Quando começou a sentir dores na região das costas, José Benedito Costa, de 61 anos, não imaginava que o destino lhe proporcionaria uma viagem de cerca de 4 mil quilômetros de distância de sua casa. Atravessar o Brasil não estava em seus planos quando as coisas começaram a sair da rotina.
O roraimense de Boa Vista (RO) viu sua vida mudar completamente ao receber o diagnóstico de câncer em sua cidade de origem. Não bastasse o medo e a ansiedade natural que a doença lhe trazia, também era preciso largar tudo e ir para o interior de São Paulo, para dar início ao seu tratamento. Mas, até chegar ao diagnóstico final, foi uma longa jornada que ele trilhou ao lado de sua esposa, Eliani Amorim, 46 anos, que no mesmo período enfrentava os desafios de um aneurisma que tinha sido detectado em seu cérebro.
O início de uma nova vida
José conta que sentia muita dor no quadril (MarziniClinic), especificamente no cóccix, além de sentir dores ao urinar. “O médico disse que eu tinha uma fistula que precisava operar. Ele já havia realizado mais de 1.200 cirurgias, mas algo como o que eu tinha, ele nunca havia visto”. Durante o procedimento da fistula, o profissional constatou que a situação era mais difícil do que ele pensava.
Ao ficar muito tempo sentado enquanto trabalhava, o ex-técnico em finanças sentia muitas dores. “Descobri que tinha uma fistula que era ocasionada pelo câncer, e foi aí que eu ouvi pela primeira vez a palavra ‘cordoma’. Era necessário fazer uma biopsia para saber qual tipo era”, afirmou. Em abril de 2017, José recebeu o diagnóstico de cordoma (lesão maligna da medula espinhal), em Boa Vista. Seu novo desafio era começar o tratamento contra o câncer.
Por meio da ajuda de uma amiga, foi possível a transferência para o Hospital de Amor, em Barretos (SP). “Vim de voo com o auxílio de um jatinho, direto para o CIA (Centro de Intercorrência Ambulatorial)”, lembra. Após refazer os exames no HA, foi constatado que o ‘cordoma’, na verdade, já estava em metástase.
Após 20 meses, nove ciclos de quimioterapia e uma semana de radioterapia (feitos para conter o crescimento da neoplasia), José realizou a cirurgia para retirar o tumor, em abril de 2019. “Cheguei a ficar dez meses deitado, pois eu já não andava mais, algo que os médicos disseram que nunca mais iria acontecer após o procedimento. Quando cheguei em Barretos, o tumor que inicialmente tinha 5 cm, estava com 10,73 cm”, conta.
De acordo com a sua esposa, o oncologista disse que, após operar, o paciente ficaria um mês no hospital para aprender seu novo estilo de vida, já que ele não iria andar novamente. Ela conta, porém, que de forma surpreendente ele ficou apenas um dia na UTI e, depois de três dias, já estava em casa andando com ajuda do andador.
José revela que os médicos ficaram admirados ao vê-lo caminhar. “Acabei surpreendendo a medicina, porque eles também disseram que eu iria usar a bolsinha de colostomia, além de não caminhar. Eu pedi a Deus para me ajudar e ele me ouviu. Cheguei a criar calo nos joelhos de tanto orar e pedir essa graça”. Após sair do hospital, o paciente precisou usar o andador e em seguida a bengala, mas saiu andando, o que era uma grande conquista para ele, mesmo diante das dores.
“Eu perguntei por que eles não colocaram alguma prótese, pois eles tinham removido meu cóccix todo”, relata José ao lembrar como foi seu diálogo com a equipe médica. Os médicos explicaram que não foi feito este procedimento, pois não era esperado que ele voltasse a andar. Com esse cenário, as dores ao dar seus passos não eram esperadas também.
Posteriormente, a equipe de fisiatras do Centro de Reabilitação do HA identificou que em relação à dor não se podia fazer mais pelo paciente, foi quando entrou em cena a Dra. Margareth Lucca, médica anestesiologista, especializada em dor e em medicina tradicional chinesa, que atua no Hospital de Amor há cinco anos. Nascia assim a esperança de aliviar as sequelas deixadas pela cirurgia.
Arte milenar que combate à dor
A terapia milenar chinesa que consiste na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo do paciente, a fim de tratar enfermidades e promover bem-estar e melhorar a qualidade de vida, é conhecida como acupuntura. Este procedimento é realizado pela médica que diariamente atende, em média, 18 pacientes, dentre eles, adultos e crianças, no centro de reabilitação do HA. “As pessoas chegam irritadas, desanimadas, tristes, sem esperança e com dor. Ao oferecer um trabalho com muito amor e carinho, algo acontece”, revela a Dra. Margareth.
A especialista que iniciou o projeto ‘FADA’ no ambiente de trabalho, explica o nome da ação: Fazendo o Acolhimento da Dor com Aromaterapia – uma outra prática integrativa já reconhecida pelo SUS. Ou seja, por meio de um spray perfumado, ela consegue aromatizar o local, oferecendo bem-estar aos pacientes assim que chegam ao centro. “Como o cheirinho chega até o sistema nervoso central, em um lugar chamado límbico, modifica a reação do corpo, traz um relaxamento, alivia a tensão, a pessoa se sente mais bem acolhida e já muda”, disse a profissional, que também aplica cromoterapia no ambiente, oferendo um tratamento holístico a todos os pacientes que são atendidos por ela.
Ao falar sobre os atendimentos que realiza em José, a médica fica emocionada: “Só de ver o tamanho da cicatriz e conhecer toda história dele, é claro que existe um sofrimento intenso, um bloqueio de ficar restrito pela dor, mas me alegro ao saber que ele jamais perdeu a esperança”.
A terapeuta explica que já realizou infiltrações no paciente em pontos específicos que geram o gatilho da dor. Em seguida, é feito o procedimento da acupuntura. “Este serviço é oferecido via SUS em outros hospitais, mas a maneira com que o Hospital de Amor conduz é única, não somente pelo uso da tecnologia e aparelhos maravilhosos que há no Centro de Reabilitação, mas também pelo carinho e acolhimento que todos os colaboradores oferecem aos pacientes. Isso faz toda a diferença”, afirma a especialista, que tem sua fala validada por José.
“Deus colocou pessoas escolhidas por Ele no meu caminho, no tempo certo e durante todo meu tratamento. Eu costumo dizer que este é o melhor hospital de América Latina. Já fui em vários lugares do Brasil, mas não existe outro igual. Aqui, as pessoas respeitam o paciente e nos tratam com muita dignidade. Somos todos seres humanos e se eu preciso ser bem tratado, eu devo tratar todos bem, e no Hospital de Amor eu recebo o melhor”, conta o paciente que revela não ter medo das agulhas que recebe uma vez por mês, durantes os 25 minutos de sessão.
Com quase dois anos de tratamento terapêutico de acupuntura, José não precisa mais do auxílio do andador e da bengala para caminhar. Aliado à acupuntura e atividades físicas prescritas pelo time do Centro de Reabilitação, ele decidiu se mudar para Barretos, onde pode receber um tratamento de qualidade, gratuitamente, o que não ocorre em seu estado de origem. Ao lado de sua fiel companheira, sua esposa Eliani, ele vive com seus oito filhos.
Picadas de Amor
“Costumo dizer que ganhar um beijo é melhor do que ganhar uma picada, porém, eu já tive crianças de 5 anos que pediram acupuntura e já tive idosos que tem um maior estresse, então é uma coisa muito pessoal. Tem pessoas que trazem medos, porque nós ocidentais, muitas vezes, achamos que a agulha significa punição e sofrimento, mas neste caso não, são agulhas do bem que trazem bem-estar”, conclui a Dra. Margareth.
Assim como no relato acima, existem diversas comprovações de que a acupuntura de fato funciona. Contudo, no Brasil essa terapia só dever ser utilizada de maneira complementar ao tratamento clínico orientado pelo médico, contribuindo para a qualidade de vida do paciente. É claro que também não pode faltar carinho, amor e empatia!
No Brasil, o câncer de pele é o mais frequente entre todos os tipos da doença. Segundo estimativas do INCA (Instituto Nacional de Câncer), entre 2023 e 2025, são esperados 705 mil novos casos de câncer no país por ano, dos quais 31,3% devem ser de pele não melanoma, o que corresponde a pouco mais de 220 mil novos casos. Quanto ao câncer de pele melanoma, o número de casos novos estimados é de quase 9 mil por ano, mas, apesar de ser menos comum, merece atenção, pois é considerado um tipo mais grave da doença, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (que é disseminação do câncer para outros órgãos) e alto índice de mortalidade quando diagnosticado tardiamente. De modo geral, o prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom quando há detecção em sua fase inicial. Por isso, estratégias de prevenção e diagnóstico precoce devem ser prioritárias.
Diante desse cenário, o Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do Hospital de Amor apresentou um projeto de estudo, que foi selecionado e acaba de receber o fomento do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica – PRONON, implantado pelo Ministério da Saúde para incentivar ações e serviços desenvolvidos por entidades, associações e fundações privadas sem fins lucrativos no campo da oncologia. A proposta é criar uma cabine de autoatendimento que ficará à disposição do público durante nove meses, em locais de grande circulação, facilitando o acesso à uma avaliação primária, incialmente, com a comunidade de Barretos (SP).
Nesse período, o equipamento coletará informações dos usuários, como dados cadastrais e imagens, que serão enviados diretamente para o HA. Com essas informações em mãos, um laudo será gerado e, no caso de lesões suspeitas, esse usuário será convocado com prioridade para análise mais precisa com um médico especialista. Além disso, a cabine contará também com experiências que visam proporcionar o aprendizado da população sobre como prevenir o câncer de pele, como identificar possíveis melanomas e também sobre a importância do uso do filtro solar.
O projeto, que está sob responsabilidade do Dr. Vinicius de Lima Vazquez, cirurgião oncológico do HA e Diretor Executivo do IEP; da Dra. Vanessa D´Andretta Tanaka, dermatologista do HA; e da Dra. Raquel Descie Veraldi Leite, fisioterapeuta e doutora em Oncologia pelo HA, deve ter início no primeiro semestre deste ano e prevê, ainda, equipar todas as Unidades Básicas de Saúde do município com dermatoscópios, expandindo o projeto de teledermatologia da instituição, com o intuito de tornar mais eficiente a comunicação entre os profissionais da Atenção Básica de Saúde e a equipe do departamento de Prevenção do HA.
Segundo a Dra. Raquel, trabalhar a Educação em Saúde com a população também fará parte das ações, com a distribuição de materiais informativos e treinamentos para vários grupos da sociedade, como profissionais de saúde da Atenção Básica e trabalhadores de estética corporal, incluindo tatuadores, massagistas, manicures, entre outros. “Isso porque levar conhecimento faz com que os cidadãos se tornem autônomos na questão de tomar as próprias decisões em relação a sua própria saúde, de sua família e comunidade. O diagnóstico é crucial e aumenta as chances de um tratamento mais efetivo, uma melhor recuperação e uma maior qualidade de vida”, reforçou a fisioterapeuta e pesquisadora.
“Novembro Azul” é um movimento mundial que acontece durante o mês de novembro para reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata. A doença ainda continua sendo o tipo de câncer mais frequente em homens no Brasil, depois do câncer de pele não-melanoma, e as maiores vítimas são homens a partir de 50 anos, além de pessoas com presença da doença em parentes de primeiro grau, como pai, irmão ou filho.
Embora seja uma doença comum, muitos homens preferem não conversar sobre esse assunto, às vezes por medo ou até desinformação. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que 75% dos casos de câncer de próstata são em homens com idade acima de 65 anos e, até 2018, as estimativas apontavam 68.220 novos casos e 15.391 mortes pela doença. Por se tratar de uma doença assintomática em fases iniciais, a melhor maneira de se detectar é através do exame de rastreamento (também conhecido como exame de toque) e de PSA (sigla de Antígeno Prostático Específico, que pode ser avaliado através de um exame de sangue simples). Esses dois, juntos, possuem uma capacidade de detecção maior para o câncer de próstata.
De acordo com o médico urologista e coordenador do departamento de urologia do Hospital de Amor, Dr. Alexandre César Santos, em termos estatísticos, o câncer de próstata é responsável pela morte de 3% da população. “Há uma prevalência mais frequente, em torno de 16% dos homens da população em geral, que podem ser acometidos pela doença. Graças à campanha Novembro Azul, é possível perceber uma diminuição da mortalidade por esse tipo de tumor”, afirmou.
Diagnóstico
Para se ter um diagnóstico preciso do câncer de próstata, é realizado um rastreamento inicial, que leva em consideração outros fatores, como a raça e histórico familiar. Com base nisso, são feitos exames de rastreamento para detecção da doença. Caso o diagnóstico seja positivo, o paciente é encaminhado para iniciar o tratamento. Caso o diagnóstico seja negativo, é feita uma estratégia de prevenção: se os riscos forem baixos, os rastreamentos são anuais ou a cada dois ou três anos.
Prevenção
Pelo fato do câncer de próstata não apresentar sintoma em fases iniciais, os exames preventivos são muito importantes. A doença surge em uma região da próstata e, na maioria das vezes, os pacientes não sentem dor, não há sangramento na urina e não há dificuldade em urinar ou evacuar. Enquanto isso, o tumor continua crescendo na próstata deste homem.
Quando ele demora para fazer os exames preventivos, o diagnóstico é tardio e, na maioria das vezes, o tumor não está apenas na próstata, tendo já gerado metástase, acometendo ossos e outros órgãos. Nesta fase, não há mais cura para o paciente, apenas um tratamento paliativo dos sintomas.
Como prevenir?
As pessoas que possuem convênio ou planos de saúde devem procurar o urologista de confiança, relacionado ao convênio. Os pacientes que são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que desejam realizar os exames de prevenção e que estão situados no Departamento Regional de Saúde de Barretos (DRS), devem fazer o agendamento junto ao projeto ‘Saúde do Homem’, no AME, através do 0800-779-000, onde são realizadas, gratuitamente, avaliações urológicas e cardíacas, com base em uma fila de espera. Já os homens que não têm acesso a essa possibilidade, devem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência e solicitar ao médico o encaminhamento ou exame de rastreamento para a detecção do câncer de próstata.
O Hospital de Amor e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), por meio da assinatura de um convênio, acabam de firmar uma importante parceria, que tem como objetivo desenvolver um estudo clínico inédito na América Latina para tratamento de câncer de próstata metastático. Segundo o coordenador do departamento de medicina nuclear do Hospital de Amor, Dr. Wilson Furlan Alves, os protocolos em fase de teste serão direcionados aos pacientes com câncer de próstata com metástases, que já não respondem a terapia com hormônio ou quimioterapia.
Este estudo permitirá que um grupo de pacientes, que não apresentava mais alternativas de tratamento, tenha acesso a um novo tratamento, ainda não disponível no Brasil, mas que está apresentando excelentes resultados em países da Europa. O intuito é obter, posteriormente, o registro do radiofármaco na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), ampliando a possibilidade de tratamento em todo o país.
Durante a parceria, o IPEN será responsável pelo fornecimento do radiofármaco chamado PSMA, marcado com lutécio-177, e o HA recrutará pacientes com características determinadas para receberem este tratamento. “O PSMA é uma molécula que se liga a receptores localizados nas células do câncer de próstata, enquanto o lutécio-177 é um radioisótopo – ou material radioativo – que emite uma radiação (beta) que destrói as células tumorais”, explicou Alves.
O médico nuclear do Hospital de Amor e também um dos principais facilitadores do convênio, Dr. Euclides Timoteo da Rocha, conta que este tratamento ainda é experimental em todos os países nos quais foi iniciado, como Estados Unidos e Austrália. “Ele surgiu há aproximadamente quatro anos na Alemanha e somos os primeiros a realizá-lo na America Latina, o que nos coloca em uma posição bem atualizada”.
Para o Superintendente do IPEN, Wilson Aparecido Parejo Calvo, a tecnologia nuclear, que inclui a medicina nuclear, está passando por um momento importante no Brasil, em que se discute não apenas a importância da infraestrutura, mas, principalmente, os meios pelos quais os avanços chegam até a população. “O IPEN, com a assinatura desse convênio, faz uma parte disso, tomando a iniciativa disponibilizar novos fármacos, mas sem parceria com instituições como o Hospital de Amor não haveria como colocá-los no mercado. Nós temos como produzir e como fornecer, mas é necessário este outro elo para que este produto volte em benefício para a população”, destacou.
Quando começou a sentir dores na região das costas, José Benedito Costa, de 61 anos, não imaginava que o destino lhe proporcionaria uma viagem de cerca de 4 mil quilômetros de distância de sua casa. Atravessar o Brasil não estava em seus planos quando as coisas começaram a sair da rotina.
O roraimense de Boa Vista (RO) viu sua vida mudar completamente ao receber o diagnóstico de câncer em sua cidade de origem. Não bastasse o medo e a ansiedade natural que a doença lhe trazia, também era preciso largar tudo e ir para o interior de São Paulo, para dar início ao seu tratamento. Mas, até chegar ao diagnóstico final, foi uma longa jornada que ele trilhou ao lado de sua esposa, Eliani Amorim, 46 anos, que no mesmo período enfrentava os desafios de um aneurisma que tinha sido detectado em seu cérebro.
O início de uma nova vida
José conta que sentia muita dor no quadril (MarziniClinic), especificamente no cóccix, além de sentir dores ao urinar. “O médico disse que eu tinha uma fistula que precisava operar. Ele já havia realizado mais de 1.200 cirurgias, mas algo como o que eu tinha, ele nunca havia visto”. Durante o procedimento da fistula, o profissional constatou que a situação era mais difícil do que ele pensava.
Ao ficar muito tempo sentado enquanto trabalhava, o ex-técnico em finanças sentia muitas dores. “Descobri que tinha uma fistula que era ocasionada pelo câncer, e foi aí que eu ouvi pela primeira vez a palavra ‘cordoma’. Era necessário fazer uma biopsia para saber qual tipo era”, afirmou. Em abril de 2017, José recebeu o diagnóstico de cordoma (lesão maligna da medula espinhal), em Boa Vista. Seu novo desafio era começar o tratamento contra o câncer.
Por meio da ajuda de uma amiga, foi possível a transferência para o Hospital de Amor, em Barretos (SP). “Vim de voo com o auxílio de um jatinho, direto para o CIA (Centro de Intercorrência Ambulatorial)”, lembra. Após refazer os exames no HA, foi constatado que o ‘cordoma’, na verdade, já estava em metástase.
Após 20 meses, nove ciclos de quimioterapia e uma semana de radioterapia (feitos para conter o crescimento da neoplasia), José realizou a cirurgia para retirar o tumor, em abril de 2019. “Cheguei a ficar dez meses deitado, pois eu já não andava mais, algo que os médicos disseram que nunca mais iria acontecer após o procedimento. Quando cheguei em Barretos, o tumor que inicialmente tinha 5 cm, estava com 10,73 cm”, conta.
De acordo com a sua esposa, o oncologista disse que, após operar, o paciente ficaria um mês no hospital para aprender seu novo estilo de vida, já que ele não iria andar novamente. Ela conta, porém, que de forma surpreendente ele ficou apenas um dia na UTI e, depois de três dias, já estava em casa andando com ajuda do andador.
José revela que os médicos ficaram admirados ao vê-lo caminhar. “Acabei surpreendendo a medicina, porque eles também disseram que eu iria usar a bolsinha de colostomia, além de não caminhar. Eu pedi a Deus para me ajudar e ele me ouviu. Cheguei a criar calo nos joelhos de tanto orar e pedir essa graça”. Após sair do hospital, o paciente precisou usar o andador e em seguida a bengala, mas saiu andando, o que era uma grande conquista para ele, mesmo diante das dores.
“Eu perguntei por que eles não colocaram alguma prótese, pois eles tinham removido meu cóccix todo”, relata José ao lembrar como foi seu diálogo com a equipe médica. Os médicos explicaram que não foi feito este procedimento, pois não era esperado que ele voltasse a andar. Com esse cenário, as dores ao dar seus passos não eram esperadas também.
Posteriormente, a equipe de fisiatras do Centro de Reabilitação do HA identificou que em relação à dor não se podia fazer mais pelo paciente, foi quando entrou em cena a Dra. Margareth Lucca, médica anestesiologista, especializada em dor e em medicina tradicional chinesa, que atua no Hospital de Amor há cinco anos. Nascia assim a esperança de aliviar as sequelas deixadas pela cirurgia.
Arte milenar que combate à dor
A terapia milenar chinesa que consiste na aplicação de agulhas em pontos específicos do corpo do paciente, a fim de tratar enfermidades e promover bem-estar e melhorar a qualidade de vida, é conhecida como acupuntura. Este procedimento é realizado pela médica que diariamente atende, em média, 18 pacientes, dentre eles, adultos e crianças, no centro de reabilitação do HA. “As pessoas chegam irritadas, desanimadas, tristes, sem esperança e com dor. Ao oferecer um trabalho com muito amor e carinho, algo acontece”, revela a Dra. Margareth.
A especialista que iniciou o projeto ‘FADA’ no ambiente de trabalho, explica o nome da ação: Fazendo o Acolhimento da Dor com Aromaterapia – uma outra prática integrativa já reconhecida pelo SUS. Ou seja, por meio de um spray perfumado, ela consegue aromatizar o local, oferecendo bem-estar aos pacientes assim que chegam ao centro. “Como o cheirinho chega até o sistema nervoso central, em um lugar chamado límbico, modifica a reação do corpo, traz um relaxamento, alivia a tensão, a pessoa se sente mais bem acolhida e já muda”, disse a profissional, que também aplica cromoterapia no ambiente, oferendo um tratamento holístico a todos os pacientes que são atendidos por ela.
Ao falar sobre os atendimentos que realiza em José, a médica fica emocionada: “Só de ver o tamanho da cicatriz e conhecer toda história dele, é claro que existe um sofrimento intenso, um bloqueio de ficar restrito pela dor, mas me alegro ao saber que ele jamais perdeu a esperança”.
A terapeuta explica que já realizou infiltrações no paciente em pontos específicos que geram o gatilho da dor. Em seguida, é feito o procedimento da acupuntura. “Este serviço é oferecido via SUS em outros hospitais, mas a maneira com que o Hospital de Amor conduz é única, não somente pelo uso da tecnologia e aparelhos maravilhosos que há no Centro de Reabilitação, mas também pelo carinho e acolhimento que todos os colaboradores oferecem aos pacientes. Isso faz toda a diferença”, afirma a especialista, que tem sua fala validada por José.
“Deus colocou pessoas escolhidas por Ele no meu caminho, no tempo certo e durante todo meu tratamento. Eu costumo dizer que este é o melhor hospital de América Latina. Já fui em vários lugares do Brasil, mas não existe outro igual. Aqui, as pessoas respeitam o paciente e nos tratam com muita dignidade. Somos todos seres humanos e se eu preciso ser bem tratado, eu devo tratar todos bem, e no Hospital de Amor eu recebo o melhor”, conta o paciente que revela não ter medo das agulhas que recebe uma vez por mês, durantes os 25 minutos de sessão.
Com quase dois anos de tratamento terapêutico de acupuntura, José não precisa mais do auxílio do andador e da bengala para caminhar. Aliado à acupuntura e atividades físicas prescritas pelo time do Centro de Reabilitação, ele decidiu se mudar para Barretos, onde pode receber um tratamento de qualidade, gratuitamente, o que não ocorre em seu estado de origem. Ao lado de sua fiel companheira, sua esposa Eliani, ele vive com seus oito filhos.
Picadas de Amor
“Costumo dizer que ganhar um beijo é melhor do que ganhar uma picada, porém, eu já tive crianças de 5 anos que pediram acupuntura e já tive idosos que tem um maior estresse, então é uma coisa muito pessoal. Tem pessoas que trazem medos, porque nós ocidentais, muitas vezes, achamos que a agulha significa punição e sofrimento, mas neste caso não, são agulhas do bem que trazem bem-estar”, conclui a Dra. Margareth.
Assim como no relato acima, existem diversas comprovações de que a acupuntura de fato funciona. Contudo, no Brasil essa terapia só dever ser utilizada de maneira complementar ao tratamento clínico orientado pelo médico, contribuindo para a qualidade de vida do paciente. É claro que também não pode faltar carinho, amor e empatia!
No Brasil, o câncer de pele é o mais frequente entre todos os tipos da doença. Segundo estimativas do INCA (Instituto Nacional de Câncer), entre 2023 e 2025, são esperados 705 mil novos casos de câncer no país por ano, dos quais 31,3% devem ser de pele não melanoma, o que corresponde a pouco mais de 220 mil novos casos. Quanto ao câncer de pele melanoma, o número de casos novos estimados é de quase 9 mil por ano, mas, apesar de ser menos comum, merece atenção, pois é considerado um tipo mais grave da doença, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (que é disseminação do câncer para outros órgãos) e alto índice de mortalidade quando diagnosticado tardiamente. De modo geral, o prognóstico desse tipo de câncer pode ser considerado bom quando há detecção em sua fase inicial. Por isso, estratégias de prevenção e diagnóstico precoce devem ser prioritárias.
Diante desse cenário, o Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do Hospital de Amor apresentou um projeto de estudo, que foi selecionado e acaba de receber o fomento do Programa Nacional de Apoio à Atenção Oncológica – PRONON, implantado pelo Ministério da Saúde para incentivar ações e serviços desenvolvidos por entidades, associações e fundações privadas sem fins lucrativos no campo da oncologia. A proposta é criar uma cabine de autoatendimento que ficará à disposição do público durante nove meses, em locais de grande circulação, facilitando o acesso à uma avaliação primária, incialmente, com a comunidade de Barretos (SP).
Nesse período, o equipamento coletará informações dos usuários, como dados cadastrais e imagens, que serão enviados diretamente para o HA. Com essas informações em mãos, um laudo será gerado e, no caso de lesões suspeitas, esse usuário será convocado com prioridade para análise mais precisa com um médico especialista. Além disso, a cabine contará também com experiências que visam proporcionar o aprendizado da população sobre como prevenir o câncer de pele, como identificar possíveis melanomas e também sobre a importância do uso do filtro solar.
O projeto, que está sob responsabilidade do Dr. Vinicius de Lima Vazquez, cirurgião oncológico do HA e Diretor Executivo do IEP; da Dra. Vanessa D´Andretta Tanaka, dermatologista do HA; e da Dra. Raquel Descie Veraldi Leite, fisioterapeuta e doutora em Oncologia pelo HA, deve ter início no primeiro semestre deste ano e prevê, ainda, equipar todas as Unidades Básicas de Saúde do município com dermatoscópios, expandindo o projeto de teledermatologia da instituição, com o intuito de tornar mais eficiente a comunicação entre os profissionais da Atenção Básica de Saúde e a equipe do departamento de Prevenção do HA.
Segundo a Dra. Raquel, trabalhar a Educação em Saúde com a população também fará parte das ações, com a distribuição de materiais informativos e treinamentos para vários grupos da sociedade, como profissionais de saúde da Atenção Básica e trabalhadores de estética corporal, incluindo tatuadores, massagistas, manicures, entre outros. “Isso porque levar conhecimento faz com que os cidadãos se tornem autônomos na questão de tomar as próprias decisões em relação a sua própria saúde, de sua família e comunidade. O diagnóstico é crucial e aumenta as chances de um tratamento mais efetivo, uma melhor recuperação e uma maior qualidade de vida”, reforçou a fisioterapeuta e pesquisadora.
“Novembro Azul” é um movimento mundial que acontece durante o mês de novembro para reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de próstata. A doença ainda continua sendo o tipo de câncer mais frequente em homens no Brasil, depois do câncer de pele não-melanoma, e as maiores vítimas são homens a partir de 50 anos, além de pessoas com presença da doença em parentes de primeiro grau, como pai, irmão ou filho.
Embora seja uma doença comum, muitos homens preferem não conversar sobre esse assunto, às vezes por medo ou até desinformação. Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que 75% dos casos de câncer de próstata são em homens com idade acima de 65 anos e, até 2018, as estimativas apontavam 68.220 novos casos e 15.391 mortes pela doença. Por se tratar de uma doença assintomática em fases iniciais, a melhor maneira de se detectar é através do exame de rastreamento (também conhecido como exame de toque) e de PSA (sigla de Antígeno Prostático Específico, que pode ser avaliado através de um exame de sangue simples). Esses dois, juntos, possuem uma capacidade de detecção maior para o câncer de próstata.
De acordo com o médico urologista e coordenador do departamento de urologia do Hospital de Amor, Dr. Alexandre César Santos, em termos estatísticos, o câncer de próstata é responsável pela morte de 3% da população. “Há uma prevalência mais frequente, em torno de 16% dos homens da população em geral, que podem ser acometidos pela doença. Graças à campanha Novembro Azul, é possível perceber uma diminuição da mortalidade por esse tipo de tumor”, afirmou.
Diagnóstico
Para se ter um diagnóstico preciso do câncer de próstata, é realizado um rastreamento inicial, que leva em consideração outros fatores, como a raça e histórico familiar. Com base nisso, são feitos exames de rastreamento para detecção da doença. Caso o diagnóstico seja positivo, o paciente é encaminhado para iniciar o tratamento. Caso o diagnóstico seja negativo, é feita uma estratégia de prevenção: se os riscos forem baixos, os rastreamentos são anuais ou a cada dois ou três anos.
Prevenção
Pelo fato do câncer de próstata não apresentar sintoma em fases iniciais, os exames preventivos são muito importantes. A doença surge em uma região da próstata e, na maioria das vezes, os pacientes não sentem dor, não há sangramento na urina e não há dificuldade em urinar ou evacuar. Enquanto isso, o tumor continua crescendo na próstata deste homem.
Quando ele demora para fazer os exames preventivos, o diagnóstico é tardio e, na maioria das vezes, o tumor não está apenas na próstata, tendo já gerado metástase, acometendo ossos e outros órgãos. Nesta fase, não há mais cura para o paciente, apenas um tratamento paliativo dos sintomas.
Como prevenir?
As pessoas que possuem convênio ou planos de saúde devem procurar o urologista de confiança, relacionado ao convênio. Os pacientes que são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que desejam realizar os exames de prevenção e que estão situados no Departamento Regional de Saúde de Barretos (DRS), devem fazer o agendamento junto ao projeto ‘Saúde do Homem’, no AME, através do 0800-779-000, onde são realizadas, gratuitamente, avaliações urológicas e cardíacas, com base em uma fila de espera. Já os homens que não têm acesso a essa possibilidade, devem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência e solicitar ao médico o encaminhamento ou exame de rastreamento para a detecção do câncer de próstata.
O Hospital de Amor e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), por meio da assinatura de um convênio, acabam de firmar uma importante parceria, que tem como objetivo desenvolver um estudo clínico inédito na América Latina para tratamento de câncer de próstata metastático. Segundo o coordenador do departamento de medicina nuclear do Hospital de Amor, Dr. Wilson Furlan Alves, os protocolos em fase de teste serão direcionados aos pacientes com câncer de próstata com metástases, que já não respondem a terapia com hormônio ou quimioterapia.
Este estudo permitirá que um grupo de pacientes, que não apresentava mais alternativas de tratamento, tenha acesso a um novo tratamento, ainda não disponível no Brasil, mas que está apresentando excelentes resultados em países da Europa. O intuito é obter, posteriormente, o registro do radiofármaco na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), ampliando a possibilidade de tratamento em todo o país.
Durante a parceria, o IPEN será responsável pelo fornecimento do radiofármaco chamado PSMA, marcado com lutécio-177, e o HA recrutará pacientes com características determinadas para receberem este tratamento. “O PSMA é uma molécula que se liga a receptores localizados nas células do câncer de próstata, enquanto o lutécio-177 é um radioisótopo – ou material radioativo – que emite uma radiação (beta) que destrói as células tumorais”, explicou Alves.
O médico nuclear do Hospital de Amor e também um dos principais facilitadores do convênio, Dr. Euclides Timoteo da Rocha, conta que este tratamento ainda é experimental em todos os países nos quais foi iniciado, como Estados Unidos e Austrália. “Ele surgiu há aproximadamente quatro anos na Alemanha e somos os primeiros a realizá-lo na America Latina, o que nos coloca em uma posição bem atualizada”.
Para o Superintendente do IPEN, Wilson Aparecido Parejo Calvo, a tecnologia nuclear, que inclui a medicina nuclear, está passando por um momento importante no Brasil, em que se discute não apenas a importância da infraestrutura, mas, principalmente, os meios pelos quais os avanços chegam até a população. “O IPEN, com a assinatura desse convênio, faz uma parte disso, tomando a iniciativa disponibilizar novos fármacos, mas sem parceria com instituições como o Hospital de Amor não haveria como colocá-los no mercado. Nós temos como produzir e como fornecer, mas é necessário este outro elo para que este produto volte em benefício para a população”, destacou.