A tecnologia tem sido cada vez mais fundamental para revolucionar a medicina em diferentes aspectos, possibilitando diagnósticos mais precisos, tratamentos mais eficazes e melhorias significativas na qualidade de vida dos pacientes, contribuindo também para o seu bem-estar. Projetos inovadores permitem a criação de novas soluções para antigos desafios médicos, além de garantir a oferta de novos recursos, seja de estrutura, atendimento ou financeiro.
O hub Harena Inovação do Hospital de Amor nasceu com o objetivo de identificar novas formas de levar tecnologia à saúde pública, contribuindo assim para o bem dos pacientes, acompanhantes e da instituição, ou seja, todos são beneficiados. Por meio do programa ‘HealthTech Barretos’ ministrado pelo time Harena em parceria com o Sebrae, 61 startups já foram aceleradas pela incubadora que trabalha, exclusivamente, com projetos do nicho de saúde. Dentre elas, duas startups se destacam pelo trabalho realizado e pelos frutos já galgados ao longo desta jornada em parceira com os profissionais do HA.
Segundo o gerente de inovação do Harena, Guilherme Sanchez, “O programa ‘Healthtech Barretos’ conecta startups com soluções inovadoras de todo Brasil, com os desafios reais vivenciados pelo HA. As startups selecionadas passam por uma trilha de validação e desenvolvimento com duração de três meses e, após a aceleração, podem construir um projeto em cooperação técnica com o HA. Em quatro edições do programa, já foram 61 startups aceleradas de 8 estados do país”, explica Sanchez.
A startup Comsentimento, que foi acelerada na 1ª edição do programa, foi criada para ajudar organizações de saúde a gerarem mais valor com seus dados. Por meio da criação de repositórios clínicos normalizados e conectados em rede, a empresa auxilia a acelerar a inovação, gerar novas evidências, melhorar a prática clínica de todos os agentes da cadeia, desde startups até as empresas farmacêuticas. De acordo Guilherme Sakajiri, fundador da startup, após o programa de aceleração foi construído um acordo de cooperação técnica com o Hospital de Amor para aplicação dos algoritmos de identificação de pacientes com câncer de próstata para três estudos clínicos.
Ao todo, a parceria entre a startup e o Hospital rendeu 27.872 notas clínicas processadas e estruturadas pelo pipeline de NLP da Comsentimento; e 221 pacientes foram identificados para estudos clínicos de câncer de próstata, aumentando assim a eficiência no recrutamento de pacientes em 140%. Com mais de 29 mil notas clínicas processadas, aproximadamente 3 mil pacientes foram beneficiados com este trabalho de inteligência artificial.
“Para a Comsentimento, essa experiência foi extremamente importante, pois nos permitiu desenvolver habilidades essenciais para o crescimento de nossa empresa. Além de ajudar no desenvolvimento e melhoria do produto, pudemos nos conectar com uma rede valiosa de mentores e profissionais que vivem a realidade da pesquisa clínica no dia a dia. Além disso, tivemos a oportunidade de trabalhar ao lado de outras startups incríveis, o que nos proporcionou uma troca de experiências e aprendizados enriquecedora. Além de todo o ganho de desenvolvimento de negócio, é especialmente gratificante para nós trabalharmos com o Hospital de Amor, uma instituição que se renova a cada dia para conseguir levar um atendimento de excelência e um impacto positivo na vida de muitas pessoas”, destacou Sakajiri.
De acordo com a gerente da Unidade de Pesquisa Clínica do Hospital de Amor, Mariana Fabro Mengatto, este perfil de empresa acelera o desenvolvimento tecnológico com objetivo de otimizar processos em parceria com as equipes de saúde e o time da Comsentimento consegue fazer a leitura de notas clínicas. “Atualmente, já são mais de 27.000 notas no projeto, algo que humanamente seria impossível realizar em pouco tempo”.
Mariana explica, ainda, que a Inteligência Artificial consegue rastrear por meio de um banco de dados potenciais candidatos aos estudos clínicos, utilizando critérios precisos para sinalização. Após a análise e validação da equipe da pesquisa, os pacientes são convidados para participar dos estudos, tendo como opção realizar tratamento de última geração. “Até o ano de 2022, estávamos com 308 pacientes participantes de pesquisa, todos em tratamento. Com o auxílio da startup, foram identificados 221 pacientes, sendo que 13 entraram nos estudos”, revela a profissional.
Com o processo de aceleração do recrutamento de pacientes nas pesquisas, mais estudos podem ser alocados para o Brasil e, por meio do uso de medicações já aprovadas em diversos países, será possível proporcionar melhores opções de tratamento aos pacientes, que hoje não estão disponíveis no sistema SUS. De acordo com o gerente de inovação do Harena, já existe um o acordo com previsão de aplicação da IA em novos estudos clínicos para câncer de mama e pulmão, o que aumentará o número de pacientes beneficiados.
A tecnologia chegou às farmácias
Outra startup que também vem fazendo a diferença e gerando resultados positivos é a Norharm.ai. Trata-se de uma plataforma que ajuda a farmácia clínica dos hospitais nas tomadas de decisões, também por meio da Inteligência Artificial.
A startup desenvolveu dois algoritmos para automação da triagem farmacêutica. Ou seja, enquanto um faz a priorização das prescrições fora do padrão, o outro trabalha na identificação de pacientes críticos. Com o auxílio da IA, o sistema indica onde estão os possíveis erros de prescrição, o que possibilita na melhora da qualidade assistencial e eficiência hospitalar.
A supervisora de farmácia do HA, Priscila Moi e Silva, conta que o sistema começou a ser implantado em maio do ano passado. “Fizemos alguns treinamentos, foi parametrizado o sistema e então começamos a utilização. Em outubro, tecnologia passou a ser utilizada pelos farmacêuticos clínicos do Hospital São Judas Tadeu, nossa unidade de cuidados paliativos, e da unidade adulta do Hospital de Amor, ambos em Barretos (SP)”, diz a supervisora.
Priscila revela que ao todo, 192 leitos são beneficiados atualmente no HA. A ferramenta auxilia na análise de prescrição e prevenção de erros de medicação. Através da tela de priorização o farmacêutico consegue verificar e priorizar as análises de prescrição de pacientes críticos, com exames alterados, por exemplo. O sistema possui alertas de medicamentos com interação, medicamentos com contraindicação de sonda, entre vários outros. Mostra os medicamentos diferentes que foram incluídos na prescrição após análise, entre várias outras vantagens que auxiliam no dia a dia do farmacêutico clínico, otimizando o tempo dos profissionais.
Por meio dos indicadores que a plataforma gera é possível, ainda, quantificar a economia gerada através das intervenções farmacêuticas. Até o final de dezembro de 2022, foram realizadas 857 intervenções que geraram uma economia estimada de R$157.620,89. Segundo o cofundador da Norharm.ai, Henrique Dias, o apoio e condução do projeto pelo time do hub Harena Inovação foi fundamental para o sucesso da implantação da plataforma no HA, principalmente, por ajudar no engajamento junto à farmácia da instituição.
Referência mundial em oncologia, o Hospital de Amor dá mais um passo de pioneirismo ao lançar sua própria iniciativa de fomento e conexão de projetos inovadores, voltados à saúde pública: o hub Harena Inovação. O intuito do projeto é viabilizar conexões entre os diversos agentes dos setores relacionados à área. O Harena, que já conta com o apoio do InovaBra, do banco Bradesco, possibilitará facilidade e agilidade nas ações estratégicas de empreendedorismo, ao conectar ideias, pessoas, startups e instituições.
De acordo com o diretor de desenvolvimento institucional do Hospital de Amor, Dr. Henrique Moraes Prata, esse movimento será um marco transformador na área de saúde do país. “Além do Bradesco, já estão firmadas outras importantes parcerias institucionais, que poderão contribuir neste ecossistema de forma ativa ao prospectar e desenvolver a criação e doação de projetos e soluções próprias, ou mesmo de colaboração, como a do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae/SP (um dos principais agentes atuantes no incentivo e mapeamento do empreendedorismo no país); o SmartAmor (laboratório de inovação do Hospital de Amor, focado em projetos no âmbito institucional); e o IRCAD América Latina (maior centro de treinamento em cirurgia minimamente invasiva do continente, gerido pelo HA, que conta uma estrutura de ponta)”, afirma.
Segundo o diretor do departamento de inovação do HA e coordenador científico do IRCAD, Dr. Luís Gustavo Romagnolo, contar com estes apoios será essencial para o sucesso do projeto. “Em nossa região, não tínhamos nenhum hub com foco em saúde pública. Agora, poderemos oferecer essa inovação para o Brasil”, comemora.
Para a diretora administrativa do Harena, Gabriela Pacheco, o Harena abrirá as portas da instituição para todo o Ecossistema de Inovação, posicionando definitivamente o Hospital e o sistema de saúde de frente para o futuro. “Através de parcerias e cooperações, o hub tem por objetivo proporcionar soluções inovadoras que possam ser aplicadas diretamente no sistema de saúde, considerando a ampla atuação da Fundação Pio XII no cenário. As startups conectadas ao Harena Inovação poderão se relacionar a grande rede de parceiros do Hospital”, contou.
A iniciativa também incluirá o programa Healthtech Barretos para startups, realizado pelo escritório regional do Sebrae, em Barretos/SP, que já está com inscrições abertas através do site contato.sebraesp.com.br/healthtech/. Essa parceria só foi possível graças ao envolvimento e o apoio de pessoas como o diretor-superintendente do SEBRAE/SP, Wilson Poit; a prefeita do município, Paula Lemos; e O Líder de Soluções Digitais de GE Healthcare para América Latina, Leonardo Gross.
Compartilhando espaços e ideias
Além da possibilidade de integração de projetos, o Harena Inovação traz também um outro diferencial: um espaço para coworking (localizado nas instalações do IRCAD América Latina, em Barretos/SP), para os profissionais que representam os mais variados segmentos, possibilitando diversas trocas de experiências e expansão de redes de contatos, além de mentorias nas esferas de comunicação, contabilidade e jurídica. A nova área também terá integrada em si um setor estratégico para o Hospital de Amor, responsável pela gestão de eventos e viagens corporativas.
Gabriela, Carolina, Eva, Jenifer, Ana Júlia, etc. Elas são inspirações para a criação de músicas, poemas, filmes e artes em geral. São mães, avós, tias, filhas, sobrinhas, primas, namoradas, esposas, profissionais, idealistas, sonhadoras, líderes, ousadas. São infinitos os adjetivos que expressam a grandeza das mulheres. Por isso, e por muito mais, no dia 8 de março, o mundo todo celebra o “Dia Internacional da Mulher”, oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, e comemorado desde o início do século 20.
A força da mulher está presente no Hospital de Amor desde a sua origem. Fundado pelos médicos Dr. Paulo Prata (in memoriam) e pela Dra. Scylla Duarte Prata, médica ginecologista, ela foi considerada à frente do seu tempo ao cursar medicina e enfrentar os desafios da época de estudante. Diante disso, a força feminina também foi essencial para fundamentar os valores da instituição.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a participação feminina no mercado de trabalho brasileiro deve crescer até 2030. Com mais anos de estudo, sendo a maioria com ensino superior, as mulheres tornaram-se mais qualificadas do que a mão de obra masculina. Segundo o Sebrae, ao todo, mais de 9 milhões de mulheres estão à frente de uma empresa no país, sendo que o número de ‘chefes de domicílio’ femininas aumentou de 38% para 45%. Estes dados representam o quão ativas elas são na fomentação da economia e nas atividades laborais.
No Hospital de Amor, a forte atuação feminina não é diferente. Ao todo, 75% do quadro de funcionários da instituição é formado por mulheres, sendo 3.279 colaboradoras.
A gerente do departamento de gestão de pessoas, Renata Paschoal Fleischer, atua na instituição há 3 anos e acredita que o fato de ser mulher faz com que ela consiga desenvolver ações de maneira mais sensível, sem perder a ‘energia’ necessária para cumprir as metas propostas. Renata fala toda orgulhosa sobre os projetos desenvolvidos pela instituição para o público feminino, como o programa ‘Mamãe Colaboradora’, que leva informações e orientações para as gestantes. “Me sinto privilegiada por ter a oportunidade de fazer a diferença em uma instituição da área da saúde”, afirmou.
Mulheres na ciência
Elas fazem a diferença, há anos, em diversas áreas da sociedade. São advogadas, médicas, empresárias, influenciadoras, esportistas, entre tantas outras profissões. Mas, quantas cientistas você conhece? De acordo com o estudo ‘Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)’, publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), apenas 35% dos estudantes do mundo em áreas de STEM são mulheres.
A pesquisadora do Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular (CPOM) e coordenadora do biobanco do Hospital de Amor, Marcia Marques Silveira, é um grande exemplo de mulher na ciência. Há 10 anos, ela atua na instituição em busca de avanços científicos dentro da oncologia molecular do câncer de mama, para que, no futuro, outras mulheres que sofrem com a doença possam se beneficiar. “Sinto muito orgulho do meu trabalho, da minha equipe e da oportunidade de tentar poder fazer a diferença junto à comunidade científica, buscando modelos de excelência em biobancos e pesquisa oncológica”, comentou.
Os desafios nesta área não são poucos e a responsabilidade de estar à frente de setores tão importantes quanto estes é muito grande. Manter os processos, estrutura e controle de qualidade sempre atualizados, seguindo padrões internacionais de sucesso e permitindo a participação do HA em pesquisas junto à medicina oncológica molecular no Brasil e no mundo é o que motiva Marcia. “Ser mulher, mãe e líder de um departamento essencial como o biobanco é uma tarefa árdua e, ao mesmo tempo, muito gratificante. Todos os dias eu me sinto responsável em fazer um bom trabalho em equipe, incentivando profissionais, especialmente as mulheres, em se dedicar por uma causa tão significativa como a pesquisa na oncologia molecular”, finalizou a pesquisadora.
Já a enfermeira Elaine Xavier trabalha no Hospital de Amor desde 2003 e há dois anos está à frente do projeto de prevenção, atuando diretamente nas unidades móveis. Elaine realiza a organização do calendário das unidades que atendem os 17 municípios que integram a DRS V (Departamento Regional de Saúde) de Barretos (SP), e também é responsável pela divulgação dos agendamentos dos exames de mama, colo do útero, intestino e boca. “É um projeto maravilhoso, que visa o cuidado integral e a assistência da mulher e do homem. É um programa que conta com início, meio e fim, ou seja, oferece exames, investigação e tratamento. Esse trabalho é importante, pois com o diagnóstico precoce, maior é a chance de cura”, relatou a enfermeira, que brilha os olhos ao falar da sua rotina de trabalho na instituição.
“Aqui no HA, eu me sinto totalmente realizada. Amo o que eu faço, me entrego de corpo e alma ao meu trabalho. O hospital oferece todos os recursos necessários para o profissional melhorar a cada dia. Agradeço a Deus por fazer parte dessa equipe, e graças a ele o que um dia foi um sonho, hoje é a minha realidade”.
Mulheres na saúde
Durante toda a história, algumas profissões foram consideradas exclusivamente masculinas. Para conquistar um espaço neste cenário, as mulheres tiveram que lutar e enfrentar grandes desafios. De acordo com dados da Demografia Médica do Conselho Federal de Medicina (CFM), dentre os 414.831 profissionais da medicina em atividade, 225.550 são homens (54,4%) e 189.281, mulheres (45,6%). Contudo, essa diferença vem caindo a cada ano e, graças à feminização da profissão no país, entre os novos médicos registrados desde 2009, há mais mulheres do que homens.
No Hospital de Amor, em meio a tantas atribuições exigidas aos médicos, é preciso ainda aliar competência com capacidade de cuidar e oferecer amor. E quem melhor do que as mulheres para desempenhar esse papel com maestria? Ao andar pelos corredores da instituição é possível perceber a importância delas.
Há 8 anos, a médica coordenadora da unidade de transplante de medula óssea (TMO) do Hospital de Amor Infantojuvenil, Neysimélia Costa Villela – carinhosamente conhecida como Dra. Neysi – trabalha no HA. Junto a toda sua equipe, ela cuida das crianças que precisam ser submetidas ao transplante de medula óssea em todas as etapas de sua realização: desde a preparação para o procedimento, durante a internação e também após, até que elas estejam totalmente recuperadas. Ela garante que isso não é uma tarefa fácil, pois é preciso assegurar que todas as crianças tratadas na unidade recebam o que existe de melhor na medicina; manter a equipe sempre atualizada, proativa e estimulada; oferecer apoio, conforto e acolhimento aos familiares de cada paciente; e o principal: fazer com que os pequenos, mesmo passando por um momento tão difícil e delicado, possam sorrir, brincar e sonhar!
“É uma mistura de sentimentos que envolve orgulho, gratidão a Deus, por me permitir exercer minha profissão de maneira tão plena (aliando medicina de ponta a um tratamento humanizado) e, ao mesmo tempo, consciência da grande responsabilidade de cada um de nós que trabalha aqui, oferecendo, sempre, nada menos do que o melhor de nós mesmos. Acho que a mulher pode até ser mais delicada e amorosa, mas de forma alguma mais frágil ou com menor poder de liderança. No setor de TMO, onde mais de 90% da equipe é composta por mulheres, somos também as mães de todas as crianças que precisam do nosso amor e do nosso carinho, e isso faz com que levantemos da cama todos os dias com a certeza de que podemos fazer sempre mais”, relatou Dra. Neysi.
Imagine alguém que mantém um lindo sorriso no rosto e o brilho nos olhos, todos os dias, trabalhando em uma unidade de cuidados paliativos. Há 15 anos, os pacientes e familiares que passam pelo Hospital São Judas Tadeu (a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do Hospital de Amor) encontram isso e muito mais na fisioterapeuta Adriana da Silva Martins Ferreira. Atenciosa, criativa, delicada e amada por todos, ela realiza atendimentos aos pacientes internados e ambulatoriais, com condutas que ajudam na melhora da dor, falta de ar, fadiga, edema, entre outros, com o objetivo de aumentar a qualidade de vida de cada um.
Adriana também é preceptora e tutora da residência de atenção ao câncer na unidade, membro da comissão de eventos, responsável pelo programa ‘Selo Hospital Amigo do Idoso’, supervisora de estágio acadêmico em fisioterapia oncológica, membro do comitê de bioética e membro do grupo da dor. “É uma responsabilidade grande, por se tratar de um hospital renomado, que atua com excelência na área da oncologia, mas sinto-me imensamente feliz, honrada e realizada profissionalmente, por ser mulher e liderar um departamento que atua com dedicação e humanização para proporcionar conforto e dignidade aos pacientes que lutam contra o câncer. Os desafios maiores são oferecer brilho nos olhos e alegria a cada paciente, mas sei que posso fazer a diferença na vida de muitas pessoas, com competência e respeito”.
Mais uma guerreira
A funcionária pública e prefeita do município de Vitória Brasil (SP), Ana Lúcia Olhier Módulo, de 54 anos, também é uma mulher guerreira. Ela luta, como todas as outras, por respeito, direitos iguais e liberdade. Mas acumula todas as suas forças para lutar contra um câncer de mama, descoberto após fazer um exame de mamografia.
Mesmo com as sessões de quimioterapias, cirurgia, futuras sessões de radioterapia e alguns efeitos colaterais do tratamento – realizado no Hospital de Amor Jales – Ana Lúcia continua trabalhando, viajando e cumprindo com suas obrigações sem ‘deixar a peteca cair’. Ela é exemplo e representa todas aquelas que passam por situações semelhantes. “A mulher já avançou muito nos seus direitos, mas ainda há muito o que desejar, pois existe preconceito, machismo e feminicídio, principalmente para as mulheres que não sabem se impor. Acredito que há muito o que comemorar, mas também há muito para conquistar”, esclareceu a paciente.
Luta pela igualdade
Conforme divulgado pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mulheres entre 25 e 49 anos ganham 20,5 % a menos que homens. Isto significa que ainda há desigualdade salarial e, embora elas estudem mais do que eles, elas acabam ocupando menos da metade dos cargos de gerentes e diretores no país.
Quando o assunto é violência, infelizmente, o Brasil é um dos líderes de casos de agressão a mulheres. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), a cada ano, cerca de 1,3 milhão de mulheres são agredidas nos país. No ano passado, o relatório “International Women´s Day 2019 – Global attitudes toward gender equality” afirmou que 39% dos brasileiros consideram a violência sexual o principal problema enfrentado pelas mulheres hoje, e 52% das pessoas no mundo concordam que a vida é mais fácil para homens do que para as mulheres.
A origem da data
Historicamente, o primeiro ‘Dia da Mulher’ teve origem nos Estados Unidos, em maio de 1908, quando 1.500 mulheres apoiaram uma manifestação em prol da igualdade de gênero, de forma econômica e política. A luta por essas melhorias surgiu no final do século XIX, a partir de organizações femininas que lutavam por menos jornadas de trabalho (que chegavam a 15 horas diárias), além do pedido de aumento de salários, que eram considerados baixíssimos. Segundo relatos mais comuns, a data que celebra a mulher ganhou mais representatividade após um incêndio que ocorreu em uma fábrica têxtil, a Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, quando cerca de 130 operárias faleceram carbonizadas, no dia 25 de março de 1911.
No Brasil, a luta em prol dos direitos femininos ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 1930, ao lutarem pelo direito de voto. E em 1985, surgiu a primeira Delegacia Especializada da Mulher. Atualmente, o termo sororidade tem sido amplamente divulgado nas mídias e nos ambientes de trabalho. Basicamente, a expressão remete o sentimento de união e amizade entre as mulheres, algo tão importante para a efetivação dos direitos igualitários no mercado de trabalho e em todos os ambientes onde são elas estão inseridas.
A tecnologia tem sido cada vez mais fundamental para revolucionar a medicina em diferentes aspectos, possibilitando diagnósticos mais precisos, tratamentos mais eficazes e melhorias significativas na qualidade de vida dos pacientes, contribuindo também para o seu bem-estar. Projetos inovadores permitem a criação de novas soluções para antigos desafios médicos, além de garantir a oferta de novos recursos, seja de estrutura, atendimento ou financeiro.
O hub Harena Inovação do Hospital de Amor nasceu com o objetivo de identificar novas formas de levar tecnologia à saúde pública, contribuindo assim para o bem dos pacientes, acompanhantes e da instituição, ou seja, todos são beneficiados. Por meio do programa ‘HealthTech Barretos’ ministrado pelo time Harena em parceria com o Sebrae, 61 startups já foram aceleradas pela incubadora que trabalha, exclusivamente, com projetos do nicho de saúde. Dentre elas, duas startups se destacam pelo trabalho realizado e pelos frutos já galgados ao longo desta jornada em parceira com os profissionais do HA.
Segundo o gerente de inovação do Harena, Guilherme Sanchez, “O programa ‘Healthtech Barretos’ conecta startups com soluções inovadoras de todo Brasil, com os desafios reais vivenciados pelo HA. As startups selecionadas passam por uma trilha de validação e desenvolvimento com duração de três meses e, após a aceleração, podem construir um projeto em cooperação técnica com o HA. Em quatro edições do programa, já foram 61 startups aceleradas de 8 estados do país”, explica Sanchez.
A startup Comsentimento, que foi acelerada na 1ª edição do programa, foi criada para ajudar organizações de saúde a gerarem mais valor com seus dados. Por meio da criação de repositórios clínicos normalizados e conectados em rede, a empresa auxilia a acelerar a inovação, gerar novas evidências, melhorar a prática clínica de todos os agentes da cadeia, desde startups até as empresas farmacêuticas. De acordo Guilherme Sakajiri, fundador da startup, após o programa de aceleração foi construído um acordo de cooperação técnica com o Hospital de Amor para aplicação dos algoritmos de identificação de pacientes com câncer de próstata para três estudos clínicos.
Ao todo, a parceria entre a startup e o Hospital rendeu 27.872 notas clínicas processadas e estruturadas pelo pipeline de NLP da Comsentimento; e 221 pacientes foram identificados para estudos clínicos de câncer de próstata, aumentando assim a eficiência no recrutamento de pacientes em 140%. Com mais de 29 mil notas clínicas processadas, aproximadamente 3 mil pacientes foram beneficiados com este trabalho de inteligência artificial.
“Para a Comsentimento, essa experiência foi extremamente importante, pois nos permitiu desenvolver habilidades essenciais para o crescimento de nossa empresa. Além de ajudar no desenvolvimento e melhoria do produto, pudemos nos conectar com uma rede valiosa de mentores e profissionais que vivem a realidade da pesquisa clínica no dia a dia. Além disso, tivemos a oportunidade de trabalhar ao lado de outras startups incríveis, o que nos proporcionou uma troca de experiências e aprendizados enriquecedora. Além de todo o ganho de desenvolvimento de negócio, é especialmente gratificante para nós trabalharmos com o Hospital de Amor, uma instituição que se renova a cada dia para conseguir levar um atendimento de excelência e um impacto positivo na vida de muitas pessoas”, destacou Sakajiri.
De acordo com a gerente da Unidade de Pesquisa Clínica do Hospital de Amor, Mariana Fabro Mengatto, este perfil de empresa acelera o desenvolvimento tecnológico com objetivo de otimizar processos em parceria com as equipes de saúde e o time da Comsentimento consegue fazer a leitura de notas clínicas. “Atualmente, já são mais de 27.000 notas no projeto, algo que humanamente seria impossível realizar em pouco tempo”.
Mariana explica, ainda, que a Inteligência Artificial consegue rastrear por meio de um banco de dados potenciais candidatos aos estudos clínicos, utilizando critérios precisos para sinalização. Após a análise e validação da equipe da pesquisa, os pacientes são convidados para participar dos estudos, tendo como opção realizar tratamento de última geração. “Até o ano de 2022, estávamos com 308 pacientes participantes de pesquisa, todos em tratamento. Com o auxílio da startup, foram identificados 221 pacientes, sendo que 13 entraram nos estudos”, revela a profissional.
Com o processo de aceleração do recrutamento de pacientes nas pesquisas, mais estudos podem ser alocados para o Brasil e, por meio do uso de medicações já aprovadas em diversos países, será possível proporcionar melhores opções de tratamento aos pacientes, que hoje não estão disponíveis no sistema SUS. De acordo com o gerente de inovação do Harena, já existe um o acordo com previsão de aplicação da IA em novos estudos clínicos para câncer de mama e pulmão, o que aumentará o número de pacientes beneficiados.
A tecnologia chegou às farmácias
Outra startup que também vem fazendo a diferença e gerando resultados positivos é a Norharm.ai. Trata-se de uma plataforma que ajuda a farmácia clínica dos hospitais nas tomadas de decisões, também por meio da Inteligência Artificial.
A startup desenvolveu dois algoritmos para automação da triagem farmacêutica. Ou seja, enquanto um faz a priorização das prescrições fora do padrão, o outro trabalha na identificação de pacientes críticos. Com o auxílio da IA, o sistema indica onde estão os possíveis erros de prescrição, o que possibilita na melhora da qualidade assistencial e eficiência hospitalar.
A supervisora de farmácia do HA, Priscila Moi e Silva, conta que o sistema começou a ser implantado em maio do ano passado. “Fizemos alguns treinamentos, foi parametrizado o sistema e então começamos a utilização. Em outubro, tecnologia passou a ser utilizada pelos farmacêuticos clínicos do Hospital São Judas Tadeu, nossa unidade de cuidados paliativos, e da unidade adulta do Hospital de Amor, ambos em Barretos (SP)”, diz a supervisora.
Priscila revela que ao todo, 192 leitos são beneficiados atualmente no HA. A ferramenta auxilia na análise de prescrição e prevenção de erros de medicação. Através da tela de priorização o farmacêutico consegue verificar e priorizar as análises de prescrição de pacientes críticos, com exames alterados, por exemplo. O sistema possui alertas de medicamentos com interação, medicamentos com contraindicação de sonda, entre vários outros. Mostra os medicamentos diferentes que foram incluídos na prescrição após análise, entre várias outras vantagens que auxiliam no dia a dia do farmacêutico clínico, otimizando o tempo dos profissionais.
Por meio dos indicadores que a plataforma gera é possível, ainda, quantificar a economia gerada através das intervenções farmacêuticas. Até o final de dezembro de 2022, foram realizadas 857 intervenções que geraram uma economia estimada de R$157.620,89. Segundo o cofundador da Norharm.ai, Henrique Dias, o apoio e condução do projeto pelo time do hub Harena Inovação foi fundamental para o sucesso da implantação da plataforma no HA, principalmente, por ajudar no engajamento junto à farmácia da instituição.
Referência mundial em oncologia, o Hospital de Amor dá mais um passo de pioneirismo ao lançar sua própria iniciativa de fomento e conexão de projetos inovadores, voltados à saúde pública: o hub Harena Inovação. O intuito do projeto é viabilizar conexões entre os diversos agentes dos setores relacionados à área. O Harena, que já conta com o apoio do InovaBra, do banco Bradesco, possibilitará facilidade e agilidade nas ações estratégicas de empreendedorismo, ao conectar ideias, pessoas, startups e instituições.
De acordo com o diretor de desenvolvimento institucional do Hospital de Amor, Dr. Henrique Moraes Prata, esse movimento será um marco transformador na área de saúde do país. “Além do Bradesco, já estão firmadas outras importantes parcerias institucionais, que poderão contribuir neste ecossistema de forma ativa ao prospectar e desenvolver a criação e doação de projetos e soluções próprias, ou mesmo de colaboração, como a do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae/SP (um dos principais agentes atuantes no incentivo e mapeamento do empreendedorismo no país); o SmartAmor (laboratório de inovação do Hospital de Amor, focado em projetos no âmbito institucional); e o IRCAD América Latina (maior centro de treinamento em cirurgia minimamente invasiva do continente, gerido pelo HA, que conta uma estrutura de ponta)”, afirma.
Segundo o diretor do departamento de inovação do HA e coordenador científico do IRCAD, Dr. Luís Gustavo Romagnolo, contar com estes apoios será essencial para o sucesso do projeto. “Em nossa região, não tínhamos nenhum hub com foco em saúde pública. Agora, poderemos oferecer essa inovação para o Brasil”, comemora.
Para a diretora administrativa do Harena, Gabriela Pacheco, o Harena abrirá as portas da instituição para todo o Ecossistema de Inovação, posicionando definitivamente o Hospital e o sistema de saúde de frente para o futuro. “Através de parcerias e cooperações, o hub tem por objetivo proporcionar soluções inovadoras que possam ser aplicadas diretamente no sistema de saúde, considerando a ampla atuação da Fundação Pio XII no cenário. As startups conectadas ao Harena Inovação poderão se relacionar a grande rede de parceiros do Hospital”, contou.
A iniciativa também incluirá o programa Healthtech Barretos para startups, realizado pelo escritório regional do Sebrae, em Barretos/SP, que já está com inscrições abertas através do site contato.sebraesp.com.br/healthtech/. Essa parceria só foi possível graças ao envolvimento e o apoio de pessoas como o diretor-superintendente do SEBRAE/SP, Wilson Poit; a prefeita do município, Paula Lemos; e O Líder de Soluções Digitais de GE Healthcare para América Latina, Leonardo Gross.
Compartilhando espaços e ideias
Além da possibilidade de integração de projetos, o Harena Inovação traz também um outro diferencial: um espaço para coworking (localizado nas instalações do IRCAD América Latina, em Barretos/SP), para os profissionais que representam os mais variados segmentos, possibilitando diversas trocas de experiências e expansão de redes de contatos, além de mentorias nas esferas de comunicação, contabilidade e jurídica. A nova área também terá integrada em si um setor estratégico para o Hospital de Amor, responsável pela gestão de eventos e viagens corporativas.
Gabriela, Carolina, Eva, Jenifer, Ana Júlia, etc. Elas são inspirações para a criação de músicas, poemas, filmes e artes em geral. São mães, avós, tias, filhas, sobrinhas, primas, namoradas, esposas, profissionais, idealistas, sonhadoras, líderes, ousadas. São infinitos os adjetivos que expressam a grandeza das mulheres. Por isso, e por muito mais, no dia 8 de março, o mundo todo celebra o “Dia Internacional da Mulher”, oficializado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, e comemorado desde o início do século 20.
A força da mulher está presente no Hospital de Amor desde a sua origem. Fundado pelos médicos Dr. Paulo Prata (in memoriam) e pela Dra. Scylla Duarte Prata, médica ginecologista, ela foi considerada à frente do seu tempo ao cursar medicina e enfrentar os desafios da época de estudante. Diante disso, a força feminina também foi essencial para fundamentar os valores da instituição.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a participação feminina no mercado de trabalho brasileiro deve crescer até 2030. Com mais anos de estudo, sendo a maioria com ensino superior, as mulheres tornaram-se mais qualificadas do que a mão de obra masculina. Segundo o Sebrae, ao todo, mais de 9 milhões de mulheres estão à frente de uma empresa no país, sendo que o número de ‘chefes de domicílio’ femininas aumentou de 38% para 45%. Estes dados representam o quão ativas elas são na fomentação da economia e nas atividades laborais.
No Hospital de Amor, a forte atuação feminina não é diferente. Ao todo, 75% do quadro de funcionários da instituição é formado por mulheres, sendo 3.279 colaboradoras.
A gerente do departamento de gestão de pessoas, Renata Paschoal Fleischer, atua na instituição há 3 anos e acredita que o fato de ser mulher faz com que ela consiga desenvolver ações de maneira mais sensível, sem perder a ‘energia’ necessária para cumprir as metas propostas. Renata fala toda orgulhosa sobre os projetos desenvolvidos pela instituição para o público feminino, como o programa ‘Mamãe Colaboradora’, que leva informações e orientações para as gestantes. “Me sinto privilegiada por ter a oportunidade de fazer a diferença em uma instituição da área da saúde”, afirmou.
Mulheres na ciência
Elas fazem a diferença, há anos, em diversas áreas da sociedade. São advogadas, médicas, empresárias, influenciadoras, esportistas, entre tantas outras profissões. Mas, quantas cientistas você conhece? De acordo com o estudo ‘Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM)’, publicado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), apenas 35% dos estudantes do mundo em áreas de STEM são mulheres.
A pesquisadora do Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular (CPOM) e coordenadora do biobanco do Hospital de Amor, Marcia Marques Silveira, é um grande exemplo de mulher na ciência. Há 10 anos, ela atua na instituição em busca de avanços científicos dentro da oncologia molecular do câncer de mama, para que, no futuro, outras mulheres que sofrem com a doença possam se beneficiar. “Sinto muito orgulho do meu trabalho, da minha equipe e da oportunidade de tentar poder fazer a diferença junto à comunidade científica, buscando modelos de excelência em biobancos e pesquisa oncológica”, comentou.
Os desafios nesta área não são poucos e a responsabilidade de estar à frente de setores tão importantes quanto estes é muito grande. Manter os processos, estrutura e controle de qualidade sempre atualizados, seguindo padrões internacionais de sucesso e permitindo a participação do HA em pesquisas junto à medicina oncológica molecular no Brasil e no mundo é o que motiva Marcia. “Ser mulher, mãe e líder de um departamento essencial como o biobanco é uma tarefa árdua e, ao mesmo tempo, muito gratificante. Todos os dias eu me sinto responsável em fazer um bom trabalho em equipe, incentivando profissionais, especialmente as mulheres, em se dedicar por uma causa tão significativa como a pesquisa na oncologia molecular”, finalizou a pesquisadora.
Já a enfermeira Elaine Xavier trabalha no Hospital de Amor desde 2003 e há dois anos está à frente do projeto de prevenção, atuando diretamente nas unidades móveis. Elaine realiza a organização do calendário das unidades que atendem os 17 municípios que integram a DRS V (Departamento Regional de Saúde) de Barretos (SP), e também é responsável pela divulgação dos agendamentos dos exames de mama, colo do útero, intestino e boca. “É um projeto maravilhoso, que visa o cuidado integral e a assistência da mulher e do homem. É um programa que conta com início, meio e fim, ou seja, oferece exames, investigação e tratamento. Esse trabalho é importante, pois com o diagnóstico precoce, maior é a chance de cura”, relatou a enfermeira, que brilha os olhos ao falar da sua rotina de trabalho na instituição.
“Aqui no HA, eu me sinto totalmente realizada. Amo o que eu faço, me entrego de corpo e alma ao meu trabalho. O hospital oferece todos os recursos necessários para o profissional melhorar a cada dia. Agradeço a Deus por fazer parte dessa equipe, e graças a ele o que um dia foi um sonho, hoje é a minha realidade”.
Mulheres na saúde
Durante toda a história, algumas profissões foram consideradas exclusivamente masculinas. Para conquistar um espaço neste cenário, as mulheres tiveram que lutar e enfrentar grandes desafios. De acordo com dados da Demografia Médica do Conselho Federal de Medicina (CFM), dentre os 414.831 profissionais da medicina em atividade, 225.550 são homens (54,4%) e 189.281, mulheres (45,6%). Contudo, essa diferença vem caindo a cada ano e, graças à feminização da profissão no país, entre os novos médicos registrados desde 2009, há mais mulheres do que homens.
No Hospital de Amor, em meio a tantas atribuições exigidas aos médicos, é preciso ainda aliar competência com capacidade de cuidar e oferecer amor. E quem melhor do que as mulheres para desempenhar esse papel com maestria? Ao andar pelos corredores da instituição é possível perceber a importância delas.
Há 8 anos, a médica coordenadora da unidade de transplante de medula óssea (TMO) do Hospital de Amor Infantojuvenil, Neysimélia Costa Villela – carinhosamente conhecida como Dra. Neysi – trabalha no HA. Junto a toda sua equipe, ela cuida das crianças que precisam ser submetidas ao transplante de medula óssea em todas as etapas de sua realização: desde a preparação para o procedimento, durante a internação e também após, até que elas estejam totalmente recuperadas. Ela garante que isso não é uma tarefa fácil, pois é preciso assegurar que todas as crianças tratadas na unidade recebam o que existe de melhor na medicina; manter a equipe sempre atualizada, proativa e estimulada; oferecer apoio, conforto e acolhimento aos familiares de cada paciente; e o principal: fazer com que os pequenos, mesmo passando por um momento tão difícil e delicado, possam sorrir, brincar e sonhar!
“É uma mistura de sentimentos que envolve orgulho, gratidão a Deus, por me permitir exercer minha profissão de maneira tão plena (aliando medicina de ponta a um tratamento humanizado) e, ao mesmo tempo, consciência da grande responsabilidade de cada um de nós que trabalha aqui, oferecendo, sempre, nada menos do que o melhor de nós mesmos. Acho que a mulher pode até ser mais delicada e amorosa, mas de forma alguma mais frágil ou com menor poder de liderança. No setor de TMO, onde mais de 90% da equipe é composta por mulheres, somos também as mães de todas as crianças que precisam do nosso amor e do nosso carinho, e isso faz com que levantemos da cama todos os dias com a certeza de que podemos fazer sempre mais”, relatou Dra. Neysi.
Imagine alguém que mantém um lindo sorriso no rosto e o brilho nos olhos, todos os dias, trabalhando em uma unidade de cuidados paliativos. Há 15 anos, os pacientes e familiares que passam pelo Hospital São Judas Tadeu (a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do Hospital de Amor) encontram isso e muito mais na fisioterapeuta Adriana da Silva Martins Ferreira. Atenciosa, criativa, delicada e amada por todos, ela realiza atendimentos aos pacientes internados e ambulatoriais, com condutas que ajudam na melhora da dor, falta de ar, fadiga, edema, entre outros, com o objetivo de aumentar a qualidade de vida de cada um.
Adriana também é preceptora e tutora da residência de atenção ao câncer na unidade, membro da comissão de eventos, responsável pelo programa ‘Selo Hospital Amigo do Idoso’, supervisora de estágio acadêmico em fisioterapia oncológica, membro do comitê de bioética e membro do grupo da dor. “É uma responsabilidade grande, por se tratar de um hospital renomado, que atua com excelência na área da oncologia, mas sinto-me imensamente feliz, honrada e realizada profissionalmente, por ser mulher e liderar um departamento que atua com dedicação e humanização para proporcionar conforto e dignidade aos pacientes que lutam contra o câncer. Os desafios maiores são oferecer brilho nos olhos e alegria a cada paciente, mas sei que posso fazer a diferença na vida de muitas pessoas, com competência e respeito”.
Mais uma guerreira
A funcionária pública e prefeita do município de Vitória Brasil (SP), Ana Lúcia Olhier Módulo, de 54 anos, também é uma mulher guerreira. Ela luta, como todas as outras, por respeito, direitos iguais e liberdade. Mas acumula todas as suas forças para lutar contra um câncer de mama, descoberto após fazer um exame de mamografia.
Mesmo com as sessões de quimioterapias, cirurgia, futuras sessões de radioterapia e alguns efeitos colaterais do tratamento – realizado no Hospital de Amor Jales – Ana Lúcia continua trabalhando, viajando e cumprindo com suas obrigações sem ‘deixar a peteca cair’. Ela é exemplo e representa todas aquelas que passam por situações semelhantes. “A mulher já avançou muito nos seus direitos, mas ainda há muito o que desejar, pois existe preconceito, machismo e feminicídio, principalmente para as mulheres que não sabem se impor. Acredito que há muito o que comemorar, mas também há muito para conquistar”, esclareceu a paciente.
Luta pela igualdade
Conforme divulgado pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mulheres entre 25 e 49 anos ganham 20,5 % a menos que homens. Isto significa que ainda há desigualdade salarial e, embora elas estudem mais do que eles, elas acabam ocupando menos da metade dos cargos de gerentes e diretores no país.
Quando o assunto é violência, infelizmente, o Brasil é um dos líderes de casos de agressão a mulheres. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), a cada ano, cerca de 1,3 milhão de mulheres são agredidas nos país. No ano passado, o relatório “International Women´s Day 2019 – Global attitudes toward gender equality” afirmou que 39% dos brasileiros consideram a violência sexual o principal problema enfrentado pelas mulheres hoje, e 52% das pessoas no mundo concordam que a vida é mais fácil para homens do que para as mulheres.
A origem da data
Historicamente, o primeiro ‘Dia da Mulher’ teve origem nos Estados Unidos, em maio de 1908, quando 1.500 mulheres apoiaram uma manifestação em prol da igualdade de gênero, de forma econômica e política. A luta por essas melhorias surgiu no final do século XIX, a partir de organizações femininas que lutavam por menos jornadas de trabalho (que chegavam a 15 horas diárias), além do pedido de aumento de salários, que eram considerados baixíssimos. Segundo relatos mais comuns, a data que celebra a mulher ganhou mais representatividade após um incêndio que ocorreu em uma fábrica têxtil, a Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, quando cerca de 130 operárias faleceram carbonizadas, no dia 25 de março de 1911.
No Brasil, a luta em prol dos direitos femininos ganhou força com o movimento das sufragistas, nas décadas de 1920 e 1930, ao lutarem pelo direito de voto. E em 1985, surgiu a primeira Delegacia Especializada da Mulher. Atualmente, o termo sororidade tem sido amplamente divulgado nas mídias e nos ambientes de trabalho. Basicamente, a expressão remete o sentimento de união e amizade entre as mulheres, algo tão importante para a efetivação dos direitos igualitários no mercado de trabalho e em todos os ambientes onde são elas estão inseridas.