O Hospital de Amor e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), por meio da assinatura de um convênio, acabam de firmar uma importante parceria, que tem como objetivo desenvolver um estudo clínico inédito na América Latina para tratamento de câncer de próstata metastático. Segundo o coordenador do departamento de medicina nuclear do Hospital de Amor, Dr. Wilson Furlan Alves, os protocolos em fase de teste serão direcionados aos pacientes com câncer de próstata com metástases, que já não respondem a terapia com hormônio ou quimioterapia.
Este estudo permitirá que um grupo de pacientes, que não apresentava mais alternativas de tratamento, tenha acesso a um novo tratamento, ainda não disponível no Brasil, mas que está apresentando excelentes resultados em países da Europa. O intuito é obter, posteriormente, o registro do radiofármaco na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), ampliando a possibilidade de tratamento em todo o país.
Durante a parceria, o IPEN será responsável pelo fornecimento do radiofármaco chamado PSMA, marcado com lutécio-177, e o HA recrutará pacientes com características determinadas para receberem este tratamento. “O PSMA é uma molécula que se liga a receptores localizados nas células do câncer de próstata, enquanto o lutécio-177 é um radioisótopo – ou material radioativo – que emite uma radiação (beta) que destrói as células tumorais”, explicou Alves.
O médico nuclear do Hospital de Amor e também um dos principais facilitadores do convênio, Dr. Euclides Timoteo da Rocha, conta que este tratamento ainda é experimental em todos os países nos quais foi iniciado, como Estados Unidos e Austrália. “Ele surgiu há aproximadamente quatro anos na Alemanha e somos os primeiros a realizá-lo na America Latina, o que nos coloca em uma posição bem atualizada”.
Para o Superintendente do IPEN, Wilson Aparecido Parejo Calvo, a tecnologia nuclear, que inclui a medicina nuclear, está passando por um momento importante no Brasil, em que se discute não apenas a importância da infraestrutura, mas, principalmente, os meios pelos quais os avanços chegam até a população. “O IPEN, com a assinatura desse convênio, faz uma parte disso, tomando a iniciativa disponibilizar novos fármacos, mas sem parceria com instituições como o Hospital de Amor não haveria como colocá-los no mercado. Nós temos como produzir e como fornecer, mas é necessário este outro elo para que este produto volte em benefício para a população”, destacou.
Com estrutura inaugurada em março de 2017, junto ao Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular (CPOM) do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital de Amor, o biotério da instituição deu início, oficialmente, às suas atividades na última semana de novembro, com o I Encontro da Comissão de Ética no Uso de Animais da instituição, marcado pela presença e palestras de dois importantes nomes da área no cenário nacional: Dra. Ekaterina Rivera e Dra. Vera Peters, pesquisadoras e membros do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O evento reuniu, além da própria Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA-CPOM), pesquisadores e profissionais que farão parte da equipe responsável pela nova área.
Segundo a coordenadora do local, Dra. Silvia Teixeira, o início das atividades completa os diferentes campos da pesquisa na instituição e é um importante passo na busca pela integração com os departamentos clínicos do Hospital, que contemplam no biotério uma possibilidade de novas abordagens terapêuticas. “Também será possível complementar a capacitação dos alunos de pós-graduação e pesquisadores, que terão um novo enfoque para o desenvolvimento de estudos inovadores que poderão levar a uma melhora na qualidade dos tratamentos dos pacientes. As pesquisas poderão ser direcionadas para a busca de terapias ainda mais personalizadas, validação de ensaios in vitro para novos alvos terapêuticos, entre outras. Os resultados poderão indicar medicamentos, ou associação de medicamentos, e terapias que possam ser mais eficazes e poderão implicar em aumento na sobrevida e na qualidade de vida dos pacientes”, explicou.
Durante o evento, as pesquisadoras, Dra. Ekaterina Rivera e Dra. Vera Peters, destacaram a importância da pluralidade da CEUA-CPOM, composta por docentes, pesquisadores, colaboradores das áreas das ciências exatas e biológicas, além de um representante da sociedade protetora dos animais; e afirmaram que tal composição garante uma melhor qualidade na pesquisa e, principalmente, o máximo rigor a todos os princípios éticos na experimentação animal.
Para a médica veterinária, Dra. Ekaterina Riviera, mestre em Ciências de Animais de Laboratório pela Universidade de Londres e Doutora Notório Saber pela Universidade Federal de Goiás (UFG), os princípios do Hospital de Amor guiarão o biotério para que se torne um dos únicos – se não o único – do País a aplicar, de maneira estruturada, o que ela chamou de Cultura da Consciência, que, de forma simplificada, é a responsabilidade e consciência de sua importância por parte de todos os agentes envolvidos no processo, desde a parte administrativa até os profissionais responsáveis pela limpeza.
Silvia esclareceu, ainda, que, para que um projeto seja proposto e aceito, é necessário que a pergunta seja adequada, que todos os outros meios de buscar respostas tenham sido contemplados e que a relevância da pesquisa seja convincente. “Essa é a filosofia de toda a equipe do Biotério, pensamos e buscamos ao máximo propor bem-estar aos animais. Para isso, estamos promovendo todos os cuidados necessários, enriquecimento ambiental adequado durante os processos de criação e experimentação. Pretendemos colaborar com os pesquisadores no direcionamento do projeto, de forma a minimizar o uso de animais, e a promover o cuidado necessário durante o desenvolvimento das pesquisas. Todo esse cuidado não é só por poder interferir nos resultados, gerando viés na pesquisa, mas também porque temos uma grande responsabilidade nesse processo. Toda a estrutura oferecida pelo IEP e pelo CPOM nos permite realizar estes procedimentos de forma adequada. Além disso, o investimento na capacitação da equipe do biotério, visando a qualificação dos colaboradores, permitiu que esse perfil fosse desenvolvido. Com esses cuidados, acreditamos que os resultados poderão levar a um aumento na reprodutibilidade e aplicação dos resultados na clínica, tendo em vista a melhora das condições e qualidade de vida das pessoas com câncer”, finalizou.
Com intuito de gerar reflexões e promover trocas de experiências relacionadas ao tratamento radioterápico, o Hospital de Amor, em parceria com a Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e a reconhecida empresa do ramo radiológico, Varian Medical Systems, realizou o congresso internacional de radioterapia “Barretos-UCLA Week.” Nos dias 14, 16 e 17 de novembro, o evento reuniu, no IRCAD América Latina, profissionais do HA, médicos de todo o Brasil e representantes da universidade norte-americana, para debater sobre as novas tecnologias aplicadas na área e compartilhar os conhecimentos de inovações no tratamento de câncer.
De acordo com o médico e professor da Universidade da Califórnia em Los Angeles, Dr. Percy Lee, o simpósio é extremamente importante para as instituições envolvidas, principalmente em relação ao compartilhamento de ideias e novas técnicas. “Graças a eventos como esse, nós podemos aprender uns com os outros. Sei que os colegas que atuam no Hospital de Amor estão sempre buscando aprender e otimizar o desenvolvimento de seus trabalhos, adaptando-se às novas tecnologias. Por isso, embora os cursos sejam de curta duração, são muito produtivos, e quem ganha são os pacientes e toda a comunidade”, relatou. Durante sua palestra, Lee afirmou estar impressionado com a estrutura da instituição e qualificou-a como um dos melhores hospitais do país.
Para o coordenador do departamento de radioterapia do HA, Dr. Alisson Bruno Barcelos Borges, o congresso reforça o laço de amizade e a parceria institucional com a UCLA. “Essa parceria tem melhorado significativamente a questão cientifica do nosso departamento, além de ter melhorado a qualidade do tratamento que nós oferecemos aos nossos pacientes”, declarou.
Os 200 profissionais que participaram do evento, entre eles, oito convidados que atuam na UCLA, além de médicos, físicos, enfermeiros e técnicos do hospital, se dividiram em dois grupos: radioterapia e física médica. Dentro desses segmentos, discutiram assuntos multidisciplinares sobre radioterapia, oncologia clínica, cirurgia, suporte clínico, entre outros relacionados ao tratamento dos pacientes.
Edições anteriores
Essa foi a segunda edição do congresso em que profissionais de outras instituições puderam participar. Após a consolidação da parceria entre as duas instituições, o evento se expandiu e foi aberto ao público do segmento, crescendo ano a ano.
Para o rádio-oncologista que atua na Santa Casa de Araraquara (SP) e de São Carlos (SP), Dr. Guilherme Paulão Mendes, é enriquecedor poder aprender com os profissionais americanos sobre novas tecnologias. “Na instituição de Araraquara, nós iremos passar por uma reforma e será necessário levar novos equipamentos, que irão contribuir para um atendimento mais eficaz aos nossos pacientes. Por isso, é fundamental que a gente tenha contato com essas tecnologias e com essa troca de experiências. Esse tipo de simpósio que o Hospital de Amor realiza é muito importante para todos nós”, finalizou.
Levar a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil é a principal missão da “Caminhada Passos que Salvam” – a maior mobilização promovida pelo Hospital de Amor, simultaneamente, em centenas de cidades de todo o país.
A 7ª edição da campanha, realizada dia 25 de novembro, foi um sucesso: movimentou mais de 650 municípios, em 20 estados do Brasil. A grande novidade dessa edição é que a caminhada também foi realizada por um grupo de brasileiros residente em Londres, no Reino Unido. A ação acontece, todos os anos, durante o último domingo do mês, já que a escolha da data está relacionada à proximidade com o “Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil”, celebrado em 23 de novembro.
Em Barretos, cerca de 500 pessoas se uniram para participar da campanha, que teve início às 8h, na unidade infantojuvenil, e seguiu até o North Shopping, levando conscientização e muita diversão à toda população.
Sinais e Sintomas
Entre os sinais e sintomas mais comuns da doença, estão manchas roxas pelo corpo, dores de cabeça, vômito, perda de peso, fraqueza e dores nos ossos, sintomas que parecem comuns na infância e podem ser confundidos com doenças que acometem crianças e adolescentes, mas também podem ser o primeiro sinal de que há algo errado acontecendo.
De acordo com o diretor médico do Hospital de Amor Infantojuvenil, Luiz Fernando Lopes, a unidade infantojuvenil do HA tem todas as condições de tratar as crianças com a mesma qualidade dos países com alto nível de desenvolvimento (especialistas experientes, medicamentos adequados e uma excelente estrutura), mas nada disso impacta na vida das crianças se elas não chegarem precocemente para o tratamento. “Ainda há uma quantidade significativa de crianças chegando tardiamente em nossa instituição. O que falta é a conscientização de médicos, enfermeiros e familiares, e essa campanha é uma das melhores formas que encontramos para sensibilizar essas pessoas. Nós só alcançaremos níveis internacionais de cura se tivermos esse cenário favorável”, declarou.
Para a coordenadora da ação, Naima Kathib, o objetivo da Caminhada é trazer à discussão a importância dessa conscientização, de maneira lúdica, envolvendo assim toda a sociedade, de modo que permita com que mais diagnósticos precoces aconteçam, consequentemente, haverá maior chances de cura, sendo ampliadas para até 95%.
O escrevente técnico judiciário de Barretos, Fernando de Souza Teixeira, é voluntário no evento há 4 anos e o que o motiva a continuar apoiando a causa, é a importância da conscientização que ela leva a todas as pessoas e o quanto isso impacta, positivamente, na vida e na saúde de todas a crianças e adolescentes. “Eu me sinto responsável e impulsionado a dar uma força a quem está trabalhando em prol da comunidade. Todos os anos eu reservo essa data e, na próxima, podem contar comigo, pois minha presença é garantida”.
Outra presença marcante em todas as edições da caminhada é o vice-diretor médico da unidade infantojuvenil do HA, Dr. Robson Coelho. Ele, que sabe como ninguém o quanto é essencial que as crianças cheguem precocemente para tratamento no Hospital, agradeceu o trabalho da equipe organizadora da ação. “A caminhada serve para alertar a população sobre os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil. Quanto mais rápido forem diagnosticados pelo pediatra ou pelo clínico geral, mais rápido a criança chega para o tratamento e maiores são as chances de cura. Então, qualquer campanha dessa que seja realizada, no Brasil e no mundo, na tentativa de conscientizar a população, é de grande valia. Precisamos agradecer ao HA e, principalmente, a equipe responsável pela organização do evento, por reunirem tantas cidades para abraçar a causa e participar”, ressaltou.
Números
Em 2012, primeiro ano em que ocorreu a mobilização, 19 municípios do Estado de São Paulo e dois de Rondônia caminharam, levando a população, empresas e entidades para participar do evento. Já no ano seguinte, o número quase quadruplicou: 80 municípios participaram da caminhada em oito estados. A terceira edição foi ainda melhor: 201 cidades em 11 estados brasileiros caminharam juntas, no mesmo dia e horário, levando mais de 150 mil pessoas às ruas. Em 2015, foram 306 cidades de 12 estados que caminharam, comprometidos na luta contra o câncer infantojuvenil. No ano passado, a “Passos que Salvam” mobilizou 300 mil pessoas em cerca de 500 municípios de todo o Brasil.
Captação de Recursos
Além de disseminar essas importantes informações, a “Caminhada Passos que Salvam” também possui uma ação para arrecadar fundos para o tratamento dos pacientes no Hospital de Amor Infantojuvenil. Ao adquirir um kit com camiseta, boné e ‘sacochila’, cada participante contribuiu com o valor de R$ 35,00, que será direcionado à instituição.
Para obter mais informações e saber se sua cidade já aderiu a esse movimento, acesse: www.hcancerbarretos.com.br/passosquesalvam.
Assim como acontece durante outros meses do ano, especialmente em outubro com as inúmeras mobilizações de conscientização a respeito do câncer de mama, em novembro, a sociedade também se reúne com o intuito de conscientizar os homens a respeito da prevenção do câncer de próstata – doença mais comum e a segunda com maior causa de óbito oncológico no sexo masculino. Além da prevenção, o mês também chama a atenção à saúde do homem como um todo.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que são estimados 68.220 novos casos em 2018 no Brasil, sendo esse o tipo de câncer mais incidente nos homens (exceto o câncer de pele não melanoma), em todas as regiões do país. Por se tratar de uma doença assintomática em fases iniciais, a melhor maneira de se detectar é através do exame de rastreamento (também conhecido como exame de toque) e de PSA (conhecido por Antígeno Prostático Específico, que pode ser avaliado através de um exame de sangue simples). Esses dois, juntos, possuem uma capacidade de detecção maior para o câncer de próstata.
De acordo com o médico urologista e coordenador do departamento de urologia do Hospital de Amor, Dr. Alexandre César Santos, em termos estatísticos, o câncer de próstata é responsável pela morte de 3% da população. “Há uma prevalência mais frequente, em torno de 16% dos homens da população em geral, que podem ser acometidos pela doença. Graças à campanha Novembro Azul, é possível perceber uma diminuição da mortalidade por esse tipo de tumor”, afirmou.
Para falar mais sobre o assunto e esclarecer as principais dúvidas sobre a doença, o Hospital de Amor fez uma entrevista especial com o especialista. Confira:
1 – Como é feito o diagnóstico do câncer de próstata?
R.: É realizado um rastreamento inicial, que leva em consideração outros fatores, como a raça e histórico familiar. Com base nisso, são feitos exames de rastreamento para detecção da doença. Caso haja diagnóstico positivo, o paciente é encaminhando para iniciar o tratamento. Em caso negativo, é feita uma estratégia de prevenção: se os riscos forem baixos, os rastreamentos são anuais ou a cada dois ou três anos.
2 – Por que o homem não pode deixar de realizar os exames preventivos?
R.: Basicamente, pelo fato do câncer de próstata não apresentar sintomas em fases iniciais. A doença surge em uma região da próstata e, na maioria das vezes, os pacientes não sentem dor, não há sangramento na urina e não há dificuldade em urinar ou evacuar. Enquanto isso, o tumor está crescendo na próstata desse homem.
Quando ele demora para fazer os exames preventivos, fazemos um diagnóstico tardio e, na maioria das vezes, o tumor não está apenas na próstata, já extrapolou e deu metástase, acometendo ossos e outros órgãos. Nesta fase, nós não conseguimos curar o paciente, mas sim paliativar os sintomas. A importância da detecção precoce é não esperar os sinais aparecerem para correr atrás do prejuízo. É de extrema importância que a doença não seja detectada quando estiver em estágios graves.
3 – Qual é o público-alvo da campanha?
R.: Homens, a partir dos 50 anos de idade, na população geral. E homens da raça negra ou que tenham histórico familiar de câncer de próstata, devem realizar os exames a partir dos 45 anos.
4 – Como é possível prevenir a doença?
R.: As pessoas que possuem convênio ou planos de saúde devem procurar o urologista de confiança, relacionado ao convênio. Os pacientes que são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que desejam realizar os exames de prevenção e que estão situados no Departamento Regional de Saúde de Barretos (DRS), devem fazer o agendamento junto ao projeto ‘Saúde do Homem’, no AME, através do 0800-779-000, onde será realizado, gratuitamente, avaliações urológicas e cardíacas, com base em uma fila de espera. Já os homens que não têm acesso a essa possibilidade, devem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência e solicitar ao médico o encaminhamento ou exame de rastreamento para a detecção do câncer de próstata.
5 – Quais ações o HA irá realizar referentes ao Novembro Azul?
R.: O Instituto de Prevenção do HA já realiza um trabalho contínuo com as carretas que percorrem o país inteiro oferecendo exames de PSA e toque para esse público. O departamento de urologia também irá realizar palestras nas recepções da instituição, em clubes de serviços da cidade, como Rotary Club e Maçonarias, e divulgação em jornais e rádios locais, durante todo o mês de novembro. O objetivo é conscientizar a população sobre a importância da prevenção do câncer de próstata.
6 – O público masculino está se preocupando com a saúde?
R.: Graças às mobilizações de campanhas como o Novembro Azul e aos programas de rastreamento, percebemos nitidamente uma diminuição da mortalidade do câncer de próstata. Atualmente, os homens estão mais preocupados com a saúde e em evitar doenças potencialmente mais graves (diferente do que víamos há 10 ou 15 anos, quando existia uma grande resistência e preconceito em relação ao exame de toque). É por isso que damos tanta importância às campanhas! Elas devem continuar e incentivar, cada vez mais, os homens.
Desde maio de 2017, o Instituto de Prevenção do Hospital de Amor vem desenvolvendo um estudo que identifica o DNA do papilomavírus humano, o HPV – apontado como a principal causa do câncer de colo de útero.
De acordo com o ginecologista do Instituto de Prevenção do HA, Dr. Júlio César Possati Resende, embora o exame molecular seja conhecido no meio médico, mesmo não sendo aplicado em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS), o que motivou a equipe do HA iniciar o projeto é o fato do câncer de colo de útero ainda estar entre os mais frequentes entre as mulheres no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), esse tipo de câncer é o terceiro que mais atinge mulheres no país.
Ao utilizar a pesquisa de base populacional, o objetivo principal do estudo é comprovar a eficiência do exame, avaliando o novo modelo de rastreamento para o câncer de colo de útero, utilizando testes moleculares para detecção de infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Ou seja, o propósito é realizar o diagnóstico precoce de lesões que tenham potencial de se transformarem em câncer do colo uterino no futuro.
O projeto também está levantando indicadores que medirão o custo efetivo desse modelo de rastreamento, atualmente adotado entre toda população brasileira, o que poderá contribuir para melhorias e a otimização desse rastreamento. “Nós vamos avaliar a questão de custo e efetividade e o impacto orçamentário que isso pode ter, caso ele seja implementado pelo Ministério da Saúde”, afirma o especialista.
Segundo Possati, como o exame Papanicolaou (citologia cervical) é utilizado como teste para a realização de triagem de casos de risco câncer, pode apresentar algumas limitações. O exame molecular pode contribuir significativamente com um diagnóstico mais funcional, já que apresenta uma eficácia de até 90% (na citologia cervical, é de 60%). “O importante é fazer a detecção das lesões precursoras em que se consegue, após um simples tratamento, evitar que essas mulheres desenvolvam o câncer depois de um período de 10 a 15 anos de evolução, além de proporcionar mais agilidade nos processos laboratoriais e reprodutibilidade dos resultados que são automatizados”, ressalta o médico.
A auxiliar de limpeza, Renata Cristina Luis, de 33 anos, relata que sempre realizou seus exames preventivos com regularidade, principalmente, porque possui histórico de câncer na família. Ao fazer seu exame de rotina, Renata foi convidada pela equipe do HA para participar do projeto e fazer o exame molecular, o que contribuiu para a descoberta de feridas em seu útero. “Participar deste projeto foi muito importante. Já era tarde quando a minha irmã descobriu o câncer e, infelizmente, ela perdeu a mama. Se eu não tivesse descoberto a ferida com a ajuda desse exame, provavelmente, eu corria o risco de perder o útero”.
Mesmo sentindo dores, a paciente nunca desconfiou que pudesse haver algo de errado. De acordo com o Dr. Possati, o exame molecular foi fundamental para a descoberta da ferida no útero de Renata, já que a pequena lesão poderia contribuir para o surgimento da doença em um período de 10 anos. Após o diagnóstico, Renata passou pelo procedimento cirúrgico de remoção da ferida. A técnica adotada foi um sucesso.
Até o momento, mais de 5 mil pessoas participaram da pesquisa que visa examinar 27 mil mulheres de todo o país, até maio de 2022.
De acordo como ginecologista do Hospital de Amor, de 7 a 8% das mulheres testadas, com idade superior a 30 anos, apresentaram infecção pelo HPV. Todas são convidadas para os exames complementares mais detalhados. O rastreamento ocorre graças aos recursos destinados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas (SP), que também apoia outros projetos da instituição.
Exame molecular
A enfermeira e pesquisadora do HA, Livia Loami de Paula, esclarece que independentemente da mulher ter uma vida sexual ativa ou não, ela sempre deve realizar exames preventivos. “As células estão em constante renovação. Durante esse processo, se há algum problema com a renovação das células, há o risco do câncer ocorrer”, ressalta Lívia.
A pesquisadora também esclarece que o exame molecular não pode ser realizado por todas as mulheres. Para participar do projeto, alguns critérios são exigidos e alguns pontos devem ser considerados:
– Mulheres grávidas ou sem útero NÃO podem participar da pesquisa.
– Mulheres com idade entre 25 e 30 anos também não devem fazem o exame . Abaixo dos 30, a chance é maior de se ter o vírus. No entanto, o sistema imune consegue combatê-lo, como um vírus de gripe, por exemplo.
– O Ministério da Saúde preconiza a realização do exame de Papanicolaou, portanto, mulheres com idade entre 25 a 64 anos devem sempre realizar o exame.
– Ainda não há exames para identificar o vírus nos homens, embora, eles possam passar a vida toda com o vírus sem saber do mesmo. No caso deles, podem surgir verrugas nos órgãos sexuais. Caso isso ocorra, é importante sempre visitar um médico especialista para investigar o aparecimento das mesmas, pois outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) também podem surgir.
HPV – A importância da prevenção
De acordo com a pesquisadora e bioquímica do Hospital de Amor, Cristina Mendes de Oliveira, dos 200 tipos de HPV já descobertos, cerca de 40 deles infectam a região anogenital e 12 são classificados pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), como de alto risco oncogênico.
A pesquisadora afirma ainda que o HPV pode contribuir para o aparecimento de alguns tumores malignos, sendo o responsável pelo desenvolvimento de quase 100% dos tumores no colo uterino, além de contribuir para o surgimento dos casos de carcinomas de cabeça e pescoço, vulva, vagina, ânus e pênis, e para a evolução de lesões benignas, como verrugas cutâneas e genitais.
Embora o HPV seja um vírus com alto potencial para desenvolver algumas doenças, a maioria das infecções ocasionadas pelo vírus são assintomáticas e acabam sendo resolvidas pelo sistema imune. Caso ocorra a persistência da infecção no indivíduo, o mesmo corre o risco de desenvolver câncer.
A transmissão do vírus HPV ocorre através de relações sexuais. Vale ressaltar que o HPV não é transmitido ao compartilhar banheiro público, piscina ou roupas. O vírus fica “escondido” e não há sintomas aparentes que podem alarmar a mulher, já que na maioria das vezes não há dor ou corrimento. Caso o vírus já tenha causado lesões, podem haver cólicas e sangramentos.
O vírus não é identificado por exame de sangue e também não tem cura, somente acompanhamento médico. Por esse motivo, o exame molecular é muito importante para evitar a possibilidade do surgimento do câncer, já que o mesmo consegue detectá-lo. O procedimento de coleta deste exame é semelhante à coleta do Papanicolaou.
Atualmente, duas vacinas estão disponíveis para impedir a infecção pelo HPV. O conteúdo é constituído por partículas que se assemelham às partículas virais e são formadas por uma proteína do papilomavírus humano, sendo consideradas seguras pelo fato de não serem infecciosas. O Programa Nacional de Imunizações do Governo Federal incluiu a vacina contra o HPV em seu calendário de vacinação. O objetivo é vacinar meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos contra o vírus, supondo que jovens dessa faixa etária ainda não tenham iniciado atividades sexuais. Para que a imunização ocorra, são necessárias duas doses da vacina, sendo que a segunda dose deve ocorrer 6 meses após a primeira aplicação.
Levar a conscientização sobre o diagnóstico precoce e sobre a importância do exame de mamografia é o principal objetivo da campanha “Outubro Rosa” – movimento que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mama. A mobilização, que teve início nos Estados Unidos, na década de 1990, com algumas ações isoladas, chegou ao congresso americano e conquistou a aprovação de uma lei que tornaria outubro como o mês nacional de prevenção à doença.
Atualmente, a ação acontece em vários países ao redor do mundo e, para despertar a atenção das pessoas, em especial, das mulheres, monumentos (como Torre Eiffel e Cristo Redentor), praças públicas, igrejas e estabelecimentos comerciais são iluminados por luzes rosas.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tumor maligno mais frequente entre as mulheres no mundo. Para o Brasil, estimam-se 59.700 novos casos de câncer de mama para cada ano do biênio 2018/2019. Além disso, a cada semana, um novo caso de câncer será descoberto em uma mulher que não sente absolutamente nada. Está aí a grande importância de se atentar aos exames preventivos.
Para falar sobre o assunto e esclarecer as principais dúvidas sobre a doença, o Hospital de Amor entrevistou a médica radiologista do Instituto de Prevenção, Dra. Silvia Sabino. Confira:
1 – Quais são os números atuais do câncer de mama no Brasil?
R.: De acordo com dados do INCA, o câncer de mama é o principal tipo de tumor que atinge as mulheres em todas as regiões brasileiras, exceto no Norte, que é o segundo lugar, ficando atrás apenas do câncer de colo de útero. É também a primeira causa de morte por câncer entre as mulheres. No ano de 2012, mais de 1.600.000 mulheres escutaram a frase “você tem câncer de mama”, em todo o mundo.
2 – Qual é a maneira correta de se identificar a doença precocemente?
R.: A recomendação do Ministério da Saúde é a participação das mulheres nas ações de rastreamento e diagnóstico precoce do câncer de mama, através da realização da mamografia para as mulheres na faixa etária de 40 a 69 anos, devendo permanecer alertas para os sinais e sintomas suspeitos, como nódulos nas mamas, saída de secreção transparente ou sanguinolenta pelos mamilos ou qualquer modificação de formato ou na pele das mamas.
3 – Quais exames as mulheres devem fazer?
R.: A mamografia é o principal exame para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Em situações especiais e sob indicação médica, ela poderá ser complementada com ultrassonografia ou ressonância magnética.
4 – Como funciona esse exame?
R.: O mamógrafo é um aparelho de raios-x modificado para realizar o exame das mamas. Durante o procedimento, são realizadas 4 imagens (uma de cada vez) com as mamas comprimidas entre placas. A compressão das mamas é importante para separar o tecido mamário normal de um eventual câncer, já que ambos possuem características semelhantes. Se alguma alteração for observada, imagens adicionais podem ser necessárias. O exame de mamografia pode ser complementado com ultrassonografia e, em alguns casos, por ressonância magnética.
5 – De quanto em quanto tempo é necessário realizar esse exame? Por quê?
R.: As diretrizes de sociedades médicas orientam a realização do exame de mamografia anualmente, a partir dos 40 anos. Porém, o preconizado pelo Ministério da Saúde é a realização a cada 2 anos, dos 50 anos até os 69.
As faixas etárias estão relacionadas às maiores incidências de câncer de mama na população feminina e a periodicidade visa garantir que uma lesão que começar a se desenvolver, possa ser identificada e tratada rapidamente.
6 – Caso algo seja detectado, qual o próximo passo?
R.: Se alguma alteração for detectada e confirmada pelos exames, será necessária a obtenção de uma amostra da lesão. Este procedimento é denominado de biópsia e pode ser realizado através de agulha (biópsia percutânea) ou através de cirurgia (biópsia cirúrgica). Estatisticamente, a cada 4 biópsias mamárias, 1 acaba por revelar um câncer.
7 – Quando o câncer de mama é detectado precocemente, quais são as chances de cura?
R.: Tumores de mama descobertos com menos de 1 cm ou que ainda estejam restritos ao ducto mamário – estrutura que carrega o leite durante a amamentação – apresentam cerca de 95% de chance de cura.
8 – Quais são os tratamentos mais utilizados para o câncer de mama? Como funcionam esses tratamentos?
R.: Atualmente, os tratamentos para o câncer de mama são personalizados e baseados no tipo e extensão tumoral, podendo incluir: cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonoterapia e, mais recentemente, terapia alvo e imunoterapia.
• A cirurgia é o tratamento mais comum para o câncer de mama, sendo seu principal objetivo retirar o máximo possível do tumor com uma margem de segurança. A definição do tipo de cirurgia mamária – se conservadora (quando apenas a região acometida da mama é retirada) ou não – dependerá do tamanho do tumor e dos benefícios para a paciente.
• A radioterapia é a segunda principal modalidade de tratamento, usando radiação para destruir células anormais que formam um tumor. Pode ser instituída como o tratamento principal do câncer; tratamento adjuvante (quando realizada após a cirurgia, com objetivo de eliminar as células tumorais remanescentes, diminuindo a incidência de recidiva e metástases à distância); tratamento paliativo (sem finalidade curativa, sendo utilizada para melhorar a qualidade da sobrevida da paciente); para alívio de sintomas da doença, como dor ou sangramento; e para o tratamento de metástases ou, mais modernamente, como tratamento neoadjuvante (o que ocorre antes do tratamento cirúrgico em tumores muito iniciais).
• O tratamento quimioterápico utiliza medicamentos para destruir de maneira sistêmica as células tumorais. A medicação pode ser injetada ou ingerida e também pode ser utilizada no esquema neoadjuvante, adjuvante ou paliativo.
• Muitos tumores de mama apresentam, em sua superfície, receptores de hormônio (estrógeno, progesterona e andrógeno) e podem, assim, utilizar os próprios hormônios da mulher para seu crescimento. A hormonoterapia é uma opção terapêutica sistêmica, que tem como objetivo bloquear a ação destes hormônios em células sensíveis, podendo ser usada de forma isolada ou em combinação com outras formas terapêuticas.
• Outra modalidade de tratamento sistêmico é a terapia alvo, que utiliza medicamentos que atacam especificamente elementos encontrados na superfície ou no interior das células do tumor de mama.
• Finalmente, a imunoterapia é um tratamento biológico sistêmico que potencializa o sistema imunológico, utilizando anticorpos produzidos pela própria paciente ou em laboratório, estimulando a ação das células de defesa do nosso organismo para que o tumor seja reconhecido como um agente agressor.
9 – Por que a mamografia, na maioria das vezes, é desconfortável?
R.: As mamas são extremamente sensíveis e um exame que necessita comprimir as glândulas mamárias pode provocar desconforto, que varia de mínimo a intenso, dependendo da sensibilidade da mulher e, sobretudo, da fase do período menstrual em que está sendo realizado.
10 – O que a mulher pode fazer para tornar a mamografia mais confortável? Quais dicas práticas poderia dar?
R.: A principal dica para tornar o exame menos desconfortável é realizá-lo na primeira semana após o final da menstruação. Após a menstruação, as glândulas mamárias estão menos edemaciadas (inchadas) e sua compressão será menos dolorosa.
Outra dica, nem sempre fácil, é tentar relaxar durante o posicionamento das mamas no equipamento. As mamas são unidas ao tórax através da musculatura peitoral. Quando ficamos tensas, contraímos estes músculos e, consequentemente, endurecemos a mama. Se deixarmos o corpo e, sobretudo, os braços relaxados, as mamas serão comprimidas com mais facilidade e sem tanto desconforto. Avisar a técnica de radiologia que as suas mamas são ou estão sensíveis, também traz melhores resultados em relação à percepção de desconforto do exame.
11 – Por que é interessante avisar a técnica sobre a prótese de silicone?
R.: A mamografia em mulheres que possuam implantes mamários pode e deve ser realizada, porém, exige cuidados e posicionamentos específicos da mama para tentar retirar a sobreposição do silicone. Normalmente, serão realizadas de 6 a 8 imagens das mamas. Paciência e colaboração é tudo para um exame rápido e de sucesso!
12 – Quais são os principais fatores de risco do câncer de mama?
R.: Idade da primeira menstruação menor do que 12 anos; menopausa após os 55 anos; mulheres que nunca engravidaram ou nunca tiveram filhos; primeira gravidez após os 30 anos; uso de alguns anticoncepcionais e terapia de reposição hormonal (TRH) na menopausa, especialmente se por tempo prolongado; exposição à radiação ionizante; consumo de bebidas alcoólicas; dietas hipercalóricas; sedentarismo; e predisposição genética (pelas mutações em determinados genes transmitidos na herança genética familiar – principalmente por dois genes de alto risco, BRCA1 e BRCA2), são os principais fatores de risco do câncer de mama.
Mitos x Verdades
– O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres?
Verdade. Inclusive, ele responde por 29,5% dos casos novos a cada ano e a prevenção deve ser feita através da realização de mamografia e hábitos de vida saudáveis.
– O exame de mamografia auxilia na detecção precoce do câncer de mama?
Verdade. O exame ainda é o método mais eficaz de diagnóstico para detecção da doença. Quanto mais precoce a descoberta e remoção do tumor em sua fase inicial, maiores são as chances de cura, podendo ultrapassar 95%.
– O autoexame de mama substitui a realização da mamografia?
Mito. Apenas a mamografia é capaz de detectar nódulos menores que 1cm e imperceptíveis ao autoexame.
– O câncer de mama tem cura?
Verdade. Se detectado em estágios inicias, as chances de cura chegam a 95%.
– A amamentação ajuda a prevenir o câncer de mama?
Verdade. A amamentação pode reduzir o risco da mulher de contrair a doença, mas isso não significa que a mulher que amamentou não terá câncer de mama.
– As mulheres que têm prótese de silicone nas mamas não podem realizar mamografia?
Mito. Podem e devem realizar o exame. Uma mamografia realizada corretamente não traz nenhum dano às próteses. É sempre bom avisar o técnico sobre a presença do silicone para que ele possa aplicar menos pressão.
– Homens podem ter câncer de mama?
Verdade. Porém, são mais raros, correspondendo a cerca de 1% dos casos.
– O uso de desodorante antitranspirante pode causar câncer de mama?
Mito. Não existem pesquisas que evidenciem relação direta entre o uso desse tipo de produto e o desenvolvimento da doença.
– Sintomas como nódulo palpável, presença de secreção aquosa, com aspecto transparente ou sangue pelo mamilo e alterações na pele podem ser sinais de câncer de mama?
Verdade. Se você perceber algum desses sinais, fique alerta e procure um médico de sua confiança para ser avaliada.
– O câncer de mama pode ser causado por um trauma, como bater a mama na maçaneta da porta ou outros locais, por exemplo?
Mito. O que pode ocorrer nesses casos é que, após o trauma, a mulher passa a se observar e/ou se tocais mais e descubra um nódulo que já estava presente.
– A radiação emitida pelo aparelho de mamografia é prejudicial à saúde?
Mito. A quantidade de radiação emitida durante o exame é relativamente baixa e o risco associado à exposição é mínimo.
– O sutiã pode aumentar o risco de câncer de mama?
Mito. Não existem estudos que evidenciem relação direta entre o uso do sutiã e o desenvolvimento da doença.
Referência no tratamento oncológico, o Hospital de Amor realiza, há mais de 20 anos, um trabalho pioneiro de prevenção. Sabendo da importância do diagnóstico precoce do câncer, a instituição desenvolve diversos projetos na tentativa de oferecer um atendimento qualificado e humanizado na realização de exames preventivos à população.
Desde 2017, o Instituto de Prevenção do HA vem realizando um projeto de busca ativa no combate ao câncer bucal, com o objetivo de diagnosticar precocemente a doença e lesões potencialmente malignas, além de levar informações à população sobre o câncer de boca e hábitos nocivos. O trabalho abrange o Departamento Regional de Saúde (DRS V), ou seja, os 18 municípios da região de Barretos (SP).
Através da van odontológica (unidade móvel equipada com cadeira e aparelhos odontológicos), uma equipe de dentistas e enfermeiros do hospital visita as Unidades Básicas de Saúde (UBS), domicílios, indústrias, usinas, áreas rurais, alojamentos e outros locais propícios onde encontram-se os pacientes com fatores de risco: homens e mulheres acima de 40 anos, etilistas (viciados em bebidas alcoólicas) ou tabagistas – que tenham abandonado o hábito em até 20 anos – e pessoas de qualquer idade que apresente lesões orais.
Foi graças ao programa de rastreamento, que o serralheiro Osvaldo Carvalho, de 58 anos, conseguiu diagnosticar a doença e salvar sua vida! O barretense estava em um bar, localizado em um bairro periférico da cidade, quando os profissionais do Hospital de Amor chegaram com a van para iniciar a busca ativa. “ Eu estava em um boteco, comendo uma coxinha, quando a equipe chegou e examinou minha boca. Após fazerem uma análise, eles solicitaram para eu comparecer imediatamente ao Instituto de Prevenção, pois seria necessário fazer uma biópsia. Em dois dias, eu já tinha recebido o atendimento necessário”, contou Osvaldo.
Menos de um mês depois, ele recebeu o resultado de seu exame: foi diagnosticado com câncer na úvula e no assoalho da boca. A partir daí, Osvaldo iniciou seu tratamento na instituição. Fumante desde os 14 anos de idade, foi necessária a utilização de adesivos que auxiliam no tratamento da dependência. Em junho deste ano, o serralheiro realizou a remoção do tumor e passou por sessões de radioterapia. Hoje, o paciente segue em acompanhamento no HA e encontra-se em ótimo estado de saúde. “A agilidade no meu atendimento foi muito importante para iniciar os procedimentos e ter sucesso no meu tratamento”, declarou.
Segundo a dentista e coordenadora do projeto, Kenya Firmino, a expetativa é de que a conscientização aumente para que seja possível diagnosticar precocemente a doença ainda mais, diminuindo suas taxas de mortalidade. “Quando detectado em estágios iniciais, a chance de cura desse tipo de tumor chega a ser maior que 80%. Em estágios avançados, a sobrevida pode ser menor do que 5 anos”, afirmou Kenya.
Câncer de Boca
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados 14.700 novos casos de câncer de boca ainda neste ano, sendo 11.200 em homens e 3.500 em mulheres. Estes tumores são formados por células que se multiplicam rápida e descontroladamente, destruindo órgãos e se espalhando para os linfonodos do pescoço (conhecidos como ínguas), afetando lábios e o interior da cavidade oral. Dentro da boca, é importante observar gengivas, mucosa jugal (bochechas), palato duro (céu da boca) e língua (principalmente as bordas e o assoalho – região de baixo).
Uma das principais causas desse tipo de tumor é o tabagismo. Cigarro, charuto, cachimbo, narguilé e maconha estão diretamente relacionados ao câncer de boca. As bebidas alcoólicas, em especial, as destiladas, quando associadas ao uso do cigarro, podem aumentar em até quatro vezes o risco de se desenvolver a doença. Outras causas estão relacionadas às más condições de higiene bucal, alimentação carente de frutas e verduras frescas, além de fatores genéticos.
Na maioria dos casos, o câncer de boca apresenta-se como uma área endurecida ou uma ferida que sangra, podendo causar dor durante a fala e alimentação. O aumento dos linfonodos no pescoço, dor de ouvido, dor de garganta e dentes amolecidos são outros sinais de alerta.
Hábitos saudáveis, não fumar, não beber, cuidar da higiene bucal e fazer visitas regularmente ao dentista, são atitudes que contribuem para a saúde adequada da boca e, consequentemente, previnem o câncer de boca.
Quem deve fazer o exame de prevenção?
Pessoas com feridas na boca que não cicatrizam há mais de 15 dias, fumantes (ou não fumantes em até 20 anos) e consumidores de bebida alcoólica devem fazer o exame preventivo.
Os milhares de pacientes que realizam tratamento no Hospital de Amor Barretos agora contam com uma nova alternativa de medicação para os tratamentos de cânceres de pulmão e melanoma (tipo mais grave de câncer de pele) em estágios avançados. Graças à parceria firmada com a farmacêutica MSD, a instituição poderá oferecer aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) o tratamento com a terapia anti-PD-1, conhecida como pembrolizumabe (Keytruda). O Hospital de Amor é a primeira entidade de saúde pública no Brasil a oferecer a imunoterapia.
A assinatura do termo aconteceu na última segunda-feira, dia 3 de setembro, reunindo médicos, o presidente do Hospital, Henrique Prata, e o diretor-geral do Centro Oncológico “Antônio Ermírio de Moraes” – Beneficência Portuguesa, de São Paulo, e membro do comitê de direção do Centro Oncológico do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Antônio Buzaid.
De acordo com Buzaid, o tratamento imunoterápico é uma nova alternativa para a quimioterapia, além de possuir efeitos colaterais menores. “Quando aplicamos o Anti-PD-1, estimulamos uma sobrevida no paciente. Por isso, é tão importante investir em pesquisas clínicas para aumentar a receita da instituição e melhorar o tratamento básico. Para nós, o Hospital de Amor é um motivo de muito orgulho”, afirmou.
Para a diretora médica de oncologia da MSD Brasil, Dra. Márcia Datz Abadi, “o pembrolizumabe representa um avanço importante no tratamento do câncer e é um orgulho poder oferecer essa inovação aos pacientes do SUS. Nos sentimos honrados pela parceria e pioneirismo do Hospital de Amor”.
Após essa conquista, o HA poderá facilitar o acesso ao medicamento, acelerar o tratamento e as chances de cura e sobrevida dos pacientes. A estimativa é de que em duas semanas essa alternativa já esteja sendo aplicada na instituição. Segundo Henrique Prata, a assinatura do convênio representa um marco histórico nos mais de 50 anos de trajetória do Hospital e também para a oncologia brasileira. “Todas as pessoas têm direito de ter um tratamento digno. Portanto, temos muito o que comemorar com essa conquista”, declarou.
Câncer de Pulmão
O câncer de pulmão é considerado o mais comum e letal entre todos os tumores malignos. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) para este ano é de que 30 mil novos casos sejam diagnosticados no Brasil, sendo o de células não pequenas o mais comum – correspondente a 85% de todos os casos. Estimativas globais apontam que apenas 1% dos pacientes com câncer de pulmão avançado estão vivos, cinco anos após o diagnóstico.
Em junho, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a aprovar, baseado em um estudo de fase 3, o uso combinado de pembrolizumabe e quimioterapia para tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPNPC) em estágio avançado ou metastático. De acordo com o estudo KEYNOTE-189, publicado no New England Journal of Medicine, o uso de pembrolizumabe associado à quimioterapia (pemetrexede e cisplatina ou carboplatina), quando utilizado em primeira linha de tratamento, reduz em 51% o risco de morte.
Para o oncologista clínico do HA, Dr. Pedro de Marchi, poder oferecer esse medicamento gratuitamente aos pacientes é um motivo de grande alegria. “Sem dúvida, estamos falando de um marco na história do Brasil. Com essa nova alternativa, a sobrevida é de 8 meses a 3 anos”, ressaltou.
O oncologista explica ainda que o Hospital de Amor recebe cerca de 600 novos pacientes com câncer de pulmão, por ano. Desses, 450 irão precisar de tratamento sistêmico. Entre eles, 360 possuem doença metastática. Desses, 320 não têm mutações. “Isso quer dizer que, desses 320 pacientes, 17% apresenta PD-L1 maior que 50% e seriam candidatos a esse tipo de tratamento, o que resultaria em, aproximadamente, 54 pacientes novos por ano”, finalizou Dr. Pedro de Marchi.
Câncer Melanoma
O melanoma é caracterizado pelo crescimento descontrolado de células que compõem a pele. A incidência deste tipo de câncer tem aumentado nas últimas quatro décadas. Só o Brasil registra, anualmente, cerca de 5.500 novos casos da doença e, aproximadamente, 1.547 óbitos, segundo o INCA. Esse tipo de câncer é considerado o mais comum entre jovens adultos, mas também pode ser diagnosticado em crianças, adolescentes e idosos.
De acordo com o estudo Keynote-001, em 655 pacientes com melanoma metastático, 34% de todos eles e 41% dos que não haviam tido qualquer tratamento prévio, permanecem vivos após 5 anos do uso de pembrolizumabe, em uma doença em que a quimioterapia oferecia apenas poucos meses de sobrevida. Já o estudo KEYNOTE-006 mostrou que 42% dos pacientes tratados com pembrolizumabe estavam vivos após quatro anos de diagnóstico.
“É trágico saber que somente pacientes que possuem convênios ou acesso aos atendimentos privados, conseguem ter acesso a esse tipo de tratamento. Agora, pela primeira vez, os pacientes do SUS, atendidos no Hospital de Amor, poderão contar com uma medicação inovadora. É uma luz de esperança para que, em pouco tempo, mais pacientes possam conseguir esta e todas as outras medicações que ainda não estão disponíveis gratuitamente”, declarou o oncologista clínico do HA, Dr. Sérgio Serrano.
O medicamento
O medicamento (pembrolizumabe) já pode ser utilizado no Brasil para o tratamento em primeira linha de melanoma avançado para pacientes com câncer de pulmão avançado, do tipo CPCNP, com expressão elevada ou moderada do biomarcador PD-L1 no tumor (expressão ≥50% ou 1%<49%) e tratamento de câncer urotelial (o mais comum é o câncer de bexiga). Ele também foi aprovado este ano para tratamento de câncer gástrico (o mais comum é o de estômago), após falha de duas terapias prévias.
A imunoterapia anti-PD-1 da MSD está sendo avaliada para mais de 30 tipos de tumores em 790 estudos clínicos. No Brasil, o medicamento está sendo pesquisado em mais de 29 ensaios clínicos, com cerca de 232 instituições envolvidas e mais de 500 pacientes em tratamento.
No último dia 17 de agosto, o Hospital de Amor obteve uma grande conquista: a inauguração de sua Oficina Ortopédica. Além de beneficiar os pacientes da instituição, a concretização também representa a realização do sonho do Dr. Daniel Marconi – coordenador do departamento de Radioterapia e do projeto de reabilitação do HA, o Bella Vita.
Com o objetivo de confeccionar e reparar órteses e próteses para pacientes amputados em decorrência do câncer, o Hospital passa a ser o primeiro e único centro oncológico do país a ter um núcleo específico dedicado a esse trabalho. De acordo com dados da entidade, em média, o hospital conta com uma cirurgia de amputação por semana, devido a sequelas ocasionadas pelo câncer, e estima produzir ao menos uma prótese por dia. Além da confecção dos materiais ortopédicos, a fábrica irá otimizar recursos financeiros e tempo.
A produção e o reparo dessas peças serão destinados aos pacientes com déficit de locomoção e com restrições motoras e funcionais, e aos amputados. Outra novidade é que o local está habilitado para iniciar, em breve, a produção e manutenção de acessórios de locomoção como cadeiras de rodas, muletas, andadores, cadeiras para banho, entre outros, o que ampliará ainda mais o número de pacientes beneficiados pelo projeto.
Para o coordenador do departamento de Radioterapia e idealizador do projeto, Dr. Daniel Marconi, o objetivo é que o paciente deixe o hospital não só curado, mas também reabilitado. “Nosso grande diferencial está em facilitar a logística e a funcionalidade de implantação das próteses, uma vez que a oficina ortopédica está inserida no Hospital de Amor, onde os pacientes já estão internados ou circulam com frequência para a realização dos tratamentos”, afirmou.
Projeto Bella Vita
A oficina ortopédica é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pela doença e seu tratamento. Dentre outras atividades, os pacientes inseridos no projeto Bella Vita participam de sessões de equoterapia, um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar. Além disso, há a disponibilidade da terapia robótica, com a utilização de profissionais especializados e equipamentos de última geração. “Os tratamentos de combate ao câncer resultam, muitas vezes, em sequelas temporárias ou permanentes, e que acabam por limitar a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes, provocando grandes repercussões físicas e psicossociais. Por meio de um programa de reabilitação interdisciplinar, o Bella Vita proporciona um melhor retorno às atividades cotidianas, independência e reinserção no mercado de trabalho”, comentou o coordenador.
Foram investidos cerca de R$ 8 milhões, originários do PRONAS/PCD (Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência) para o desenvolvimento do Projeto Bella Vita. Já os recursos extras para a construção física da oficina ortopédica vieram da própria instituição. Este núcleo contará com uma equipe formada por um técnico protético com formação pela Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (ABOTEC), dois auxiliares técnicos em órteses e próteses, um fisiatra, um fisioterapeuta e um terapeuta ocupacional.
Sonho realizado
Após nascer com uma deficiência física no pé, Dr. Daniel Marconi se viu obrigado a utilizar uma prótese (o que o motivou a trabalhar com as pessoas carentes que são atendidas no Hospital de Amor). “Eu só soube na faculdade que poderia usar uma meia de silicone, que custa R$ 20,00, e não me causaria problemas com a prótese. Imagine as pessoas que não têm acesso a esse tipo de informação”, declarou.
Segundo ele, o hospital tem um indicador de preservação de membros de 71%, o que significa que os outros pacientes já chegam para tratamento sem perspectiva da cirurgia preservadora. O fornecimento de próteses e órteses por convênios médicos não é obrigatório. Assim, na grande maioria das vezes, o paciente fica desassistido. “Inaugurar a oficina ortopédica é um sonho meu que se realiza. A partir dessa minha realização, eu conseguirei devolver, parcialmente, o sonho dos pacientes de fazer uma faculdade, um esporte e seguir uma vida normal. Estou extremamente feliz!”, finalizou Marconi.
O presidente do Hospital de Amor, Henrique Prata, não só aprovou a iniciativa do médico como o comparou ao seu pai, Dr. Paulo Prata (fundador da instituição). “A minha primeira reação foi contestar o projeto do Dr. Daniel, mas, quando ele mostrou a importância disso para ele e, principalmente para os pacientes do hospital, eu vi um sentimento de coragem e amor nele. Aprovei e apoiei a ideia. Vi que ele “saiu da curva” como médico e senti uma admiração imensa pelo profissional que ele é. Para mim, é muito importante ver que outras pessoas têm a mesma luz que tinha meu pai. Todos nós podemos ser o Dr. Daniel!”, declarou Prata.
Cerimônia
A emocionante cerimônia de inauguração contou com a presença de diretores, equipe médica e colaboradores do Hospital de Amor, parceiros, familiares do médico rádio-oncologista, população barretense e veículos de comunicação. Após a celebração, os participantes conheceram a estrutura da nova unidade (que carinhosamente leva o nome da mãe do médico: Gricia Maria Grossi Marconi) e assistiram a apresentações de dança de pacientes amputados e de capoeira com Edson Dantas (também amputado).
O Hospital de Amor e o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), por meio da assinatura de um convênio, acabam de firmar uma importante parceria, que tem como objetivo desenvolver um estudo clínico inédito na América Latina para tratamento de câncer de próstata metastático. Segundo o coordenador do departamento de medicina nuclear do Hospital de Amor, Dr. Wilson Furlan Alves, os protocolos em fase de teste serão direcionados aos pacientes com câncer de próstata com metástases, que já não respondem a terapia com hormônio ou quimioterapia.
Este estudo permitirá que um grupo de pacientes, que não apresentava mais alternativas de tratamento, tenha acesso a um novo tratamento, ainda não disponível no Brasil, mas que está apresentando excelentes resultados em países da Europa. O intuito é obter, posteriormente, o registro do radiofármaco na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), ampliando a possibilidade de tratamento em todo o país.
Durante a parceria, o IPEN será responsável pelo fornecimento do radiofármaco chamado PSMA, marcado com lutécio-177, e o HA recrutará pacientes com características determinadas para receberem este tratamento. “O PSMA é uma molécula que se liga a receptores localizados nas células do câncer de próstata, enquanto o lutécio-177 é um radioisótopo – ou material radioativo – que emite uma radiação (beta) que destrói as células tumorais”, explicou Alves.
O médico nuclear do Hospital de Amor e também um dos principais facilitadores do convênio, Dr. Euclides Timoteo da Rocha, conta que este tratamento ainda é experimental em todos os países nos quais foi iniciado, como Estados Unidos e Austrália. “Ele surgiu há aproximadamente quatro anos na Alemanha e somos os primeiros a realizá-lo na America Latina, o que nos coloca em uma posição bem atualizada”.
Para o Superintendente do IPEN, Wilson Aparecido Parejo Calvo, a tecnologia nuclear, que inclui a medicina nuclear, está passando por um momento importante no Brasil, em que se discute não apenas a importância da infraestrutura, mas, principalmente, os meios pelos quais os avanços chegam até a população. “O IPEN, com a assinatura desse convênio, faz uma parte disso, tomando a iniciativa disponibilizar novos fármacos, mas sem parceria com instituições como o Hospital de Amor não haveria como colocá-los no mercado. Nós temos como produzir e como fornecer, mas é necessário este outro elo para que este produto volte em benefício para a população”, destacou.
Com estrutura inaugurada em março de 2017, junto ao Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular (CPOM) do Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital de Amor, o biotério da instituição deu início, oficialmente, às suas atividades na última semana de novembro, com o I Encontro da Comissão de Ética no Uso de Animais da instituição, marcado pela presença e palestras de dois importantes nomes da área no cenário nacional: Dra. Ekaterina Rivera e Dra. Vera Peters, pesquisadoras e membros do Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA), órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia. O evento reuniu, além da própria Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA-CPOM), pesquisadores e profissionais que farão parte da equipe responsável pela nova área.
Segundo a coordenadora do local, Dra. Silvia Teixeira, o início das atividades completa os diferentes campos da pesquisa na instituição e é um importante passo na busca pela integração com os departamentos clínicos do Hospital, que contemplam no biotério uma possibilidade de novas abordagens terapêuticas. “Também será possível complementar a capacitação dos alunos de pós-graduação e pesquisadores, que terão um novo enfoque para o desenvolvimento de estudos inovadores que poderão levar a uma melhora na qualidade dos tratamentos dos pacientes. As pesquisas poderão ser direcionadas para a busca de terapias ainda mais personalizadas, validação de ensaios in vitro para novos alvos terapêuticos, entre outras. Os resultados poderão indicar medicamentos, ou associação de medicamentos, e terapias que possam ser mais eficazes e poderão implicar em aumento na sobrevida e na qualidade de vida dos pacientes”, explicou.
Durante o evento, as pesquisadoras, Dra. Ekaterina Rivera e Dra. Vera Peters, destacaram a importância da pluralidade da CEUA-CPOM, composta por docentes, pesquisadores, colaboradores das áreas das ciências exatas e biológicas, além de um representante da sociedade protetora dos animais; e afirmaram que tal composição garante uma melhor qualidade na pesquisa e, principalmente, o máximo rigor a todos os princípios éticos na experimentação animal.
Para a médica veterinária, Dra. Ekaterina Riviera, mestre em Ciências de Animais de Laboratório pela Universidade de Londres e Doutora Notório Saber pela Universidade Federal de Goiás (UFG), os princípios do Hospital de Amor guiarão o biotério para que se torne um dos únicos – se não o único – do País a aplicar, de maneira estruturada, o que ela chamou de Cultura da Consciência, que, de forma simplificada, é a responsabilidade e consciência de sua importância por parte de todos os agentes envolvidos no processo, desde a parte administrativa até os profissionais responsáveis pela limpeza.
Silvia esclareceu, ainda, que, para que um projeto seja proposto e aceito, é necessário que a pergunta seja adequada, que todos os outros meios de buscar respostas tenham sido contemplados e que a relevância da pesquisa seja convincente. “Essa é a filosofia de toda a equipe do Biotério, pensamos e buscamos ao máximo propor bem-estar aos animais. Para isso, estamos promovendo todos os cuidados necessários, enriquecimento ambiental adequado durante os processos de criação e experimentação. Pretendemos colaborar com os pesquisadores no direcionamento do projeto, de forma a minimizar o uso de animais, e a promover o cuidado necessário durante o desenvolvimento das pesquisas. Todo esse cuidado não é só por poder interferir nos resultados, gerando viés na pesquisa, mas também porque temos uma grande responsabilidade nesse processo. Toda a estrutura oferecida pelo IEP e pelo CPOM nos permite realizar estes procedimentos de forma adequada. Além disso, o investimento na capacitação da equipe do biotério, visando a qualificação dos colaboradores, permitiu que esse perfil fosse desenvolvido. Com esses cuidados, acreditamos que os resultados poderão levar a um aumento na reprodutibilidade e aplicação dos resultados na clínica, tendo em vista a melhora das condições e qualidade de vida das pessoas com câncer”, finalizou.
Com intuito de gerar reflexões e promover trocas de experiências relacionadas ao tratamento radioterápico, o Hospital de Amor, em parceria com a Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) e a reconhecida empresa do ramo radiológico, Varian Medical Systems, realizou o congresso internacional de radioterapia “Barretos-UCLA Week.” Nos dias 14, 16 e 17 de novembro, o evento reuniu, no IRCAD América Latina, profissionais do HA, médicos de todo o Brasil e representantes da universidade norte-americana, para debater sobre as novas tecnologias aplicadas na área e compartilhar os conhecimentos de inovações no tratamento de câncer.
De acordo com o médico e professor da Universidade da Califórnia em Los Angeles, Dr. Percy Lee, o simpósio é extremamente importante para as instituições envolvidas, principalmente em relação ao compartilhamento de ideias e novas técnicas. “Graças a eventos como esse, nós podemos aprender uns com os outros. Sei que os colegas que atuam no Hospital de Amor estão sempre buscando aprender e otimizar o desenvolvimento de seus trabalhos, adaptando-se às novas tecnologias. Por isso, embora os cursos sejam de curta duração, são muito produtivos, e quem ganha são os pacientes e toda a comunidade”, relatou. Durante sua palestra, Lee afirmou estar impressionado com a estrutura da instituição e qualificou-a como um dos melhores hospitais do país.
Para o coordenador do departamento de radioterapia do HA, Dr. Alisson Bruno Barcelos Borges, o congresso reforça o laço de amizade e a parceria institucional com a UCLA. “Essa parceria tem melhorado significativamente a questão cientifica do nosso departamento, além de ter melhorado a qualidade do tratamento que nós oferecemos aos nossos pacientes”, declarou.
Os 200 profissionais que participaram do evento, entre eles, oito convidados que atuam na UCLA, além de médicos, físicos, enfermeiros e técnicos do hospital, se dividiram em dois grupos: radioterapia e física médica. Dentro desses segmentos, discutiram assuntos multidisciplinares sobre radioterapia, oncologia clínica, cirurgia, suporte clínico, entre outros relacionados ao tratamento dos pacientes.
Edições anteriores
Essa foi a segunda edição do congresso em que profissionais de outras instituições puderam participar. Após a consolidação da parceria entre as duas instituições, o evento se expandiu e foi aberto ao público do segmento, crescendo ano a ano.
Para o rádio-oncologista que atua na Santa Casa de Araraquara (SP) e de São Carlos (SP), Dr. Guilherme Paulão Mendes, é enriquecedor poder aprender com os profissionais americanos sobre novas tecnologias. “Na instituição de Araraquara, nós iremos passar por uma reforma e será necessário levar novos equipamentos, que irão contribuir para um atendimento mais eficaz aos nossos pacientes. Por isso, é fundamental que a gente tenha contato com essas tecnologias e com essa troca de experiências. Esse tipo de simpósio que o Hospital de Amor realiza é muito importante para todos nós”, finalizou.
Levar a conscientização sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil é a principal missão da “Caminhada Passos que Salvam” – a maior mobilização promovida pelo Hospital de Amor, simultaneamente, em centenas de cidades de todo o país.
A 7ª edição da campanha, realizada dia 25 de novembro, foi um sucesso: movimentou mais de 650 municípios, em 20 estados do Brasil. A grande novidade dessa edição é que a caminhada também foi realizada por um grupo de brasileiros residente em Londres, no Reino Unido. A ação acontece, todos os anos, durante o último domingo do mês, já que a escolha da data está relacionada à proximidade com o “Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil”, celebrado em 23 de novembro.
Em Barretos, cerca de 500 pessoas se uniram para participar da campanha, que teve início às 8h, na unidade infantojuvenil, e seguiu até o North Shopping, levando conscientização e muita diversão à toda população.
Sinais e Sintomas
Entre os sinais e sintomas mais comuns da doença, estão manchas roxas pelo corpo, dores de cabeça, vômito, perda de peso, fraqueza e dores nos ossos, sintomas que parecem comuns na infância e podem ser confundidos com doenças que acometem crianças e adolescentes, mas também podem ser o primeiro sinal de que há algo errado acontecendo.
De acordo com o diretor médico do Hospital de Amor Infantojuvenil, Luiz Fernando Lopes, a unidade infantojuvenil do HA tem todas as condições de tratar as crianças com a mesma qualidade dos países com alto nível de desenvolvimento (especialistas experientes, medicamentos adequados e uma excelente estrutura), mas nada disso impacta na vida das crianças se elas não chegarem precocemente para o tratamento. “Ainda há uma quantidade significativa de crianças chegando tardiamente em nossa instituição. O que falta é a conscientização de médicos, enfermeiros e familiares, e essa campanha é uma das melhores formas que encontramos para sensibilizar essas pessoas. Nós só alcançaremos níveis internacionais de cura se tivermos esse cenário favorável”, declarou.
Para a coordenadora da ação, Naima Kathib, o objetivo da Caminhada é trazer à discussão a importância dessa conscientização, de maneira lúdica, envolvendo assim toda a sociedade, de modo que permita com que mais diagnósticos precoces aconteçam, consequentemente, haverá maior chances de cura, sendo ampliadas para até 95%.
O escrevente técnico judiciário de Barretos, Fernando de Souza Teixeira, é voluntário no evento há 4 anos e o que o motiva a continuar apoiando a causa, é a importância da conscientização que ela leva a todas as pessoas e o quanto isso impacta, positivamente, na vida e na saúde de todas a crianças e adolescentes. “Eu me sinto responsável e impulsionado a dar uma força a quem está trabalhando em prol da comunidade. Todos os anos eu reservo essa data e, na próxima, podem contar comigo, pois minha presença é garantida”.
Outra presença marcante em todas as edições da caminhada é o vice-diretor médico da unidade infantojuvenil do HA, Dr. Robson Coelho. Ele, que sabe como ninguém o quanto é essencial que as crianças cheguem precocemente para tratamento no Hospital, agradeceu o trabalho da equipe organizadora da ação. “A caminhada serve para alertar a população sobre os sinais e sintomas do câncer infantojuvenil. Quanto mais rápido forem diagnosticados pelo pediatra ou pelo clínico geral, mais rápido a criança chega para o tratamento e maiores são as chances de cura. Então, qualquer campanha dessa que seja realizada, no Brasil e no mundo, na tentativa de conscientizar a população, é de grande valia. Precisamos agradecer ao HA e, principalmente, a equipe responsável pela organização do evento, por reunirem tantas cidades para abraçar a causa e participar”, ressaltou.
Números
Em 2012, primeiro ano em que ocorreu a mobilização, 19 municípios do Estado de São Paulo e dois de Rondônia caminharam, levando a população, empresas e entidades para participar do evento. Já no ano seguinte, o número quase quadruplicou: 80 municípios participaram da caminhada em oito estados. A terceira edição foi ainda melhor: 201 cidades em 11 estados brasileiros caminharam juntas, no mesmo dia e horário, levando mais de 150 mil pessoas às ruas. Em 2015, foram 306 cidades de 12 estados que caminharam, comprometidos na luta contra o câncer infantojuvenil. No ano passado, a “Passos que Salvam” mobilizou 300 mil pessoas em cerca de 500 municípios de todo o Brasil.
Captação de Recursos
Além de disseminar essas importantes informações, a “Caminhada Passos que Salvam” também possui uma ação para arrecadar fundos para o tratamento dos pacientes no Hospital de Amor Infantojuvenil. Ao adquirir um kit com camiseta, boné e ‘sacochila’, cada participante contribuiu com o valor de R$ 35,00, que será direcionado à instituição.
Para obter mais informações e saber se sua cidade já aderiu a esse movimento, acesse: www.hcancerbarretos.com.br/passosquesalvam.
Assim como acontece durante outros meses do ano, especialmente em outubro com as inúmeras mobilizações de conscientização a respeito do câncer de mama, em novembro, a sociedade também se reúne com o intuito de conscientizar os homens a respeito da prevenção do câncer de próstata – doença mais comum e a segunda com maior causa de óbito oncológico no sexo masculino. Além da prevenção, o mês também chama a atenção à saúde do homem como um todo.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que são estimados 68.220 novos casos em 2018 no Brasil, sendo esse o tipo de câncer mais incidente nos homens (exceto o câncer de pele não melanoma), em todas as regiões do país. Por se tratar de uma doença assintomática em fases iniciais, a melhor maneira de se detectar é através do exame de rastreamento (também conhecido como exame de toque) e de PSA (conhecido por Antígeno Prostático Específico, que pode ser avaliado através de um exame de sangue simples). Esses dois, juntos, possuem uma capacidade de detecção maior para o câncer de próstata.
De acordo com o médico urologista e coordenador do departamento de urologia do Hospital de Amor, Dr. Alexandre César Santos, em termos estatísticos, o câncer de próstata é responsável pela morte de 3% da população. “Há uma prevalência mais frequente, em torno de 16% dos homens da população em geral, que podem ser acometidos pela doença. Graças à campanha Novembro Azul, é possível perceber uma diminuição da mortalidade por esse tipo de tumor”, afirmou.
Para falar mais sobre o assunto e esclarecer as principais dúvidas sobre a doença, o Hospital de Amor fez uma entrevista especial com o especialista. Confira:
1 – Como é feito o diagnóstico do câncer de próstata?
R.: É realizado um rastreamento inicial, que leva em consideração outros fatores, como a raça e histórico familiar. Com base nisso, são feitos exames de rastreamento para detecção da doença. Caso haja diagnóstico positivo, o paciente é encaminhando para iniciar o tratamento. Em caso negativo, é feita uma estratégia de prevenção: se os riscos forem baixos, os rastreamentos são anuais ou a cada dois ou três anos.
2 – Por que o homem não pode deixar de realizar os exames preventivos?
R.: Basicamente, pelo fato do câncer de próstata não apresentar sintomas em fases iniciais. A doença surge em uma região da próstata e, na maioria das vezes, os pacientes não sentem dor, não há sangramento na urina e não há dificuldade em urinar ou evacuar. Enquanto isso, o tumor está crescendo na próstata desse homem.
Quando ele demora para fazer os exames preventivos, fazemos um diagnóstico tardio e, na maioria das vezes, o tumor não está apenas na próstata, já extrapolou e deu metástase, acometendo ossos e outros órgãos. Nesta fase, nós não conseguimos curar o paciente, mas sim paliativar os sintomas. A importância da detecção precoce é não esperar os sinais aparecerem para correr atrás do prejuízo. É de extrema importância que a doença não seja detectada quando estiver em estágios graves.
3 – Qual é o público-alvo da campanha?
R.: Homens, a partir dos 50 anos de idade, na população geral. E homens da raça negra ou que tenham histórico familiar de câncer de próstata, devem realizar os exames a partir dos 45 anos.
4 – Como é possível prevenir a doença?
R.: As pessoas que possuem convênio ou planos de saúde devem procurar o urologista de confiança, relacionado ao convênio. Os pacientes que são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que desejam realizar os exames de prevenção e que estão situados no Departamento Regional de Saúde de Barretos (DRS), devem fazer o agendamento junto ao projeto ‘Saúde do Homem’, no AME, através do 0800-779-000, onde será realizado, gratuitamente, avaliações urológicas e cardíacas, com base em uma fila de espera. Já os homens que não têm acesso a essa possibilidade, devem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência e solicitar ao médico o encaminhamento ou exame de rastreamento para a detecção do câncer de próstata.
5 – Quais ações o HA irá realizar referentes ao Novembro Azul?
R.: O Instituto de Prevenção do HA já realiza um trabalho contínuo com as carretas que percorrem o país inteiro oferecendo exames de PSA e toque para esse público. O departamento de urologia também irá realizar palestras nas recepções da instituição, em clubes de serviços da cidade, como Rotary Club e Maçonarias, e divulgação em jornais e rádios locais, durante todo o mês de novembro. O objetivo é conscientizar a população sobre a importância da prevenção do câncer de próstata.
6 – O público masculino está se preocupando com a saúde?
R.: Graças às mobilizações de campanhas como o Novembro Azul e aos programas de rastreamento, percebemos nitidamente uma diminuição da mortalidade do câncer de próstata. Atualmente, os homens estão mais preocupados com a saúde e em evitar doenças potencialmente mais graves (diferente do que víamos há 10 ou 15 anos, quando existia uma grande resistência e preconceito em relação ao exame de toque). É por isso que damos tanta importância às campanhas! Elas devem continuar e incentivar, cada vez mais, os homens.
Desde maio de 2017, o Instituto de Prevenção do Hospital de Amor vem desenvolvendo um estudo que identifica o DNA do papilomavírus humano, o HPV – apontado como a principal causa do câncer de colo de útero.
De acordo com o ginecologista do Instituto de Prevenção do HA, Dr. Júlio César Possati Resende, embora o exame molecular seja conhecido no meio médico, mesmo não sendo aplicado em larga escala no Sistema Único de Saúde (SUS), o que motivou a equipe do HA iniciar o projeto é o fato do câncer de colo de útero ainda estar entre os mais frequentes entre as mulheres no Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), esse tipo de câncer é o terceiro que mais atinge mulheres no país.
Ao utilizar a pesquisa de base populacional, o objetivo principal do estudo é comprovar a eficiência do exame, avaliando o novo modelo de rastreamento para o câncer de colo de útero, utilizando testes moleculares para detecção de infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Ou seja, o propósito é realizar o diagnóstico precoce de lesões que tenham potencial de se transformarem em câncer do colo uterino no futuro.
O projeto também está levantando indicadores que medirão o custo efetivo desse modelo de rastreamento, atualmente adotado entre toda população brasileira, o que poderá contribuir para melhorias e a otimização desse rastreamento. “Nós vamos avaliar a questão de custo e efetividade e o impacto orçamentário que isso pode ter, caso ele seja implementado pelo Ministério da Saúde”, afirma o especialista.
Segundo Possati, como o exame Papanicolaou (citologia cervical) é utilizado como teste para a realização de triagem de casos de risco câncer, pode apresentar algumas limitações. O exame molecular pode contribuir significativamente com um diagnóstico mais funcional, já que apresenta uma eficácia de até 90% (na citologia cervical, é de 60%). “O importante é fazer a detecção das lesões precursoras em que se consegue, após um simples tratamento, evitar que essas mulheres desenvolvam o câncer depois de um período de 10 a 15 anos de evolução, além de proporcionar mais agilidade nos processos laboratoriais e reprodutibilidade dos resultados que são automatizados”, ressalta o médico.
A auxiliar de limpeza, Renata Cristina Luis, de 33 anos, relata que sempre realizou seus exames preventivos com regularidade, principalmente, porque possui histórico de câncer na família. Ao fazer seu exame de rotina, Renata foi convidada pela equipe do HA para participar do projeto e fazer o exame molecular, o que contribuiu para a descoberta de feridas em seu útero. “Participar deste projeto foi muito importante. Já era tarde quando a minha irmã descobriu o câncer e, infelizmente, ela perdeu a mama. Se eu não tivesse descoberto a ferida com a ajuda desse exame, provavelmente, eu corria o risco de perder o útero”.
Mesmo sentindo dores, a paciente nunca desconfiou que pudesse haver algo de errado. De acordo com o Dr. Possati, o exame molecular foi fundamental para a descoberta da ferida no útero de Renata, já que a pequena lesão poderia contribuir para o surgimento da doença em um período de 10 anos. Após o diagnóstico, Renata passou pelo procedimento cirúrgico de remoção da ferida. A técnica adotada foi um sucesso.
Até o momento, mais de 5 mil pessoas participaram da pesquisa que visa examinar 27 mil mulheres de todo o país, até maio de 2022.
De acordo como ginecologista do Hospital de Amor, de 7 a 8% das mulheres testadas, com idade superior a 30 anos, apresentaram infecção pelo HPV. Todas são convidadas para os exames complementares mais detalhados. O rastreamento ocorre graças aos recursos destinados pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) de Campinas (SP), que também apoia outros projetos da instituição.
Exame molecular
A enfermeira e pesquisadora do HA, Livia Loami de Paula, esclarece que independentemente da mulher ter uma vida sexual ativa ou não, ela sempre deve realizar exames preventivos. “As células estão em constante renovação. Durante esse processo, se há algum problema com a renovação das células, há o risco do câncer ocorrer”, ressalta Lívia.
A pesquisadora também esclarece que o exame molecular não pode ser realizado por todas as mulheres. Para participar do projeto, alguns critérios são exigidos e alguns pontos devem ser considerados:
– Mulheres grávidas ou sem útero NÃO podem participar da pesquisa.
– Mulheres com idade entre 25 e 30 anos também não devem fazem o exame . Abaixo dos 30, a chance é maior de se ter o vírus. No entanto, o sistema imune consegue combatê-lo, como um vírus de gripe, por exemplo.
– O Ministério da Saúde preconiza a realização do exame de Papanicolaou, portanto, mulheres com idade entre 25 a 64 anos devem sempre realizar o exame.
– Ainda não há exames para identificar o vírus nos homens, embora, eles possam passar a vida toda com o vírus sem saber do mesmo. No caso deles, podem surgir verrugas nos órgãos sexuais. Caso isso ocorra, é importante sempre visitar um médico especialista para investigar o aparecimento das mesmas, pois outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) também podem surgir.
HPV – A importância da prevenção
De acordo com a pesquisadora e bioquímica do Hospital de Amor, Cristina Mendes de Oliveira, dos 200 tipos de HPV já descobertos, cerca de 40 deles infectam a região anogenital e 12 são classificados pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), como de alto risco oncogênico.
A pesquisadora afirma ainda que o HPV pode contribuir para o aparecimento de alguns tumores malignos, sendo o responsável pelo desenvolvimento de quase 100% dos tumores no colo uterino, além de contribuir para o surgimento dos casos de carcinomas de cabeça e pescoço, vulva, vagina, ânus e pênis, e para a evolução de lesões benignas, como verrugas cutâneas e genitais.
Embora o HPV seja um vírus com alto potencial para desenvolver algumas doenças, a maioria das infecções ocasionadas pelo vírus são assintomáticas e acabam sendo resolvidas pelo sistema imune. Caso ocorra a persistência da infecção no indivíduo, o mesmo corre o risco de desenvolver câncer.
A transmissão do vírus HPV ocorre através de relações sexuais. Vale ressaltar que o HPV não é transmitido ao compartilhar banheiro público, piscina ou roupas. O vírus fica “escondido” e não há sintomas aparentes que podem alarmar a mulher, já que na maioria das vezes não há dor ou corrimento. Caso o vírus já tenha causado lesões, podem haver cólicas e sangramentos.
O vírus não é identificado por exame de sangue e também não tem cura, somente acompanhamento médico. Por esse motivo, o exame molecular é muito importante para evitar a possibilidade do surgimento do câncer, já que o mesmo consegue detectá-lo. O procedimento de coleta deste exame é semelhante à coleta do Papanicolaou.
Atualmente, duas vacinas estão disponíveis para impedir a infecção pelo HPV. O conteúdo é constituído por partículas que se assemelham às partículas virais e são formadas por uma proteína do papilomavírus humano, sendo consideradas seguras pelo fato de não serem infecciosas. O Programa Nacional de Imunizações do Governo Federal incluiu a vacina contra o HPV em seu calendário de vacinação. O objetivo é vacinar meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos contra o vírus, supondo que jovens dessa faixa etária ainda não tenham iniciado atividades sexuais. Para que a imunização ocorra, são necessárias duas doses da vacina, sendo que a segunda dose deve ocorrer 6 meses após a primeira aplicação.
Levar a conscientização sobre o diagnóstico precoce e sobre a importância do exame de mamografia é o principal objetivo da campanha “Outubro Rosa” – movimento que simboliza, mundialmente, a luta contra o câncer de mama. A mobilização, que teve início nos Estados Unidos, na década de 1990, com algumas ações isoladas, chegou ao congresso americano e conquistou a aprovação de uma lei que tornaria outubro como o mês nacional de prevenção à doença.
Atualmente, a ação acontece em vários países ao redor do mundo e, para despertar a atenção das pessoas, em especial, das mulheres, monumentos (como Torre Eiffel e Cristo Redentor), praças públicas, igrejas e estabelecimentos comerciais são iluminados por luzes rosas.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o tumor maligno mais frequente entre as mulheres no mundo. Para o Brasil, estimam-se 59.700 novos casos de câncer de mama para cada ano do biênio 2018/2019. Além disso, a cada semana, um novo caso de câncer será descoberto em uma mulher que não sente absolutamente nada. Está aí a grande importância de se atentar aos exames preventivos.
Para falar sobre o assunto e esclarecer as principais dúvidas sobre a doença, o Hospital de Amor entrevistou a médica radiologista do Instituto de Prevenção, Dra. Silvia Sabino. Confira:
1 – Quais são os números atuais do câncer de mama no Brasil?
R.: De acordo com dados do INCA, o câncer de mama é o principal tipo de tumor que atinge as mulheres em todas as regiões brasileiras, exceto no Norte, que é o segundo lugar, ficando atrás apenas do câncer de colo de útero. É também a primeira causa de morte por câncer entre as mulheres. No ano de 2012, mais de 1.600.000 mulheres escutaram a frase “você tem câncer de mama”, em todo o mundo.
2 – Qual é a maneira correta de se identificar a doença precocemente?
R.: A recomendação do Ministério da Saúde é a participação das mulheres nas ações de rastreamento e diagnóstico precoce do câncer de mama, através da realização da mamografia para as mulheres na faixa etária de 40 a 69 anos, devendo permanecer alertas para os sinais e sintomas suspeitos, como nódulos nas mamas, saída de secreção transparente ou sanguinolenta pelos mamilos ou qualquer modificação de formato ou na pele das mamas.
3 – Quais exames as mulheres devem fazer?
R.: A mamografia é o principal exame para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Em situações especiais e sob indicação médica, ela poderá ser complementada com ultrassonografia ou ressonância magnética.
4 – Como funciona esse exame?
R.: O mamógrafo é um aparelho de raios-x modificado para realizar o exame das mamas. Durante o procedimento, são realizadas 4 imagens (uma de cada vez) com as mamas comprimidas entre placas. A compressão das mamas é importante para separar o tecido mamário normal de um eventual câncer, já que ambos possuem características semelhantes. Se alguma alteração for observada, imagens adicionais podem ser necessárias. O exame de mamografia pode ser complementado com ultrassonografia e, em alguns casos, por ressonância magnética.
5 – De quanto em quanto tempo é necessário realizar esse exame? Por quê?
R.: As diretrizes de sociedades médicas orientam a realização do exame de mamografia anualmente, a partir dos 40 anos. Porém, o preconizado pelo Ministério da Saúde é a realização a cada 2 anos, dos 50 anos até os 69.
As faixas etárias estão relacionadas às maiores incidências de câncer de mama na população feminina e a periodicidade visa garantir que uma lesão que começar a se desenvolver, possa ser identificada e tratada rapidamente.
6 – Caso algo seja detectado, qual o próximo passo?
R.: Se alguma alteração for detectada e confirmada pelos exames, será necessária a obtenção de uma amostra da lesão. Este procedimento é denominado de biópsia e pode ser realizado através de agulha (biópsia percutânea) ou através de cirurgia (biópsia cirúrgica). Estatisticamente, a cada 4 biópsias mamárias, 1 acaba por revelar um câncer.
7 – Quando o câncer de mama é detectado precocemente, quais são as chances de cura?
R.: Tumores de mama descobertos com menos de 1 cm ou que ainda estejam restritos ao ducto mamário – estrutura que carrega o leite durante a amamentação – apresentam cerca de 95% de chance de cura.
8 – Quais são os tratamentos mais utilizados para o câncer de mama? Como funcionam esses tratamentos?
R.: Atualmente, os tratamentos para o câncer de mama são personalizados e baseados no tipo e extensão tumoral, podendo incluir: cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonoterapia e, mais recentemente, terapia alvo e imunoterapia.
• A cirurgia é o tratamento mais comum para o câncer de mama, sendo seu principal objetivo retirar o máximo possível do tumor com uma margem de segurança. A definição do tipo de cirurgia mamária – se conservadora (quando apenas a região acometida da mama é retirada) ou não – dependerá do tamanho do tumor e dos benefícios para a paciente.
• A radioterapia é a segunda principal modalidade de tratamento, usando radiação para destruir células anormais que formam um tumor. Pode ser instituída como o tratamento principal do câncer; tratamento adjuvante (quando realizada após a cirurgia, com objetivo de eliminar as células tumorais remanescentes, diminuindo a incidência de recidiva e metástases à distância); tratamento paliativo (sem finalidade curativa, sendo utilizada para melhorar a qualidade da sobrevida da paciente); para alívio de sintomas da doença, como dor ou sangramento; e para o tratamento de metástases ou, mais modernamente, como tratamento neoadjuvante (o que ocorre antes do tratamento cirúrgico em tumores muito iniciais).
• O tratamento quimioterápico utiliza medicamentos para destruir de maneira sistêmica as células tumorais. A medicação pode ser injetada ou ingerida e também pode ser utilizada no esquema neoadjuvante, adjuvante ou paliativo.
• Muitos tumores de mama apresentam, em sua superfície, receptores de hormônio (estrógeno, progesterona e andrógeno) e podem, assim, utilizar os próprios hormônios da mulher para seu crescimento. A hormonoterapia é uma opção terapêutica sistêmica, que tem como objetivo bloquear a ação destes hormônios em células sensíveis, podendo ser usada de forma isolada ou em combinação com outras formas terapêuticas.
• Outra modalidade de tratamento sistêmico é a terapia alvo, que utiliza medicamentos que atacam especificamente elementos encontrados na superfície ou no interior das células do tumor de mama.
• Finalmente, a imunoterapia é um tratamento biológico sistêmico que potencializa o sistema imunológico, utilizando anticorpos produzidos pela própria paciente ou em laboratório, estimulando a ação das células de defesa do nosso organismo para que o tumor seja reconhecido como um agente agressor.
9 – Por que a mamografia, na maioria das vezes, é desconfortável?
R.: As mamas são extremamente sensíveis e um exame que necessita comprimir as glândulas mamárias pode provocar desconforto, que varia de mínimo a intenso, dependendo da sensibilidade da mulher e, sobretudo, da fase do período menstrual em que está sendo realizado.
10 – O que a mulher pode fazer para tornar a mamografia mais confortável? Quais dicas práticas poderia dar?
R.: A principal dica para tornar o exame menos desconfortável é realizá-lo na primeira semana após o final da menstruação. Após a menstruação, as glândulas mamárias estão menos edemaciadas (inchadas) e sua compressão será menos dolorosa.
Outra dica, nem sempre fácil, é tentar relaxar durante o posicionamento das mamas no equipamento. As mamas são unidas ao tórax através da musculatura peitoral. Quando ficamos tensas, contraímos estes músculos e, consequentemente, endurecemos a mama. Se deixarmos o corpo e, sobretudo, os braços relaxados, as mamas serão comprimidas com mais facilidade e sem tanto desconforto. Avisar a técnica de radiologia que as suas mamas são ou estão sensíveis, também traz melhores resultados em relação à percepção de desconforto do exame.
11 – Por que é interessante avisar a técnica sobre a prótese de silicone?
R.: A mamografia em mulheres que possuam implantes mamários pode e deve ser realizada, porém, exige cuidados e posicionamentos específicos da mama para tentar retirar a sobreposição do silicone. Normalmente, serão realizadas de 6 a 8 imagens das mamas. Paciência e colaboração é tudo para um exame rápido e de sucesso!
12 – Quais são os principais fatores de risco do câncer de mama?
R.: Idade da primeira menstruação menor do que 12 anos; menopausa após os 55 anos; mulheres que nunca engravidaram ou nunca tiveram filhos; primeira gravidez após os 30 anos; uso de alguns anticoncepcionais e terapia de reposição hormonal (TRH) na menopausa, especialmente se por tempo prolongado; exposição à radiação ionizante; consumo de bebidas alcoólicas; dietas hipercalóricas; sedentarismo; e predisposição genética (pelas mutações em determinados genes transmitidos na herança genética familiar – principalmente por dois genes de alto risco, BRCA1 e BRCA2), são os principais fatores de risco do câncer de mama.
Mitos x Verdades
– O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres?
Verdade. Inclusive, ele responde por 29,5% dos casos novos a cada ano e a prevenção deve ser feita através da realização de mamografia e hábitos de vida saudáveis.
– O exame de mamografia auxilia na detecção precoce do câncer de mama?
Verdade. O exame ainda é o método mais eficaz de diagnóstico para detecção da doença. Quanto mais precoce a descoberta e remoção do tumor em sua fase inicial, maiores são as chances de cura, podendo ultrapassar 95%.
– O autoexame de mama substitui a realização da mamografia?
Mito. Apenas a mamografia é capaz de detectar nódulos menores que 1cm e imperceptíveis ao autoexame.
– O câncer de mama tem cura?
Verdade. Se detectado em estágios inicias, as chances de cura chegam a 95%.
– A amamentação ajuda a prevenir o câncer de mama?
Verdade. A amamentação pode reduzir o risco da mulher de contrair a doença, mas isso não significa que a mulher que amamentou não terá câncer de mama.
– As mulheres que têm prótese de silicone nas mamas não podem realizar mamografia?
Mito. Podem e devem realizar o exame. Uma mamografia realizada corretamente não traz nenhum dano às próteses. É sempre bom avisar o técnico sobre a presença do silicone para que ele possa aplicar menos pressão.
– Homens podem ter câncer de mama?
Verdade. Porém, são mais raros, correspondendo a cerca de 1% dos casos.
– O uso de desodorante antitranspirante pode causar câncer de mama?
Mito. Não existem pesquisas que evidenciem relação direta entre o uso desse tipo de produto e o desenvolvimento da doença.
– Sintomas como nódulo palpável, presença de secreção aquosa, com aspecto transparente ou sangue pelo mamilo e alterações na pele podem ser sinais de câncer de mama?
Verdade. Se você perceber algum desses sinais, fique alerta e procure um médico de sua confiança para ser avaliada.
– O câncer de mama pode ser causado por um trauma, como bater a mama na maçaneta da porta ou outros locais, por exemplo?
Mito. O que pode ocorrer nesses casos é que, após o trauma, a mulher passa a se observar e/ou se tocais mais e descubra um nódulo que já estava presente.
– A radiação emitida pelo aparelho de mamografia é prejudicial à saúde?
Mito. A quantidade de radiação emitida durante o exame é relativamente baixa e o risco associado à exposição é mínimo.
– O sutiã pode aumentar o risco de câncer de mama?
Mito. Não existem estudos que evidenciem relação direta entre o uso do sutiã e o desenvolvimento da doença.
Referência no tratamento oncológico, o Hospital de Amor realiza, há mais de 20 anos, um trabalho pioneiro de prevenção. Sabendo da importância do diagnóstico precoce do câncer, a instituição desenvolve diversos projetos na tentativa de oferecer um atendimento qualificado e humanizado na realização de exames preventivos à população.
Desde 2017, o Instituto de Prevenção do HA vem realizando um projeto de busca ativa no combate ao câncer bucal, com o objetivo de diagnosticar precocemente a doença e lesões potencialmente malignas, além de levar informações à população sobre o câncer de boca e hábitos nocivos. O trabalho abrange o Departamento Regional de Saúde (DRS V), ou seja, os 18 municípios da região de Barretos (SP).
Através da van odontológica (unidade móvel equipada com cadeira e aparelhos odontológicos), uma equipe de dentistas e enfermeiros do hospital visita as Unidades Básicas de Saúde (UBS), domicílios, indústrias, usinas, áreas rurais, alojamentos e outros locais propícios onde encontram-se os pacientes com fatores de risco: homens e mulheres acima de 40 anos, etilistas (viciados em bebidas alcoólicas) ou tabagistas – que tenham abandonado o hábito em até 20 anos – e pessoas de qualquer idade que apresente lesões orais.
Foi graças ao programa de rastreamento, que o serralheiro Osvaldo Carvalho, de 58 anos, conseguiu diagnosticar a doença e salvar sua vida! O barretense estava em um bar, localizado em um bairro periférico da cidade, quando os profissionais do Hospital de Amor chegaram com a van para iniciar a busca ativa. “ Eu estava em um boteco, comendo uma coxinha, quando a equipe chegou e examinou minha boca. Após fazerem uma análise, eles solicitaram para eu comparecer imediatamente ao Instituto de Prevenção, pois seria necessário fazer uma biópsia. Em dois dias, eu já tinha recebido o atendimento necessário”, contou Osvaldo.
Menos de um mês depois, ele recebeu o resultado de seu exame: foi diagnosticado com câncer na úvula e no assoalho da boca. A partir daí, Osvaldo iniciou seu tratamento na instituição. Fumante desde os 14 anos de idade, foi necessária a utilização de adesivos que auxiliam no tratamento da dependência. Em junho deste ano, o serralheiro realizou a remoção do tumor e passou por sessões de radioterapia. Hoje, o paciente segue em acompanhamento no HA e encontra-se em ótimo estado de saúde. “A agilidade no meu atendimento foi muito importante para iniciar os procedimentos e ter sucesso no meu tratamento”, declarou.
Segundo a dentista e coordenadora do projeto, Kenya Firmino, a expetativa é de que a conscientização aumente para que seja possível diagnosticar precocemente a doença ainda mais, diminuindo suas taxas de mortalidade. “Quando detectado em estágios iniciais, a chance de cura desse tipo de tumor chega a ser maior que 80%. Em estágios avançados, a sobrevida pode ser menor do que 5 anos”, afirmou Kenya.
Câncer de Boca
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados 14.700 novos casos de câncer de boca ainda neste ano, sendo 11.200 em homens e 3.500 em mulheres. Estes tumores são formados por células que se multiplicam rápida e descontroladamente, destruindo órgãos e se espalhando para os linfonodos do pescoço (conhecidos como ínguas), afetando lábios e o interior da cavidade oral. Dentro da boca, é importante observar gengivas, mucosa jugal (bochechas), palato duro (céu da boca) e língua (principalmente as bordas e o assoalho – região de baixo).
Uma das principais causas desse tipo de tumor é o tabagismo. Cigarro, charuto, cachimbo, narguilé e maconha estão diretamente relacionados ao câncer de boca. As bebidas alcoólicas, em especial, as destiladas, quando associadas ao uso do cigarro, podem aumentar em até quatro vezes o risco de se desenvolver a doença. Outras causas estão relacionadas às más condições de higiene bucal, alimentação carente de frutas e verduras frescas, além de fatores genéticos.
Na maioria dos casos, o câncer de boca apresenta-se como uma área endurecida ou uma ferida que sangra, podendo causar dor durante a fala e alimentação. O aumento dos linfonodos no pescoço, dor de ouvido, dor de garganta e dentes amolecidos são outros sinais de alerta.
Hábitos saudáveis, não fumar, não beber, cuidar da higiene bucal e fazer visitas regularmente ao dentista, são atitudes que contribuem para a saúde adequada da boca e, consequentemente, previnem o câncer de boca.
Quem deve fazer o exame de prevenção?
Pessoas com feridas na boca que não cicatrizam há mais de 15 dias, fumantes (ou não fumantes em até 20 anos) e consumidores de bebida alcoólica devem fazer o exame preventivo.
Os milhares de pacientes que realizam tratamento no Hospital de Amor Barretos agora contam com uma nova alternativa de medicação para os tratamentos de cânceres de pulmão e melanoma (tipo mais grave de câncer de pele) em estágios avançados. Graças à parceria firmada com a farmacêutica MSD, a instituição poderá oferecer aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) o tratamento com a terapia anti-PD-1, conhecida como pembrolizumabe (Keytruda). O Hospital de Amor é a primeira entidade de saúde pública no Brasil a oferecer a imunoterapia.
A assinatura do termo aconteceu na última segunda-feira, dia 3 de setembro, reunindo médicos, o presidente do Hospital, Henrique Prata, e o diretor-geral do Centro Oncológico “Antônio Ermírio de Moraes” – Beneficência Portuguesa, de São Paulo, e membro do comitê de direção do Centro Oncológico do Hospital Israelita Albert Einstein, Dr. Antônio Buzaid.
De acordo com Buzaid, o tratamento imunoterápico é uma nova alternativa para a quimioterapia, além de possuir efeitos colaterais menores. “Quando aplicamos o Anti-PD-1, estimulamos uma sobrevida no paciente. Por isso, é tão importante investir em pesquisas clínicas para aumentar a receita da instituição e melhorar o tratamento básico. Para nós, o Hospital de Amor é um motivo de muito orgulho”, afirmou.
Para a diretora médica de oncologia da MSD Brasil, Dra. Márcia Datz Abadi, “o pembrolizumabe representa um avanço importante no tratamento do câncer e é um orgulho poder oferecer essa inovação aos pacientes do SUS. Nos sentimos honrados pela parceria e pioneirismo do Hospital de Amor”.
Após essa conquista, o HA poderá facilitar o acesso ao medicamento, acelerar o tratamento e as chances de cura e sobrevida dos pacientes. A estimativa é de que em duas semanas essa alternativa já esteja sendo aplicada na instituição. Segundo Henrique Prata, a assinatura do convênio representa um marco histórico nos mais de 50 anos de trajetória do Hospital e também para a oncologia brasileira. “Todas as pessoas têm direito de ter um tratamento digno. Portanto, temos muito o que comemorar com essa conquista”, declarou.
Câncer de Pulmão
O câncer de pulmão é considerado o mais comum e letal entre todos os tumores malignos. A estimativa do Instituto Nacional do Câncer (INCA) para este ano é de que 30 mil novos casos sejam diagnosticados no Brasil, sendo o de células não pequenas o mais comum – correspondente a 85% de todos os casos. Estimativas globais apontam que apenas 1% dos pacientes com câncer de pulmão avançado estão vivos, cinco anos após o diagnóstico.
Em junho, o Brasil se tornou o primeiro país do mundo a aprovar, baseado em um estudo de fase 3, o uso combinado de pembrolizumabe e quimioterapia para tratamento de pacientes com câncer de pulmão de células não pequenas (CPNPC) em estágio avançado ou metastático. De acordo com o estudo KEYNOTE-189, publicado no New England Journal of Medicine, o uso de pembrolizumabe associado à quimioterapia (pemetrexede e cisplatina ou carboplatina), quando utilizado em primeira linha de tratamento, reduz em 51% o risco de morte.
Para o oncologista clínico do HA, Dr. Pedro de Marchi, poder oferecer esse medicamento gratuitamente aos pacientes é um motivo de grande alegria. “Sem dúvida, estamos falando de um marco na história do Brasil. Com essa nova alternativa, a sobrevida é de 8 meses a 3 anos”, ressaltou.
O oncologista explica ainda que o Hospital de Amor recebe cerca de 600 novos pacientes com câncer de pulmão, por ano. Desses, 450 irão precisar de tratamento sistêmico. Entre eles, 360 possuem doença metastática. Desses, 320 não têm mutações. “Isso quer dizer que, desses 320 pacientes, 17% apresenta PD-L1 maior que 50% e seriam candidatos a esse tipo de tratamento, o que resultaria em, aproximadamente, 54 pacientes novos por ano”, finalizou Dr. Pedro de Marchi.
Câncer Melanoma
O melanoma é caracterizado pelo crescimento descontrolado de células que compõem a pele. A incidência deste tipo de câncer tem aumentado nas últimas quatro décadas. Só o Brasil registra, anualmente, cerca de 5.500 novos casos da doença e, aproximadamente, 1.547 óbitos, segundo o INCA. Esse tipo de câncer é considerado o mais comum entre jovens adultos, mas também pode ser diagnosticado em crianças, adolescentes e idosos.
De acordo com o estudo Keynote-001, em 655 pacientes com melanoma metastático, 34% de todos eles e 41% dos que não haviam tido qualquer tratamento prévio, permanecem vivos após 5 anos do uso de pembrolizumabe, em uma doença em que a quimioterapia oferecia apenas poucos meses de sobrevida. Já o estudo KEYNOTE-006 mostrou que 42% dos pacientes tratados com pembrolizumabe estavam vivos após quatro anos de diagnóstico.
“É trágico saber que somente pacientes que possuem convênios ou acesso aos atendimentos privados, conseguem ter acesso a esse tipo de tratamento. Agora, pela primeira vez, os pacientes do SUS, atendidos no Hospital de Amor, poderão contar com uma medicação inovadora. É uma luz de esperança para que, em pouco tempo, mais pacientes possam conseguir esta e todas as outras medicações que ainda não estão disponíveis gratuitamente”, declarou o oncologista clínico do HA, Dr. Sérgio Serrano.
O medicamento
O medicamento (pembrolizumabe) já pode ser utilizado no Brasil para o tratamento em primeira linha de melanoma avançado para pacientes com câncer de pulmão avançado, do tipo CPCNP, com expressão elevada ou moderada do biomarcador PD-L1 no tumor (expressão ≥50% ou 1%<49%) e tratamento de câncer urotelial (o mais comum é o câncer de bexiga). Ele também foi aprovado este ano para tratamento de câncer gástrico (o mais comum é o de estômago), após falha de duas terapias prévias.
A imunoterapia anti-PD-1 da MSD está sendo avaliada para mais de 30 tipos de tumores em 790 estudos clínicos. No Brasil, o medicamento está sendo pesquisado em mais de 29 ensaios clínicos, com cerca de 232 instituições envolvidas e mais de 500 pacientes em tratamento.
No último dia 17 de agosto, o Hospital de Amor obteve uma grande conquista: a inauguração de sua Oficina Ortopédica. Além de beneficiar os pacientes da instituição, a concretização também representa a realização do sonho do Dr. Daniel Marconi – coordenador do departamento de Radioterapia e do projeto de reabilitação do HA, o Bella Vita.
Com o objetivo de confeccionar e reparar órteses e próteses para pacientes amputados em decorrência do câncer, o Hospital passa a ser o primeiro e único centro oncológico do país a ter um núcleo específico dedicado a esse trabalho. De acordo com dados da entidade, em média, o hospital conta com uma cirurgia de amputação por semana, devido a sequelas ocasionadas pelo câncer, e estima produzir ao menos uma prótese por dia. Além da confecção dos materiais ortopédicos, a fábrica irá otimizar recursos financeiros e tempo.
A produção e o reparo dessas peças serão destinados aos pacientes com déficit de locomoção e com restrições motoras e funcionais, e aos amputados. Outra novidade é que o local está habilitado para iniciar, em breve, a produção e manutenção de acessórios de locomoção como cadeiras de rodas, muletas, andadores, cadeiras para banho, entre outros, o que ampliará ainda mais o número de pacientes beneficiados pelo projeto.
Para o coordenador do departamento de Radioterapia e idealizador do projeto, Dr. Daniel Marconi, o objetivo é que o paciente deixe o hospital não só curado, mas também reabilitado. “Nosso grande diferencial está em facilitar a logística e a funcionalidade de implantação das próteses, uma vez que a oficina ortopédica está inserida no Hospital de Amor, onde os pacientes já estão internados ou circulam com frequência para a realização dos tratamentos”, afirmou.
Projeto Bella Vita
A oficina ortopédica é uma extensão do projeto Bella Vita, que visa reabilitar e ampliar a assistência aos pacientes, amenizando e recuperando-os das sequelas geradas pela doença e seu tratamento. Dentre outras atividades, os pacientes inseridos no projeto Bella Vita participam de sessões de equoterapia, um método terapêutico e educacional que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar. Além disso, há a disponibilidade da terapia robótica, com a utilização de profissionais especializados e equipamentos de última geração. “Os tratamentos de combate ao câncer resultam, muitas vezes, em sequelas temporárias ou permanentes, e que acabam por limitar a funcionalidade e a qualidade de vida dos pacientes, provocando grandes repercussões físicas e psicossociais. Por meio de um programa de reabilitação interdisciplinar, o Bella Vita proporciona um melhor retorno às atividades cotidianas, independência e reinserção no mercado de trabalho”, comentou o coordenador.
Foram investidos cerca de R$ 8 milhões, originários do PRONAS/PCD (Programa Nacional de Apoio à Atenção da Saúde da Pessoa com Deficiência) para o desenvolvimento do Projeto Bella Vita. Já os recursos extras para a construção física da oficina ortopédica vieram da própria instituição. Este núcleo contará com uma equipe formada por um técnico protético com formação pela Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (ABOTEC), dois auxiliares técnicos em órteses e próteses, um fisiatra, um fisioterapeuta e um terapeuta ocupacional.
Sonho realizado
Após nascer com uma deficiência física no pé, Dr. Daniel Marconi se viu obrigado a utilizar uma prótese (o que o motivou a trabalhar com as pessoas carentes que são atendidas no Hospital de Amor). “Eu só soube na faculdade que poderia usar uma meia de silicone, que custa R$ 20,00, e não me causaria problemas com a prótese. Imagine as pessoas que não têm acesso a esse tipo de informação”, declarou.
Segundo ele, o hospital tem um indicador de preservação de membros de 71%, o que significa que os outros pacientes já chegam para tratamento sem perspectiva da cirurgia preservadora. O fornecimento de próteses e órteses por convênios médicos não é obrigatório. Assim, na grande maioria das vezes, o paciente fica desassistido. “Inaugurar a oficina ortopédica é um sonho meu que se realiza. A partir dessa minha realização, eu conseguirei devolver, parcialmente, o sonho dos pacientes de fazer uma faculdade, um esporte e seguir uma vida normal. Estou extremamente feliz!”, finalizou Marconi.
O presidente do Hospital de Amor, Henrique Prata, não só aprovou a iniciativa do médico como o comparou ao seu pai, Dr. Paulo Prata (fundador da instituição). “A minha primeira reação foi contestar o projeto do Dr. Daniel, mas, quando ele mostrou a importância disso para ele e, principalmente para os pacientes do hospital, eu vi um sentimento de coragem e amor nele. Aprovei e apoiei a ideia. Vi que ele “saiu da curva” como médico e senti uma admiração imensa pelo profissional que ele é. Para mim, é muito importante ver que outras pessoas têm a mesma luz que tinha meu pai. Todos nós podemos ser o Dr. Daniel!”, declarou Prata.
Cerimônia
A emocionante cerimônia de inauguração contou com a presença de diretores, equipe médica e colaboradores do Hospital de Amor, parceiros, familiares do médico rádio-oncologista, população barretense e veículos de comunicação. Após a celebração, os participantes conheceram a estrutura da nova unidade (que carinhosamente leva o nome da mãe do médico: Gricia Maria Grossi Marconi) e assistiram a apresentações de dança de pacientes amputados e de capoeira com Edson Dantas (também amputado).