Levar a conscientização sobre o diagnóstico precoce e sobre a importância do exame de mamografia é o principal objetivo da campanha “Outubro Rosa” – movimento que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mama. A mobilização, que teve início nos Estados Unidos, na década de 1990, com algumas ações isoladas, chegou ao congresso americano e conquistou a aprovação de uma lei que tornaria outubro como o mês nacional de prevenção à doença.
Atualmente, a ação acontece em vários países ao redor do mundo e, para despertar a atenção das pessoas, em especial, das mulheres, monumentos (como Torre Eiffel e Cristo Redentor), praças públicas, igrejas e estabelecimentos comerciais são iluminados por luzes rosas.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tumor maligno mais frequente entre as mulheres no mundo. Para o Brasil, estimam-se 59.700 novos casos de câncer de mama para cada ano do biênio 2018/2019. Além disso, a cada semana, um novo caso de câncer será descoberto em uma mulher que não sente absolutamente nada. Está aí a grande importância de se atentar aos exames preventivos.
Para falar sobre o assunto e esclarecer as principais dúvidas sobre a doença, o Hospital de Amor entrevistou a médica radiologista do Instituto de Prevenção, Dra. Silvia Sabino. Confira:
1 – Quais são os números atuais do câncer de mama no Brasil?
R.: De acordo com dados do INCA, o câncer de mama é o principal tipo de tumor que atinge as mulheres em todas as regiões brasileiras, exceto no Norte, que é o segundo lugar, ficando atrás apenas do câncer de colo de útero. É também a primeira causa de morte por câncer entre as mulheres. No ano de 2012, mais de 1.600.000 mulheres escutaram a frase “você tem câncer de mama”, em todo o mundo.
2 – Qual é a maneira correta de se identificar a doença precocemente?
R.: A recomendação do Ministério da Saúde é a participação das mulheres nas ações de rastreamento e diagnóstico precoce do câncer de mama, através da realização da mamografia para as mulheres na faixa etária de 40 a 69 anos, devendo permanecer alertas para os sinais e sintomas suspeitos, como nódulos nas mamas, saída de secreção transparente ou sanguinolenta pelos mamilos ou qualquer modificação de formato ou na pele das mamas.
3 – Quais exames as mulheres devem fazer?
R.: A mamografia é o principal exame para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Em situações especiais e sob indicação médica, ela poderá ser complementada com ultrassonografia ou ressonância magnética.
4 – Como funciona esse exame?
R.: O mamógrafo é um aparelho de raios-x modificado para realizar o exame das mamas. Durante o procedimento, são realizadas 4 imagens (uma de cada vez) com as mamas comprimidas entre placas. A compressão das mamas é importante para separar o tecido mamário normal de um eventual câncer, já que ambos possuem características semelhantes. Se alguma alteração for observada, imagens adicionais podem ser necessárias. O exame de mamografia pode ser complementado com ultrassonografia e, em alguns casos, por ressonância magnética.
5 – De quanto em quanto tempo é necessário realizar esse exame? Por quê?
R.: As diretrizes de sociedades médicas orientam a realização do exame de mamografia anualmente, a partir dos 40 anos. Porém, o preconizado pelo Ministério da Saúde é a realização a cada 2 anos, dos 50 anos até os 69.
As faixas etárias estão relacionadas às maiores incidências de câncer de mama na população feminina e a periodicidade visa garantir que uma lesão que começar a se desenvolver, possa ser identificada e tratada rapidamente.
6 – Caso algo seja detectado, qual o próximo passo?
R.: Se alguma alteração for detectada e confirmada pelos exames, será necessária a obtenção de uma amostra da lesão. Este procedimento é denominado de biópsia e pode ser realizado através de agulha (biópsia percutânea) ou através de cirurgia (biópsia cirúrgica). Estatisticamente, a cada 4 biópsias mamárias, 1 acaba por revelar um câncer.
7 – Quando o câncer de mama é detectado precocemente, quais são as chances de cura?
R.: Tumores de mama descobertos com menos de 1 cm ou que ainda estejam restritos ao ducto mamário – estrutura que carrega o leite durante a amamentação – apresentam cerca de 95% de chance de cura.
8 – Quais são os tratamentos mais utilizados para o câncer de mama? Como funcionam esses tratamentos?
R.: Atualmente, os tratamentos para o câncer de mama são personalizados e baseados no tipo e extensão tumoral, podendo incluir: cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonoterapia e, mais recentemente, terapia alvo e imunoterapia.
• A cirurgia é o tratamento mais comum para o câncer de mama, sendo seu principal objetivo retirar o máximo possível do tumor com uma margem de segurança. A definição do tipo de cirurgia mamária – se conservadora (quando apenas a região acometida da mama é retirada) ou não – dependerá do tamanho do tumor e dos benefícios para a paciente.
• A radioterapia é a segunda principal modalidade de tratamento, usando radiação para destruir células anormais que formam um tumor. Pode ser instituída como o tratamento principal do câncer; tratamento adjuvante (quando realizada após a cirurgia, com objetivo de eliminar as células tumorais remanescentes, diminuindo a incidência de recidiva e metástases à distância); tratamento paliativo (sem finalidade curativa, sendo utilizada para melhorar a qualidade da sobrevida da paciente); para alívio de sintomas da doença, como dor ou sangramento; e para o tratamento de metástases ou, mais modernamente, como tratamento neoadjuvante (o que ocorre antes do tratamento cirúrgico em tumores muito iniciais).
• O tratamento quimioterápico utiliza medicamentos para destruir de maneira sistêmica as células tumorais. A medicação pode ser injetada ou ingerida e também pode ser utilizada no esquema neoadjuvante, adjuvante ou paliativo.
• Muitos tumores de mama apresentam, em sua superfície, receptores de hormônio (estrógeno, progesterona e andrógeno) e podem, assim, utilizar os próprios hormônios da mulher para seu crescimento. A hormonoterapia é uma opção terapêutica sistêmica, que tem como objetivo bloquear a ação destes hormônios em células sensíveis, podendo ser usada de forma isolada ou em combinação com outras formas terapêuticas.
• Outra modalidade de tratamento sistêmico é a terapia alvo, que utiliza medicamentos que atacam especificamente elementos encontrados na superfície ou no interior das células do tumor de mama.
• Finalmente, a imunoterapia é um tratamento biológico sistêmico que potencializa o sistema imunológico, utilizando anticorpos produzidos pela própria paciente ou em laboratório, estimulando a ação das células de defesa do nosso organismo para que o tumor seja reconhecido como um agente agressor.
9 – Por que a mamografia, na maioria das vezes, é desconfortável?
R.: As mamas são extremamente sensíveis e um exame que necessita comprimir as glândulas mamárias pode provocar desconforto, que varia de mínimo a intenso, dependendo da sensibilidade da mulher e, sobretudo, da fase do período menstrual em que está sendo realizado.
10 – O que a mulher pode fazer para tornar a mamografia mais confortável? Quais dicas práticas poderia dar?
R.: A principal dica para tornar o exame menos desconfortável é realizá-lo na primeira semana após o final da menstruação. Após a menstruação, as glândulas mamárias estão menos edemaciadas (inchadas) e sua compressão será menos dolorosa.
Outra dica, nem sempre fácil, é tentar relaxar durante o posicionamento das mamas no equipamento. As mamas são unidas ao tórax através da musculatura peitoral. Quando ficamos tensas, contraímos estes músculos e, consequentemente, endurecemos a mama. Se deixarmos o corpo e, sobretudo, os braços relaxados, as mamas serão comprimidas com mais facilidade e sem tanto desconforto. Avisar a técnica de radiologia que as suas mamas são ou estão sensíveis, também traz melhores resultados em relação à percepção de desconforto do exame.
11 – Por que é interessante avisar a técnica sobre a prótese de silicone?
R.: A mamografia em mulheres que possuam implantes mamários pode e deve ser realizada, porém, exige cuidados e posicionamentos específicos da mama para tentar retirar a sobreposição do silicone. Normalmente, serão realizadas de 6 a 8 imagens das mamas. Paciência e colaboração é tudo para um exame rápido e de sucesso!
12 – Quais são os principais fatores de risco do câncer de mama?
R.: Idade da primeira menstruação menor do que 12 anos; menopausa após os 55 anos; mulheres que nunca engravidaram ou nunca tiveram filhos; primeira gravidez após os 30 anos; uso de alguns anticoncepcionais e terapia de reposição hormonal (TRH) na menopausa, especialmente se por tempo prolongado; exposição à radiação ionizante; consumo de bebidas alcoólicas; dietas hipercalóricas; sedentarismo; e predisposição genética (pelas mutações em determinados genes transmitidos na herança genética familiar – principalmente por dois genes de alto risco, BRCA1 e BRCA2), são os principais fatores de risco do câncer de mama.
Mitos x Verdades
– O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres?
Verdade. Inclusive, ele responde por 29,5% dos casos novos a cada ano e a prevenção deve ser feita através da realização de mamografia e hábitos de vida saudáveis.
– O exame de mamografia auxilia na detecção precoce do câncer de mama?
Verdade. O exame ainda é o método mais eficaz de diagnóstico para detecção da doença. Quanto mais precoce a descoberta e remoção do tumor em sua fase inicial, maiores são as chances de cura, podendo ultrapassar 95%.
– O autoexame de mama substitui a realização da mamografia?
Mito. Apenas a mamografia é capaz de detectar nódulos menores que 1cm e imperceptíveis ao autoexame.
– O câncer de mama tem cura?
Verdade. Se detectado em estágios inicias, as chances de cura chegam a 95%.
– A amamentação ajuda a prevenir o câncer de mama?
Verdade. A amamentação pode reduzir o risco da mulher de contrair a doença, mas isso não significa que a mulher que amamentou não terá câncer de mama.
– As mulheres que têm prótese de silicone nas mamas não podem realizar mamografia?
Mito. Podem e devem realizar o exame. Uma mamografia realizada corretamente não traz nenhum dano às próteses. É sempre bom avisar o técnico sobre a presença do silicone para que ele possa aplicar menos pressão.
– Homens podem ter câncer de mama?
Verdade. Porém, são mais raros, correspondendo a cerca de 1% dos casos.
– O uso de desodorante antitranspirante pode causar câncer de mama?
Mito. Não existem pesquisas que evidenciem relação direta entre o uso desse tipo de produto e o desenvolvimento da doença.
– Sintomas como nódulo palpável, presença de secreção aquosa, com aspecto transparente ou sangue pelo mamilo e alterações na pele podem ser sinais de câncer de mama?
Verdade. Se você perceber algum desses sinais, fique alerta e procure um médico de sua confiança para ser avaliada.
– O câncer de mama pode ser causado por um trauma, como bater a mama na maçaneta da porta ou outros locais, por exemplo?
Mito. O que pode ocorrer nesses casos é que, após o trauma, a mulher passa a se observar e/ou se tocais mais e descubra um nódulo que já estava presente.
– A radiação emitida pelo aparelho de mamografia é prejudicial à saúde?
Mito. A quantidade de radiação emitida durante o exame é relativamente baixa e o risco associado à exposição é mínimo.
– O sutiã pode aumentar o risco de câncer de mama?
Mito. Não existem estudos que evidenciem relação direta entre o uso do sutiã e o desenvolvimento da doença.
Há mais de 20 anos, o Hospital de Amor atua levando a prevenção para homens e mulheres de todo o Brasil, desenvolvendo um trabalho pioneiro, com qualidade e excelência, em suas 11 unidades fixas de prevenção e 18 unidades móveis. Com o objetivo de difundir conhecimentos médicos e técnicos sobre o diagnóstico do câncer de mama em suas fases mais iniciais, o Instituto de Prevenção do HA promoveu o “III Simpósio Internacional de Rastreamento Mamográfico”.
O evento, que aconteceu nos dias 31 de agosto e 1 de setembro, no Centro de Convenções do Barretos Country Hotel, em Barretos (SP), em parceria com o instituto holandês The Dutch Nacional Expert and Training Center for Breast Cancer Screening (LRCB), contou com 300 participantes e 35 palestrantes, entre eles, o renomado radiologista mamário, presidente do LRCB e professor (que também atua no departamento de radiologia da University Medical Center Utrecht), da Holanda, Dr. Ruud Pijnappel; a epidemiologista holandesa, Meirelle Broeders; a instrutora coordenadora dos técnicos de radiologia do programa holandês de rastreamento mamográfico, Cary Van Landsveld-Verhoeven; e a radiologista mamária do Hospital de Mar, da Espanha, Ana Rodrigues Arana.
Durante os dois dias de intensa troca de conhecimentos, duas salas simultâneas foram montadas: uma médica, envolvendo as diversas especialidades relacionadas com o diagnóstico precoce e tratamento do câncer de mama, e uma técnica, onde os técnicos de radiologia puderam ter contato com renomados palestrantes, conceitos internacionais e as mais novas tecnologias disponíveis para o rastreamento mamográfico. Além disso, o curso foi disponibilizado, através de transmissões ao vivo, para mais de 100 pessoas remotamente nas unidades fixas de prevenção do Hospital de Amor.
De acordo com a médica radiologista do Instituto de Prevenção do HA, Dra. Sílvia Sabino, o simpósio foi um sucesso, pois possibilitou o compartilhamento de reflexões sobre o rastreamento mamográfico entre os pesquisadores e profissionais da área, nacionais e internacionais, abordando temas de diferentes aspectos que constituem lesões mamárias diferenciais e tumores precoces, além das lesões precoces diagnosticadas. Para ela, os programas de rastreamento do câncer de mama (doença mais frequente na população feminina) realizados no Brasil são essencialmente de cunho oportunístico, isto é, as mulheres realizam os exames se o desejarem, sem nenhum tipo de controle efetivo sobre a adesão, casos alterados ou seus desdobramentos. “A presença de pessoas que trabalham com um rastreamento organizado, em que absolutamente todos os dados são controlados, traz uma excelente oportunidade de incremento de qualidade ao serviço que prestamos à população e nos faz olhar de maneira mais crítica para o nosso trabalho”, afirmou Dra. Sílvia.
Segundo o presidente da LRCB, as palestras realizadas no evento foram muito proveitosas, pois envolveram os assuntos sobre rastreamento, diagnóstico e tratamento da doença de maneira muito bem estruturada. “Quando nós chegamos no Hospital de Amor pela primeira vez, a instituição ainda estava começando seu programa de rastreamento mamográfico. Agora, é impressionante como ela construiu um sistema tão organizado. Claro, que sempre há o que se aprimorar, mas é nítido que essa equipe sempre procura dar passos para alcançar a excelência e, com nossas orientações, eles têm conseguido ótimos resultados”, relatou.
Resultados positivos
Após promover um evento tão grandioso como este, é possível reconhecer que o Hospital de Amor, especialmente o Instituto de Prevenção da entidade, está intensamente alinhado com diretrizes internacionais da mais alta qualidade. “É gratificante perceber que estamos no caminho certo, mas, o caminho para a perfeição é longo e árduo. Somente com educação continuada e conscientização dos gestores de serviços médicos é que poderemos alcançar nosso objetivo: diagnóstico precoce do câncer de mama na tentativa de redução da morbidade dos tratamentos, devolvendo a mulher o quanto antes à sua vida habitual e, finalmente, redução da mortalidade das mulheres brasileiras”, contou Dr. Silvia Sabino.
O Dr. Ruud Pijnappel também reconheceu o crescimento da instituição na área da prevenção. “O trabalho realizado aqui é diferente do que fazemos na Holanda, mas isso não é um problema, afinal, são contextos e realidades diferentes, mas a qualidade da realização dos exames, a preocupação em treinar e qualificar cada profissional envolvido no processo e essa essência que norteia o projeto são exatamente as mesmas”, finalizou.
“Com o III Simpósio Internacional de Rastreamento Mamográfico, ganhamos notoriedade e consolidamos, cada vez mais, nosso papel de formadores de opinião e estimuladores da busca constante pela qualidade (em todas as áreas). Esta é a nossa marca, este é o legado que estamos deixando para todos que se aproximam do Hospital de Amor”, declarou a médica radiologista.
Auditoria Internacional do Programa de Rastreamento do Câncer de Mama
A segunda fase desse projeto foi a submissão do serviço de prevenção do Hospital de Amor à 3ª edição da ‘Auditoria Internacional do Programa de Rastreamento do Câncer de Mama’. Desta forma, os participantes do simpósio também aproveitaram para prestigiar esse outro momento, realizado na primeira semana do mês de setembro.
Este segundo processo conta com avaliação dos mamógrafos digitais da instituição, qualidade de imagem e treinamento dos técnicos de radiologia, performance dos médicos radiologistas e controle dos dados e resultados do Programa de Rastreamento – que culminou com a conquista da Certificação Internacional (única fora da Europa) por mais dois anos. “A certificação é o coroamento de um árduo e contínuo trabalho, de uma grande equipe multiprofissional. Gostaria de expressar os meus parabéns a todos que participaram, de alguma forma, destes momentos”, finalizou Dra. Sílvia.
Levar a conscientização sobre o diagnóstico precoce e sobre a importância do exame de mamografia é o principal objetivo da campanha “Outubro Rosa” – movimento que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mama. A mobilização, que teve início nos Estados Unidos, na década de 1990, com algumas ações isoladas, chegou ao congresso americano e conquistou a aprovação de uma lei que tornaria outubro como o mês nacional de prevenção à doença.
Atualmente, a ação acontece em vários países ao redor do mundo e, para despertar a atenção das pessoas, em especial, das mulheres, monumentos (como Torre Eiffel e Cristo Redentor), praças públicas, igrejas e estabelecimentos comerciais são iluminados por luzes rosas.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tumor maligno mais frequente entre as mulheres no mundo. Para o Brasil, estimam-se 59.700 novos casos de câncer de mama para cada ano do biênio 2018/2019. Além disso, a cada semana, um novo caso de câncer será descoberto em uma mulher que não sente absolutamente nada. Está aí a grande importância de se atentar aos exames preventivos.
Para falar sobre o assunto e esclarecer as principais dúvidas sobre a doença, o Hospital de Amor entrevistou a médica radiologista do Instituto de Prevenção, Dra. Silvia Sabino. Confira:
1 – Quais são os números atuais do câncer de mama no Brasil?
R.: De acordo com dados do INCA, o câncer de mama é o principal tipo de tumor que atinge as mulheres em todas as regiões brasileiras, exceto no Norte, que é o segundo lugar, ficando atrás apenas do câncer de colo de útero. É também a primeira causa de morte por câncer entre as mulheres. No ano de 2012, mais de 1.600.000 mulheres escutaram a frase “você tem câncer de mama”, em todo o mundo.
2 – Qual é a maneira correta de se identificar a doença precocemente?
R.: A recomendação do Ministério da Saúde é a participação das mulheres nas ações de rastreamento e diagnóstico precoce do câncer de mama, através da realização da mamografia para as mulheres na faixa etária de 40 a 69 anos, devendo permanecer alertas para os sinais e sintomas suspeitos, como nódulos nas mamas, saída de secreção transparente ou sanguinolenta pelos mamilos ou qualquer modificação de formato ou na pele das mamas.
3 – Quais exames as mulheres devem fazer?
R.: A mamografia é o principal exame para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Em situações especiais e sob indicação médica, ela poderá ser complementada com ultrassonografia ou ressonância magnética.
4 – Como funciona esse exame?
R.: O mamógrafo é um aparelho de raios-x modificado para realizar o exame das mamas. Durante o procedimento, são realizadas 4 imagens (uma de cada vez) com as mamas comprimidas entre placas. A compressão das mamas é importante para separar o tecido mamário normal de um eventual câncer, já que ambos possuem características semelhantes. Se alguma alteração for observada, imagens adicionais podem ser necessárias. O exame de mamografia pode ser complementado com ultrassonografia e, em alguns casos, por ressonância magnética.
5 – De quanto em quanto tempo é necessário realizar esse exame? Por quê?
R.: As diretrizes de sociedades médicas orientam a realização do exame de mamografia anualmente, a partir dos 40 anos. Porém, o preconizado pelo Ministério da Saúde é a realização a cada 2 anos, dos 50 anos até os 69.
As faixas etárias estão relacionadas às maiores incidências de câncer de mama na população feminina e a periodicidade visa garantir que uma lesão que começar a se desenvolver, possa ser identificada e tratada rapidamente.
6 – Caso algo seja detectado, qual o próximo passo?
R.: Se alguma alteração for detectada e confirmada pelos exames, será necessária a obtenção de uma amostra da lesão. Este procedimento é denominado de biópsia e pode ser realizado através de agulha (biópsia percutânea) ou através de cirurgia (biópsia cirúrgica). Estatisticamente, a cada 4 biópsias mamárias, 1 acaba por revelar um câncer.
7 – Quando o câncer de mama é detectado precocemente, quais são as chances de cura?
R.: Tumores de mama descobertos com menos de 1 cm ou que ainda estejam restritos ao ducto mamário – estrutura que carrega o leite durante a amamentação – apresentam cerca de 95% de chance de cura.
8 – Quais são os tratamentos mais utilizados para o câncer de mama? Como funcionam esses tratamentos?
R.: Atualmente, os tratamentos para o câncer de mama são personalizados e baseados no tipo e extensão tumoral, podendo incluir: cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonoterapia e, mais recentemente, terapia alvo e imunoterapia.
• A cirurgia é o tratamento mais comum para o câncer de mama, sendo seu principal objetivo retirar o máximo possível do tumor com uma margem de segurança. A definição do tipo de cirurgia mamária – se conservadora (quando apenas a região acometida da mama é retirada) ou não – dependerá do tamanho do tumor e dos benefícios para a paciente.
• A radioterapia é a segunda principal modalidade de tratamento, usando radiação para destruir células anormais que formam um tumor. Pode ser instituída como o tratamento principal do câncer; tratamento adjuvante (quando realizada após a cirurgia, com objetivo de eliminar as células tumorais remanescentes, diminuindo a incidência de recidiva e metástases à distância); tratamento paliativo (sem finalidade curativa, sendo utilizada para melhorar a qualidade da sobrevida da paciente); para alívio de sintomas da doença, como dor ou sangramento; e para o tratamento de metástases ou, mais modernamente, como tratamento neoadjuvante (o que ocorre antes do tratamento cirúrgico em tumores muito iniciais).
• O tratamento quimioterápico utiliza medicamentos para destruir de maneira sistêmica as células tumorais. A medicação pode ser injetada ou ingerida e também pode ser utilizada no esquema neoadjuvante, adjuvante ou paliativo.
• Muitos tumores de mama apresentam, em sua superfície, receptores de hormônio (estrógeno, progesterona e andrógeno) e podem, assim, utilizar os próprios hormônios da mulher para seu crescimento. A hormonoterapia é uma opção terapêutica sistêmica, que tem como objetivo bloquear a ação destes hormônios em células sensíveis, podendo ser usada de forma isolada ou em combinação com outras formas terapêuticas.
• Outra modalidade de tratamento sistêmico é a terapia alvo, que utiliza medicamentos que atacam especificamente elementos encontrados na superfície ou no interior das células do tumor de mama.
• Finalmente, a imunoterapia é um tratamento biológico sistêmico que potencializa o sistema imunológico, utilizando anticorpos produzidos pela própria paciente ou em laboratório, estimulando a ação das células de defesa do nosso organismo para que o tumor seja reconhecido como um agente agressor.
9 – Por que a mamografia, na maioria das vezes, é desconfortável?
R.: As mamas são extremamente sensíveis e um exame que necessita comprimir as glândulas mamárias pode provocar desconforto, que varia de mínimo a intenso, dependendo da sensibilidade da mulher e, sobretudo, da fase do período menstrual em que está sendo realizado.
10 – O que a mulher pode fazer para tornar a mamografia mais confortável? Quais dicas práticas poderia dar?
R.: A principal dica para tornar o exame menos desconfortável é realizá-lo na primeira semana após o final da menstruação. Após a menstruação, as glândulas mamárias estão menos edemaciadas (inchadas) e sua compressão será menos dolorosa.
Outra dica, nem sempre fácil, é tentar relaxar durante o posicionamento das mamas no equipamento. As mamas são unidas ao tórax através da musculatura peitoral. Quando ficamos tensas, contraímos estes músculos e, consequentemente, endurecemos a mama. Se deixarmos o corpo e, sobretudo, os braços relaxados, as mamas serão comprimidas com mais facilidade e sem tanto desconforto. Avisar a técnica de radiologia que as suas mamas são ou estão sensíveis, também traz melhores resultados em relação à percepção de desconforto do exame.
11 – Por que é interessante avisar a técnica sobre a prótese de silicone?
R.: A mamografia em mulheres que possuam implantes mamários pode e deve ser realizada, porém, exige cuidados e posicionamentos específicos da mama para tentar retirar a sobreposição do silicone. Normalmente, serão realizadas de 6 a 8 imagens das mamas. Paciência e colaboração é tudo para um exame rápido e de sucesso!
12 – Quais são os principais fatores de risco do câncer de mama?
R.: Idade da primeira menstruação menor do que 12 anos; menopausa após os 55 anos; mulheres que nunca engravidaram ou nunca tiveram filhos; primeira gravidez após os 30 anos; uso de alguns anticoncepcionais e terapia de reposição hormonal (TRH) na menopausa, especialmente se por tempo prolongado; exposição à radiação ionizante; consumo de bebidas alcoólicas; dietas hipercalóricas; sedentarismo; e predisposição genética (pelas mutações em determinados genes transmitidos na herança genética familiar – principalmente por dois genes de alto risco, BRCA1 e BRCA2), são os principais fatores de risco do câncer de mama.
Mitos x Verdades
– O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres?
Verdade. Inclusive, ele responde por 29,5% dos casos novos a cada ano e a prevenção deve ser feita através da realização de mamografia e hábitos de vida saudáveis.
– O exame de mamografia auxilia na detecção precoce do câncer de mama?
Verdade. O exame ainda é o método mais eficaz de diagnóstico para detecção da doença. Quanto mais precoce a descoberta e remoção do tumor em sua fase inicial, maiores são as chances de cura, podendo ultrapassar 95%.
– O autoexame de mama substitui a realização da mamografia?
Mito. Apenas a mamografia é capaz de detectar nódulos menores que 1cm e imperceptíveis ao autoexame.
– O câncer de mama tem cura?
Verdade. Se detectado em estágios inicias, as chances de cura chegam a 95%.
– A amamentação ajuda a prevenir o câncer de mama?
Verdade. A amamentação pode reduzir o risco da mulher de contrair a doença, mas isso não significa que a mulher que amamentou não terá câncer de mama.
– As mulheres que têm prótese de silicone nas mamas não podem realizar mamografia?
Mito. Podem e devem realizar o exame. Uma mamografia realizada corretamente não traz nenhum dano às próteses. É sempre bom avisar o técnico sobre a presença do silicone para que ele possa aplicar menos pressão.
– Homens podem ter câncer de mama?
Verdade. Porém, são mais raros, correspondendo a cerca de 1% dos casos.
– O uso de desodorante antitranspirante pode causar câncer de mama?
Mito. Não existem pesquisas que evidenciem relação direta entre o uso desse tipo de produto e o desenvolvimento da doença.
– Sintomas como nódulo palpável, presença de secreção aquosa, com aspecto transparente ou sangue pelo mamilo e alterações na pele podem ser sinais de câncer de mama?
Verdade. Se você perceber algum desses sinais, fique alerta e procure um médico de sua confiança para ser avaliada.
– O câncer de mama pode ser causado por um trauma, como bater a mama na maçaneta da porta ou outros locais, por exemplo?
Mito. O que pode ocorrer nesses casos é que, após o trauma, a mulher passa a se observar e/ou se tocais mais e descubra um nódulo que já estava presente.
– A radiação emitida pelo aparelho de mamografia é prejudicial à saúde?
Mito. A quantidade de radiação emitida durante o exame é relativamente baixa e o risco associado à exposição é mínimo.
– O sutiã pode aumentar o risco de câncer de mama?
Mito. Não existem estudos que evidenciem relação direta entre o uso do sutiã e o desenvolvimento da doença.
Há mais de 20 anos, o Hospital de Amor atua levando a prevenção para homens e mulheres de todo o Brasil, desenvolvendo um trabalho pioneiro, com qualidade e excelência, em suas 11 unidades fixas de prevenção e 18 unidades móveis. Com o objetivo de difundir conhecimentos médicos e técnicos sobre o diagnóstico do câncer de mama em suas fases mais iniciais, o Instituto de Prevenção do HA promoveu o “III Simpósio Internacional de Rastreamento Mamográfico”.
O evento, que aconteceu nos dias 31 de agosto e 1 de setembro, no Centro de Convenções do Barretos Country Hotel, em Barretos (SP), em parceria com o instituto holandês The Dutch Nacional Expert and Training Center for Breast Cancer Screening (LRCB), contou com 300 participantes e 35 palestrantes, entre eles, o renomado radiologista mamário, presidente do LRCB e professor (que também atua no departamento de radiologia da University Medical Center Utrecht), da Holanda, Dr. Ruud Pijnappel; a epidemiologista holandesa, Meirelle Broeders; a instrutora coordenadora dos técnicos de radiologia do programa holandês de rastreamento mamográfico, Cary Van Landsveld-Verhoeven; e a radiologista mamária do Hospital de Mar, da Espanha, Ana Rodrigues Arana.
Durante os dois dias de intensa troca de conhecimentos, duas salas simultâneas foram montadas: uma médica, envolvendo as diversas especialidades relacionadas com o diagnóstico precoce e tratamento do câncer de mama, e uma técnica, onde os técnicos de radiologia puderam ter contato com renomados palestrantes, conceitos internacionais e as mais novas tecnologias disponíveis para o rastreamento mamográfico. Além disso, o curso foi disponibilizado, através de transmissões ao vivo, para mais de 100 pessoas remotamente nas unidades fixas de prevenção do Hospital de Amor.
De acordo com a médica radiologista do Instituto de Prevenção do HA, Dra. Sílvia Sabino, o simpósio foi um sucesso, pois possibilitou o compartilhamento de reflexões sobre o rastreamento mamográfico entre os pesquisadores e profissionais da área, nacionais e internacionais, abordando temas de diferentes aspectos que constituem lesões mamárias diferenciais e tumores precoces, além das lesões precoces diagnosticadas. Para ela, os programas de rastreamento do câncer de mama (doença mais frequente na população feminina) realizados no Brasil são essencialmente de cunho oportunístico, isto é, as mulheres realizam os exames se o desejarem, sem nenhum tipo de controle efetivo sobre a adesão, casos alterados ou seus desdobramentos. “A presença de pessoas que trabalham com um rastreamento organizado, em que absolutamente todos os dados são controlados, traz uma excelente oportunidade de incremento de qualidade ao serviço que prestamos à população e nos faz olhar de maneira mais crítica para o nosso trabalho”, afirmou Dra. Sílvia.
Segundo o presidente da LRCB, as palestras realizadas no evento foram muito proveitosas, pois envolveram os assuntos sobre rastreamento, diagnóstico e tratamento da doença de maneira muito bem estruturada. “Quando nós chegamos no Hospital de Amor pela primeira vez, a instituição ainda estava começando seu programa de rastreamento mamográfico. Agora, é impressionante como ela construiu um sistema tão organizado. Claro, que sempre há o que se aprimorar, mas é nítido que essa equipe sempre procura dar passos para alcançar a excelência e, com nossas orientações, eles têm conseguido ótimos resultados”, relatou.
Resultados positivos
Após promover um evento tão grandioso como este, é possível reconhecer que o Hospital de Amor, especialmente o Instituto de Prevenção da entidade, está intensamente alinhado com diretrizes internacionais da mais alta qualidade. “É gratificante perceber que estamos no caminho certo, mas, o caminho para a perfeição é longo e árduo. Somente com educação continuada e conscientização dos gestores de serviços médicos é que poderemos alcançar nosso objetivo: diagnóstico precoce do câncer de mama na tentativa de redução da morbidade dos tratamentos, devolvendo a mulher o quanto antes à sua vida habitual e, finalmente, redução da mortalidade das mulheres brasileiras”, contou Dr. Silvia Sabino.
O Dr. Ruud Pijnappel também reconheceu o crescimento da instituição na área da prevenção. “O trabalho realizado aqui é diferente do que fazemos na Holanda, mas isso não é um problema, afinal, são contextos e realidades diferentes, mas a qualidade da realização dos exames, a preocupação em treinar e qualificar cada profissional envolvido no processo e essa essência que norteia o projeto são exatamente as mesmas”, finalizou.
“Com o III Simpósio Internacional de Rastreamento Mamográfico, ganhamos notoriedade e consolidamos, cada vez mais, nosso papel de formadores de opinião e estimuladores da busca constante pela qualidade (em todas as áreas). Esta é a nossa marca, este é o legado que estamos deixando para todos que se aproximam do Hospital de Amor”, declarou a médica radiologista.
Auditoria Internacional do Programa de Rastreamento do Câncer de Mama
A segunda fase desse projeto foi a submissão do serviço de prevenção do Hospital de Amor à 3ª edição da ‘Auditoria Internacional do Programa de Rastreamento do Câncer de Mama’. Desta forma, os participantes do simpósio também aproveitaram para prestigiar esse outro momento, realizado na primeira semana do mês de setembro.
Este segundo processo conta com avaliação dos mamógrafos digitais da instituição, qualidade de imagem e treinamento dos técnicos de radiologia, performance dos médicos radiologistas e controle dos dados e resultados do Programa de Rastreamento – que culminou com a conquista da Certificação Internacional (única fora da Europa) por mais dois anos. “A certificação é o coroamento de um árduo e contínuo trabalho, de uma grande equipe multiprofissional. Gostaria de expressar os meus parabéns a todos que participaram, de alguma forma, destes momentos”, finalizou Dra. Sílvia.