O departamento de cabeça e pescoço do Hospital de Amor obteve mais uma importante conquista no último mês de outubro, que irá beneficiar centenas de pacientes que enfrentaram o câncer e, por conta da doença, tiveram que retirar a laringe. O “FreeHands” – dispositivo que combina uma válvula fonatória automática e um filtro permutador de calor e umidade – permite uma reabilitação quase completa ao paciente da instituição, melhorando significativamente a qualidade de vida dele, clínica e socialmente.
Em uma entrevista exclusiva para o site do HA, a fonoaudióloga da instituição, Gisele Giroldo, contou sobre a nova aquisição do hospital, pioneiro em oferecer esse serviço, e esclareceu as principais dúvidas. Confira:
1) O que é o FreeHands?
R.: Trata-se de um dispositivo que combina uma válvula fonatória automática (reabilitação vocal) e um filtro permutador de calor de umidade (reabilitação pulmonar).
2) Quais são os seus principais benefícios?
R.: Todos os pacientes laringectomizados do Hospital de Amor, que utilizam uma prótese fonatória para reabilitação vocal, precisam fechar o estoma (abertura) com o dedo impedido a saída de ar e permitindo a fala. O FreeHands faz com que a pressão de ar que vem dos pulmões feche automaticamente o dispositivo sem a obrigatoriedade de o paciente utilizar as mãos, fazendo com que ele execute atividades com as duas mãos e falar normalmente (diferentemente da laringe eletrônica, por exemplo). Além disso, ele é acoplado também a um filtro que faz a reabilitação pulmonar, evitando volume de secreção, tosse e expectoração.
Com o FreeHands, o paciente passa a ter um cenário de reabilitação muito próximo da rotina que levava antes da cirurgia, melhorando significativamente a qualidade de vida no contexto clínico e social.
3) É necessário fazer algum procedimento cirúrgico para a colocação do dispositivo?
R.: Não. A colocação é feita pela equipe de fonoaudiologia do Hospital de Amor, responsável pela seleção e adaptação da válvula. Depois desse primeiro passo, o fonoaudiólogo atua na reabilitação desse paciente para o uso adequado do dispositivo.
4) Houve alguma parceria com o Hospital de Amor para a aquisição do FreeHands?
R.: Graças à parceria do Bella Vita (projeto de reabilitação do HA) e da empresa Atos Medical (líder mundial em produtos para pacientes laringectomizados totais), foi possível fazer a aquisição da nova prótese.
5) Os hospitais oncológicos do Brasil (públicos e privados) já contam com essa prótese ou o Hospital de Amor é a 1ª instituição do país a oferecer isso gratuitamente aos pacientes?
R.: Não, nenhuma outra instituição do Brasil oferece esse serviço. O Hospital de Amor é o primeiro centro oncológico do país a oferecer a reabilitação completa, considerada “padrão-ouro mundial”, destinado ao paciente laringectomizado total. Essa prótese faz parte do material padrão oferecido aos pacientes em países com um sistema de reembolso para reabilitação de voz.
6) Como será a escolha dos pacientes beneficiados com o FreeHands?
R.: Todos os pacientes que já fazem o uso da prótese fonatória e do filtro HME.
7) Quais são os departamentos do HA envolvidos com esta novidade?
R.: Setores de fonoaudiologia, enfermagem e cabeça e pescoço.
8) Com esse avanço, tanto os pacientes, quanto o hospital ganham. Que ganho é esse e o que ele significa?
R.: O maior benefício é, sem dúvidas, a melhora da qualidade de vida do paciente. O HA já oferecia a reabilitação completa com a prótese fonatória – melhorando a condição da voz e, principalmente, devolvendo a identidade dele, já que a comunicação é de extrema importância para a vida do ser humano – e com a reabilitação pulmonar utilizando o filtro HME – evitando a deterioração pulmonar e causando menor necessidade de intervenções e hospitalizações por pneumonia ou infecções respiratórias.
O processo com o FreeHands oferece a liberdade de falar sem a oclusão (fechamento), aproximando esse paciente da sua imagem corporal antes da cirurgia de retirada da laringe e da abertura permanente no pescoço por onde ele respira. O uso do dispositivo tira o “estigma” da deficiência. É possível oferecer aos pacientes o retorno à vida profissional, já que muitos precisam se afastar de atividades onde o uso das mãos se faz necessário, como motorista, costureira, mecânico, cozinheiro, vendedor, entre outros.
O Hospital de Amor também ganha e muito! A instituição terá exposição internacional como referência em reabilitação de pacientes laringectomizados, podendo resultar em parcerias com centros internacionais para projetos de pesquisas.
9) O FreeHands é mais um ‘braço’ do processo de reabilitação oferecido pelo HA. Como é esse processo e o que ele se difere de outras instituições?
R.: Hoje, somos a primeira instituição no Brasil a oferecer o melhor e mais completo tratamento para o paciente laringectomizado total, que sofre com a mutilação e a mudez pós-cirurgia, tendo sua autoestima totalmente comprometida. Oferecendo a reabilitação para este paciente, iremos de forma direta devolver a qualidade de vida e, principalmente, a sua identidade, já que precisamos da comunicação não somente para nos expressar. As sequelas do tratamento e suas complicações geram ao indivíduo uma angústia existencial e física. Entretanto, se bem amparado, orientado e devidamente reabilitado, esse sujeito pode ser reintegrado, trazendo ganho social e econômico à sociedade.
Após essa conquista, o Hospital de Amor poderá ser comparado ao Instituto do Câncer da Holanda (The Netherlands Cancer Institute), que há mais de 100 anos encontra-se na vanguarda internacional da pesquisa e tratamento do câncer.
Uma visita especial marcou o Hospital de Amor neste dia 25 de outubro. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, esposa do Presidente da República, Jair Bolsonaro, esteve em Barretos (SP) para conhecer várias áreas que compõem a estrutura da instituição (como a unidade infantojuvenil e o Centro de Transplante de Medula Óssea Pediátrica -TMO), e alguns de seus principais projetos (como o de reabilitação, Bella Vita).
Após o almoço, Michelle se reuniu com centenas de pessoas, entre voluntários, diretores e colaboradores do HA, além de políticos e representantes, no Centro de Eventos Dr. Paulo Prata, para fazer uma palestra sobre o Programa Pátria Voluntária, o qual preside.
Durante a cerimônia, o gerente de captação de recursos do Hospital de Amor, Luiz Antônio Zardini, falou sobre a importância do trabalho voluntário para o mundo e, especialmente, para os pacientes do hospital. “O voluntário é um visionário, pois ele consegue enxergar a fraternidade e o amor. Eles são presença de Deus junto aos pacientes, seja no hospital ou em suas residências. Afinal, não basta servir, é preciso amar!”, afirmou.
A coordenadora do departamento de Recursos Humanos da instituição, Renata Paschoal, explicou sobre os dois tipos de voluntariado que existem no HA (o que é conduzido pela Associação Voluntária de Combate ao Câncer – AVCC – e o que é gerenciado pelo departamento de Projetos Sociais da instituição) e suas diversas áreas de atuação.
Em seguida, a primeira-dama falou sobre a “Pátria Voluntária” e sua missão: fomentar a cultura do voluntariado do Brasil, contribuindo com um país mais justo, inclusivo e social. “Estou muito feliz em estar aqui e muito honrada em ser intitulada ‘Madrinha do projeto de reabilitação não oncológica Dream’, pois a reabilitação é tão importante quanto o tratamento. Muito obrigada!”, declarou Michelle.
Para comprovar isso e na tentativa de superar seus próprios limites, o Coral ‘Papo Furado’ – composto por pacientes laringectomizados, ou seja, que retiraram a laringe por causa do câncer – se apresentou e emocionou a todos, entoando a música ‘É preciso saber viver, do Titãs.
O rádio-oncologista e coordenador do projeto Bella Vita, Dr. Daniel Marconi, explicou sobre o trabalho de reabilitação do Hospital de Amor e enalteceu seu principal objetivo, que é oferecer aos pacientes condições dignas para se reinserir na sociedade, ser integrado e incluído. “Hoje a nossa instituição dá um grande passo, pois vamos construir o melhor centro de reabilitação não oncológica da América Latina, o ‘Dream’, que receberá o nome da nossa primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Grandes sonhos só se tornam realidade com pessoas que acreditam nele, por isso, não posso deixar de homenagear o prefeito Guilherme de Ávila; a deputada federal, Katia Sastre (responsável pela doação da ala dos surdos no novo centro); a deputada federal, Silvia Chagas; e o secretário de saúde de Araguaína, Jean Coutinho (representando o prefeito Ronaldo Dimas), que levará uma outra unidade deste centro para o estado do Tocantins. E como um grande sonho deve estar nas mãos de uma grande pessoa, convidamos a senhora Michelle Bolsonaro para ser a madrinha”, explicou o médico.
De acordo com o presidente do Hospital de Amor, Henrique Prata, esse dia vai ficar escrito na história do HA. “Quem tem amor dentro do hospital, não limita seus sonhos, e quando o Dr. Daniel me desenhou esse projeto, eu senti que ele foi escolhido por Deus para fazer, com muita competência, o maior complexo de reabilitação da América Latina. E a Michelle nos mostrou que seu coração é igual ao nosso e nos acolheu com esse sonho. Muito obrigado! O Hospital de Amor tem o maior orgulho em tê-la no ‘quadro da família HA’”, finalizou.
A cerimônia contou também com convidados surdos, que receberam interpretação simultânea em Libras.
No último dia 17 de agosto, o Hospital de Amor obteve uma grande conquista: a inauguração de sua Oficina Ortopédica. Além de beneficiar os pacientes da instituição, a concretização também representa a realização do sonho do Dr. Daniel Marconi – coordenador do departamento de Radioterapia e do projeto de reabilitação do HA, o Bella Vita.
Com o objetivo de confeccionar e reparar órteses e próteses para pacientes amputados em decorrência do câncer, o Hospital passa a ser o primeiro e único centro oncológico do país a ter um núcleo específico dedicado a esse trabalho. De acordo com dados da entidade, em média, o hospital conta com uma cirurgia de amputação por semana, devido a sequelas ocasionadas pelo câncer, e estima produzir ao menos uma prótese por dia. Além da confecção dos materiais ortopédicos, a fábrica irá otimizar recursos financeiros e tempo.
A produção e o reparo dessas peças serão destinados aos pacientes com déficit de locomoção e com restrições motoras e funcionais, e aos amputados. Outra novidade é que o local está habilitado para iniciar, em breve, a produção e manutenção de acessórios de locomoção como cadeiras de rodas, muletas, andadores, cadeiras para banho, entre outros, o que ampliará ainda mais o número de pacientes beneficiados pelo projeto.
Para o coordenador do departamento de Radioterapia e idealizador do projeto, Dr. Daniel Marconi, o objetivo é que o paciente deixe o hospital não só curado, mas também reabilitado. “Nosso grande diferencial está em facilitar a logística e a funcionalidade de implantação das próteses, uma vez que a oficina ortopédica está inserida no Hospital de Amor, onde os pacientes já estão internados ou circulam com frequência para a realização dos tratamentos”, afirmou.
Projeto Bella Vita
A oficina ortopédica é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pela doença e seu tratamento. Dentre outras atividades, os pacientes inseridos no projeto Bella Vita participam de sessões de equoterapia, um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar. Além disso, há a disponibilidade da terapia robótica, com a utilização de profissionais especializados e equipamentos de última geração. “Os tratamentos de combate ao câncer resultam, muitas vezes, em sequelas temporárias ou permanentes, e que acabam por limitar a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes, provocando grandes repercussões físicas e psicossociais. Por meio de um programa de reabilitação interdisciplinar, o Bella Vita proporciona um melhor retorno às atividades cotidianas, independência e reinserção no mercado de trabalho”, comentou o coordenador.
Foram investidos cerca de R$ 8 milhões, originários do PRONAS/PCD (Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência) para o desenvolvimento do Projeto Bella Vita. Já os recursos extras para a construção física da oficina ortopédica vieram da própria instituição. Este núcleo contará com uma equipe formada por um técnico protético com formação pela Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (ABOTEC), dois auxiliares técnicos em órteses e próteses, um fisiatra, um fisioterapeuta e um terapeuta ocupacional.
Sonho realizado
Após nascer com uma deficiência física no pé, Dr. Daniel Marconi se viu obrigado a utilizar uma prótese (o que o motivou a trabalhar com as pessoas carentes que são atendidas no Hospital de Amor). “Eu só soube na faculdade que poderia usar uma meia de silicone, que custa R$ 20,00, e não me causaria problemas com a prótese. Imagine as pessoas que não têm acesso a esse tipo de informação”, declarou.
Segundo ele, o hospital tem um indicador de preservação de membros de 71%, o que significa que os outros pacientes já chegam para tratamento sem perspectiva da cirurgia preservadora. O fornecimento de próteses e órteses por convênios médicos não é obrigatório. Assim, na grande maioria das vezes, o paciente fica desassistido. “Inaugurar a oficina ortopédica é um sonho meu que se realiza. A partir dessa minha realização, eu conseguirei devolver, parcialmente, o sonho dos pacientes de fazer uma faculdade, um esporte e seguir uma vida normal. Estou extremamente feliz!”, finalizou Marconi.
O presidente do Hospital de Amor, Henrique Prata, não só aprovou a iniciativa do médico como o comparou ao seu pai, Dr. Paulo Prata (fundador da instituição). “A minha primeira reação foi contestar o projeto do Dr. Daniel, mas, quando ele mostrou a importância disso para ele e, principalmente para os pacientes do hospital, eu vi um sentimento de coragem e amor nele. Aprovei e apoiei a ideia. Vi que ele “saiu da curva” como médico e senti uma admiração imensa pelo profissional que ele é. Para mim, é muito importante ver que outras pessoas têm a mesma luz que tinha meu pai. Todos nós podemos ser o Dr. Daniel!”, declarou Prata.
Cerimônia
A emocionante cerimônia de inauguração contou com a presença de diretores, equipe médica e colaboradores do Hospital de Amor, parceiros, familiares do médico rádio-oncologista, população barretense e veículos de comunicação. Após a celebração, os participantes conheceram a estrutura da nova unidade (que carinhosamente leva o nome da mãe do médico: Gricia Maria Grossi Marconi) e assistiram a apresentações de dança de pacientes amputados e de capoeira com Edson Dantas (também amputado).
O departamento de cabeça e pescoço do Hospital de Amor obteve mais uma importante conquista no último mês de outubro, que irá beneficiar centenas de pacientes que enfrentaram o câncer e, por conta da doença, tiveram que retirar a laringe. O “FreeHands” – dispositivo que combina uma válvula fonatória automática e um filtro permutador de calor e umidade – permite uma reabilitação quase completa ao paciente da instituição, melhorando significativamente a qualidade de vida dele, clínica e socialmente.
Em uma entrevista exclusiva para o site do HA, a fonoaudióloga da instituição, Gisele Giroldo, contou sobre a nova aquisição do hospital, pioneiro em oferecer esse serviço, e esclareceu as principais dúvidas. Confira:
1) O que é o FreeHands?
R.: Trata-se de um dispositivo que combina uma válvula fonatória automática (reabilitação vocal) e um filtro permutador de calor de umidade (reabilitação pulmonar).
2) Quais são os seus principais benefícios?
R.: Todos os pacientes laringectomizados do Hospital de Amor, que utilizam uma prótese fonatória para reabilitação vocal, precisam fechar o estoma (abertura) com o dedo impedido a saída de ar e permitindo a fala. O FreeHands faz com que a pressão de ar que vem dos pulmões feche automaticamente o dispositivo sem a obrigatoriedade de o paciente utilizar as mãos, fazendo com que ele execute atividades com as duas mãos e falar normalmente (diferentemente da laringe eletrônica, por exemplo). Além disso, ele é acoplado também a um filtro que faz a reabilitação pulmonar, evitando volume de secreção, tosse e expectoração.
Com o FreeHands, o paciente passa a ter um cenário de reabilitação muito próximo da rotina que levava antes da cirurgia, melhorando significativamente a qualidade de vida no contexto clínico e social.
3) É necessário fazer algum procedimento cirúrgico para a colocação do dispositivo?
R.: Não. A colocação é feita pela equipe de fonoaudiologia do Hospital de Amor, responsável pela seleção e adaptação da válvula. Depois desse primeiro passo, o fonoaudiólogo atua na reabilitação desse paciente para o uso adequado do dispositivo.
4) Houve alguma parceria com o Hospital de Amor para a aquisição do FreeHands?
R.: Graças à parceria do Bella Vita (projeto de reabilitação do HA) e da empresa Atos Medical (líder mundial em produtos para pacientes laringectomizados totais), foi possível fazer a aquisição da nova prótese.
5) Os hospitais oncológicos do Brasil (públicos e privados) já contam com essa prótese ou o Hospital de Amor é a 1ª instituição do país a oferecer isso gratuitamente aos pacientes?
R.: Não, nenhuma outra instituição do Brasil oferece esse serviço. O Hospital de Amor é o primeiro centro oncológico do país a oferecer a reabilitação completa, considerada “padrão-ouro mundial”, destinado ao paciente laringectomizado total. Essa prótese faz parte do material padrão oferecido aos pacientes em países com um sistema de reembolso para reabilitação de voz.
6) Como será a escolha dos pacientes beneficiados com o FreeHands?
R.: Todos os pacientes que já fazem o uso da prótese fonatória e do filtro HME.
7) Quais são os departamentos do HA envolvidos com esta novidade?
R.: Setores de fonoaudiologia, enfermagem e cabeça e pescoço.
8) Com esse avanço, tanto os pacientes, quanto o hospital ganham. Que ganho é esse e o que ele significa?
R.: O maior benefício é, sem dúvidas, a melhora da qualidade de vida do paciente. O HA já oferecia a reabilitação completa com a prótese fonatória – melhorando a condição da voz e, principalmente, devolvendo a identidade dele, já que a comunicação é de extrema importância para a vida do ser humano – e com a reabilitação pulmonar utilizando o filtro HME – evitando a deterioração pulmonar e causando menor necessidade de intervenções e hospitalizações por pneumonia ou infecções respiratórias.
O processo com o FreeHands oferece a liberdade de falar sem a oclusão (fechamento), aproximando esse paciente da sua imagem corporal antes da cirurgia de retirada da laringe e da abertura permanente no pescoço por onde ele respira. O uso do dispositivo tira o “estigma” da deficiência. É possível oferecer aos pacientes o retorno à vida profissional, já que muitos precisam se afastar de atividades onde o uso das mãos se faz necessário, como motorista, costureira, mecânico, cozinheiro, vendedor, entre outros.
O Hospital de Amor também ganha e muito! A instituição terá exposição internacional como referência em reabilitação de pacientes laringectomizados, podendo resultar em parcerias com centros internacionais para projetos de pesquisas.
9) O FreeHands é mais um ‘braço’ do processo de reabilitação oferecido pelo HA. Como é esse processo e o que ele se difere de outras instituições?
R.: Hoje, somos a primeira instituição no Brasil a oferecer o melhor e mais completo tratamento para o paciente laringectomizado total, que sofre com a mutilação e a mudez pós-cirurgia, tendo sua autoestima totalmente comprometida. Oferecendo a reabilitação para este paciente, iremos de forma direta devolver a qualidade de vida e, principalmente, a sua identidade, já que precisamos da comunicação não somente para nos expressar. As sequelas do tratamento e suas complicações geram ao indivíduo uma angústia existencial e física. Entretanto, se bem amparado, orientado e devidamente reabilitado, esse sujeito pode ser reintegrado, trazendo ganho social e econômico à sociedade.
Após essa conquista, o Hospital de Amor poderá ser comparado ao Instituto do Câncer da Holanda (The Netherlands Cancer Institute), que há mais de 100 anos encontra-se na vanguarda internacional da pesquisa e tratamento do câncer.
Uma visita especial marcou o Hospital de Amor neste dia 25 de outubro. A primeira-dama, Michelle Bolsonaro, esposa do Presidente da República, Jair Bolsonaro, esteve em Barretos (SP) para conhecer várias áreas que compõem a estrutura da instituição (como a unidade infantojuvenil e o Centro de Transplante de Medula Óssea Pediátrica -TMO), e alguns de seus principais projetos (como o de reabilitação, Bella Vita).
Após o almoço, Michelle se reuniu com centenas de pessoas, entre voluntários, diretores e colaboradores do HA, além de políticos e representantes, no Centro de Eventos Dr. Paulo Prata, para fazer uma palestra sobre o Programa Pátria Voluntária, o qual preside.
Durante a cerimônia, o gerente de captação de recursos do Hospital de Amor, Luiz Antônio Zardini, falou sobre a importância do trabalho voluntário para o mundo e, especialmente, para os pacientes do hospital. “O voluntário é um visionário, pois ele consegue enxergar a fraternidade e o amor. Eles são presença de Deus junto aos pacientes, seja no hospital ou em suas residências. Afinal, não basta servir, é preciso amar!”, afirmou.
A coordenadora do departamento de Recursos Humanos da instituição, Renata Paschoal, explicou sobre os dois tipos de voluntariado que existem no HA (o que é conduzido pela Associação Voluntária de Combate ao Câncer – AVCC – e o que é gerenciado pelo departamento de Projetos Sociais da instituição) e suas diversas áreas de atuação.
Em seguida, a primeira-dama falou sobre a “Pátria Voluntária” e sua missão: fomentar a cultura do voluntariado do Brasil, contribuindo com um país mais justo, inclusivo e social. “Estou muito feliz em estar aqui e muito honrada em ser intitulada ‘Madrinha do projeto de reabilitação não oncológica Dream’, pois a reabilitação é tão importante quanto o tratamento. Muito obrigada!”, declarou Michelle.
Para comprovar isso e na tentativa de superar seus próprios limites, o Coral ‘Papo Furado’ – composto por pacientes laringectomizados, ou seja, que retiraram a laringe por causa do câncer – se apresentou e emocionou a todos, entoando a música ‘É preciso saber viver, do Titãs.
O rádio-oncologista e coordenador do projeto Bella Vita, Dr. Daniel Marconi, explicou sobre o trabalho de reabilitação do Hospital de Amor e enalteceu seu principal objetivo, que é oferecer aos pacientes condições dignas para se reinserir na sociedade, ser integrado e incluído. “Hoje a nossa instituição dá um grande passo, pois vamos construir o melhor centro de reabilitação não oncológica da América Latina, o ‘Dream’, que receberá o nome da nossa primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Grandes sonhos só se tornam realidade com pessoas que acreditam nele, por isso, não posso deixar de homenagear o prefeito Guilherme de Ávila; a deputada federal, Katia Sastre (responsável pela doação da ala dos surdos no novo centro); a deputada federal, Silvia Chagas; e o secretário de saúde de Araguaína, Jean Coutinho (representando o prefeito Ronaldo Dimas), que levará uma outra unidade deste centro para o estado do Tocantins. E como um grande sonho deve estar nas mãos de uma grande pessoa, convidamos a senhora Michelle Bolsonaro para ser a madrinha”, explicou o médico.
De acordo com o presidente do Hospital de Amor, Henrique Prata, esse dia vai ficar escrito na história do HA. “Quem tem amor dentro do hospital, não limita seus sonhos, e quando o Dr. Daniel me desenhou esse projeto, eu senti que ele foi escolhido por Deus para fazer, com muita competência, o maior complexo de reabilitação da América Latina. E a Michelle nos mostrou que seu coração é igual ao nosso e nos acolheu com esse sonho. Muito obrigado! O Hospital de Amor tem o maior orgulho em tê-la no ‘quadro da família HA’”, finalizou.
A cerimônia contou também com convidados surdos, que receberam interpretação simultânea em Libras.
No último dia 17 de agosto, o Hospital de Amor obteve uma grande conquista: a inauguração de sua Oficina Ortopédica. Além de beneficiar os pacientes da instituição, a concretização também representa a realização do sonho do Dr. Daniel Marconi – coordenador do departamento de Radioterapia e do projeto de reabilitação do HA, o Bella Vita.
Com o objetivo de confeccionar e reparar órteses e próteses para pacientes amputados em decorrência do câncer, o Hospital passa a ser o primeiro e único centro oncológico do país a ter um núcleo específico dedicado a esse trabalho. De acordo com dados da entidade, em média, o hospital conta com uma cirurgia de amputação por semana, devido a sequelas ocasionadas pelo câncer, e estima produzir ao menos uma prótese por dia. Além da confecção dos materiais ortopédicos, a fábrica irá otimizar recursos financeiros e tempo.
A produção e o reparo dessas peças serão destinados aos pacientes com déficit de locomoção e com restrições motoras e funcionais, e aos amputados. Outra novidade é que o local está habilitado para iniciar, em breve, a produção e manutenção de acessórios de locomoção como cadeiras de rodas, muletas, andadores, cadeiras para banho, entre outros, o que ampliará ainda mais o número de pacientes beneficiados pelo projeto.
Para o coordenador do departamento de Radioterapia e idealizador do projeto, Dr. Daniel Marconi, o objetivo é que o paciente deixe o hospital não só curado, mas também reabilitado. “Nosso grande diferencial está em facilitar a logística e a funcionalidade de implantação das próteses, uma vez que a oficina ortopédica está inserida no Hospital de Amor, onde os pacientes já estão internados ou circulam com frequência para a realização dos tratamentos”, afirmou.
Projeto Bella Vita
A oficina ortopédica é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pela doença e seu tratamento. Dentre outras atividades, os pacientes inseridos no projeto Bella Vita participam de sessões de equoterapia, um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar. Além disso, há a disponibilidade da terapia robótica, com a utilização de profissionais especializados e equipamentos de última geração. “Os tratamentos de combate ao câncer resultam, muitas vezes, em sequelas temporárias ou permanentes, e que acabam por limitar a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes, provocando grandes repercussões físicas e psicossociais. Por meio de um programa de reabilitação interdisciplinar, o Bella Vita proporciona um melhor retorno às atividades cotidianas, independência e reinserção no mercado de trabalho”, comentou o coordenador.
Foram investidos cerca de R$ 8 milhões, originários do PRONAS/PCD (Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência) para o desenvolvimento do Projeto Bella Vita. Já os recursos extras para a construção física da oficina ortopédica vieram da própria instituição. Este núcleo contará com uma equipe formada por um técnico protético com formação pela Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (ABOTEC), dois auxiliares técnicos em órteses e próteses, um fisiatra, um fisioterapeuta e um terapeuta ocupacional.
Sonho realizado
Após nascer com uma deficiência física no pé, Dr. Daniel Marconi se viu obrigado a utilizar uma prótese (o que o motivou a trabalhar com as pessoas carentes que são atendidas no Hospital de Amor). “Eu só soube na faculdade que poderia usar uma meia de silicone, que custa R$ 20,00, e não me causaria problemas com a prótese. Imagine as pessoas que não têm acesso a esse tipo de informação”, declarou.
Segundo ele, o hospital tem um indicador de preservação de membros de 71%, o que significa que os outros pacientes já chegam para tratamento sem perspectiva da cirurgia preservadora. O fornecimento de próteses e órteses por convênios médicos não é obrigatório. Assim, na grande maioria das vezes, o paciente fica desassistido. “Inaugurar a oficina ortopédica é um sonho meu que se realiza. A partir dessa minha realização, eu conseguirei devolver, parcialmente, o sonho dos pacientes de fazer uma faculdade, um esporte e seguir uma vida normal. Estou extremamente feliz!”, finalizou Marconi.
O presidente do Hospital de Amor, Henrique Prata, não só aprovou a iniciativa do médico como o comparou ao seu pai, Dr. Paulo Prata (fundador da instituição). “A minha primeira reação foi contestar o projeto do Dr. Daniel, mas, quando ele mostrou a importância disso para ele e, principalmente para os pacientes do hospital, eu vi um sentimento de coragem e amor nele. Aprovei e apoiei a ideia. Vi que ele “saiu da curva” como médico e senti uma admiração imensa pelo profissional que ele é. Para mim, é muito importante ver que outras pessoas têm a mesma luz que tinha meu pai. Todos nós podemos ser o Dr. Daniel!”, declarou Prata.
Cerimônia
A emocionante cerimônia de inauguração contou com a presença de diretores, equipe médica e colaboradores do Hospital de Amor, parceiros, familiares do médico rádio-oncologista, população barretense e veículos de comunicação. Após a celebração, os participantes conheceram a estrutura da nova unidade (que carinhosamente leva o nome da mãe do médico: Gricia Maria Grossi Marconi) e assistiram a apresentações de dança de pacientes amputados e de capoeira com Edson Dantas (também amputado).