais. Existem três subtipos desse tumor no estômago:
– Carcinoide associado com gastrite atrófica crônica do tipo A com ou sem anemia perniciosa.
A gastrite do tipo A é causada por anticorpos contra as células parietais e o fator intrínseco, agindo na mucosa fúndica, causa atrofia glandular acloridria e eventualmente anemia perniciosa.
– Carcinoide associado com a síndrome de Zollinger-Ellison.
A síndrome de Zollinger-Ellison é o nome dado ao distúrbio causado por níveis excessivos do hormônio gastrina. A presença excessiva deste hormônio, por sua vez, faz o estômago produzir ácido clorídrico em excesso.
Esse distúrbio pode gerar um tipo de tumor que representa 8,6% dos tumores carcinoides gástricos e ocorrem quase que exclusivamente em pacientes com síndrome MEN-1 (Neoplasia Endócrina Múltipla). A hipergastrinemia está associada ao gastrinoma no pâncreas. O tratamento consiste em remover o gastrinoma ou a gastrectomia total.
– Tumor carcinoide de forma esporádica.
Não associados ao excesso de gastrina, esse tipo corresponde a 25% dos tumores carcinoides gástricos e têm um prognóstico pior que os tumores carcinoides associados à gastrite atrófica crônica e a síndrome de Zollinger-Ellinson. Como os tumores geralmente são grandes e a doença mais avançada, o tratamento necessita de cirurgia associada a radio e quimioterapia.
Sintomas do câncer de estômago
Estes sintomas podem caracterizar o câncer gástrico, mas outras condições ou doenças também podem causar os mesmos sintomas.
– Dor epigástrica (região central do abdômen – “boca do estômago”);
– Sensação de “estômago cheio” após as refeições e perda do apetite durante as refeições;
– Emagrecimento;
– Vômitos;
– Vômitos com sangue;
– Azia intensa;
– Diarreia;
– Constipação;
– Fadiga e Fraqueza;
– Fezes com sangue ou muito escurecidas (tipo borra de café);
– Dificuldade para se alimentar.
Deve-se tomar cuidado, pois esses sintomas muitas vezes não são percebidos pelos pacientes e só se tornam evidentes quando o tumor atinge um tamanho suficiente para diminuir o espaço de passagem do alimento.
Existem sintomas comuns em estágios avançados, como o emagrecimento intenso (caquexia) e pele e olhos amarelados pelo acúmulo do material metabólico de bilirrubina (icterícia). O paciente com câncer de estômago em estágios avançados também pode sentir dor quando o estômago é palpado.
Se você notar a persistência de qualquer desses sintomas, é necessário procurar um médico especialista na área gástrica, como um gastroenterologista.
Prevenção de câncer de estômago
Por ser um órgão que recebe diretamente os alimentos, a dieta é um fator essencial para a prevenção do câncer de estômago. O consumo excessivo de certos tipos de alimentos, suas conservações e a ausência de alguns deles, podem colaborar com a formação de um tumor.
Abaixo, relacionamos quais são essas condutas alimentares:
– Evitar a ingestão excessiva de nitritos e nitratos: os nitritos e nitratos podem ser encontrados em carnes e peixes em que se utiliza o método secagem para sua preservação – utilizado, por exemplo, em alimentos defumados. O nitrito, ao ser recebido no estômago, transforma-se em nitrosaminas, substâncias altamente cancerígenas.
– Evitar o consumo excessivo de alimentos enlatados, defumados, corantes ou alimentos conservados em sal.
– Evitar o consumo de alimentos guardados fora da geladeira ou mal conservados.
– Evitar o consumo de água com poços com altas concentrações de nitrato.
– Evitar uma alimentação carente das vitaminas A e C.
– Consumir carnes e peixes regularmente.
– Consumir frutas e verduras frescas, contendo ácido ascórbico e beta caroteno.
Esses elementos são benéficos por evitar que os nitritos se transformem em nitrosaminas.
Fatores de risco de câncer de estômago
Os fatores de risco para câncer gástrico incluem:
– Infecção do estômago por Helicobacter pylori (H. pylori), que são bactérias que vivem no estômago humano, responsáveis por alguns tipos de gastrite, úlcera e cancros. Seu formato permite atravessar com facilidade a camada de muco protetora do epitélio gástrico.
– Gastrite crônica (inflamação do estômago).
– Realização de cirurgia para úlcera.
– Anemia perniciosa: distúrbio que pode ocasionar facilitação ou dificuldade de absorção da vitamina B12 pelas células gástricas parietais (responsáveis pela liberação de ácido hidroclorídrico).
– Metaplasia intestinal: uma condição na qual o revestimento normal do estômago passa a ser do tipo de células que revestem o intestino.
– Polipose adenomatosa familiar (PAF): condição hereditária que gera inúmeros pólipos no intestino grosso.
– Pólipos gástricos.
– Tabagismo.
– Tabagismo associado ao consumo de álcool.
– Ter uma mãe, pai, irmã ou irmão que teve câncer de estômago.
Diagnóstico de câncer de estômago
O diagnóstico para esse tipo de câncer pode ser feito através de alguns exames:
– Exames de sangue (bioquímica): um procedimento em que uma amostra de sangue é coletada para medir a quantidade de certas substâncias liberadas no sangue, órgãos e tecidos do organismo. Uma quantidade alterada (superior ou inferior à normal) de uma substância pode ser um sinal de doença no órgão ou tecido que a produz. Nesse procedimento, o hemograma completo (um procedimento em que uma amostra do sangue é extraída e analisada) procura verificar:
– O número de glóbulos vermelhos (hemácias, que carregam o oxigênio), os glóbulos brancos (células de defesa) e plaquetas (responsáveis por ajudar a conter sangramentos).
– A quantidade de hemoglobina (proteína que transporta oxigênio) nas células vermelhas do sangue.
– Endoscopia: um procedimento para examinar o interior do esôfago, estômago e duodeno (primeira parte do intestino delgado), para verificar a ocorrência de áreas anormais. Um endoscópio (um tubo fino e iluminado) é passado através da boca e da garganta para o esôfago.
– Sangue oculto nas fezes: um teste para verificar a presença de sangue oculto nas fezes, que só pode ser visto com a ajuda de um microscópio. Pequenas amostras de fezes são colocadas em placas especiais e é feita a sua análise no laboratório.
– EED: é uma série de raios-x do esôfago e do estômago. O paciente bebe um líquido (contraste) que contém uma substância (bário) que os raios-X não conseguem atravessar, fazendo, desse modo, que seja possível enxergar melhor os órgãos a serem analisados. Este procedimento também pode ser chamado de seriografia gastrointestinal superior (seriografia do esôfago, estômago e duodeno) quando estes três órgãos são analisados.
– Biópsia: é a remoção de amostras de células ou tecidos para possibilitar a análise através de um microscópio, por um médico patologista, para verificar se há sinais de câncer ou algum outro tipo de doença. A biópsia geralmente é feita durante a endoscopia. Às vezes, uma biópsia pode mostrar alterações no estômago que não são câncer, mas que podem levar ao câncer.
– TC (Tomografia Computadorizada): é o exame no qual é feita uma série de imagens detalhadas de áreas no interior do corpo, tomadas de ângulos diferentes. As imagens são feitas por um computador ligado a uma máquina de raios-X. Um contraste pode ser injetado em uma veia, ingerido, ou ainda injetado através do reto para ajudar os órgãos ou tecidos a aparecem mais claramente.
Estadiamento do câncer de estômago
Alguns exames e procedimentos podem ser utilizados no processo de estadiamento da doença, entretanto, nem todos são necessários a todos os pacientes.
– Exames de β-hCG (Beta-gonadotrofina coriônica humana), CA-125 e CEA (Antígeno carcinoembrionário): são exames que medem os níveis de β-hCG, CA-125 e CEA no sangue. Essas substâncias são liberadas na corrente sanguínea, tanto por células sadias, quanto por células cancerígenas. Quando encontradas em quantidades mais elevadas do que normal, esses elementos podem representar um sinal de câncer gástrico ou outras doenças.
– Radiografia de tórax: é um raio X dos órgãos e ossos dentro do peito. Um raio-x é um tipo de raio de energia que pode atravessar o corpo e realizar um retrato de áreas dentro do corpo.
– Ultrassonografia endoscópica: é um procedimento em que um endoscópio é inserido no corpo, geralmente através da boca. Um endoscópio é um instrumento fino, de forma tubular, com uma luz e uma lente para a visão. A sonda na ponta do endoscópio é usada para produzir ondas sonoras de alta energia (ultrassom) e fazer ecos. Os ecos formam imagens dos tecidos do corpo possibilitando a avaliação do médico. Este procedimento também é chamado de endossonografia.
– TC (Tomografia Computadorizada): é o exame no qual são feitas uma série de imagens detalhadas de áreas no interior do corpo, tomadas de ângulos diferentes. As imagens são feitas por um computador ligado a uma máquina de raios-X. Um contraste pode ser injetado em uma veia, ingerido, ou ainda injetado através do reto para ajudar os órgãos ou tecidos a aparecem mais claramente.
– Laparoscopia: é um procedimento cirúrgico para olhar os órgãos dentro do abdômen para checar sinais de doença. Pequenas incisões (cortes) são feitas na parede do abdômen e um laparoscópio (um tubo fino e iluminado) é inserido em uma das incisões. Outros instrumentos podem ser inseridos através das incisões para realizar procedimentos, como a remoção de amostras de tecidos para pesquisas. Pode também, em alguns casos, realizar-se parte da cirurgia para tratamento por esse método.
– PET Scan (Tomografia por emissão de pósitrons scan): é um exame que combina a tomografia computadorizada e uma espécie de cintilografia. É utilizada uma substância radioativa (fluordesoxiglicose – FDG), que é injetada por uma veia e é mais absorvida por células tumorais, fazendo com que o câncer possa ser diagnosticado ou analisado com grande precisão.
Tratamento do câncer de estômago
Três tipos de tratamento são utilizados para o câncer de estomago. São eles:
– Cirurgia: é o tratamento mais comum para todos os estágios do câncer de estômago. Os seguintes tipos de cirurgia podem ser utilizados:
• Gastrectomia subtotal: remoção de parte do estômago que contém o câncer, linfonodos próximos, tecidos ou órgãos que possam estar acometidos pelo tumor.
• Gastrectomia total: remoção de todo o estômago, os linfonodos próximos, parte do esôfago, duodeno e outros tecidos próximos ao tumor. O baço pode ser removido. O esôfago é ligado ao intestino delgado para que o paciente possa continuar a comer e engolir. Se o tumor está obstruindo o estômago, mas o câncer não pode ser completamente removido por cirurgia, pode se realizar a colocação de uma prótese (um tubo fino e expansível), realizado através de endoscopia, a fim de manter uma passagem para o alimento.
– Radioterapia: a radioterapia é um tratamento contra o câncer que utiliza tipos de radiação para matar células cancerígenas ou impedi-las de crescer. Existem dois tipos de radioterapia: a terapia de radiação externa – a mais comum, que utiliza uma máquina para enviar radiação para o câncer; e a terapia de radiação interna (braquiterapia) – na qual a substância radioativa é colocada diretamente em contato com o tecido tumoral.
– Quimioterapia: um tratamento de câncer que usa medicamentos (remédios) para parar o crescimento das células cancerosas, matá-las ou impedi-las de se dividir. Quando a quimioterapia é tomada via oral ou injetada numa veia ou músculo, os remédios entram na corrente sanguínea e podem atingir as células cancerosas por todo o corpo (quimioterapia sistêmica). Quando a quimioterapia é colocada diretamente na coluna vertebral, um órgão ou uma cavidade do corpo, como o abdômen, as drogas afetam principalmente as células do câncer nessas áreas (quimioterapia regional). A forma como a quimioterapia é dada depende do tipo e estágio do câncer a ser tratado.