Um evento muito especial marcou o encerramento do segundo ano do projeto da carreta educativa “Missão Gênese – Uma Jornada Nanocientífica”. No dia 23 de novembro, o Núcleo de Educação em Câncer (NEC) do Hospital de Amor reuniu parceiros, amigos e viabilizadores da iniciativa, com o intuito de apresentar os resultados obtidos nos anos de 2017 e 2018, além de possibilitar o reencontro de todos que participaram do desenvolvimento e da execução desta importante missão.
Iniciado em agosto de 2017, o projeto ‘Missão Gênese’ surgiu da necessidade de aproximar o público do conhecimento produzido no HA. Diante disso, elaborou-se um trabalho de imersão voltado aos adolescentes, de 11 a 15 anos, na tentativa de difundir a cultura e o conhecimento sobre autocuidado e a prevenção do câncer, levando conscientização às crianças, fazendo com que elas compartilhem essas informações tão importantes em seus meios de convívio. A Missão faz uso de gamificação (uso de mecânicas e dinâmicas de jogos para engajar pessoas, resolver problemas e melhorar o aprendizado, motivando ações e comportamentos em ambientes fora do contexto de jogos) visando proporcionar uma experiência que aborda um tema complexo de maneira lúdica, transformando estudantes em protagonistas de uma aventura de investigação científica.
De acordo com coordenador do NEC, Gerson Vieira, o objetivo do evento de prestação de contas é apresentar para toda a comunidade os resultados obtidos nesse período de um ano e meio e o quanto essas estratégias deram certo. Para ele, a satisfação de todo esse projeto está nos números alcançados. “Encerramos o programa em 2017 abrangendo 90 participantes. Neste ano, os números nos surpreenderam: foram 4.313 alunos que vivenciaram esse experimento e puderam expandir os conhecimentos para dentro de suas casas”, afirmou.
Números
Em 2017, a carreta educativa esteve na cidade de Barretos (SP) e passou pelas escolas E. M. São Francisco, P. E. I Valois Scortecci e E. E. Cel. Silvestre de Lima. Já em 2018, os alunos das escolas P. E. I Prof. Aymoré do Brasil, E. E. Dr. Antônio Olympio, E. E. Cel. Almeida Pinto e E. M. Giuseppe Carnímeo também passaram pela missão.
Confira outras cidades e colégios que também receberam a unidade móvel: Colina (SP) – Colégio Cecília Meireles e Colégio e E. M. Lamounier de Andrade; Piracicaba (SP) – P. E. I Adolpho Carvalho; Brotas (SP) – Colégio Construindo, COC, SESI, Sinhá, Dinah, E. M. Álvaro Calhado; Severínia (SP) – E. M. Victória Maldonado Cazarine e E. M. Esmeralda Duarte da Silva; Colômbia (SP) – E. M. Santa do Prado; Guaíra (SP) – E. E. Enoch Garcia.
Resultados: 4.313 alunos, 466 professores, 1.690 visitações, 6.469 de público total, 25.876 de público atingido indiretamente, 10 cidades, 20 escolas e 6 eventos.
Para o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas, Dr. Ronaldo José de Lira, a parceria entre o órgão público e a instituição beneficiou milhares de adolescentes, mas o maior mérito são os frutos que o HA conseguiu colher, através de seu trabalho de seriedade, em prol da sociedade. “Em 20 anos de ministério, eu nunca me senti tão realizado e feliz como nesses últimos 4 em que estive tão próximo do Hospital de Amor, graças à parceria com o MPT (Ministério Público do Trabalho). Vocês sempre me agradecem, mas sou eu quem preciso agradecer vocês. Quem quer fazer o bem, encontra obstáculos de todos os tamanhos, mas é preciso ter muita fé para conseguir! Aqui, a gente encontra amor e é isso que eu sinto todas as vezes que venho. Muito obrigado”, declarou.
A expectativa para o próximo ano é expandir o acesso da carreta educativa “Missão Gênese” para outras cidades do estado de São Paulo, especialmente para os municípios onde estão localizadas as unidades do Hospital de Amor. “Após esse momento, a nossa intenção é chegar nos outros estados e em cidades que possuem parcerias com a instituição”, esclareceu o coordenador do NEC.
Depoimentos
Durante a cerimônia de prestação de contas, alguns professores e alunos deram seus depoimentos sobre a experiência de receber a carreta educativa, vivenciar a missão e aprender mais sobre prevenção de câncer e qualidade de vida. Segundo a diretora da Escola Estadual Prof. Valois Scortecci, Sônia Goreti Baldan Levi, os estudantes que tiveram a oportunidade de conhecer a unidade móvel nunca mais serão os mesmos. “Fazer parte desse projeto foi mais do que um sonho! Pudemos ver nossos alunos conversando sobre oncologia, realizando atividades relacionadas ao assunto, entendendo sobre a importância da prevenção e divulgando os conhecimentos adquiridos em suas casas e bairros, foi muito gratificante. Só temos que agradecer pelo conhecimento que todos nós ganhamos”, finalizou Sônia.
Sobre a Carreta Educativa
A concretização do projeto só foi possível graças às verbas do Ministério Público do Trabalho da 15ª Região. Parte dos recursos obtidos em uma ação civil pública foram destinados para cinco iniciativas relacionadas à pesquisa e atendimentos de saúde. O maior deles, orçado em R$ 69,9 milhões, foi para o Hospital de Amor. Desse montante, R$ 34 milhões foram dispostos para a construção do Instituto de Prevenção em Campinas (SP) e de cinco unidades móveis, entre elas, a carreta educativa Missão Gênese.
As tecnologias utilizadas na unidade foram desenvolvidas pela empresa YDreams Global, que opera como parceira de instituições e marcas para reformular a estratégia de atuação por meio de iniciativas relevantes que integrem a experiência digital com o espaço físico e presencial.
Desde maio de 2017, o Instituto de Prevenção do Hospital de Amor vem desenvolvendo um estudo que identifica o DNA do papilomavírus humano, o HPV – apontado como a principal causa do câncer de colo de útero.
De acordo com o ginecologista do Instituto de Prevenção do HA, Dr. Júlio César Possati Resende, embora o exame molecular seja conhecido no meio médico, mesmo não sendo aplicado em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS), o que motivou a equipe do HA iniciar o projeto é o fato do câncer de colo de útero ainda estar entre os mais frequentes entre as mulheres no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), esse tipo de câncer é o terceiro que mais atinge mulheres no país.
Ao utilizar a pesquisa de base populacional, o objetivo principal do estudo é comprovar a eficiência do exame, avaliando o novo modelo de rastreamento para o câncer de colo de útero, utilizando testes moleculares para detecção de infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Ou seja, o propósito é realizar o diagnóstico precoce de lesões que tenham potencial de se transformarem em câncer do colo uterino no futuro.
O projeto também está levantando indicadores que medirão o custo efetivo desse modelo de rastreamento, atualmente adotado entre toda população brasileira, o que poderá contribuir para melhorias e a otimização desse rastreamento. “Nós vamos avaliar a questão de custo e efetividade e o impacto orçamentário que isso pode ter, caso ele seja implementado pelo Ministério da Saúde”, afirma o especialista.
Segundo Possati, como o exame Papanicolaou (citologia cervical) é utilizado como teste para a realização de triagem de casos de risco câncer, pode apresentar algumas limitações. O exame molecular pode contribuir significativamente com um diagnóstico mais funcional, já que apresenta uma eficácia de até 90% (na citologia cervical, é de 60%). “O importante é fazer a detecção das lesões precursoras em que se consegue, após um simples tratamento, evitar que essas mulheres desenvolvam o câncer depois de um período de 10 a 15 anos de evolução, além de proporcionar mais agilidade nos processos laboratoriais e reprodutibilidade dos resultados que são automatizados”, ressalta o médico.
A auxiliar de limpeza, Renata Cristina Luis, de 33 anos, relata que sempre realizou seus exames preventivos com regularidade, principalmente, porque possui histórico de câncer na família. Ao fazer seu exame de rotina, Renata foi convidada pela equipe do HA para participar do projeto e fazer o exame molecular, o que contribuiu para a descoberta de feridas em seu útero. “Participar deste projeto foi muito importante. Já era tarde quando a minha irmã descobriu o câncer e, infelizmente, ela perdeu a mama. Se eu não tivesse descoberto a ferida com a ajuda desse exame, provavelmente, eu corria o risco de perder o útero”.
Mesmo sentindo dores, a paciente nunca desconfiou que pudesse haver algo de errado. De acordo com o Dr. Possati, o exame molecular foi fundamental para a descoberta da ferida no útero de Renata, já que a pequena lesão poderia contribuir para o surgimento da doença em um período de 10 anos. Após o diagnóstico, Renata passou pelo procedimento cirúrgico de remoção da ferida. A técnica adotada foi um sucesso.
Até o momento, mais de 5 mil pessoas participaram da pesquisa que visa examinar 27 mil mulheres de todo o país, até maio de 2022.
De acordo como ginecologista do Hospital de Amor, de 7 a 8% das mulheres testadas, com idade superior a 30 anos, apresentaram infecção pelo HPV. Todas são convidadas para os exames complementares mais detalhados. O rastreamento ocorre graças aos recursos destinados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas (SP), que também apoia outros projetos da instituição.
Exame molecular
A enfermeira e pesquisadora do HA, Livia Loami de Paula, esclarece que independentemente da mulher ter uma vida sexual ativa ou não, ela sempre deve realizar exames preventivos. “As células estão em constante renovação. Durante esse processo, se há algum problema com a renovação das células, há o risco do câncer ocorrer”, ressalta Lívia.
A pesquisadora também esclarece que o exame molecular não pode ser realizado por todas as mulheres. Para participar do projeto, alguns critérios são exigidos e alguns pontos devem ser considerados:
– Mulheres grávidas ou sem útero NÃO podem participar da pesquisa.
– Mulheres com idade entre 25 e 30 anos também não devem fazem o exame . Abaixo dos 30, a chance é maior de se ter o vírus. No entanto, o sistema imune consegue combatê-lo, como um vírus de gripe, por exemplo.
– O Ministério da Saúde preconiza a realização do exame de Papanicolaou, portanto, mulheres com idade entre 25 a 64 anos devem sempre realizar o exame.
– Ainda não há exames para identificar o vírus nos homens, embora, eles possam passar a vida toda com o vírus sem saber do mesmo. No caso deles, podem surgir verrugas nos órgãos sexuais. Caso isso ocorra, é importante sempre visitar um médico especialista para investigar o aparecimento das mesmas, pois outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) também podem surgir.
HPV – A importância da prevenção
De acordo com a pesquisadora e bioquímica do Hospital de Amor, Cristina Mendes de Oliveira, dos 200 tipos de HPV já descobertos, cerca de 40 deles infectam a região anogenital e 12 são classificados pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), como de alto risco oncogênico.
A pesquisadora afirma ainda que o HPV pode contribuir para o aparecimento de alguns tumores malignos, sendo o responsável pelo desenvolvimento de quase 100% dos tumores no colo uterino, além de contribuir para o surgimento dos casos de carcinomas de cabeça e pescoço, vulva, vagina, ânus e pênis, e para a evolução de lesões benignas, como verrugas cutâneas e genitais.
Embora o HPV seja um vírus com alto potencial para desenvolver algumas doenças, a maioria das infecções ocasionadas pelo vírus são assintomáticas e acabam sendo resolvidas pelo sistema imune. Caso ocorra a persistência da infecção no indivíduo, o mesmo corre o risco de desenvolver câncer.
A transmissão do vírus HPV ocorre através de relações sexuais. Vale ressaltar que o HPV não é transmitido ao compartilhar banheiro público, piscina ou roupas. O vírus fica “escondido” e não há sintomas aparentes que podem alarmar a mulher, já que na maioria das vezes não há dor ou corrimento. Caso o vírus já tenha causado lesões, podem haver cólicas e sangramentos.
O vírus não é identificado por exame de sangue e também não tem cura, somente acompanhamento médico. Por esse motivo, o exame molecular é muito importante para evitar a possibilidade do surgimento do câncer, já que o mesmo consegue detectá-lo. O procedimento de coleta deste exame é semelhante à coleta do Papanicolaou.
Atualmente, duas vacinas estão disponíveis para impedir a infecção pelo HPV. O conteúdo é constituído por partículas que se assemelham às partículas virais e são formadas por uma proteína do papilomavírus humano, sendo consideradas seguras pelo fato de não serem infecciosas. O Programa Nacional de Imunizações do Governo Federal incluiu a vacina contra o HPV em seu calendário de vacinação. O objetivo é vacinar meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos contra o vírus, supondo que jovens dessa faixa etária ainda não tenham iniciado atividades sexuais. Para que a imunização ocorra, são necessárias duas doses da vacina, sendo que a segunda dose deve ocorrer 6 meses após a primeira aplicação.
Um evento muito especial marcou o encerramento do segundo ano do projeto da carreta educativa “Missão Gênese – Uma Jornada Nanocientífica”. No dia 23 de novembro, o Núcleo de Educação em Câncer (NEC) do Hospital de Amor reuniu parceiros, amigos e viabilizadores da iniciativa, com o intuito de apresentar os resultados obtidos nos anos de 2017 e 2018, além de possibilitar o reencontro de todos que participaram do desenvolvimento e da execução desta importante missão.
Iniciado em agosto de 2017, o projeto ‘Missão Gênese’ surgiu da necessidade de aproximar o público do conhecimento produzido no HA. Diante disso, elaborou-se um trabalho de imersão voltado aos adolescentes, de 11 a 15 anos, na tentativa de difundir a cultura e o conhecimento sobre autocuidado e a prevenção do câncer, levando conscientização às crianças, fazendo com que elas compartilhem essas informações tão importantes em seus meios de convívio. A Missão faz uso de gamificação (uso de mecânicas e dinâmicas de jogos para engajar pessoas, resolver problemas e melhorar o aprendizado, motivando ações e comportamentos em ambientes fora do contexto de jogos) visando proporcionar uma experiência que aborda um tema complexo de maneira lúdica, transformando estudantes em protagonistas de uma aventura de investigação científica.
De acordo com coordenador do NEC, Gerson Vieira, o objetivo do evento de prestação de contas é apresentar para toda a comunidade os resultados obtidos nesse período de um ano e meio e o quanto essas estratégias deram certo. Para ele, a satisfação de todo esse projeto está nos números alcançados. “Encerramos o programa em 2017 abrangendo 90 participantes. Neste ano, os números nos surpreenderam: foram 4.313 alunos que vivenciaram esse experimento e puderam expandir os conhecimentos para dentro de suas casas”, afirmou.
Números
Em 2017, a carreta educativa esteve na cidade de Barretos (SP) e passou pelas escolas E. M. São Francisco, P. E. I Valois Scortecci e E. E. Cel. Silvestre de Lima. Já em 2018, os alunos das escolas P. E. I Prof. Aymoré do Brasil, E. E. Dr. Antônio Olympio, E. E. Cel. Almeida Pinto e E. M. Giuseppe Carnímeo também passaram pela missão.
Confira outras cidades e colégios que também receberam a unidade móvel: Colina (SP) – Colégio Cecília Meireles e Colégio e E. M. Lamounier de Andrade; Piracicaba (SP) – P. E. I Adolpho Carvalho; Brotas (SP) – Colégio Construindo, COC, SESI, Sinhá, Dinah, E. M. Álvaro Calhado; Severínia (SP) – E. M. Victória Maldonado Cazarine e E. M. Esmeralda Duarte da Silva; Colômbia (SP) – E. M. Santa do Prado; Guaíra (SP) – E. E. Enoch Garcia.
Resultados: 4.313 alunos, 466 professores, 1.690 visitações, 6.469 de público total, 25.876 de público atingido indiretamente, 10 cidades, 20 escolas e 6 eventos.
Para o procurador do Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas, Dr. Ronaldo José de Lira, a parceria entre o órgão público e a instituição beneficiou milhares de adolescentes, mas o maior mérito são os frutos que o HA conseguiu colher, através de seu trabalho de seriedade, em prol da sociedade. “Em 20 anos de ministério, eu nunca me senti tão realizado e feliz como nesses últimos 4 em que estive tão próximo do Hospital de Amor, graças à parceria com o MPT (Ministério Público do Trabalho). Vocês sempre me agradecem, mas sou eu quem preciso agradecer vocês. Quem quer fazer o bem, encontra obstáculos de todos os tamanhos, mas é preciso ter muita fé para conseguir! Aqui, a gente encontra amor e é isso que eu sinto todas as vezes que venho. Muito obrigado”, declarou.
A expectativa para o próximo ano é expandir o acesso da carreta educativa “Missão Gênese” para outras cidades do estado de São Paulo, especialmente para os municípios onde estão localizadas as unidades do Hospital de Amor. “Após esse momento, a nossa intenção é chegar nos outros estados e em cidades que possuem parcerias com a instituição”, esclareceu o coordenador do NEC.
Depoimentos
Durante a cerimônia de prestação de contas, alguns professores e alunos deram seus depoimentos sobre a experiência de receber a carreta educativa, vivenciar a missão e aprender mais sobre prevenção de câncer e qualidade de vida. Segundo a diretora da Escola Estadual Prof. Valois Scortecci, Sônia Goreti Baldan Levi, os estudantes que tiveram a oportunidade de conhecer a unidade móvel nunca mais serão os mesmos. “Fazer parte desse projeto foi mais do que um sonho! Pudemos ver nossos alunos conversando sobre oncologia, realizando atividades relacionadas ao assunto, entendendo sobre a importância da prevenção e divulgando os conhecimentos adquiridos em suas casas e bairros, foi muito gratificante. Só temos que agradecer pelo conhecimento que todos nós ganhamos”, finalizou Sônia.
Sobre a Carreta Educativa
A concretização do projeto só foi possível graças às verbas do Ministério Público do Trabalho da 15ª Região. Parte dos recursos obtidos em uma ação civil pública foram destinados para cinco iniciativas relacionadas à pesquisa e atendimentos de saúde. O maior deles, orçado em R$ 69,9 milhões, foi para o Hospital de Amor. Desse montante, R$ 34 milhões foram dispostos para a construção do Instituto de Prevenção em Campinas (SP) e de cinco unidades móveis, entre elas, a carreta educativa Missão Gênese.
As tecnologias utilizadas na unidade foram desenvolvidas pela empresa YDreams Global, que opera como parceira de instituições e marcas para reformular a estratégia de atuação por meio de iniciativas relevantes que integrem a experiência digital com o espaço físico e presencial.
Desde maio de 2017, o Instituto de Prevenção do Hospital de Amor vem desenvolvendo um estudo que identifica o DNA do papilomavírus humano, o HPV – apontado como a principal causa do câncer de colo de útero.
De acordo com o ginecologista do Instituto de Prevenção do HA, Dr. Júlio César Possati Resende, embora o exame molecular seja conhecido no meio médico, mesmo não sendo aplicado em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS), o que motivou a equipe do HA iniciar o projeto é o fato do câncer de colo de útero ainda estar entre os mais frequentes entre as mulheres no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), esse tipo de câncer é o terceiro que mais atinge mulheres no país.
Ao utilizar a pesquisa de base populacional, o objetivo principal do estudo é comprovar a eficiência do exame, avaliando o novo modelo de rastreamento para o câncer de colo de útero, utilizando testes moleculares para detecção de infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Ou seja, o propósito é realizar o diagnóstico precoce de lesões que tenham potencial de se transformarem em câncer do colo uterino no futuro.
O projeto também está levantando indicadores que medirão o custo efetivo desse modelo de rastreamento, atualmente adotado entre toda população brasileira, o que poderá contribuir para melhorias e a otimização desse rastreamento. “Nós vamos avaliar a questão de custo e efetividade e o impacto orçamentário que isso pode ter, caso ele seja implementado pelo Ministério da Saúde”, afirma o especialista.
Segundo Possati, como o exame Papanicolaou (citologia cervical) é utilizado como teste para a realização de triagem de casos de risco câncer, pode apresentar algumas limitações. O exame molecular pode contribuir significativamente com um diagnóstico mais funcional, já que apresenta uma eficácia de até 90% (na citologia cervical, é de 60%). “O importante é fazer a detecção das lesões precursoras em que se consegue, após um simples tratamento, evitar que essas mulheres desenvolvam o câncer depois de um período de 10 a 15 anos de evolução, além de proporcionar mais agilidade nos processos laboratoriais e reprodutibilidade dos resultados que são automatizados”, ressalta o médico.
A auxiliar de limpeza, Renata Cristina Luis, de 33 anos, relata que sempre realizou seus exames preventivos com regularidade, principalmente, porque possui histórico de câncer na família. Ao fazer seu exame de rotina, Renata foi convidada pela equipe do HA para participar do projeto e fazer o exame molecular, o que contribuiu para a descoberta de feridas em seu útero. “Participar deste projeto foi muito importante. Já era tarde quando a minha irmã descobriu o câncer e, infelizmente, ela perdeu a mama. Se eu não tivesse descoberto a ferida com a ajuda desse exame, provavelmente, eu corria o risco de perder o útero”.
Mesmo sentindo dores, a paciente nunca desconfiou que pudesse haver algo de errado. De acordo com o Dr. Possati, o exame molecular foi fundamental para a descoberta da ferida no útero de Renata, já que a pequena lesão poderia contribuir para o surgimento da doença em um período de 10 anos. Após o diagnóstico, Renata passou pelo procedimento cirúrgico de remoção da ferida. A técnica adotada foi um sucesso.
Até o momento, mais de 5 mil pessoas participaram da pesquisa que visa examinar 27 mil mulheres de todo o país, até maio de 2022.
De acordo como ginecologista do Hospital de Amor, de 7 a 8% das mulheres testadas, com idade superior a 30 anos, apresentaram infecção pelo HPV. Todas são convidadas para os exames complementares mais detalhados. O rastreamento ocorre graças aos recursos destinados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas (SP), que também apoia outros projetos da instituição.
Exame molecular
A enfermeira e pesquisadora do HA, Livia Loami de Paula, esclarece que independentemente da mulher ter uma vida sexual ativa ou não, ela sempre deve realizar exames preventivos. “As células estão em constante renovação. Durante esse processo, se há algum problema com a renovação das células, há o risco do câncer ocorrer”, ressalta Lívia.
A pesquisadora também esclarece que o exame molecular não pode ser realizado por todas as mulheres. Para participar do projeto, alguns critérios são exigidos e alguns pontos devem ser considerados:
– Mulheres grávidas ou sem útero NÃO podem participar da pesquisa.
– Mulheres com idade entre 25 e 30 anos também não devem fazem o exame . Abaixo dos 30, a chance é maior de se ter o vírus. No entanto, o sistema imune consegue combatê-lo, como um vírus de gripe, por exemplo.
– O Ministério da Saúde preconiza a realização do exame de Papanicolaou, portanto, mulheres com idade entre 25 a 64 anos devem sempre realizar o exame.
– Ainda não há exames para identificar o vírus nos homens, embora, eles possam passar a vida toda com o vírus sem saber do mesmo. No caso deles, podem surgir verrugas nos órgãos sexuais. Caso isso ocorra, é importante sempre visitar um médico especialista para investigar o aparecimento das mesmas, pois outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) também podem surgir.
HPV – A importância da prevenção
De acordo com a pesquisadora e bioquímica do Hospital de Amor, Cristina Mendes de Oliveira, dos 200 tipos de HPV já descobertos, cerca de 40 deles infectam a região anogenital e 12 são classificados pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), como de alto risco oncogênico.
A pesquisadora afirma ainda que o HPV pode contribuir para o aparecimento de alguns tumores malignos, sendo o responsável pelo desenvolvimento de quase 100% dos tumores no colo uterino, além de contribuir para o surgimento dos casos de carcinomas de cabeça e pescoço, vulva, vagina, ânus e pênis, e para a evolução de lesões benignas, como verrugas cutâneas e genitais.
Embora o HPV seja um vírus com alto potencial para desenvolver algumas doenças, a maioria das infecções ocasionadas pelo vírus são assintomáticas e acabam sendo resolvidas pelo sistema imune. Caso ocorra a persistência da infecção no indivíduo, o mesmo corre o risco de desenvolver câncer.
A transmissão do vírus HPV ocorre através de relações sexuais. Vale ressaltar que o HPV não é transmitido ao compartilhar banheiro público, piscina ou roupas. O vírus fica “escondido” e não há sintomas aparentes que podem alarmar a mulher, já que na maioria das vezes não há dor ou corrimento. Caso o vírus já tenha causado lesões, podem haver cólicas e sangramentos.
O vírus não é identificado por exame de sangue e também não tem cura, somente acompanhamento médico. Por esse motivo, o exame molecular é muito importante para evitar a possibilidade do surgimento do câncer, já que o mesmo consegue detectá-lo. O procedimento de coleta deste exame é semelhante à coleta do Papanicolaou.
Atualmente, duas vacinas estão disponíveis para impedir a infecção pelo HPV. O conteúdo é constituído por partículas que se assemelham às partículas virais e são formadas por uma proteína do papilomavírus humano, sendo consideradas seguras pelo fato de não serem infecciosas. O Programa Nacional de Imunizações do Governo Federal incluiu a vacina contra o HPV em seu calendário de vacinação. O objetivo é vacinar meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos contra o vírus, supondo que jovens dessa faixa etária ainda não tenham iniciado atividades sexuais. Para que a imunização ocorra, são necessárias duas doses da vacina, sendo que a segunda dose deve ocorrer 6 meses após a primeira aplicação.