A Diretoria Regional de Saúde de Barretos (DRS-V) é a única do Estado de São Paulo em que o diagnóstico do câncer bucal em estadiamento inicial ultrapassa o feito em estadiamento avançado. Isso é o que mostra um boletim da Fundação Oncocentro de São Paulo – FOSP, publicado neste semestre e que analisou os dados do Registro Hospitalar de Câncer do Estado de São Paulo – RHC/SP no período de 2000 a 2020.
O câncer de boca, também conhecido como câncer de lábio e cavidade oral, é um tumor maligno que pode afetar os lábios e/ou as estruturas da boca, como gengivas, bochechas, palato (céu da boca), língua e o assoalho da boca (região embaixo da língua). Por ano, são previstos 15.100 novos casos da doença no Brasil, de acordo com a estimativa para o triênio 2023-2025 do Instituto Nacional de Câncer (INCA), sendo 10.900 em homens e 4.200 em mulheres.
Apesar de ter ido de 5º para 8º lugar entre os tipos de câncer mais prevalentes no país, quando comparado a estimativa anterior, a doença ainda preocupa pela alta taxa de diagnóstico tardio, que reduz consideravelmente as chances de cura, além de tornar necessário a intervenção com tratamentos mais complexos e de alto custo.
Pensando nisso, há 10 anos o Hospital de Amor conta com um programa ativo de rastreamento de câncer de boca, com foco na população de alto risco. Implantado incialmente em toda DRS-V, regional que compreende 18 municípios, incluindo Barretos (SP), cidade que abriga a sede da instituição. O programa possui uma taxa 56,3% de diagnóstico em estadiamento precoce, taxa que é de apenas 26,9% no âmbito nacional de acordo com o INCA e 34,6% no Estado de São Paulo, de acordo com a FOSP.
Só em 2023, o programa foi responsável pela realização de mais de 21 mil exames bucais, onde 806 biópsias foram necessárias, resultando em 223 diagnósticos. De acordo com o coordenador do departamento de odontologia do HA, Dr. Fábio Luiz Coracin, o sucesso desse modelo é composto por diversos fatores, entre eles a parceria e integração sólida entre as atenções primárias, secundárias e terciárias de saúde; e a busca ativa voltada para população de alto risco, que possui resistência ao rastreamento espontâneo.
É importante ressaltar também que a taxa de sobrevida global do câncer de boca possui relação direta com estadiamento clínico do diagnóstico. Ainda de acordo com o boletim da FOSP, a taxa de sobrevida em 5 anos dos pacientes diagnosticados em estádios iniciais é de 57%, enquanto os de pacientes diagnosticados já com a doença avançada é de apenas 21%.
Os dados mostram que o Programa de Rastreamento do Câncer de Boca do Hospital de Amor, responsável por colocar a cidade de Barretos e toda a região como uma exceção em comparação às outras Diretorias Regionais de Saúde, pode servir de exemplo para estratégias mais amplas de prevenção e assistência que unam as estruturas de atenção primária e secundária, sobretudo na saúde pública.
O câncer de boca, também conhecido como câncer de cavidade oral, apesar de altamente prevenível, ainda é um dos 10 mais incidentes no Brasil, de acordo com a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o triênio 2023-2025, com 15,1 mil novos casos/ano, dos quais 72% em homens. Apesar de ter ido de 5º para 8º lugar, quando comparado a estimativa anterior, a doença preocupa pela alta taxa de diagnóstico tardio, que reduz consideravelmente as chances de cura, além de tornar necessário a intervenção com tratamentos mais complexos e de alto custo.
Este tipo de câncer diz respeito aos tumores que afetam: lábios, gengivas, bochechas (interior), céu da boca e língua; além de amídalas, palato mole e paredes da garganta. E, segundo a Organização Mundial de Saúde, pode ser prevenido com hábitos de vida saudáveis, ampliação do acesso aos serviços de saúde e diagnóstico precoce, visto que os principais fatores de risco são o tabagismo, consumo excessivo de bebida alcoólica, má higiene bucal, exposição à radiação solar (para casos de câncer nos lábios) e prática de sexo oral sem preservativo.
Neste cenário, desde 2014, o Hospital de Amor conta com um programa ativo de rastreamento de câncer de boca, com foco na população de alto risco. Implantado incialmente em toda DRS-V, regional que compreende 18 municípios, incluindo Barretos (SP), cidade que abriga a sede da instituição, o programa possui uma taxa 56,3% de diagnóstico em estadiamento precoce, taxa que é de apenas 26,9% no âmbito nacional de acordo com o INCA.
Só em 2023, foram 21.349 exames bucais realizados, onde 806 biópsias foram necessárias, resultando em 223 diagnósticos. De acordo com o Coordenador do Departamento de Odontologia do HA, Dr. Fábio Luiz Coracin, o sucesso desse modelo é composto por diversos fatores, entre eles a parceria e integração sólida entre as atenções primárias, secundárias e terciárias de saúde; e a busca ativa voltada para população de alto risco, que possui resistência ao rastreamento espontâneo. Além disso, outro ponto de destaque, é o baixo custo, que fica em torno de R$ 10,00 por paciente, considerando a estimativa de hora trabalhada de dois profissionais e material de consumo.
Atualmente, o programa conta com visitas anuais regulares em todos os municípios da DRS-V, além de ações pontuais que visam a ampliação da cobertura e efetividade. A instituição também já deu início à uma expansão do projeto para outras localidades, onde já estão instalados institutos de prevenção do HA, como as cidades de Rio Branco (AC) e Ji-Paraná (RO). A ampliação prevê, ainda, atividades conjuntas ao programa de rastreamento de câncer de pulmão da entidade, já que o público-alvo é semelhante.
Homens e mulheres a partir de 35 anos, que fumam e/ou bebem bebidas alcoólicas com frequência, ou que tenham deixado de fumar em até 20 anos.
– Feridas locais que não cicatrizam em 15 dias, mesmo que não apresentem dor;
– Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou escuras;
– Caroços no pescoço;
– Dor de ouvido;
– Dificuldade de falar e/ou engolir;
– Dores na boca e/ou pescoço.
Informações: WhatsApp (17) 3321-6626 | Telefone: (17) 3321-6600, ramais 7054, 7050 ou 7037.
Há cinco anos, a Federação Internacional das Sociedades Oncológicas de Cabeça e Pescoço (IFHNOS) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) instituíram o dia 27 de julho como o ‘Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço’. A partir de então, o mês ficou conhecido como ‘Julho Verde’ – período em que é realizada a campanha nacional de prevenção deste tipo de câncer, visando conscientizar a população sobre a doença, seus principais fatores de risco e formas de preveni-la.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), por meio de seus associados e parceiros, como a Associação do Câncer de Boca e Garganta (ACBG), trazem em 2019 a campanha: “O câncer tá na cara, mas as vezes você não vê”, que visa alertar a população dos primeiros sinais e sintomas, que possibilitariam um diagnóstico precoce e, em consequência, tratamentos menos agressivos e a maior possibilidade de cura. Neste contexto, o Hospital de Amor (HA) apresenta um papel crucial como instituição de ensino e pesquisa, na divulgação da campanha e nas ações que envolvem a mesma.
De acordo com dados recentes do Instituto Nacional de Câncer (INCA), os cânceres que afetam a região da cabeça e pescoço que, somados, ocupam a segunda maior incidência entre os homens brasileiros. Segundo o cirurgião e vice-coordenador do departamento de cabeça e pescoço do HA, Dr. Ricardo Ribeiro Gama, apesar desse tipo de tumor não ser o mais frequente na população e nem o que apresenta maior índices de morte, ele ainda acomete mais de 500 mil novas pessoas em todo o mundo. Para o médico, o problema é que muitos desses casos são diagnosticados tardiamente, o que prejudica o tratamento e as chances de cura. “A necessidade da campanha nasceu da falta de esclarecimento da população e profissionais da área de saúde sobre a doença. Apesar de ser de fácil acesso o exame clínico, o câncer de boca – o mais comum em nosso meio (em cerca de 70% a 80% das vezes), é diagnosticado em fase avançada, o que acarreta alta mortalidade e graves sequelas relacionadas ao tratamento realizado”, afirma Gama.
Em função do diagnostico tardio, os tumores de cabeça e pescoço, por serem diagnosticados em fase avançada, apresentam altas taxas de mortalidade. Quando um tumor é diagnosticado precocemente, a chance de o paciente sobreviver à doença em cinco anos é de, aproximadamente, 90%. Mas, quando diagnosticado tardiamente, a taxa de sobrevivência cai para algo em torno de 30%, independentemente dos tratamentos realizados com intenção curativa.
Tipos mais comuns
O câncer de cabeça e pescoço compreende um conjunto de neoplasias malignas localizadas em diferentes regiões da via aérea e digestiva superiores, como: boca, faringe, laringe, glândulas salivares, seios da face e cavidade nasal. Dr. Ricardo Gama afirma que os homens são os mais afetados pelos tumores. “Isso acontece pelos hábitos do homem de beber e fumar mais, ter uma qualidade de vida pior e não se preocupar muito em ir ao médico. No entanto, o número de casos em mulheres tem aumentado, devido à maior liberdade do sexo feminino nos tempos atuais”.
Sinais e sintomas
É importante que as pessoas fiquem atentas sobre os sinais e sintomas da doença. Os mais comuns são caroços ou nódulos no pescoço, feridas na boca com mais de 15 dias que não cicatrizam e rouquidão. Muitas vezes, são os profissionais de odontologia que percebem a ocorrência dessas lesões, mas, também é fundamental procurar um médico de sua confiança se perceber qualquer um desses sintomas.
Prevenção
O desenvolvimento desses tumores também está relacionado a hábitos não saudáveis de vida, tais como: consumo exagerado de álcool e tabaco, além de relações sexuais de risco, ou seja, sem uso de preservativos.
Para o médico, a principal forma de se prevenir esse tipo de câncer é não fumar, independente se cigarro de filtro, de palha ou corda, cachimbo, charuto ou narguile, pois todos podem causar câncer na área da cabeça e pescoço. “Outra forma de prevenção é se cuidar com o uso de bebida alcoólica, procurando não ingerir ou, se ingerir, em quantidades pequenas e, de preferência, não diariamente. De forma geral, a pessoa que ingere mais de duas latas ou garrafas pequenas de cerveja por dia; mais de dois cálices de vinho por dia; ou mais de duas doses de destilado vodka, cachaça, conhaque, whisky), já pode ser considerado um consumidor acentuado de álcool”, relatou.
A incorporação de bons hábitos, como a escovação da boca e dental três vezes ao dia, ir ao dentista duas vezes ao ano e alimentação rica em legumes, verduras e frutas, é essencial para a saúde da boca. A vacinação contra o HPV (papilomavírus humano) também previne contra o câncer de garganta na vida, sendo assim, a vacinação deve ocorrer em meninas e meninos, pré-adolescentes, preferencialmente antes da primeira relação sexual.
Formas de tratamento
Quando diagnosticado na fase inicial, o tratamento consiste em cirurgias menos agressivas ou em radioterapia, causando menos problemas de função, como mastigar, sentir o gosto ou cheiro do alimento, engolir, respirar, falar, menor ou nenhuma deformidade no pescoço e face, e menor chance de complicações para a função do pescoço, ombros e braços. Quando diagnosticado em fase avançada, o tratamento consiste em radioterapia e quimioterapia, que podem ser associados a cirurgias agressivas. Estes tratamentos combinados levam a graves sequelas, muitas delas definitivas, causando grande prejuízo estético e funcional na área da cabeça e pescoço.
“É importante lembrar que apesar dos tratamentos agressivos para estes tumores avançados, as chances de curas são pequenas: cerca de 30% em 5 anos após o diagnóstico de um câncer avançado, por mais que o melhor tratamento seja realizado. Por isso, o diagnóstico precoce é muito importante, assim como a conscientização da população sobre a doença, seus sinais e sintomas e de como preveni-la, através de campanhas como o “Julho Verde”, finalizou Gama.
A campanha no Hospital de Amor
Sabendo da importância do diagnóstico precoce, formas de prevenção e manejo do tratamento e de suas complicações a curto, médio e longo prazo, visando melhorias na qualidade de vida do paciente e melhor prognóstico, o departamento de cirurgia de cabeça e pescoço do Hospital de Amor auxilia na divulgação do ‘Julho Verde’.
No dia 31 de julho, profissionais dos setores de cabeça e pescoço, fonoaudiologia, enfermagem, epidemiologia e prevenção da instituição se reunirão para um evento especial, que tem como objetivo divulgar a especialidade e a equipe multidisciplinar que a envolve, além de esclarecer o que trata a Oncologia de Cabeça e Pescoço.
De acordo com o Dr. Ricardo Gama, serão realizadas palestras que abordarão temáticas destinadas para profissionais da área da saúde. “O evento mostrará a importância da equipe multidisciplinar no manejo clínico destes pacientes e enfatizará a epidemiologia, os fatores de risco, diagnóstico, tratamento e o prognóstico de pacientes com os dois tipos mais comuns de tumor da via aerodigestiva superior: o câncer de boca e o de laringe. Nossa intenção é mostrar o que o departamento tem avançado no tratamento e na reabilitação destes pacientes”, declarou.
Além do evento, haverá mobilização no calçadão de Barretos (SP), aos sábados, onde profissionais do hospital estarão falando com a população sobre a doença e oferecendo exames gratuitos de boca. A Unidade Móvel de Prevenção Odontológica do Hospital de Amor, ficará estacionada no calçadão, em datas que serão previamente divulgadas, oferecendo os exames que serão realizados por dentistas.
O Hospital de Amor recebeu a visita da equipe da Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG) e selou uma parceria que irá beneficiar diversos pacientes da instituição que realizam tratamento de cânceres de cabeça e pescoço. Em julho deste ano, após a campanha apoiada pelo HA, conhecida como “Julho Verde (que visa despertar a conscientização sobre a prevenção do câncer de cabeça e pescoço), surgiu o interesse da equipe da ACBG em conhecer a instituição e trocar experiências com os profissionais do hospital.
De acordo com a presidente da associação, Melissa Ribeiro, que também venceu um câncer de laringe e preside a organização voluntariamente, o que levou a entidade a se aproximar do Hospital de Amor foi a possibilidade de gerar conexão com mais um centro de referência no Brasil, formando assim, uma rede de colaboração que poderá contribuir com desenvolvimento de novos caminhos, gerando novas políticas públicas para atender melhor às necessidades desse público. “Mesmo antes de existir a associação, eu já tinha ouvido sobre a eficiência e a forma humanizada com que o HA trabalha, e sempre tive muita curiosidade de ver isso de perto”.
Segundo o médico cirurgião do departamento de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Renato Capuzzo, que também é integrante da ACBG, é muito importante esse contato com a associação, por conta dos diversos especialistas que atuam em todas as áreas de saúde ligadas a esse perfil de tratamento de câncer na entidade. “A organização busca aumentar a eficiência em todas as etapas do tratamento, principalmente, ligadas ao Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou Capuzzo.
Além da visita, o encontro contou com a apresentação do coral ‘Papo Furado’, formado por pacientes do HA para auxiliar na recuperação e inclusão dos pacientes laringectomizados. O grupo de voluntários também visitou o Hospital São Judas Tadeu (unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso) e a unidade infantojuvenil do HA.
Segundo Melissa, ver o atendimento humanizado e a dedicação aplicada pelos colaboradores da instituição, de maneira integral, reafirma a importância dos valores defendidos por sua associação como algo que deveria ser implantado por todos os centros que realizam esse tipo de trabalho, desde o atendimento médico, até o modo como é feito a captação de recursos. “Existem pacientes que vão para casa e ficam reclusos, ou seja, ficam excluídos do convívio da sociedade. A associação nasceu para mudar isso, criando políticas públicas que incentivam o sistema de saúde nesse processo de reabilitação. Para nós, não existe cura se não houver o essencial: um atendimento que priorize todas as etapas da recuperação. ”
Nova conquista
De acordo com a voluntária, cerca de 350 pessoas serão beneficiadas com novos aparelhos de laringe eletrônica, através da recente conquista do reembolso pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pleiteada pela ACBG. Dentre esse grupo de favorecidos, alguns são pacientes do HA. “Essa visita foi fundamental para identificar o perfil e as necessidades deles. Também, para que haja comprovação junto ao Ministério da Saúde e comprometimento de devolver o aparelho em caso de recuperação ou óbito do paciente”, explicou Melissa.
Segundo informações da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), a laringe eletrônica é um equipamento movido a bateria recarregável, portátil, leve e de fácil utilização. É extremamente importante para os pacientes laringectomizados, pois emite a vibração sonora contínua da voz, permitindo que o indivíduo possa ser ouvido.
Para a gerente de enfermagem do departamento de cabeça e pescoço, Elen Vieira, o encontro entre as duas organizações foi de grande valia, pois o hospital pôde ser reconhecido como um centro de excelentes índices de reabilitação dos pacientes com as próteses fonatórias. “É importante que nossos pacientes estejam associados à ACBG. Para o Hospital de Amor, é uma parceria sem custos e que traz muitos benefícios, favorecendo nosso bem maior: o paciente”, finaliza Elen.
Sobre a ABCG
A ACBG é uma organização não governamental de direito privado, sem fins lucrativos, que trabalha em prol dos pacientes de todo o Brasil, portadores de câncer de cabeça e pescoço, além de apoiar seus familiares. Reconhecida como referência nacional, a organização foi fundada em 2015, através do trabalho do Grupo de Acolhimento a Pacientes de Câncer de Boca e Garganta (GAL). As atividades desenvolvidas pela entidade ocorrem graças a participação de vários voluntários, que trabalham com empenho pela causa.
Referência no tratamento oncológico, o Hospital de Amor realiza, há mais de 20 anos, um trabalho pioneiro de prevenção. Sabendo da importância do diagnóstico precoce do câncer, a instituição desenvolve diversos projetos na tentativa de oferecer um atendimento qualificado e humanizado na realização de exames preventivos à população.
Desde 2017, o Instituto de Prevenção do HA vem realizando um projeto de busca ativa no combate ao câncer bucal, com o objetivo de diagnosticar precocemente a doença e lesões potencialmente malignas, além de levar informações à população sobre o câncer de boca e hábitos nocivos. O trabalho abrange o Departamento Regional de Saúde (DRS V), ou seja, os 18 municípios da região de Barretos (SP).
Através da van odontológica (unidade móvel equipada com cadeira e aparelhos odontológicos), uma equipe de dentistas e enfermeiros do hospital visita as Unidades Básicas de Saúde (UBS), domicílios, indústrias, usinas, áreas rurais, alojamentos e outros locais propícios onde encontram-se os pacientes com fatores de risco: homens e mulheres acima de 40 anos, etilistas (viciados em bebidas alcoólicas) ou tabagistas – que tenham abandonado o hábito em até 20 anos – e pessoas de qualquer idade que apresente lesões orais.
Foi graças ao programa de rastreamento, que o serralheiro Osvaldo Carvalho, de 58 anos, conseguiu diagnosticar a doença e salvar sua vida! O barretense estava em um bar, localizado em um bairro periférico da cidade, quando os profissionais do Hospital de Amor chegaram com a van para iniciar a busca ativa. “ Eu estava em um boteco, comendo uma coxinha, quando a equipe chegou e examinou minha boca. Após fazerem uma análise, eles solicitaram para eu comparecer imediatamente ao Instituto de Prevenção, pois seria necessário fazer uma biópsia. Em dois dias, eu já tinha recebido o atendimento necessário”, contou Osvaldo.
Menos de um mês depois, ele recebeu o resultado de seu exame: foi diagnosticado com câncer na úvula e no assoalho da boca. A partir daí, Osvaldo iniciou seu tratamento na instituição. Fumante desde os 14 anos de idade, foi necessária a utilização de adesivos que auxiliam no tratamento da dependência. Em junho deste ano, o serralheiro realizou a remoção do tumor e passou por sessões de radioterapia. Hoje, o paciente segue em acompanhamento no HA e encontra-se em ótimo estado de saúde. “A agilidade no meu atendimento foi muito importante para iniciar os procedimentos e ter sucesso no meu tratamento”, declarou.
Segundo a dentista e coordenadora do projeto, Kenya Firmino, a expetativa é de que a conscientização aumente para que seja possível diagnosticar precocemente a doença ainda mais, diminuindo suas taxas de mortalidade. “Quando detectado em estágios iniciais, a chance de cura desse tipo de tumor chega a ser maior que 80%. Em estágios avançados, a sobrevida pode ser menor do que 5 anos”, afirmou Kenya.
Câncer de Boca
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados 14.700 novos casos de câncer de boca ainda neste ano, sendo 11.200 em homens e 3.500 em mulheres. Estes tumores são formados por células que se multiplicam rápida e descontroladamente, destruindo órgãos e se espalhando para os linfonodos do pescoço (conhecidos como ínguas), afetando lábios e o interior da cavidade oral. Dentro da boca, é importante observar gengivas, mucosa jugal (bochechas), palato duro (céu da boca) e língua (principalmente as bordas e o assoalho – região de baixo).
Uma das principais causas desse tipo de tumor é o tabagismo. Cigarro, charuto, cachimbo, narguilé e maconha estão diretamente relacionados ao câncer de boca. As bebidas alcoólicas, em especial, as destiladas, quando associadas ao uso do cigarro, podem aumentar em até quatro vezes o risco de se desenvolver a doença. Outras causas estão relacionadas às más condições de higiene bucal, alimentação carente de frutas e verduras frescas, além de fatores genéticos.
Na maioria dos casos, o câncer de boca apresenta-se como uma área endurecida ou uma ferida que sangra, podendo causar dor durante a fala e alimentação. O aumento dos linfonodos no pescoço, dor de ouvido, dor de garganta e dentes amolecidos são outros sinais de alerta.
Hábitos saudáveis, não fumar, não beber, cuidar da higiene bucal e fazer visitas regularmente ao dentista, são atitudes que contribuem para a saúde adequada da boca e, consequentemente, previnem o câncer de boca.
Quem deve fazer o exame de prevenção?
Pessoas com feridas na boca que não cicatrizam há mais de 15 dias, fumantes (ou não fumantes em até 20 anos) e consumidores de bebida alcoólica devem fazer o exame preventivo.
De acordo com o DATASUS, o tabagismo é considerado a maior causa isolada evitável de adoecimento e mortes no mundo. Neste “Dia Nacional de Combate ao Fumo”, o Hospital de Amor traz uma entrevista completa abordando esse assunto com a pneumologista da instituição, Dra. Eliana Lourenço.
Qual a importância de considerarmos o “Dia Nacional de Combate ao Fumo” e qual o objetivo dessa data?
R.: Quando criamos uma discussão sobre esse importante assunto, toda mobilização é válida! Desta forma, conseguimos colocar em foco as consequências, malefícios e doenças que o cigarro pode causar. O objetivo principal dessa data é conscientizar a população sobre os danos que o tabaco pode acarretar na vida e na saúde das pessoas, na tentativa de parar esse consumo tóxico o quanto antes.
Quais os malefícios causados pelo cigarro?
R.: Costumo dizer para os pacientes que o cigarro não tem nenhum componente que faz bem à saúde. Desde do seu papel, até a liberação das substâncias tóxicas, tudo traz prejuízo ao organismo. Para se ter uma ideia, quando uma pessoa inala o cigarro, aproximadamente 5 mil componentes são liberados. Desses, temos a certeza de que 800 causam câncer. Além disso, o calor da fumaça chega até a 800º C e, ao entrar no organismo, queima a mucosa, agredindo-a consideravelmente.
Desde que uma pessoa começa a fumar, quanto tempo ela leva para desenvolver uma doença causada pelo tabaco?
R.: Isso pode variar de um indivíduo para o outro, pois existem pessoas que possuem o organismo mais suscetível para desenvolver doenças do que outras. O que observamos na prática é que elas podem demorar de 10 até 20 anos para se manifestar. É importante entendemos que, a partir do momento que em o cigarro entra no organismo, imediatamente ele já começa a causar alterações perceptíveis, tais como: surgimento de rinite (inflamação na mucosa nasal), espirros e tosses. Já as doenças mais estabelecidas levam de 5 a 10 anos para surgir.
Quais são as doenças mais frequentes causadas por esse vício?
R.: As principais doenças ocasionadas pelo cigarro são as que estão diretamente relacionadas com a fumaça: rinite, bronquite, faringite e várias outras na área da garganta. Sem contar as alterações nas pregas vocais, na voz (onde as pessoas vão ficando roucas), aparecimento de nódulos nessa região, etc.
Existe ainda o aumento da incidência de doenças pulmonares, como o câncer de pulmão, doença pulmonar obstrutiva crônica e enfisemas; e as doenças venosas (já que o cigarro aumenta a viscosidade do sangue), como insuficiência venosa, arterial, aumento das chances de infarto e acidentes vasculares.
No Hospital de Amor, é possível encontrar muitos pacientes que desenvolveram câncer por conta do cigarro?
R.: Em relação aos pacientes atendidos pela equipe de pneumologia do hospital, nós temos uma estimativa de que aproximadamente 90% deles têm uma doença relacionada ao uso do cigarro, seja no passado ou no presente.
Ao inalarmos um cigarro, o que acontece com nosso organismo?
R.: Geralmente, a fumaça entra e as substâncias tóxicas são absorvidas. O grande problema é que existem vários compostos no tabaco, como por exemplo: o tolueno, benzeno, cádmio, níquel, fósforo, arsênio e várias outras substâncias que estão presentes em outros produtos, como: tintas, solventes, chumbo e tíner, que são altamente tóxicos para nosso organismo. Além disso, os gases e metais que compõem o cigarro, entram no organismo causando lesões, alterações nas células, irritações e inflamações, principalmente no trato respiratório. Apesar de serem consumidas doses pequenas, são doses diárias. Quando a célula é agredida, ela se regenera, mas, chega um ponto em que essa regeneração começa a ser defeituosa. Inicia-se a produção de células alteradas e o câncer é desenvolvido.
O fumante passivo também tem grandes chances de desenvolver doenças causadas pelo cigarro?
R.: O fumante passivo (aquele não-fumante que convive com fumantes em ambientes fechados, ficando assim, expostos aos componentes tóxicos) é tão prejudicado quanto o fumante ativo. Ao inalar essa fumaça, ele pode absorver uma quantidade maior do que o próprio fumante. Em alguns casos, dependendo do contato, o fumante passivo absorve 2/3 da carga que está sendo exalada. Por exemplo: se uma pessoa fumar 20 cigarros dentro de um quarto, o não-fumante que está ali tem uma absorção de 15 cigarros. É assustador!
Por que é tão fácil viciar-se no cigarro?
R.: A razão do cigarro ser tão atraente está numa substância chamada “nicotina”. A partir do momento em que a fumaça do tabaco é inalada, ela demora 7 segundos para chegar ao cérebro, e lá ela é absorvida. A explicação é simples: a nicotina chega e se liga aos receptores do cérebro que estão relacionados ao sentimento de prazer. Essa sensação (deliciosa para os fumantes) possui um grau de tolerância, ou seja, vai chegar um momento em que essa mesma quantidade de cigarro não proporciona o mesmo prazer, e aí é necessário aumentar o volume de tabaco. É onde nasce o vício.
Quantos cigarros são necessários para uma pessoa ficar viciada?
R.: Um único cigarro já é suficiente. Dependente muito da vulnerabilidade da pessoa, pois existem aquelas que tendem a se viciar muito rapidamente e outras que fazem isso em um grau menor. Mas, no geral, basta um cigarro.
É possível parar de fumar?
R.: Com certeza é possível parar de fumar, porém, não é uma tarefa fácil. As pessoas com maior nível de dependência, ou seja, as consideradas viciadas, possuem mais dificuldade, pois o prazer que elas sentem com o ato é maior. Quando tiramos a nicotina da rotina das pessoas, elas desenvolvem sintomas de abstinência – assim como acontece com outras drogas: dores de cabeça, suores, febre, tristeza, nervosismo intenso, depressão, entre outros. A dificuldade em parar está na dificuldade em se ver livre daquele círculo vicioso do prazer da nicotina.
É justamente por esse motivo, que consideramos o cigarro como uma das piores drogas que existem, pois, além da dependência da substância, há também a dependência de hábito (aquele prazer oral de colocar o cigarro na boca) e a dependência psicológica (momento que em a pessoa enxerga-o com um bom companheiro). Esses indivíduos veem o cigarro como um apoio, uma válvula de escape e, em uma situação de estresse, elas recorrem a ele como forma de se acalmar.
Existem tratamentos para acabar com esse vício?
R.: Uma das principais formas de tratamento está relacionada à tentativa de evitar esse prazer. Para isso, utilizamos duas medicações que atuam na tentativa de bloquear a ação da nicotina no cérebro, diminuindo ou até evitando a sensação prazerosa. Ao ingerir esses remédios, a pessoa passa a sentir um amargor ao fumar, ajudando na diminuição do consumo. Além disso, existe também uma terapia de reposição: tenta-se oferecer a nicotina em um período inicial (através de adesivos, gomas e pastilhas), para que o paciente não sinta tanta falta do cigarro, até ele ir se libertando do vício.
É claro que esses tratamentos não dão tanto prazer como o uso do cigarro. Isso significa que, mesmo usando as medicações, o fumante acaba passando por alguns sintomas da abstinência. Um tratamento completo é o medicamentoso e o psicológico. No HA, são realizados encontros em grupos para que o paciente veja que não está vivendo aquela fase difícil sozinho e encontre mais força para combater o vício.
Em quanto tempo o paciente começa a sentir os benefícios de largar o cigarro?
R.: Geralmente, em 24 horas, a pessoa já sente a diferença! Ela passa a respirar melhor; em 3 dias, a frequência e a pressão cardíacas já se normalizam; em 1 mês, a coloração da pele melhora e o paladar volta ao normal, aumentando o apetite. Em alguns casos, como a comida fica muito saborosa, a pessoa come mais ou acaba substituindo a ansiedade (antes depositada no uso do cigarro) para a comida. Dessa forma, é comum que essas pessoas engordem, em média, de 5 a 6 kg.
O ‘narguilé’ é tão perigoso quanto o cigarro?
R.: A maioria dos narguilés possui nicotina em sua essência. Consideramos que cada 1 hora de uso do narguilé equivale ao uso de 100 cigarros. O malefício é tão grande que o usuário pode passar mal, ter uma parada cardíaca, entre outras complicações, principalmente os que são muito jovens. Esse é o primeiro contato com a nicotina, ou seja, o cérebro começa a se familiarizar com aquela sensação de prazer e, em um segundo momento, o indivíduo vai procurar por uma dose maior daquele sentimento, acabando no cigarro. Isso sem contar outras questões que devemos levar em consideração: em um grupo, o usuário do narguilé passa o mesmo bocal para outra pessoa e acaba disseminando outras doenças infecciosas transmitidas pela saliva, como herpes, mononucleose (conhecida como a ‘doença do beijo’) e hepatites.
Como médica pneumologista, qual é o recado que você deixa para os fumantes nesta data de conscientização?
R.: O ideal seria nunca ter entrado nesse vício, mas, independente disso, não se deixe abater. Não diga frases como: “Eu já estou fumando há muitos anos. Não adianta parar agora, pois meu organismo não vai se recuperar”. Sabemos que existem compostos do cigarro que demoram até 30 anos para sair do organismo, porém, trata-se de uma dose acumulativa, ou seja, a partir do primeiro momento em que você inala o cigarro, aquela dose vai se acumulando. Independentemente da idade, o ideal é parar de fumar, pois é importante não acumular essas substâncias tóxicas dentro do seu organismo.
A Diretoria Regional de Saúde de Barretos (DRS-V) é a única do Estado de São Paulo em que o diagnóstico do câncer bucal em estadiamento inicial ultrapassa o feito em estadiamento avançado. Isso é o que mostra um boletim da Fundação Oncocentro de São Paulo – FOSP, publicado neste semestre e que analisou os dados do Registro Hospitalar de Câncer do Estado de São Paulo – RHC/SP no período de 2000 a 2020.
O câncer de boca, também conhecido como câncer de lábio e cavidade oral, é um tumor maligno que pode afetar os lábios e/ou as estruturas da boca, como gengivas, bochechas, palato (céu da boca), língua e o assoalho da boca (região embaixo da língua). Por ano, são previstos 15.100 novos casos da doença no Brasil, de acordo com a estimativa para o triênio 2023-2025 do Instituto Nacional de Câncer (INCA), sendo 10.900 em homens e 4.200 em mulheres.
Apesar de ter ido de 5º para 8º lugar entre os tipos de câncer mais prevalentes no país, quando comparado a estimativa anterior, a doença ainda preocupa pela alta taxa de diagnóstico tardio, que reduz consideravelmente as chances de cura, além de tornar necessário a intervenção com tratamentos mais complexos e de alto custo.
Pensando nisso, há 10 anos o Hospital de Amor conta com um programa ativo de rastreamento de câncer de boca, com foco na população de alto risco. Implantado incialmente em toda DRS-V, regional que compreende 18 municípios, incluindo Barretos (SP), cidade que abriga a sede da instituição. O programa possui uma taxa 56,3% de diagnóstico em estadiamento precoce, taxa que é de apenas 26,9% no âmbito nacional de acordo com o INCA e 34,6% no Estado de São Paulo, de acordo com a FOSP.
Só em 2023, o programa foi responsável pela realização de mais de 21 mil exames bucais, onde 806 biópsias foram necessárias, resultando em 223 diagnósticos. De acordo com o coordenador do departamento de odontologia do HA, Dr. Fábio Luiz Coracin, o sucesso desse modelo é composto por diversos fatores, entre eles a parceria e integração sólida entre as atenções primárias, secundárias e terciárias de saúde; e a busca ativa voltada para população de alto risco, que possui resistência ao rastreamento espontâneo.
É importante ressaltar também que a taxa de sobrevida global do câncer de boca possui relação direta com estadiamento clínico do diagnóstico. Ainda de acordo com o boletim da FOSP, a taxa de sobrevida em 5 anos dos pacientes diagnosticados em estádios iniciais é de 57%, enquanto os de pacientes diagnosticados já com a doença avançada é de apenas 21%.
Os dados mostram que o Programa de Rastreamento do Câncer de Boca do Hospital de Amor, responsável por colocar a cidade de Barretos e toda a região como uma exceção em comparação às outras Diretorias Regionais de Saúde, pode servir de exemplo para estratégias mais amplas de prevenção e assistência que unam as estruturas de atenção primária e secundária, sobretudo na saúde pública.
O câncer de boca, também conhecido como câncer de cavidade oral, apesar de altamente prevenível, ainda é um dos 10 mais incidentes no Brasil, de acordo com a estimativa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o triênio 2023-2025, com 15,1 mil novos casos/ano, dos quais 72% em homens. Apesar de ter ido de 5º para 8º lugar, quando comparado a estimativa anterior, a doença preocupa pela alta taxa de diagnóstico tardio, que reduz consideravelmente as chances de cura, além de tornar necessário a intervenção com tratamentos mais complexos e de alto custo.
Este tipo de câncer diz respeito aos tumores que afetam: lábios, gengivas, bochechas (interior), céu da boca e língua; além de amídalas, palato mole e paredes da garganta. E, segundo a Organização Mundial de Saúde, pode ser prevenido com hábitos de vida saudáveis, ampliação do acesso aos serviços de saúde e diagnóstico precoce, visto que os principais fatores de risco são o tabagismo, consumo excessivo de bebida alcoólica, má higiene bucal, exposição à radiação solar (para casos de câncer nos lábios) e prática de sexo oral sem preservativo.
Neste cenário, desde 2014, o Hospital de Amor conta com um programa ativo de rastreamento de câncer de boca, com foco na população de alto risco. Implantado incialmente em toda DRS-V, regional que compreende 18 municípios, incluindo Barretos (SP), cidade que abriga a sede da instituição, o programa possui uma taxa 56,3% de diagnóstico em estadiamento precoce, taxa que é de apenas 26,9% no âmbito nacional de acordo com o INCA.
Só em 2023, foram 21.349 exames bucais realizados, onde 806 biópsias foram necessárias, resultando em 223 diagnósticos. De acordo com o Coordenador do Departamento de Odontologia do HA, Dr. Fábio Luiz Coracin, o sucesso desse modelo é composto por diversos fatores, entre eles a parceria e integração sólida entre as atenções primárias, secundárias e terciárias de saúde; e a busca ativa voltada para população de alto risco, que possui resistência ao rastreamento espontâneo. Além disso, outro ponto de destaque, é o baixo custo, que fica em torno de R$ 10,00 por paciente, considerando a estimativa de hora trabalhada de dois profissionais e material de consumo.
Atualmente, o programa conta com visitas anuais regulares em todos os municípios da DRS-V, além de ações pontuais que visam a ampliação da cobertura e efetividade. A instituição também já deu início à uma expansão do projeto para outras localidades, onde já estão instalados institutos de prevenção do HA, como as cidades de Rio Branco (AC) e Ji-Paraná (RO). A ampliação prevê, ainda, atividades conjuntas ao programa de rastreamento de câncer de pulmão da entidade, já que o público-alvo é semelhante.
Homens e mulheres a partir de 35 anos, que fumam e/ou bebem bebidas alcoólicas com frequência, ou que tenham deixado de fumar em até 20 anos.
– Feridas locais que não cicatrizam em 15 dias, mesmo que não apresentem dor;
– Manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou escuras;
– Caroços no pescoço;
– Dor de ouvido;
– Dificuldade de falar e/ou engolir;
– Dores na boca e/ou pescoço.
Informações: WhatsApp (17) 3321-6626 | Telefone: (17) 3321-6600, ramais 7054, 7050 ou 7037.
Há cinco anos, a Federação Internacional das Sociedades Oncológicas de Cabeça e Pescoço (IFHNOS) e a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) instituíram o dia 27 de julho como o ‘Dia Mundial de Conscientização e Combate ao Câncer de Cabeça e Pescoço’. A partir de então, o mês ficou conhecido como ‘Julho Verde’ – período em que é realizada a campanha nacional de prevenção deste tipo de câncer, visando conscientizar a população sobre a doença, seus principais fatores de risco e formas de preveni-la.
A Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP), por meio de seus associados e parceiros, como a Associação do Câncer de Boca e Garganta (ACBG), trazem em 2019 a campanha: “O câncer tá na cara, mas as vezes você não vê”, que visa alertar a população dos primeiros sinais e sintomas, que possibilitariam um diagnóstico precoce e, em consequência, tratamentos menos agressivos e a maior possibilidade de cura. Neste contexto, o Hospital de Amor (HA) apresenta um papel crucial como instituição de ensino e pesquisa, na divulgação da campanha e nas ações que envolvem a mesma.
De acordo com dados recentes do Instituto Nacional de Câncer (INCA), os cânceres que afetam a região da cabeça e pescoço que, somados, ocupam a segunda maior incidência entre os homens brasileiros. Segundo o cirurgião e vice-coordenador do departamento de cabeça e pescoço do HA, Dr. Ricardo Ribeiro Gama, apesar desse tipo de tumor não ser o mais frequente na população e nem o que apresenta maior índices de morte, ele ainda acomete mais de 500 mil novas pessoas em todo o mundo. Para o médico, o problema é que muitos desses casos são diagnosticados tardiamente, o que prejudica o tratamento e as chances de cura. “A necessidade da campanha nasceu da falta de esclarecimento da população e profissionais da área de saúde sobre a doença. Apesar de ser de fácil acesso o exame clínico, o câncer de boca – o mais comum em nosso meio (em cerca de 70% a 80% das vezes), é diagnosticado em fase avançada, o que acarreta alta mortalidade e graves sequelas relacionadas ao tratamento realizado”, afirma Gama.
Em função do diagnostico tardio, os tumores de cabeça e pescoço, por serem diagnosticados em fase avançada, apresentam altas taxas de mortalidade. Quando um tumor é diagnosticado precocemente, a chance de o paciente sobreviver à doença em cinco anos é de, aproximadamente, 90%. Mas, quando diagnosticado tardiamente, a taxa de sobrevivência cai para algo em torno de 30%, independentemente dos tratamentos realizados com intenção curativa.
Tipos mais comuns
O câncer de cabeça e pescoço compreende um conjunto de neoplasias malignas localizadas em diferentes regiões da via aérea e digestiva superiores, como: boca, faringe, laringe, glândulas salivares, seios da face e cavidade nasal. Dr. Ricardo Gama afirma que os homens são os mais afetados pelos tumores. “Isso acontece pelos hábitos do homem de beber e fumar mais, ter uma qualidade de vida pior e não se preocupar muito em ir ao médico. No entanto, o número de casos em mulheres tem aumentado, devido à maior liberdade do sexo feminino nos tempos atuais”.
Sinais e sintomas
É importante que as pessoas fiquem atentas sobre os sinais e sintomas da doença. Os mais comuns são caroços ou nódulos no pescoço, feridas na boca com mais de 15 dias que não cicatrizam e rouquidão. Muitas vezes, são os profissionais de odontologia que percebem a ocorrência dessas lesões, mas, também é fundamental procurar um médico de sua confiança se perceber qualquer um desses sintomas.
Prevenção
O desenvolvimento desses tumores também está relacionado a hábitos não saudáveis de vida, tais como: consumo exagerado de álcool e tabaco, além de relações sexuais de risco, ou seja, sem uso de preservativos.
Para o médico, a principal forma de se prevenir esse tipo de câncer é não fumar, independente se cigarro de filtro, de palha ou corda, cachimbo, charuto ou narguile, pois todos podem causar câncer na área da cabeça e pescoço. “Outra forma de prevenção é se cuidar com o uso de bebida alcoólica, procurando não ingerir ou, se ingerir, em quantidades pequenas e, de preferência, não diariamente. De forma geral, a pessoa que ingere mais de duas latas ou garrafas pequenas de cerveja por dia; mais de dois cálices de vinho por dia; ou mais de duas doses de destilado vodka, cachaça, conhaque, whisky), já pode ser considerado um consumidor acentuado de álcool”, relatou.
A incorporação de bons hábitos, como a escovação da boca e dental três vezes ao dia, ir ao dentista duas vezes ao ano e alimentação rica em legumes, verduras e frutas, é essencial para a saúde da boca. A vacinação contra o HPV (papilomavírus humano) também previne contra o câncer de garganta na vida, sendo assim, a vacinação deve ocorrer em meninas e meninos, pré-adolescentes, preferencialmente antes da primeira relação sexual.
Formas de tratamento
Quando diagnosticado na fase inicial, o tratamento consiste em cirurgias menos agressivas ou em radioterapia, causando menos problemas de função, como mastigar, sentir o gosto ou cheiro do alimento, engolir, respirar, falar, menor ou nenhuma deformidade no pescoço e face, e menor chance de complicações para a função do pescoço, ombros e braços. Quando diagnosticado em fase avançada, o tratamento consiste em radioterapia e quimioterapia, que podem ser associados a cirurgias agressivas. Estes tratamentos combinados levam a graves sequelas, muitas delas definitivas, causando grande prejuízo estético e funcional na área da cabeça e pescoço.
“É importante lembrar que apesar dos tratamentos agressivos para estes tumores avançados, as chances de curas são pequenas: cerca de 30% em 5 anos após o diagnóstico de um câncer avançado, por mais que o melhor tratamento seja realizado. Por isso, o diagnóstico precoce é muito importante, assim como a conscientização da população sobre a doença, seus sinais e sintomas e de como preveni-la, através de campanhas como o “Julho Verde”, finalizou Gama.
A campanha no Hospital de Amor
Sabendo da importância do diagnóstico precoce, formas de prevenção e manejo do tratamento e de suas complicações a curto, médio e longo prazo, visando melhorias na qualidade de vida do paciente e melhor prognóstico, o departamento de cirurgia de cabeça e pescoço do Hospital de Amor auxilia na divulgação do ‘Julho Verde’.
No dia 31 de julho, profissionais dos setores de cabeça e pescoço, fonoaudiologia, enfermagem, epidemiologia e prevenção da instituição se reunirão para um evento especial, que tem como objetivo divulgar a especialidade e a equipe multidisciplinar que a envolve, além de esclarecer o que trata a Oncologia de Cabeça e Pescoço.
De acordo com o Dr. Ricardo Gama, serão realizadas palestras que abordarão temáticas destinadas para profissionais da área da saúde. “O evento mostrará a importância da equipe multidisciplinar no manejo clínico destes pacientes e enfatizará a epidemiologia, os fatores de risco, diagnóstico, tratamento e o prognóstico de pacientes com os dois tipos mais comuns de tumor da via aerodigestiva superior: o câncer de boca e o de laringe. Nossa intenção é mostrar o que o departamento tem avançado no tratamento e na reabilitação destes pacientes”, declarou.
Além do evento, haverá mobilização no calçadão de Barretos (SP), aos sábados, onde profissionais do hospital estarão falando com a população sobre a doença e oferecendo exames gratuitos de boca. A Unidade Móvel de Prevenção Odontológica do Hospital de Amor, ficará estacionada no calçadão, em datas que serão previamente divulgadas, oferecendo os exames que serão realizados por dentistas.
O Hospital de Amor recebeu a visita da equipe da Associação de Câncer de Boca e Garganta (ACBG) e selou uma parceria que irá beneficiar diversos pacientes da instituição que realizam tratamento de cânceres de cabeça e pescoço. Em julho deste ano, após a campanha apoiada pelo HA, conhecida como “Julho Verde (que visa despertar a conscientização sobre a prevenção do câncer de cabeça e pescoço), surgiu o interesse da equipe da ACBG em conhecer a instituição e trocar experiências com os profissionais do hospital.
De acordo com a presidente da associação, Melissa Ribeiro, que também venceu um câncer de laringe e preside a organização voluntariamente, o que levou a entidade a se aproximar do Hospital de Amor foi a possibilidade de gerar conexão com mais um centro de referência no Brasil, formando assim, uma rede de colaboração que poderá contribuir com desenvolvimento de novos caminhos, gerando novas políticas públicas para atender melhor às necessidades desse público. “Mesmo antes de existir a associação, eu já tinha ouvido sobre a eficiência e a forma humanizada com que o HA trabalha, e sempre tive muita curiosidade de ver isso de perto”.
Segundo o médico cirurgião do departamento de cabeça e pescoço do Hospital de Amor, Dr. Renato Capuzzo, que também é integrante da ACBG, é muito importante esse contato com a associação, por conta dos diversos especialistas que atuam em todas as áreas de saúde ligadas a esse perfil de tratamento de câncer na entidade. “A organização busca aumentar a eficiência em todas as etapas do tratamento, principalmente, ligadas ao Sistema Único de Saúde (SUS)”, afirmou Capuzzo.
Além da visita, o encontro contou com a apresentação do coral ‘Papo Furado’, formado por pacientes do HA para auxiliar na recuperação e inclusão dos pacientes laringectomizados. O grupo de voluntários também visitou o Hospital São Judas Tadeu (unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso) e a unidade infantojuvenil do HA.
Segundo Melissa, ver o atendimento humanizado e a dedicação aplicada pelos colaboradores da instituição, de maneira integral, reafirma a importância dos valores defendidos por sua associação como algo que deveria ser implantado por todos os centros que realizam esse tipo de trabalho, desde o atendimento médico, até o modo como é feito a captação de recursos. “Existem pacientes que vão para casa e ficam reclusos, ou seja, ficam excluídos do convívio da sociedade. A associação nasceu para mudar isso, criando políticas públicas que incentivam o sistema de saúde nesse processo de reabilitação. Para nós, não existe cura se não houver o essencial: um atendimento que priorize todas as etapas da recuperação. ”
Nova conquista
De acordo com a voluntária, cerca de 350 pessoas serão beneficiadas com novos aparelhos de laringe eletrônica, através da recente conquista do reembolso pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pleiteada pela ACBG. Dentre esse grupo de favorecidos, alguns são pacientes do HA. “Essa visita foi fundamental para identificar o perfil e as necessidades deles. Também, para que haja comprovação junto ao Ministério da Saúde e comprometimento de devolver o aparelho em caso de recuperação ou óbito do paciente”, explicou Melissa.
Segundo informações da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), a laringe eletrônica é um equipamento movido a bateria recarregável, portátil, leve e de fácil utilização. É extremamente importante para os pacientes laringectomizados, pois emite a vibração sonora contínua da voz, permitindo que o indivíduo possa ser ouvido.
Para a gerente de enfermagem do departamento de cabeça e pescoço, Elen Vieira, o encontro entre as duas organizações foi de grande valia, pois o hospital pôde ser reconhecido como um centro de excelentes índices de reabilitação dos pacientes com as próteses fonatórias. “É importante que nossos pacientes estejam associados à ACBG. Para o Hospital de Amor, é uma parceria sem custos e que traz muitos benefícios, favorecendo nosso bem maior: o paciente”, finaliza Elen.
Sobre a ABCG
A ACBG é uma organização não governamental de direito privado, sem fins lucrativos, que trabalha em prol dos pacientes de todo o Brasil, portadores de câncer de cabeça e pescoço, além de apoiar seus familiares. Reconhecida como referência nacional, a organização foi fundada em 2015, através do trabalho do Grupo de Acolhimento a Pacientes de Câncer de Boca e Garganta (GAL). As atividades desenvolvidas pela entidade ocorrem graças a participação de vários voluntários, que trabalham com empenho pela causa.
Referência no tratamento oncológico, o Hospital de Amor realiza, há mais de 20 anos, um trabalho pioneiro de prevenção. Sabendo da importância do diagnóstico precoce do câncer, a instituição desenvolve diversos projetos na tentativa de oferecer um atendimento qualificado e humanizado na realização de exames preventivos à população.
Desde 2017, o Instituto de Prevenção do HA vem realizando um projeto de busca ativa no combate ao câncer bucal, com o objetivo de diagnosticar precocemente a doença e lesões potencialmente malignas, além de levar informações à população sobre o câncer de boca e hábitos nocivos. O trabalho abrange o Departamento Regional de Saúde (DRS V), ou seja, os 18 municípios da região de Barretos (SP).
Através da van odontológica (unidade móvel equipada com cadeira e aparelhos odontológicos), uma equipe de dentistas e enfermeiros do hospital visita as Unidades Básicas de Saúde (UBS), domicílios, indústrias, usinas, áreas rurais, alojamentos e outros locais propícios onde encontram-se os pacientes com fatores de risco: homens e mulheres acima de 40 anos, etilistas (viciados em bebidas alcoólicas) ou tabagistas – que tenham abandonado o hábito em até 20 anos – e pessoas de qualquer idade que apresente lesões orais.
Foi graças ao programa de rastreamento, que o serralheiro Osvaldo Carvalho, de 58 anos, conseguiu diagnosticar a doença e salvar sua vida! O barretense estava em um bar, localizado em um bairro periférico da cidade, quando os profissionais do Hospital de Amor chegaram com a van para iniciar a busca ativa. “ Eu estava em um boteco, comendo uma coxinha, quando a equipe chegou e examinou minha boca. Após fazerem uma análise, eles solicitaram para eu comparecer imediatamente ao Instituto de Prevenção, pois seria necessário fazer uma biópsia. Em dois dias, eu já tinha recebido o atendimento necessário”, contou Osvaldo.
Menos de um mês depois, ele recebeu o resultado de seu exame: foi diagnosticado com câncer na úvula e no assoalho da boca. A partir daí, Osvaldo iniciou seu tratamento na instituição. Fumante desde os 14 anos de idade, foi necessária a utilização de adesivos que auxiliam no tratamento da dependência. Em junho deste ano, o serralheiro realizou a remoção do tumor e passou por sessões de radioterapia. Hoje, o paciente segue em acompanhamento no HA e encontra-se em ótimo estado de saúde. “A agilidade no meu atendimento foi muito importante para iniciar os procedimentos e ter sucesso no meu tratamento”, declarou.
Segundo a dentista e coordenadora do projeto, Kenya Firmino, a expetativa é de que a conscientização aumente para que seja possível diagnosticar precocemente a doença ainda mais, diminuindo suas taxas de mortalidade. “Quando detectado em estágios iniciais, a chance de cura desse tipo de tumor chega a ser maior que 80%. Em estágios avançados, a sobrevida pode ser menor do que 5 anos”, afirmou Kenya.
Câncer de Boca
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados 14.700 novos casos de câncer de boca ainda neste ano, sendo 11.200 em homens e 3.500 em mulheres. Estes tumores são formados por células que se multiplicam rápida e descontroladamente, destruindo órgãos e se espalhando para os linfonodos do pescoço (conhecidos como ínguas), afetando lábios e o interior da cavidade oral. Dentro da boca, é importante observar gengivas, mucosa jugal (bochechas), palato duro (céu da boca) e língua (principalmente as bordas e o assoalho – região de baixo).
Uma das principais causas desse tipo de tumor é o tabagismo. Cigarro, charuto, cachimbo, narguilé e maconha estão diretamente relacionados ao câncer de boca. As bebidas alcoólicas, em especial, as destiladas, quando associadas ao uso do cigarro, podem aumentar em até quatro vezes o risco de se desenvolver a doença. Outras causas estão relacionadas às más condições de higiene bucal, alimentação carente de frutas e verduras frescas, além de fatores genéticos.
Na maioria dos casos, o câncer de boca apresenta-se como uma área endurecida ou uma ferida que sangra, podendo causar dor durante a fala e alimentação. O aumento dos linfonodos no pescoço, dor de ouvido, dor de garganta e dentes amolecidos são outros sinais de alerta.
Hábitos saudáveis, não fumar, não beber, cuidar da higiene bucal e fazer visitas regularmente ao dentista, são atitudes que contribuem para a saúde adequada da boca e, consequentemente, previnem o câncer de boca.
Quem deve fazer o exame de prevenção?
Pessoas com feridas na boca que não cicatrizam há mais de 15 dias, fumantes (ou não fumantes em até 20 anos) e consumidores de bebida alcoólica devem fazer o exame preventivo.
De acordo com o DATASUS, o tabagismo é considerado a maior causa isolada evitável de adoecimento e mortes no mundo. Neste “Dia Nacional de Combate ao Fumo”, o Hospital de Amor traz uma entrevista completa abordando esse assunto com a pneumologista da instituição, Dra. Eliana Lourenço.
Qual a importância de considerarmos o “Dia Nacional de Combate ao Fumo” e qual o objetivo dessa data?
R.: Quando criamos uma discussão sobre esse importante assunto, toda mobilização é válida! Desta forma, conseguimos colocar em foco as consequências, malefícios e doenças que o cigarro pode causar. O objetivo principal dessa data é conscientizar a população sobre os danos que o tabaco pode acarretar na vida e na saúde das pessoas, na tentativa de parar esse consumo tóxico o quanto antes.
Quais os malefícios causados pelo cigarro?
R.: Costumo dizer para os pacientes que o cigarro não tem nenhum componente que faz bem à saúde. Desde do seu papel, até a liberação das substâncias tóxicas, tudo traz prejuízo ao organismo. Para se ter uma ideia, quando uma pessoa inala o cigarro, aproximadamente 5 mil componentes são liberados. Desses, temos a certeza de que 800 causam câncer. Além disso, o calor da fumaça chega até a 800º C e, ao entrar no organismo, queima a mucosa, agredindo-a consideravelmente.
Desde que uma pessoa começa a fumar, quanto tempo ela leva para desenvolver uma doença causada pelo tabaco?
R.: Isso pode variar de um indivíduo para o outro, pois existem pessoas que possuem o organismo mais suscetível para desenvolver doenças do que outras. O que observamos na prática é que elas podem demorar de 10 até 20 anos para se manifestar. É importante entendemos que, a partir do momento que em o cigarro entra no organismo, imediatamente ele já começa a causar alterações perceptíveis, tais como: surgimento de rinite (inflamação na mucosa nasal), espirros e tosses. Já as doenças mais estabelecidas levam de 5 a 10 anos para surgir.
Quais são as doenças mais frequentes causadas por esse vício?
R.: As principais doenças ocasionadas pelo cigarro são as que estão diretamente relacionadas com a fumaça: rinite, bronquite, faringite e várias outras na área da garganta. Sem contar as alterações nas pregas vocais, na voz (onde as pessoas vão ficando roucas), aparecimento de nódulos nessa região, etc.
Existe ainda o aumento da incidência de doenças pulmonares, como o câncer de pulmão, doença pulmonar obstrutiva crônica e enfisemas; e as doenças venosas (já que o cigarro aumenta a viscosidade do sangue), como insuficiência venosa, arterial, aumento das chances de infarto e acidentes vasculares.
No Hospital de Amor, é possível encontrar muitos pacientes que desenvolveram câncer por conta do cigarro?
R.: Em relação aos pacientes atendidos pela equipe de pneumologia do hospital, nós temos uma estimativa de que aproximadamente 90% deles têm uma doença relacionada ao uso do cigarro, seja no passado ou no presente.
Ao inalarmos um cigarro, o que acontece com nosso organismo?
R.: Geralmente, a fumaça entra e as substâncias tóxicas são absorvidas. O grande problema é que existem vários compostos no tabaco, como por exemplo: o tolueno, benzeno, cádmio, níquel, fósforo, arsênio e várias outras substâncias que estão presentes em outros produtos, como: tintas, solventes, chumbo e tíner, que são altamente tóxicos para nosso organismo. Além disso, os gases e metais que compõem o cigarro, entram no organismo causando lesões, alterações nas células, irritações e inflamações, principalmente no trato respiratório. Apesar de serem consumidas doses pequenas, são doses diárias. Quando a célula é agredida, ela se regenera, mas, chega um ponto em que essa regeneração começa a ser defeituosa. Inicia-se a produção de células alteradas e o câncer é desenvolvido.
O fumante passivo também tem grandes chances de desenvolver doenças causadas pelo cigarro?
R.: O fumante passivo (aquele não-fumante que convive com fumantes em ambientes fechados, ficando assim, expostos aos componentes tóxicos) é tão prejudicado quanto o fumante ativo. Ao inalar essa fumaça, ele pode absorver uma quantidade maior do que o próprio fumante. Em alguns casos, dependendo do contato, o fumante passivo absorve 2/3 da carga que está sendo exalada. Por exemplo: se uma pessoa fumar 20 cigarros dentro de um quarto, o não-fumante que está ali tem uma absorção de 15 cigarros. É assustador!
Por que é tão fácil viciar-se no cigarro?
R.: A razão do cigarro ser tão atraente está numa substância chamada “nicotina”. A partir do momento em que a fumaça do tabaco é inalada, ela demora 7 segundos para chegar ao cérebro, e lá ela é absorvida. A explicação é simples: a nicotina chega e se liga aos receptores do cérebro que estão relacionados ao sentimento de prazer. Essa sensação (deliciosa para os fumantes) possui um grau de tolerância, ou seja, vai chegar um momento em que essa mesma quantidade de cigarro não proporciona o mesmo prazer, e aí é necessário aumentar o volume de tabaco. É onde nasce o vício.
Quantos cigarros são necessários para uma pessoa ficar viciada?
R.: Um único cigarro já é suficiente. Dependente muito da vulnerabilidade da pessoa, pois existem aquelas que tendem a se viciar muito rapidamente e outras que fazem isso em um grau menor. Mas, no geral, basta um cigarro.
É possível parar de fumar?
R.: Com certeza é possível parar de fumar, porém, não é uma tarefa fácil. As pessoas com maior nível de dependência, ou seja, as consideradas viciadas, possuem mais dificuldade, pois o prazer que elas sentem com o ato é maior. Quando tiramos a nicotina da rotina das pessoas, elas desenvolvem sintomas de abstinência – assim como acontece com outras drogas: dores de cabeça, suores, febre, tristeza, nervosismo intenso, depressão, entre outros. A dificuldade em parar está na dificuldade em se ver livre daquele círculo vicioso do prazer da nicotina.
É justamente por esse motivo, que consideramos o cigarro como uma das piores drogas que existem, pois, além da dependência da substância, há também a dependência de hábito (aquele prazer oral de colocar o cigarro na boca) e a dependência psicológica (momento que em a pessoa enxerga-o com um bom companheiro). Esses indivíduos veem o cigarro como um apoio, uma válvula de escape e, em uma situação de estresse, elas recorrem a ele como forma de se acalmar.
Existem tratamentos para acabar com esse vício?
R.: Uma das principais formas de tratamento está relacionada à tentativa de evitar esse prazer. Para isso, utilizamos duas medicações que atuam na tentativa de bloquear a ação da nicotina no cérebro, diminuindo ou até evitando a sensação prazerosa. Ao ingerir esses remédios, a pessoa passa a sentir um amargor ao fumar, ajudando na diminuição do consumo. Além disso, existe também uma terapia de reposição: tenta-se oferecer a nicotina em um período inicial (através de adesivos, gomas e pastilhas), para que o paciente não sinta tanta falta do cigarro, até ele ir se libertando do vício.
É claro que esses tratamentos não dão tanto prazer como o uso do cigarro. Isso significa que, mesmo usando as medicações, o fumante acaba passando por alguns sintomas da abstinência. Um tratamento completo é o medicamentoso e o psicológico. No HA, são realizados encontros em grupos para que o paciente veja que não está vivendo aquela fase difícil sozinho e encontre mais força para combater o vício.
Em quanto tempo o paciente começa a sentir os benefícios de largar o cigarro?
R.: Geralmente, em 24 horas, a pessoa já sente a diferença! Ela passa a respirar melhor; em 3 dias, a frequência e a pressão cardíacas já se normalizam; em 1 mês, a coloração da pele melhora e o paladar volta ao normal, aumentando o apetite. Em alguns casos, como a comida fica muito saborosa, a pessoa come mais ou acaba substituindo a ansiedade (antes depositada no uso do cigarro) para a comida. Dessa forma, é comum que essas pessoas engordem, em média, de 5 a 6 kg.
O ‘narguilé’ é tão perigoso quanto o cigarro?
R.: A maioria dos narguilés possui nicotina em sua essência. Consideramos que cada 1 hora de uso do narguilé equivale ao uso de 100 cigarros. O malefício é tão grande que o usuário pode passar mal, ter uma parada cardíaca, entre outras complicações, principalmente os que são muito jovens. Esse é o primeiro contato com a nicotina, ou seja, o cérebro começa a se familiarizar com aquela sensação de prazer e, em um segundo momento, o indivíduo vai procurar por uma dose maior daquele sentimento, acabando no cigarro. Isso sem contar outras questões que devemos levar em consideração: em um grupo, o usuário do narguilé passa o mesmo bocal para outra pessoa e acaba disseminando outras doenças infecciosas transmitidas pela saliva, como herpes, mononucleose (conhecida como a ‘doença do beijo’) e hepatites.
Como médica pneumologista, qual é o recado que você deixa para os fumantes nesta data de conscientização?
R.: O ideal seria nunca ter entrado nesse vício, mas, independente disso, não se deixe abater. Não diga frases como: “Eu já estou fumando há muitos anos. Não adianta parar agora, pois meu organismo não vai se recuperar”. Sabemos que existem compostos do cigarro que demoram até 30 anos para sair do organismo, porém, trata-se de uma dose acumulativa, ou seja, a partir do primeiro momento em que você inala o cigarro, aquela dose vai se acumulando. Independentemente da idade, o ideal é parar de fumar, pois é importante não acumular essas substâncias tóxicas dentro do seu organismo.