Muito além de oferecer um tratamento de excelência, com tecnologia de ponta e uma filosofia pautada pelo amor, o Hospital de Amor realiza sonhos! Isso é visível em cada canto, cada departamento, cada atendimento concedido dentro da instituição, e no Hospital São Judas Tadeu – a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do HA – isso tudo transcende!
O empresário mineiro, Aristonides Ferreira Júnior, de Araxá (MG), uniu duas paixões para colocar em prática um desejo que sempre existiu em seu coração: fazer algo especial, por meio da culinária, aos pacientes do hospital. Foi aí que surgiu, em 2022, o projeto “Gastronomia do Amor” – com objetivo de levar momentos de lazer, alegria e satisfação aos pacientes e acompanhantes que estão internados ali (na unidade de cuidados paliativos), gerando lembranças especiais de vida.
“Sempre gostei de cozinhar e eu queria oferecer algo diferente para os pacientes do Hospital São Judas Tadeu. Fui estudar gastronomia para poder aprender sobre contaminação, preparos, combinação de alimentos, etc. Durante esse período, conversei diversas vezes com a equipe da unidade para saber como poderíamos realizar esse sonho – que era meu e também dos profissionais do hospital. E assim juntos fomos dando vida ao Gastronomia do Amor”, afirmou Junior.
O amor pela culinária e o dom para criar cardápios nutritivos e extremamente saborosos, foram importantes neste processo, mas Junior confessa que a motivação maior foi outra. ”Ver a satisfação e a alegria dos pacientes sempre foram as minhas motivações. Gosto de oferecer o melhor a eles. Escolho duas proteínas (peixe e carne) e vou criando as combinações”, contou.
Mensalmente, o chefe de cozinha, sua esposa Elita, se unem aos profissionais da instituição para promover os jantares. O resultado? Comidas deliciosas, organização impecável, música boa e um clima super aconchegante, tudo preparado com muito carinho.
O amor é o melhor medicamento que pode existir!
De acordo com a gerente de enfermagem do Hospital São Judas Tadeu, Verônica Faustino, o projeto é a concretização de um sonho antigo da instituição, que busca realizar desejos, controlar contextos familiares, cuidar de dores de todos os pacientes.
“Dentro dos cuidados paliativos, a nossa missão é incluir cada um dos pacientes. Enquanto existir vida, é preciso existir qualidade de vida. E com base nisso, poder proporcionar esses momentos de interação nos jantares é muito gratificante! Os nossos pacientes recebem os convites e eles esperam ansiosos por esses encontros. Muitos deles vivem isso – de se sentar com a família na mesa para uma refeição especial – pela primeira vez. A felicidade deles neste dia é tão grande, que eles não sentem dor e nem medo, eles sentem alegria. Esse projeto é a prova de que o amor é o melhor medicamento que pode existir!” declarou Verônica.
A última edição do “Gastronomia do Amor” foi destinada aos pacientes do Hospital São Judas Tadeu que estão em visita domiciliar, ou seja, que recebem atendimento em suas próprias casas, em Barretos (SP). “Antes, o Junior era um homem determinado em realizar seu sonho de cozinhar no Hospital de Amor. Hoje, o Junior é um homem grato a Deus e ao HA, por ter mais um sonho realizado”, finaliza o chef de cozinha.
Mais uma edição que marcou a vida dos nossos pacientes, nos encheu de emoção e deixou o nosso coração bem quentinho!
Com o intuito de promover reflexões sobre a temática dos cuidados paliativos e da morte, além de desmistificar os tabus desses assuntos existentes na sociedade, o Núcleo de Educação em Câncer (NEC) do Hospital de Amor – que tem o ensino como um dos seus pilares – em parceria com o Hospital São Judas Tadeu (a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso), realizaram o 7º “Festival Cuidar”.
O evento, que foi encerrado no último dia 30 de junho e aconteceu de maneira totalmente virtual, respeitando as normas de segurança, contou com a participação de 205 estudantes, 50 professores e 10 coordenadores do Ensino Fundamental II e Ensino Médio das redes escolares pública e privada de Barretos e região. “Diante da realidade que estamos vivendo, trabalhar esse tema com adolescentes nas escolas públicas é uma oportunidade ímpar”, afirmou o coordenador do NEC, Gerson Vieira.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o termo Cuidados Paliativos é definido como a abordagem que promove qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, que requer a avaliação e identificação precoce para o tratamento impecável da dor e de outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual.
Mesmo com a necessidade da realização em formato digital, a edição foi completa:
• 1ª fase: os estudantes responderam um quiz com 30 questões sobre o tema, divido em três níveis (básico, intermediário e avançado).
• 2ª fase: os estudantes elaboraram vídeos, apresentando o tema de maneira científica, com base no que aprenderam com as questões do quiz e com o material de apoio disponível no ambiente virtual de aprendizagem.
As produções passaram por uma banca avaliadora composta por pesquisadores e especialistas da instituição. De acordo com o diretor de extensão do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do HA, Dr. Vinicius Vazquez, o Festival Cuidar é um momento importante para ensinar e partilhar empatia entre os jovens estudantes, e abrir os olhos sobre o adoecer e o morrer. “Com certeza, o evento é uma oportunidade muito rica e gratificante para todos os participantes”, declarou.
Vencedores
As escolas com equipes vencedoras foram: 1º lugar – E.E. Profª Paulina Nunes de Moraes; 2º lugar – E.M Profº Giuseppe Carmíneo; e 3º lugar – E.E.E.I. Profª Dalva Lellis Garcia Prado. “Foram três escolas premiadas, mas todos ganharam, principalmente a comunidade de Barretos (SP) e região. Tenho certeza de que a mensagem que gostaríamos de passar foi entendida por todos que participaram!”, finalizou o médico paliativista do Hospital São Judas Tadeu, Dr. Luís Fernando Rodrigues.
Os três primeiros colocados foram presenteados com troféu, certificado de participação, ecobag do HA, canetas e um boné. Todos os outros participantes também ganharam certificado.
Confira os vídeos produzidos pelos três vencedores do Festival Cuidar:
“Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você. E não há nada pra comparar, para poder lhe explicar, como é grande o meu amor por você”. Foi com essa linda e clássica canção, composta em 1967 pelo ‘rei’ Roberto Carlos e considerada uma das maiores declarações de amor da música brasileira, que o paciente do Hospital São Judas Tadeu (a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do Hospital de Amor) Anderson Roberto dos Santos esperou sua amada, Amanda Fortuna Lima dos Santos, para o tão sonhado ‘sim’. A tradicional marcha nupcial marcou a entrada da noiva, e o sentimento mais puro e sincero do mundo, o amor, marcou o encontro desses dois corações.
Juntos há mais de 10 anos, porém, sem nunca terem oficializado o matrimônio em uma cerimônia religiosa, os dois viveram momentos de felicidade e muito romantismo no último dia 5 de março. Ao saber do desejo do casal, a equipe multidisciplinar do hospital logo começou a organizar os preparativos, contatar os parceiros e, em apenas cinco dias, estava tudo pronto! “Essa festa foi a realização de um sonho, não apenas para o casal, mas para nós também. Quando eles nos contaram sobre esse desejo, nós fizemos de tudo para que fosse realizado da maneira mais linda e inesquecível possível para eles”, explicou a assistente social da unidade, Desiane Pereira.
E como o casamento é uma aliança feita por Deus, nada melhor do que escolher um celebrante especial para firmar esse compromisso e conduzir as trocas de votos. De acordo com o pastor da Comunidade Cristã de Barretos, Gery Leves, um casamento perfeito é construído com obstáculos e vivido em cima de 3 pilares: paixão, amor e Deus. “É preciso cultivar a presença de Deus e convidá-lo para fazer parte do casamento, sem nunca se esquecer de que o amor tudo crê, tudo suporta, tudo supera. Só o amor constrói e torna possível aquilo que não é possível”.
Com essas sábias palavras, os noivos trocaram as alianças e selaram esse momento com um beijo cheio de afeto e esperança. Foi impossível não se emocionar! Ao deixarem a celebração ao som da música “Fascinação”, entoada no violino pelo musicoterapeuta do hospital, o paciente não conteve as lágrimas. “Isso aqui é um sonho e uma vitória para mim”, declarou.
Após a cerimônia, os noivos foram presenteados com uma deliciosa festa repleta de quitutes, música boa e convidados pra lá de especiais, entre eles seus familiares, pacientes da unidade, acompanhantes e colaboradores do Hospital São Judas Tadeu, todos reunidos para comemorar o Amor.
Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença
“Foi amor à primeira vista”, contou o ex-bombeiro civil, de 45 anos, ao relembrar o momento em que conheceu Amanda, de 38. Os dois moravam na cidade de São Paulo e, por conta da rotina agitada e da vida corrida, decidiram deixar a cerimônia para segundo plano. Nesses anos juntos, ele até chegou a pedir a mão dela em casamento, mas o planejamento nunca saiu do papel. “Hoje, após passarmos por tantos desafios e descobrirmos a doença do Anderson, aprendemos uma coisa: a gente nunca tem tempo. Então, quando quisermos fazer alguma coisa, realizar algum desejo, tem que ser agora, tem que ser hoje”, afirmou Amanda.
Ao descobrir um câncer no rim, com metástase no sistema nervoso central e no pulmão, Anderson precisou mudar-se para o interior do estado e iniciar o tratamento no Hospital de Amor Barretos, posteriormente, na unidade de cuidados paliativos. Amanda, sua companheira, deixou tudo para traz e, cheia de fé, trouxe apenas o essencial para que os dois enfrentassem mais essa batalha juntos: amor.
“Nós ‘empurramos’ esse momento com a barriga e eu cheguei a pensar que esse dia nunca existiria, mas hoje nós estamos vivendo um sonho. Estar aqui me casando com a mulher da minha vida, conseguir andar para recebê-la e receber as bênçãos de Deus, é uma conquista inesquecível. Desejo que esse dia nunca termine”, finalizou Anderson.
Cozinhar é uma arte que envolve talento, disciplina e, principalmente, muito amor. Poder reunir amigos queridos e familiares à mesa e servir uma deliciosa refeição é um momento muito especial. Foi isso que o paciente Pedro Bartholo Nery, 55 anos, fez na última quinta-feira, 20 de fevereiro, no IRCAD América Latina – centro de treinamento que faz parte do complexo do Hospital de Amor, em Barretos (SP).
Nery, que é consultor de orçamento, iniciou tratamento no HA em agosto de 2019, quando foi diagnosticado com um tumor no intestino. Desde então, ele enfrenta uma das suas mais difíceis batalhas: a luta contra o câncer. Muito simpático e bom de papo, ele começou seu tratamento paliativo no Hospital São Judas Tadeu (a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do HA) na segunda quinzena de fevereiro deste ano, após ser diagnosticado com metástase no pulmão. E foi durante um de seus papos descontraídos com a equipe da unidade que Nery foi questionado sobre qual seria o seu maior sonho e o que ele gostaria de fazer. Sem titubear, o paciente disse que desejava entrar em uma cozinha e comandar uma equipe de cozinheiros. “A minha paixão é a gastronomia, embora eu nunca tenha feito faculdade, eu nasci com esse dom. E não sou eu quem falo, não. Os meus amigos chefs sempre me pedem conselhos”, afirmou ele, que comandou um Pub, quando tinha 21 anos, em Brasília (DF).
Enquanto pedia alimentos específicos e dava atribuições, a ansiedade de Nery era visível. A alegria dele em poder cozinhar novamente também foi motivo de felicidade para todos os envolvidos nessa ação especial, dentre eles, as cozinheiras do IRCAD e a equipe multiprofissional do HA. Segundo a enfermeira do Hospital São Judas Tadeu, Nayara Silva, foi muito gratificante ver a animação e o brilho nos olhos do paciente. “Em nossa unidade, nós sempre promovemos eventos que visam proporcionar bem-estar tantos dos pacientes, quanto dos acompanhantes”, relatou a profissional, que acompanhou esse momento e ficou à disposição de Nery durante toda o evento, auxiliando o paciente sempre que necessário.
Já que Pedro Nery acredita que para haver uma boa comida é necessário contar com uma ótima equipe, é claro que não podiam faltar importantes escudeiras. Devido à fragilidade do paciente, em decorrência do tratamento, o ‘chef do dia’ contou com a ajuda das cozinheiras do IRCAD, Divina Ferreira, Gessica Burgheti e Sandra Gomes, que trabalharam com todo carinho e dedicação. Afinal, todos estavam reunidos com o mesmo propósito: celebrar a vida. “Poder auxiliar um paciente que deseja cozinhar é gratificante. Nem sempre podemos ajudar todos, mas fico muito contente. Para mim, hoje é um dia de muita satisfação”, contou com os olhos marejados a simpática Divina, cozinheira que comanda a cozinha do IRCAD há nove anos.
Um amor que tempera a vida
Casada oficialmente com Nery há dois anos, Silvia Souto mostra toda orgulhosa as fotos dos pratos preparados pelo marido. “Em casa, ele é o chef. O Pedro domina massas, doces, comida oriental e panificação em geral. Sempre que viajamos e quando pode, ele faz questão de pescar o alimento e preparar a refeição na hora. Tudo sempre muito fresco e feito com muito carinho. Nós temos cinco filhos lindos, dos nossos primeiros relacionamentos, mas eu sei que nós somos uma família muito unida. E tudo isso que enfrentamos nos fortalece ainda mais”, explicou a esposa, que aproveitou para tirar várias fotos enquanto o marido comandava a cozinha.
Silvia relatou já ter ouvido falar sobre o HA anteriormente, mas quando chegou na unidade e viu todo o tratamento que é oferecido, não restou outra alternativa além de admirar o trabalho realizado na instituição. “Aqui, em Barretos, eu me encantei. Em cada profissional, em cada gesto, só consigo ver carinho e amor. Ao ver o trabalho das pessoas do Hospital de Amor, eu voltei a acreditar na humanidade. A gente vê tanta notícia ruim, mas aqui no hospital eu aprendi a acreditar na bondade do ser humano novamente. Só posso agradecer por tudo que vocês fazem por nós”, disse emocionada.
Quando questionado sobre qual chef ele mais admira, Nery afirma gostar do chef Érick Jacquin, devido à vontade dele de valorizar ainda mais a cozinha tradicional. Ele também demonstra empolgação ao falar do lançamento do seu livro, cujo conteúdo terá 100 receitas autorais.
Após todo o cuidadoso preparo dos alimentos, o almoço especial foi servido para ele, sua esposa e para toda a equipe de profissionais que cuida dele no Hospital São Judas Tadeu, dentre eles: médico, assistente social, enfermeiras, fisioterapeutas e todos aqueles que ganharam a admiração do casal de Brasília, que proporcionou um momento lindo, dando mais sabor à vida. Com muito afeto e gentileza de todos, a refeição foi selada com um emocionante brinde: “Eu quero fazer um brinde à humanidade, porque nós somos seres humanos e, em um momento de dor e sofrimento, é disso que precisamos. Tenho a certeza de que esse momento valeu muito mais do que qualquer remédio que eu já tomei no hospital. Por isso, um brinde à humanidade“, finalizou ele, emocionado.
E como toda bela amizade, grande amor e deliciosa refeição, os preciosos momentos também são eternizados nas memórias, assim como afirma a jornalista e também paciente paliativa, Ana Michelle Soares: “se tem um jeito de a gente ser eterno, é vivendo nas pessoas”.
Receita que foi servida durante o almoço:
Linguiça embriagada do chef Nery
Ingredientes
– 1/2 quilo de linguiça fresca, fina e pura de porco;
– 4 colheres de sopa de mel;
– 1 copo de cerveja tipo pilsen;
– 1 dose de pinga, conhaque ou whisky;
– Salsa ou coentro fresco, bem picadinho.
Modo de fazer
Corte a linguiça em pedaços de 1,5 cm. Aqueça bem a frigideira e coloque o azeite de oliva e a linguiça. Quando a linguiça começar a dourar, abaixe o fogo e deixe criar o caldo (por isso é importante a linguiça ser fresca, já que o objetivo é formar bastante caldo, que é fundamental para a receita dar certo).
Quando houver bastante ‘caldo’, coloque o mel e abaixe o fogo, deixando caramelizar o mel com o caldo no fundo. Mexa um pouco, isso ajudará durante o processo.
Assim que estiver bem caramelizado (lembre-se: caramelizado não é carbonizado, não deixe queimar, mas sim ficar na cor ferrugem, bem escura). Feita a caramelização corretamente, coloque a cerveja de uma vez, desmanchando o caramelo e formando um caldo bonito, na cor marrom. Deixe o caldo reduzir até engrossar, como a espessura do mel ou um pouco mais grosso.
Nesse momento exato, jogue a pinga ou a bebida que escolheu e flambe. Use o seu método.
No momento em que o flambado se apagar, passe a linguiça para a tigela em que vai servir. Decore com a erva picada que você escolheu. Bom apetite!
Viver o processo de alguma perda torna-se menos difícil quando é possível encontrar apoio e conforto. O luto é o tempo necessário para a mente entender o sentimento de perda que o coração já sente e, na medida em que é compartilhado, passa a ser uma fase mais leve, menos dolorida. Foi o que as pessoas que perderam algum ente querido nos últimos 12 meses encontraram no dia 29 de setembro, no Centro de Eventos Dr. Paulo Prata. A 3ª edição do “Outono em Cores”, evento realizado pelo Hospital São Judas Tadeu – a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do Hospital de Amor – reuniu mais de 80 pessoas, que tiveram a oportunidade de participar de dinâmicas e de um bate-papo com os profissionais da instituição.
O projeto, que surgiu em 2014 com o objetivo de reunir familiares na tentativa de gerar a troca de experiências entre eles, reforçando os vínculos durante o processo de luto, nasceu a partir de uma conversa entre a equipe do hospital, que identificou a necessidade de oferecer atenção às famílias que sofriam com as perdas. “Esse é um momento em que as pessoas se sentem muito solitárias e, quando elas se encontram com outras que estão passando ou que passaram pelo mesmo sentimento, elas compartilham essa dor, tornando a caminhada menos dolorida. Aqui, eles encontram tanto acolhimento que acabam se sentindo à vontade. Cria-se uma rede de ajuda para o enfrentamento desse processo tão doloroso, mas que faz parte da vida”, afirmou a médica assistente da unidade e uma das idealizadoras do projeto, Dra. Michelle Uchida.
Durante o emocionante encontro, os participantes se dividiram em 11 grupos separados por cores. No centro das rodas, haviam flores coloridas: à medida em que as pessoas iam contando suas experiências, expondo suas dores e dividindo suas angústias, elas as seguravam. No final, entregavam a outro participante que viveu uma situação semelhante, para que ele também tivesse espaço de expor esses sentimentos. Enquanto isso, os colaboradores do Hospital São Judas Tadeu participavam da dinâmica, ouvindo as histórias e dando apoio a essas famílias.
“A intenção é compartilhar dor e carinho! Queremos que essas pessoas se abram para a vida e sigam com esse ente querido dentro de seus corações. Convidamos essas pessoas para ver se elas estão bem e para que saiam daqui refletindo que estão passando por uma fase delicada, mas que devem olhar significativamente para essa dor, pois ela precisa ser vivida”, contou a psicóloga do Hospital de Amor, Mariana Paschoal.
Ao final do evento, foi impossível não se emocionar: as famílias soltaram balões coloridos com mensagens repletas de saudade, na tentativa de “liberar” aquela angústia vivida e trazer um novo ciclo para suas vidas. “Mais um ano nós estamos muito contentes com a aceitação das famílias, pois nós fazemos o convite para o evento e, sem receios, eles percorrem longas distâncias para estarem aqui e viver esses momentos junto a nós”, declarou Dra. Michelle.
Para Fábio Marques, de Matão (SP), participar do “Outono em Cores” vai além de dividir dores e encontrar carinho. É uma forma de gratidão pelo tratamento que o sogro recebeu nos quase 30 dias em que esteve no Hospital. “Eu não podia deixar de vir e agradecer ao Hospital por tudo o que fizeram pelo meu sogro no pouco tempo em que ele ficou por lá. O evento é uma iniciativa maravilhosa, pois é um momento em que a gente vê que a nossa dor não é maior do que a do outro, pois ele também sofre pela falta de alguém. A gente enxerga que não estamos sozinhos nessa caminhada dolorosa”, relatou.
A advogada Ivanielda Castro, de Itumbiara (GO), sentiu-se lisonjeada ao receber o convite do Hospital e percebeu a necessidade de participar. “Esse encontro é como uma terapia em grupo: você expõe seus sentimentos e parece que vai aceitando melhor o luto. Fiquei maravilhada com cada história que ouvi. Foi importante perceber que existem perdas tão dolorosas quanto a nossa”, finalizou.
Outono em Cores
O nome do evento foi escolhido para fazer alusão ao tempo em que os familiares demoram para progredir em relação à dor da perda, uma vez que, após a estação do outono, a primavera traz uma nova energia, através da chegada das flores e suas cores.
Muito além de oferecer um tratamento de excelência, com tecnologia de ponta e uma filosofia pautada pelo amor, o Hospital de Amor realiza sonhos! Isso é visível em cada canto, cada departamento, cada atendimento concedido dentro da instituição, e no Hospital São Judas Tadeu – a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do HA – isso tudo transcende!
O empresário mineiro, Aristonides Ferreira Júnior, de Araxá (MG), uniu duas paixões para colocar em prática um desejo que sempre existiu em seu coração: fazer algo especial, por meio da culinária, aos pacientes do hospital. Foi aí que surgiu, em 2022, o projeto “Gastronomia do Amor” – com objetivo de levar momentos de lazer, alegria e satisfação aos pacientes e acompanhantes que estão internados ali (na unidade de cuidados paliativos), gerando lembranças especiais de vida.
“Sempre gostei de cozinhar e eu queria oferecer algo diferente para os pacientes do Hospital São Judas Tadeu. Fui estudar gastronomia para poder aprender sobre contaminação, preparos, combinação de alimentos, etc. Durante esse período, conversei diversas vezes com a equipe da unidade para saber como poderíamos realizar esse sonho – que era meu e também dos profissionais do hospital. E assim juntos fomos dando vida ao Gastronomia do Amor”, afirmou Junior.
O amor pela culinária e o dom para criar cardápios nutritivos e extremamente saborosos, foram importantes neste processo, mas Junior confessa que a motivação maior foi outra. ”Ver a satisfação e a alegria dos pacientes sempre foram as minhas motivações. Gosto de oferecer o melhor a eles. Escolho duas proteínas (peixe e carne) e vou criando as combinações”, contou.
Mensalmente, o chefe de cozinha, sua esposa Elita, se unem aos profissionais da instituição para promover os jantares. O resultado? Comidas deliciosas, organização impecável, música boa e um clima super aconchegante, tudo preparado com muito carinho.
O amor é o melhor medicamento que pode existir!
De acordo com a gerente de enfermagem do Hospital São Judas Tadeu, Verônica Faustino, o projeto é a concretização de um sonho antigo da instituição, que busca realizar desejos, controlar contextos familiares, cuidar de dores de todos os pacientes.
“Dentro dos cuidados paliativos, a nossa missão é incluir cada um dos pacientes. Enquanto existir vida, é preciso existir qualidade de vida. E com base nisso, poder proporcionar esses momentos de interação nos jantares é muito gratificante! Os nossos pacientes recebem os convites e eles esperam ansiosos por esses encontros. Muitos deles vivem isso – de se sentar com a família na mesa para uma refeição especial – pela primeira vez. A felicidade deles neste dia é tão grande, que eles não sentem dor e nem medo, eles sentem alegria. Esse projeto é a prova de que o amor é o melhor medicamento que pode existir!” declarou Verônica.
A última edição do “Gastronomia do Amor” foi destinada aos pacientes do Hospital São Judas Tadeu que estão em visita domiciliar, ou seja, que recebem atendimento em suas próprias casas, em Barretos (SP). “Antes, o Junior era um homem determinado em realizar seu sonho de cozinhar no Hospital de Amor. Hoje, o Junior é um homem grato a Deus e ao HA, por ter mais um sonho realizado”, finaliza o chef de cozinha.
Mais uma edição que marcou a vida dos nossos pacientes, nos encheu de emoção e deixou o nosso coração bem quentinho!
Com o intuito de promover reflexões sobre a temática dos cuidados paliativos e da morte, além de desmistificar os tabus desses assuntos existentes na sociedade, o Núcleo de Educação em Câncer (NEC) do Hospital de Amor – que tem o ensino como um dos seus pilares – em parceria com o Hospital São Judas Tadeu (a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso), realizaram o 7º “Festival Cuidar”.
O evento, que foi encerrado no último dia 30 de junho e aconteceu de maneira totalmente virtual, respeitando as normas de segurança, contou com a participação de 205 estudantes, 50 professores e 10 coordenadores do Ensino Fundamental II e Ensino Médio das redes escolares pública e privada de Barretos e região. “Diante da realidade que estamos vivendo, trabalhar esse tema com adolescentes nas escolas públicas é uma oportunidade ímpar”, afirmou o coordenador do NEC, Gerson Vieira.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o termo Cuidados Paliativos é definido como a abordagem que promove qualidade de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, através da prevenção e alívio do sofrimento, que requer a avaliação e identificação precoce para o tratamento impecável da dor e de outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual.
Mesmo com a necessidade da realização em formato digital, a edição foi completa:
• 1ª fase: os estudantes responderam um quiz com 30 questões sobre o tema, divido em três níveis (básico, intermediário e avançado).
• 2ª fase: os estudantes elaboraram vídeos, apresentando o tema de maneira científica, com base no que aprenderam com as questões do quiz e com o material de apoio disponível no ambiente virtual de aprendizagem.
As produções passaram por uma banca avaliadora composta por pesquisadores e especialistas da instituição. De acordo com o diretor de extensão do Instituto de Ensino e Pesquisa (IEP) do HA, Dr. Vinicius Vazquez, o Festival Cuidar é um momento importante para ensinar e partilhar empatia entre os jovens estudantes, e abrir os olhos sobre o adoecer e o morrer. “Com certeza, o evento é uma oportunidade muito rica e gratificante para todos os participantes”, declarou.
Vencedores
As escolas com equipes vencedoras foram: 1º lugar – E.E. Profª Paulina Nunes de Moraes; 2º lugar – E.M Profº Giuseppe Carmíneo; e 3º lugar – E.E.E.I. Profª Dalva Lellis Garcia Prado. “Foram três escolas premiadas, mas todos ganharam, principalmente a comunidade de Barretos (SP) e região. Tenho certeza de que a mensagem que gostaríamos de passar foi entendida por todos que participaram!”, finalizou o médico paliativista do Hospital São Judas Tadeu, Dr. Luís Fernando Rodrigues.
Os três primeiros colocados foram presenteados com troféu, certificado de participação, ecobag do HA, canetas e um boné. Todos os outros participantes também ganharam certificado.
Confira os vídeos produzidos pelos três vencedores do Festival Cuidar:
“Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer, como é grande o meu amor por você. E não há nada pra comparar, para poder lhe explicar, como é grande o meu amor por você”. Foi com essa linda e clássica canção, composta em 1967 pelo ‘rei’ Roberto Carlos e considerada uma das maiores declarações de amor da música brasileira, que o paciente do Hospital São Judas Tadeu (a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do Hospital de Amor) Anderson Roberto dos Santos esperou sua amada, Amanda Fortuna Lima dos Santos, para o tão sonhado ‘sim’. A tradicional marcha nupcial marcou a entrada da noiva, e o sentimento mais puro e sincero do mundo, o amor, marcou o encontro desses dois corações.
Juntos há mais de 10 anos, porém, sem nunca terem oficializado o matrimônio em uma cerimônia religiosa, os dois viveram momentos de felicidade e muito romantismo no último dia 5 de março. Ao saber do desejo do casal, a equipe multidisciplinar do hospital logo começou a organizar os preparativos, contatar os parceiros e, em apenas cinco dias, estava tudo pronto! “Essa festa foi a realização de um sonho, não apenas para o casal, mas para nós também. Quando eles nos contaram sobre esse desejo, nós fizemos de tudo para que fosse realizado da maneira mais linda e inesquecível possível para eles”, explicou a assistente social da unidade, Desiane Pereira.
E como o casamento é uma aliança feita por Deus, nada melhor do que escolher um celebrante especial para firmar esse compromisso e conduzir as trocas de votos. De acordo com o pastor da Comunidade Cristã de Barretos, Gery Leves, um casamento perfeito é construído com obstáculos e vivido em cima de 3 pilares: paixão, amor e Deus. “É preciso cultivar a presença de Deus e convidá-lo para fazer parte do casamento, sem nunca se esquecer de que o amor tudo crê, tudo suporta, tudo supera. Só o amor constrói e torna possível aquilo que não é possível”.
Com essas sábias palavras, os noivos trocaram as alianças e selaram esse momento com um beijo cheio de afeto e esperança. Foi impossível não se emocionar! Ao deixarem a celebração ao som da música “Fascinação”, entoada no violino pelo musicoterapeuta do hospital, o paciente não conteve as lágrimas. “Isso aqui é um sonho e uma vitória para mim”, declarou.
Após a cerimônia, os noivos foram presenteados com uma deliciosa festa repleta de quitutes, música boa e convidados pra lá de especiais, entre eles seus familiares, pacientes da unidade, acompanhantes e colaboradores do Hospital São Judas Tadeu, todos reunidos para comemorar o Amor.
Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença
“Foi amor à primeira vista”, contou o ex-bombeiro civil, de 45 anos, ao relembrar o momento em que conheceu Amanda, de 38. Os dois moravam na cidade de São Paulo e, por conta da rotina agitada e da vida corrida, decidiram deixar a cerimônia para segundo plano. Nesses anos juntos, ele até chegou a pedir a mão dela em casamento, mas o planejamento nunca saiu do papel. “Hoje, após passarmos por tantos desafios e descobrirmos a doença do Anderson, aprendemos uma coisa: a gente nunca tem tempo. Então, quando quisermos fazer alguma coisa, realizar algum desejo, tem que ser agora, tem que ser hoje”, afirmou Amanda.
Ao descobrir um câncer no rim, com metástase no sistema nervoso central e no pulmão, Anderson precisou mudar-se para o interior do estado e iniciar o tratamento no Hospital de Amor Barretos, posteriormente, na unidade de cuidados paliativos. Amanda, sua companheira, deixou tudo para traz e, cheia de fé, trouxe apenas o essencial para que os dois enfrentassem mais essa batalha juntos: amor.
“Nós ‘empurramos’ esse momento com a barriga e eu cheguei a pensar que esse dia nunca existiria, mas hoje nós estamos vivendo um sonho. Estar aqui me casando com a mulher da minha vida, conseguir andar para recebê-la e receber as bênçãos de Deus, é uma conquista inesquecível. Desejo que esse dia nunca termine”, finalizou Anderson.
Cozinhar é uma arte que envolve talento, disciplina e, principalmente, muito amor. Poder reunir amigos queridos e familiares à mesa e servir uma deliciosa refeição é um momento muito especial. Foi isso que o paciente Pedro Bartholo Nery, 55 anos, fez na última quinta-feira, 20 de fevereiro, no IRCAD América Latina – centro de treinamento que faz parte do complexo do Hospital de Amor, em Barretos (SP).
Nery, que é consultor de orçamento, iniciou tratamento no HA em agosto de 2019, quando foi diagnosticado com um tumor no intestino. Desde então, ele enfrenta uma das suas mais difíceis batalhas: a luta contra o câncer. Muito simpático e bom de papo, ele começou seu tratamento paliativo no Hospital São Judas Tadeu (a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do HA) na segunda quinzena de fevereiro deste ano, após ser diagnosticado com metástase no pulmão. E foi durante um de seus papos descontraídos com a equipe da unidade que Nery foi questionado sobre qual seria o seu maior sonho e o que ele gostaria de fazer. Sem titubear, o paciente disse que desejava entrar em uma cozinha e comandar uma equipe de cozinheiros. “A minha paixão é a gastronomia, embora eu nunca tenha feito faculdade, eu nasci com esse dom. E não sou eu quem falo, não. Os meus amigos chefs sempre me pedem conselhos”, afirmou ele, que comandou um Pub, quando tinha 21 anos, em Brasília (DF).
Enquanto pedia alimentos específicos e dava atribuições, a ansiedade de Nery era visível. A alegria dele em poder cozinhar novamente também foi motivo de felicidade para todos os envolvidos nessa ação especial, dentre eles, as cozinheiras do IRCAD e a equipe multiprofissional do HA. Segundo a enfermeira do Hospital São Judas Tadeu, Nayara Silva, foi muito gratificante ver a animação e o brilho nos olhos do paciente. “Em nossa unidade, nós sempre promovemos eventos que visam proporcionar bem-estar tantos dos pacientes, quanto dos acompanhantes”, relatou a profissional, que acompanhou esse momento e ficou à disposição de Nery durante toda o evento, auxiliando o paciente sempre que necessário.
Já que Pedro Nery acredita que para haver uma boa comida é necessário contar com uma ótima equipe, é claro que não podiam faltar importantes escudeiras. Devido à fragilidade do paciente, em decorrência do tratamento, o ‘chef do dia’ contou com a ajuda das cozinheiras do IRCAD, Divina Ferreira, Gessica Burgheti e Sandra Gomes, que trabalharam com todo carinho e dedicação. Afinal, todos estavam reunidos com o mesmo propósito: celebrar a vida. “Poder auxiliar um paciente que deseja cozinhar é gratificante. Nem sempre podemos ajudar todos, mas fico muito contente. Para mim, hoje é um dia de muita satisfação”, contou com os olhos marejados a simpática Divina, cozinheira que comanda a cozinha do IRCAD há nove anos.
Um amor que tempera a vida
Casada oficialmente com Nery há dois anos, Silvia Souto mostra toda orgulhosa as fotos dos pratos preparados pelo marido. “Em casa, ele é o chef. O Pedro domina massas, doces, comida oriental e panificação em geral. Sempre que viajamos e quando pode, ele faz questão de pescar o alimento e preparar a refeição na hora. Tudo sempre muito fresco e feito com muito carinho. Nós temos cinco filhos lindos, dos nossos primeiros relacionamentos, mas eu sei que nós somos uma família muito unida. E tudo isso que enfrentamos nos fortalece ainda mais”, explicou a esposa, que aproveitou para tirar várias fotos enquanto o marido comandava a cozinha.
Silvia relatou já ter ouvido falar sobre o HA anteriormente, mas quando chegou na unidade e viu todo o tratamento que é oferecido, não restou outra alternativa além de admirar o trabalho realizado na instituição. “Aqui, em Barretos, eu me encantei. Em cada profissional, em cada gesto, só consigo ver carinho e amor. Ao ver o trabalho das pessoas do Hospital de Amor, eu voltei a acreditar na humanidade. A gente vê tanta notícia ruim, mas aqui no hospital eu aprendi a acreditar na bondade do ser humano novamente. Só posso agradecer por tudo que vocês fazem por nós”, disse emocionada.
Quando questionado sobre qual chef ele mais admira, Nery afirma gostar do chef Érick Jacquin, devido à vontade dele de valorizar ainda mais a cozinha tradicional. Ele também demonstra empolgação ao falar do lançamento do seu livro, cujo conteúdo terá 100 receitas autorais.
Após todo o cuidadoso preparo dos alimentos, o almoço especial foi servido para ele, sua esposa e para toda a equipe de profissionais que cuida dele no Hospital São Judas Tadeu, dentre eles: médico, assistente social, enfermeiras, fisioterapeutas e todos aqueles que ganharam a admiração do casal de Brasília, que proporcionou um momento lindo, dando mais sabor à vida. Com muito afeto e gentileza de todos, a refeição foi selada com um emocionante brinde: “Eu quero fazer um brinde à humanidade, porque nós somos seres humanos e, em um momento de dor e sofrimento, é disso que precisamos. Tenho a certeza de que esse momento valeu muito mais do que qualquer remédio que eu já tomei no hospital. Por isso, um brinde à humanidade“, finalizou ele, emocionado.
E como toda bela amizade, grande amor e deliciosa refeição, os preciosos momentos também são eternizados nas memórias, assim como afirma a jornalista e também paciente paliativa, Ana Michelle Soares: “se tem um jeito de a gente ser eterno, é vivendo nas pessoas”.
Receita que foi servida durante o almoço:
Linguiça embriagada do chef Nery
Ingredientes
– 1/2 quilo de linguiça fresca, fina e pura de porco;
– 4 colheres de sopa de mel;
– 1 copo de cerveja tipo pilsen;
– 1 dose de pinga, conhaque ou whisky;
– Salsa ou coentro fresco, bem picadinho.
Modo de fazer
Corte a linguiça em pedaços de 1,5 cm. Aqueça bem a frigideira e coloque o azeite de oliva e a linguiça. Quando a linguiça começar a dourar, abaixe o fogo e deixe criar o caldo (por isso é importante a linguiça ser fresca, já que o objetivo é formar bastante caldo, que é fundamental para a receita dar certo).
Quando houver bastante ‘caldo’, coloque o mel e abaixe o fogo, deixando caramelizar o mel com o caldo no fundo. Mexa um pouco, isso ajudará durante o processo.
Assim que estiver bem caramelizado (lembre-se: caramelizado não é carbonizado, não deixe queimar, mas sim ficar na cor ferrugem, bem escura). Feita a caramelização corretamente, coloque a cerveja de uma vez, desmanchando o caramelo e formando um caldo bonito, na cor marrom. Deixe o caldo reduzir até engrossar, como a espessura do mel ou um pouco mais grosso.
Nesse momento exato, jogue a pinga ou a bebida que escolheu e flambe. Use o seu método.
No momento em que o flambado se apagar, passe a linguiça para a tigela em que vai servir. Decore com a erva picada que você escolheu. Bom apetite!
Viver o processo de alguma perda torna-se menos difícil quando é possível encontrar apoio e conforto. O luto é o tempo necessário para a mente entender o sentimento de perda que o coração já sente e, na medida em que é compartilhado, passa a ser uma fase mais leve, menos dolorida. Foi o que as pessoas que perderam algum ente querido nos últimos 12 meses encontraram no dia 29 de setembro, no Centro de Eventos Dr. Paulo Prata. A 3ª edição do “Outono em Cores”, evento realizado pelo Hospital São Judas Tadeu – a unidade de cuidados paliativos e de atenção ao idoso do Hospital de Amor – reuniu mais de 80 pessoas, que tiveram a oportunidade de participar de dinâmicas e de um bate-papo com os profissionais da instituição.
O projeto, que surgiu em 2014 com o objetivo de reunir familiares na tentativa de gerar a troca de experiências entre eles, reforçando os vínculos durante o processo de luto, nasceu a partir de uma conversa entre a equipe do hospital, que identificou a necessidade de oferecer atenção às famílias que sofriam com as perdas. “Esse é um momento em que as pessoas se sentem muito solitárias e, quando elas se encontram com outras que estão passando ou que passaram pelo mesmo sentimento, elas compartilham essa dor, tornando a caminhada menos dolorida. Aqui, eles encontram tanto acolhimento que acabam se sentindo à vontade. Cria-se uma rede de ajuda para o enfrentamento desse processo tão doloroso, mas que faz parte da vida”, afirmou a médica assistente da unidade e uma das idealizadoras do projeto, Dra. Michelle Uchida.
Durante o emocionante encontro, os participantes se dividiram em 11 grupos separados por cores. No centro das rodas, haviam flores coloridas: à medida em que as pessoas iam contando suas experiências, expondo suas dores e dividindo suas angústias, elas as seguravam. No final, entregavam a outro participante que viveu uma situação semelhante, para que ele também tivesse espaço de expor esses sentimentos. Enquanto isso, os colaboradores do Hospital São Judas Tadeu participavam da dinâmica, ouvindo as histórias e dando apoio a essas famílias.
“A intenção é compartilhar dor e carinho! Queremos que essas pessoas se abram para a vida e sigam com esse ente querido dentro de seus corações. Convidamos essas pessoas para ver se elas estão bem e para que saiam daqui refletindo que estão passando por uma fase delicada, mas que devem olhar significativamente para essa dor, pois ela precisa ser vivida”, contou a psicóloga do Hospital de Amor, Mariana Paschoal.
Ao final do evento, foi impossível não se emocionar: as famílias soltaram balões coloridos com mensagens repletas de saudade, na tentativa de “liberar” aquela angústia vivida e trazer um novo ciclo para suas vidas. “Mais um ano nós estamos muito contentes com a aceitação das famílias, pois nós fazemos o convite para o evento e, sem receios, eles percorrem longas distâncias para estarem aqui e viver esses momentos junto a nós”, declarou Dra. Michelle.
Para Fábio Marques, de Matão (SP), participar do “Outono em Cores” vai além de dividir dores e encontrar carinho. É uma forma de gratidão pelo tratamento que o sogro recebeu nos quase 30 dias em que esteve no Hospital. “Eu não podia deixar de vir e agradecer ao Hospital por tudo o que fizeram pelo meu sogro no pouco tempo em que ele ficou por lá. O evento é uma iniciativa maravilhosa, pois é um momento em que a gente vê que a nossa dor não é maior do que a do outro, pois ele também sofre pela falta de alguém. A gente enxerga que não estamos sozinhos nessa caminhada dolorosa”, relatou.
A advogada Ivanielda Castro, de Itumbiara (GO), sentiu-se lisonjeada ao receber o convite do Hospital e percebeu a necessidade de participar. “Esse encontro é como uma terapia em grupo: você expõe seus sentimentos e parece que vai aceitando melhor o luto. Fiquei maravilhada com cada história que ouvi. Foi importante perceber que existem perdas tão dolorosas quanto a nossa”, finalizou.
Outono em Cores
O nome do evento foi escolhido para fazer alusão ao tempo em que os familiares demoram para progredir em relação à dor da perda, uma vez que, após a estação do outono, a primavera traz uma nova energia, através da chegada das flores e suas cores.